SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE PEIXES Prof. Bruno Machado Queiroz b r. fr e e p ik .c o m /r a w p ix e l SUMÁRIO INTRODUÇÃO QUALIDADE DE ÁGUA PRINCIPAIS DEFINIÇÕES SISTEMAS DE PRODUÇÃO EM RECIRCULAÇÃO DE ÁGUA CONCEITOS OS COMPONENTES BÁSICOS DO SISTEMA PONTOS FUNDAMENTAIS PARA O FUNCIONAMENTO DO SISTEMA CONSIDERAÇÕES FINAIS UM EXEMPLO DE COMO DIMENSIONAR UM SISTEMA DE RECIRCULAÇÃO SISTEMAS DE PRODUÇÃO EM BIOFLOCOS CONCEITOS FUNCIONAMENTO DO SISTEMA ANEXO AQUAPONIA INTRODUÇÃO A aquacultura mundial vem crescendo com uma taxa de 8,9% ao ano desde de 1970 (FAO 2008). A produção mundial de aquacultura foi de 55,1 milhões de toneladas em 2009, sendo que o total de pesca somada a aquacultura chegou a 145,1 milhões de toneladas (FAO, 2010). No Brasil, o crescimento da aquacultura foi de 49,4% de 2003 até 2009, sendo 43,4% de 2007 até 2009 (MPA 2010). A produção atual do Brasil em 2012 era de 707.461 toneladas, sendo peixes (86,4% ), crustáceos (10,5%), moluscos (2,9%) e outras espécies (0,1%) (FAO 2014) A crescente demanda de produtos oriundos da aquacultura e a estagnação da pesca é um forte indício que a produção comercial tende a crescer cada vez mais no Brasil e no Mundo. Mesmo o Brasil apresentando potencial para o desenvolvimento da aquacultura, formado por 7.367 km de costa marítima e 5.500.000 hectares em reservatórios de água doce, perfazendo aproximadamente 13,8 % da água doce disponível no planeta e, possuindo disponibilidade de recursos hídricos, clima extremamente favorável, mão-de-obra abundante e crescente demanda por pescado no mercado interno e externo que impulsionam esta atividade, a preocupação ambiental é um fator primordial. projetos de aquacultura são classificados e taxados conforme seu potencial poluidor (CONAMA nº 413/2009). Somados a isso, a Lei 9433 de 8/01/97 que determina a Política Nacional de Recursos Hídricos, dita que a água é um bem público, um recurso não renovável e dotado de valor econômico, sendo por isso cobrada. Mundo também vive um momento de preocupações ambientais. E para aquacultura, de acordo com Avnimelech (2011), existem três preocupações principais que estão norteando o desenvolvimento atual e futuro da mesma: - Aumento da produção de peixes sem significativo aumento do uso das fontes básicas naturais de água e terra; - Desenvolvimento de sistemas sustentáveis que não causem danos ao meio ambiente; - Desenvolvimento de sistemas proporcionando uma relação custo / benefício razoável, para apoiar a sustentabilidade econômica e social da aquacultura. A estimativa de aumento da população em um cenário de 5 décadas obriga a produção aquícola a um aumento de pelo menos 5 vezes, apenas para manter o atual consumo per capta / ano. Portanto, este aumento da produção deve ser planejada tendo como meta o mínimo impacto ambiental e uso otimizado dos recursos naturais. Diante disso, o desafio da aquacultura mundial e brasileira é aumentar a produção em cativeiro para suprir a crescente demanda de consumo (uma vez que a pesca não apresenta indícios de aumento de produção). No entanto, juntamente com o aumento da produção, devemos aumentar os cuidados com o meio ambiente, tornando estas produções cada vez mais sustentáveis. Isto evitará problemas ambientais futuros como por exemplo a falta de água no planeta. QUALIDADE DA ÁGUA PRINCIPAIS DEFINIÇÕES Com o aumento do número de criatórios e consequentemente o incremento da procura e uso da água, os aqüicultores podem ou até já estão se tornando alvos preferidos dos órgãos de controle ambiental, comprovadamente pela imposição de regras, leis e exigências, tanto no aspecto do uso do terreno, do uso/ reuso e despejo das águas, da escolha, introdução e translocação de espécies exóticas ou nativas e até quanto ao aspecto sanitário do produto obtido. O desenvolvimento da atividade