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CPI: Comissões Parlamentares de Inquérito

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As CPI’s são comissões temporárias, tendo a finalidade 
de investigar um fato determinado, o qual deve ser de 
interesse público. 
O quórum para instaurar uma CPI é de 1/3 de deputados 
(171 deputados), 1/3 de senadores (27 senadores) ou 
1/3 dos membros do Congresso Nacional (198 
membros, pelo menos). A CPI pode ser só de deputados, 
só de senadores ou mista, com membros das duas casas. 
O STF entende que CPI são direito público subjetivo das 
minorias (1/3 é minoria), ou seja, a maioria não pode 
impedir e nem prejudicar a instauração ou a tramitação 
de CPI já instaurada. O remédio constitucional caso 
ocorra o impedimento de instauração de uma CPI pela é 
o Mandado de Segurança. 
Segundo o STF, além da função contra majoritária 
fiscalizatória do Poder Executivo, incumbe às CPI’s 
instrumentalizar a atividade legiferante do Parlamento, 
a avaliação da conveniência de alocação de recursos e 
de financiamento de políticas públicas, etc. Nesse 
cenário, é natural que se confira às CPI’s ampla 
autonomia para o exercício do relevante múnus. 
O art. 58, §3º, estabelece que as comissões 
parlamentares de inquérito terão poderes de 
investigação próprios das autoridades judiciais (não 
pode atuar em casos de cláusula de reserva de 
jurisdição), além disso, serão criadas mediante 
requerimento de 1/3 de seus membros da Casa 
respectiva, para a apuração de fato determinado e por 
prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, 
encaminhadas ao Ministério Público, para que promova 
a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. 
Todas as decisões da CPI devem se dar por maioria dos 
membros da CPI, em razão do princípio da colegialidade. 
A comissão deve investigar um fato determinado, isto 
significa que não pode ter por objeto algo genérico e 
inespecífico, sob pena de inconstitucionalidade. 
A CPI deve indicar o fato determinado objeto da 
investigação, mas não impede a apuração de outros 
fatos conexos a ele, ou ainda, não impede a apuração de 
outros fatos inicialmente desconhecidos (encontro 
fortuito de provas). Para tanto, é indispensável que haja 
um aditamento do objeto inicial da CPI. 
Se a CPI é temporária, deverá ter um prazo certo, 
podendo, segundo o STF, haver prorrogações, as quais 
deverão no máximo o fim de legislatura. 
Para o STF é constitucional regra de regimento interno 
da Câmara dos Deputados que estabelece limite 
quantitativo para a criação simultânea de CPIs. 
Cumpridos estes requisitos, é determinada a sua criação 
no mesmo ato de apresentação do requerimento ao 
presidente da câmara. A instauração da CPI se dá com a 
apresentação do requerimento. 
Compete ao STF processar e julgar, originariamente, 
mandado de segurança impetrado em face das CPIs do 
Congresso Nacional e de suas casas, muito embora não 
haja previsão constitucional para tanto. Todavia, 
segundo o STF, o mandado de segurança não é meio 
hábil para questionar relatório parcial de CPI, cujo 
trabalho, presente o § 3º do artigo 58 da Constituição 
Federal, deve ser conclusivo. 
No âmbito estadual, é possível a instauração de CPI’s, 
em razão do princípio da simetria. No caso da 
Assembleia Legislativa, também terá os mesmos 
poderes da autoridade judicial. 
No caso do município, a câmara de vereadores poderá 
investigar por meio da CPI, porém não terá poderes 
próprios de autoridade judiciária, pois não há justiça 
municipal. 
Segundo o STF, a menção de poderes de investigação 
próprio de autoridade judicial da CPI são os poderes que 
o juiz é dotado na fase de instrução processual (ouvir 
testemunhas e réu, determinar perícia, quebrar sigilos, 
dentre outros), conhecido como amplitude de uma CPI, 
o que ela pode diretamente fazer sem que haja 
necessidade de autorização judicial. 
Conforme o STF, as CPI podem quebrar (sem 
necessidade de autorização judicial) os sigilos bancários, 
fiscal e de dados dos investigados (inclusive os 
telefônicos). Pode também determinar algumas perícias 
(outras podem ser que seja necessária autorização 
judicial). Podem ouvir testemunhas e investigados, 
sempre respeitando o direito constitucional ao silêncio 
e podem determinar buscas e apreensões genéricas 
(que não são domiciliares. 