aqüicola, juntamente com a tomada de consciência relativamente recente dos problemas ambientais, justifica plenamente a atenção que se deva oferecer ao item "qualidade da água" em especial à aquela advinda das ações das criações intensivas e semi-intensivas. Para a água utilizada na aqüicultura, sugere-se que os criadores devam estabelecer normas de conduta quanto: a sua obtenção; o seu uso e reuso; a sua disposição e, se preocupem em aplicar métodos de avaliação e recuperação simples e objetivos. Distingue-se três categorias na água utilizada pela aqüicultura: a água de origem, a água de uso e efluente. Água de origem - oriunda de uma fonte, nascente, represa, lago ou córrego formado e que vai abastecer todo o sistema de criação. Na aqüicultura de água doce, a preferência é pela captação direta de uma nascente, em especial nas criações de truta. Após percorrer certa distância entre o seu brotamento e a sua captação, poderá apresentar carga orgânica e minerais arrastados no percurso ou que compõem o solo de origem. Água de uso - é a água utilizada no sistema em contato com a criação (tanques, valetas, canais ou tubos de distribuição e reuso), cuja qualidade depende do tipo de solo do tanque, da composição da água de origem, do manejo do sistema de criação (calagem, adubação e limpeza, etc.), da carga e composição do alimento lançado e dos organismos ali criados. Efluente – oriundo de todo sistema de criação, com todos os resíduos e de composição variável, dependendo do manejo e do tipo de criação. Essas águas geralmente são orientadas para um corpo receptor (córrego, rio, lago, etc.). São ricas em matéria orgânica e inorgânica. O conhecimento e acompanhamento da qualidade dessas águas se faz necessário, não só para evitar surpresas desagradáveis, como enfraquecimento e morte dos organismos criados, mas também visando um adequado manejo do sistema de criação, desde a melhor utilização da própria água, o controle da alimentação e do comportamento dos organismos, etc. Nas águas de origem deve-se conhecer: a)... quando forem obtidas em nascentes, poços, etc., as variáveis: pH (testes analíticos ou potenciômetro pH); Temperatura do "ar e da água" (termômetro); Dureza total (testes analíticos para dureza total GH); Amônia (testes analíticos para Amônia NH3 / NH4 + ); Nitrito (testes analíticos para Nitrito NO2 -); Condutividade (condutivímetro) e a variável Ferro total na água e solo (testes analíticos para Ferro Fe) quando da suspeita de sua presença no solo. b)... quando em águas de percurso aberto como córregos, reaproveitadas ou mantidas em represa, lago, etc., além das variáveis acima, analisar também: Alcalinidade ou Dureza em carbonatos (testes analíticos para alcalinidade/dureza em carbonatos Alc./KH; Turbidez (turbidímetro); Oxigênio dissolvido (testes analíticos para O2 dissolvido ou oxímetro); Fosfato total (testes analíticos para fosfato PO4 +) e Colifórmes totais/fecais (análise microbiológica/ laboratório ou kit). Tal levantamento deve ser obrigatório, sendo feito antes da instalação do projeto e, posteriormente a cada reinicio do ciclo de criação ou quando da suspeita de alteração na qualidade da água. Já na água de uso, deve-se analisar: Oxigênio dissolvido (testes analíticos para O2 dissolvido ou oxímetro); Temperatura "do ar e da água" (termômetro); Transparência (Disco de Secchi); pH (testes analíticos ou potenciômetro pH); Alcalinidade ou Dureza em carbonatos (testes analíticos para alcalinidade/dureza em carbonatosAlc./KH); Gás carbônico (teste analítico para gás carbônicoCO2); Amônia (testes analíticos para Amônia NH3 / NH4 +); Nitrito (testes analíticos para Nitrito NO2 -); Fosfato total (testes analíticos para fosfato PO4 +); Dureza total (testes analíticos para dureza total GH). Logicamente, as variáveis como OD, temperatura, pH e transparência das