No entanto, existem impedimentos, ou seja, 
determinadas situações em que a CPI não pode, 
diretamente, investigar. As CPI não são dotadas de 
poder geral de cautela (aquele poder de garantir a 
eficácia de uma eventual sentença condenatória), que 
são exclusivas do magistrado. Por isso, por exemplo, a 
CPI não pode determinar prisão, com exceção da prisão 
em flagrante. 
A CPI federal não alcança fatos específicos dos Estados, 
DF ou municípios. Não se pode instaurar CPI no ente 
federal para investigar os fatos ocasionados no estado 
de Sergipe, pois, do contrário, haveria violação de 
poderes. 
Da mesma forma, fatos de interesse exclusivamente 
privado não podem ser investigados pela CPI. Essa noção 
de presença de interesse público ficou bastante clara 
quando do estudo das pessoas que podem ser 
investigadas pelas CPI’s. 
Os atos da CPI não alcançam atos de natureza 
jurisdicional. Ou seja, não pode a CPI intimar o 
magistrado para que explique a decisão de caráter 
jurisdicional, pois violaria a separação dos poderes. 
A CF permite que as CPI’s investiguem fatos ligados à 
população indígena, podendo inclusive interrogá-los, 
porém o índio somente poderá ser ouvido no âmbito da 
área indígena, com dia e hora previamente marcado, 
além de haver um representante da FUNAI e de um 
antropólogo com conhecimento da comunidade. 
CPI não pode determinar arresto, sequestro, 
impedimento, de bens de investigados justamente pela 
falta do poder geral de cautela. Não podem também 
impedir a atuação advogado, nem em sessões secretas, 
pois a lei 10.679/13 diz que os advogados poderão 
acompanhar seus clientes mesmo em sessões 
secretas32. 
 Lei. 1.579/52 com alteração dada pela lei 10.679/13. 
Art. 3º. Indiciados e testemunhas serão intimados de acordo 
com as prescrições estabelecidas na legislação penal. 
(...) 
 § 2o O depoente poderá fazer-se acompanhar de advogado, 
ainda que em reunião secreta. CPI também não podem impedir 
a saída de indivíduos do país ou de comarcas. 
A CPI também não pode realizar atividades que 
envolvam as chamadas Cláusulas de Reservas 
Jurisdicional (CRJ), ou seja, são cláusulas previstas na 
constituição reservadas apenas ao poder judiciário. 
Portanto, a CPI não pode determinar busca e apreensão 
domiciliar e nem interceptações telefônicas (art. 5º, XI e 
XII, CF). 
Art. 5º (...) 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela 
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em 
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, 
ou, durante o dia, por determinação judicial; 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das 
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal; 
Cuidado para não confundir dado telefônico com 
interceptação telefônica (lei 9.216/96). 
As decisões da CPI devem ser fundamentadas (princípio 
da fundamentalidade), sob pena de nulidade das 
decisões, nos termos do art. 93, IX, CF. 
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo 
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da 
Magistratura, observados os seguintes princípios: 
IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário 
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob 
pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em 
determinados atos, às próprias partes e a seus 
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a 
preservação do direito à intimidade do interessado no 
sigilo não prejudique o interesse público à informação; 
O Min. Marco Aurélio já se manifestouno sentido de que 
essa fundamentação não é rígida ou rigorosa, como é 
exigida de um magistrado, mas necessita de 
fundamentação nos mesmos termos do poder judiciário. 
As decisões da CPI também devem ser tomadas por 
colegiado e maioria de votos (princípio da 
colegialidade). 
Devem respeito ao princípio federativo ou pacto 
federativo, ou seja, CPI nacional investiga questões 
nacionais, CPI estadual, questões estaduais e CPI 
municipal, questões municipais. Uma não poderá invadir 
a outra. 
A CPI deve guardar um nexo causal com a gestão da 
coisa pública, ou seja, qualquer procedimento 
investigativo da CPI tem que guardar relação com a coisa 
pública, tem que envolver bens, serviço ou interesse da 
união e da sociedade como um todo. 
O STF já decidiu (por 6 votos a 5, em 2004), que CPI 
estadual pode quebrar o sigilo bancário de seus 
investigados diretamente, sem precisar requerer ao 
poder judiciário. Foi aplicado aqui o princípio da 
simetria. 
As leis 10.001/00 e 13.367/16 (modifica a lei 1.579/52), 
são legislações importantes. 
A lei 13.367/16 diz que os relatórios da CPI serão 
encaminhados não só ao Ministério Público como 
também para a Advocacia Geral da União, enquanto a 
constituição só menciona que os relatórios devem ser 
encaminhados ao Ministério Público. 
A lei 10.001/00 irá estabelecer a prioridade nos 
procedimentos posteriores à aprovação do relatório de 
uma CPI, para impedir que uma CPI “acabe em pizza”. 
Lei 10.001/00 
Art. 1º. Os Presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado 
Federal ou do Congresso Nacional encaminharão o relatório da 
Comissão Parlamentar de Inquérito respectiva, e a resolução 
que o aprovar aos chefes do Ministério Público da União ou dos 
Estados, ou ainda às autoridades administrativas ou judiciais 
com poder de decisão, conforme o caso, para a prática de atos 
de sua competência. 
E depois de 2006, se encaminha o relatório inclusive 
para a AGU. 
Art. 2º. A autoridade a quem for encaminhada a resolução 
informará ao remetente no prazo de trinta dias, as 
providências adotadas ou a justificativa pela omissão. 
Assim que o Ministério Público recebe o relatório de 
uma CPI, terá trinta dias para tomar providências ou 
justificar porquê não o fez. 
Art. 2º (...) 
Parágrafo único. A autoridade que presidir processo ou 
procedimento, administrativo ou judicial, instaurado em 
decorrência de conclusões de Comissão Parlamentar de 
Inquérito, comunicará, semestralmente, a fase em que se 
encontra, até a sua conclusão. 
Se o MP recebe relatório de uma CPI, dá andamento, 
oferece denúncia contra determinadas pessoas, o 
judiciário recebe as denúncias e se inicia o processo 
penal, o MP tem, semestralmente, que enviar um 
relatório relatando o que ocorre nesse processo penal 
(derivado de uma CPI) para a Câmara, Senado e 
Congresso Nacional. Isso no âmbito judicial e também 
processo administrativo. 
Ações judiciais derivadas de CPI terão prioridade sobre 
outras ações, exceto sobre o Habeas Corpus, Habeas 
Data e Mandado de Segurança. 
Art. 3º. O processo ou procedimento referido no art. 2º terá 
prioridade sobre qualquer outro, exceto sobre aquele relativo 
a pedido de habeas corpus, habeas data e mandado de 
segurança. 
Art. 4º. O descumprimento das normas desta Lei sujeita a 
autoridade a sanções administrativas, civis e penais. 
Se membro do MP ou da AGU (ou outras autoridades) 
descumpre das normas da lei 10.001/00 estarão sujeitos 
à sanção administrativa, cível e penal. 
 
Direitos do depoente 
As CPI’s podem convocar e inquerir pessoas, podendo 
inclusive determinar a condução coercitiva de 
testemunha. 
O interrogado tem o direito de permanecer calado, 
conforme art. 5º, LXIII. 
A condição de testemunha não afasta o direito de ficar 
calado sempre que a resposta, de alguma forma, 
significar autoincriminação. 
O sujeito pode ser convocado e poderá ser um 
advogado. Neste caso, é possível que o advogado 
invoque o direito profissional de sigilo. No entanto, 
poderá invocar o sigilo profissional, mas não poderá se 
furtar de comparecer perante à comissão. Caso não 
viole o sigilo profissional, deverá responder. 
A CPI possui um cunho inquisitivo, razão pela qual não 
se assegura o contraditório e ampla defesa, sendo 
garantido estes direitos somente no processo. 
A CPI pode determinar busca e apreensão, desde que 
não se constitua em violação de domicílio. Isso porque o 
STF entende que é caso de cláusula de reserva. 
A CPI pode determinar a quebra de sigilo fiscal, bancário 
e telefônico do investigado. Não se confunde com a 
interceptação telefônica. 
Todas as decisões proferidas pelas CPI’s, devem ser 
fundamentadas. Elas só se mostram razoáveis quando 
forem imprescindíveis à investigação, bem como 
limitado no tempo. A maioria absoluta é quem decide o 
caminho da CPI, com base no princípio. 
São exemplos de cláusulas de reserva de jurisdição: 
• as CPI’s não podem determinar prisão, salvo a em 
flagrante 
• CPI não pode determinar medida cautelar de natureza 
penal ou civil 
• CPI não pode determinar busca e apreensão que 
resulte em violação de domicílio 
• CPI não pode determinar a anulação de ato do Poder 
Executivo 
• CPI não pode determinar a quebra de sigilo judicial. 
A função da CPI se esgota no relatório final de 
investigação, o qual deverá ser enviado ao MP para 
tratar dos assuntos.

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