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Infecção crônica , granulomatosa , curável ; Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen ; Elevada infectividade, porém baixa patogenicidade ; Poucos indivíduos infectados adoecem Apresentação clássica : Máculas hipocrômicas, hipo ou anestésicas, com ou sem infiltração; A evolução da doença sem tratamento se associa a deformidades e mutilações ; Notificação compulsória e investigação obrigatória ; HANSENÍASE O homem é o único reservatório natural do bacilo Os multibacilares são a principal fonte de infecção As vias aéreas superiores são a principal via de inoculação e eliminação do bacilo Soluções de continuidade na pele podem ser porta de entrada Secreções orgânicas não possuem importância na disseminação Longo período de incubação (meses a mais de 10 anos- média : 2 a 5 anos) São necessários anos para haja carga bacilar capaz de expressar-se clinicamente Entra no organismo , e não sendo destruído , o BH irá se localizar na célula de Schwann e na pele ; A disseminação para outros tecidos (linfonodos , olhos . .) pode ocorrer nas formas mais graves Resposta imune : Imunidade humoral (Th2 : anticorpos) é ineficaz (associada à IL-10 , IL-4 , IL-5 e T supressores) Imunidade celular (Th1 , mediada por citocinas : TNF-alfa , IFN-gama , IL-2) fagocita e destrói os bacilos por meio da oxidação ; 1 . 2 . 3 . 4 . 5 . BAAR : álcool-ácido resistente Parasita intracelular obrigatório Predileção pelas células do sistema reticuloentoteliai histiócitos do sistema nervoso periférico (célula de Schwann), células da pele e mucosa nasal , macrógafos Forma aglomerados bacilares , denominados globias (≠ do BK) Multiplicação extremamente lenta (10 a 16 dias) Temperaturas mais baixas 36 ,5ºC Produção de PGL-1 : responsável pela virulência do organismo e pelo tropismo neural T R A N S M I S S Ã O E P A T O G Ê N E S E " L E P R A , M A L D E L Á Z A R O " D E R M A T O L O G I A P A N A R O M A G E R A L CARACTERÍSTICAS DO BACILO EPIDEMIOLOGIA Todas as idades - rara em menores de cinco anos Ambos os sexos Provável predisposição genética FENÓTIPOS : HLA-DR2 e HLA-DR3 estão relacionados à forma paucibacilar HLA-DQ-1 , à forma multibacilar HANSENÍASE • DERMATOLOGIA PÁGINA | 02 Os macrófagos tem papel fundamental na neurite HANSENÍASE INDETERMINADA (HI) Paucibacilar : até 5 lesões Multibacilar : mais de 5 lesões) OMS FORMAS CLÍNICAS Polos estáveis e opostos: Virchowiano Tuberculoide Grupos instáveis: Indeterminado Dimorfo Madri Tuberculoide (TT), Borderline ou dimorfa : Dimorfo-Tuberculoide(DT) Dimorfo-Dimorfo (DD) Dimorfo-Virchowiano (DV) Virchowiano (VV) Ridley e Jopling LESÕES : mancha(s) hipocrômica(s), anestésica e anidrótica , com bordas imprecisas . As lesões são únicas ou em pequeno número e em qualquer área da pele SEM lesão de troncos nervosos , apenas de ramúsculos nervosos cutâneos . Baciloscopia : negativa É a "primeira manifestação clínica" Depois de meses até anos , evolui para cura ou Histopatologia : infiltrado perivascular e perineural . para outra forma clínica (paucibacilar ou multibacilar) D/D : pitiríase alba , p . versicolor , vitiligo , nevo acrômico , etc A principal diferença entre a lesão da hanseníase e de outras dermatoses é a alteração de sensibilidade! HANSENÍASE TUBERCULOIDE (HT) Vem da HI não tratada , se boa resistência imune (paucibacilar) LESÕES : bem delimitadas , número reduzido , eritematosas , perda total da sensibilidade e distribuição assimétrica . Inicialmente máculas , que evoluem para lesões em placas com bordas papulosas , e áreas de pele eritematosas ou hipocrômicas . De crescimento centrífugo lento , que leva à atrofia no interior da lesão , pode haver descamação das bordas (aspecto tricofitoide ,) . Variedade infantil : em crianças conviventes com portadores de formas bacilíferas (mais comum em face) NEURITE : quadro agudo de dor intensa e edema , inicialmente sem comprometimento funcional Se crônica : anidrose e ressecamento cutâneo , alopécia , alteração sensitiva e motora , dormência e perda da força muscular . Se não tratado , leva a incapacidades e deformidades . Pode haver neurite silenciosa : alterações de sensibilidade e motricidade sem os sintomas agudos ; Sinal da raquete : espessamento neural emergindo da lesão Forma neural pura : SEM lesões cutâneas , com espessamento do tronco nervoso e dano neural precoce e grave ; Possibilidade de cura espontânea Tratar sempre para reduzir o tempo de evolução e risco de dano neural Térmica Dolorosa Tátil Perda de sensibilidade na ordem: 1 . 2 . 3 . Forma multibacilar , com BACILOSCOPIA FORTEMENTE POSITIVA (baixa resistência imunológica) Importante foco infeccioso e reservatório da doença Pode evoluir da HI ou se apresentar assim desde o início LESÕES : infiltração progressiva e difusa da pele , máculas , pápulas , nódulos e tubérculos Infiltração é difusa e maior na face e nos membros . Pele torna-se luzidia , xerótica , aspecto apergaminhado e tonalidade semelhante ao cobre Rarefação dos pelos nos membros , cílios e da cauda da sobrancelha (madarose) FÁCIES LEONINA : infiltração da face e pavilhões auriculares , com madarose sem queda de cabelo Comprometimento nervoso nos ramúsculos da pele , na inervação vascular e nos troncos nervosos (COM deficiências funcionais e sequelas tardias) Sinais precoces de HV : obstrução nasal , rinorreia serossanguinolenta e edema de MMII "LEPRA BONITA" ou lepromatose difusa ou lepra de Lucio (Fenômeno de Lúcio): subtipo com infiltração difusa da pele com aspecto brilhante , mas sem nódulos ou placas , ocorrendo vasculite e necrose , com consequente ulceração É considerada uma reação tipo 3 Variedade histoide : lesões nodulares (semelhantes à dermatofibromas- caracterizado por histiócitos fusiformes) Infiltração de outros órgãos e consequências : Testículos : diminuição da produção de testosterona , aumento do FSH e LH , queda da libido e ginecomastia . Câmara anterior do olho : glaucoma e formação de catarata Insensibilidade da córnea : trauma (triquíase) e infecção secundária Mucosa de via aérea superior : perfuração do septo e desabamento nasal HANSENÍASE • DERMATOLOGIA PÁGINA | 03 Os principais troncos nervosos periféricos acometidos na hanseníase HANSENÍASE VIRCHOWIANA (HV) Face – Trigêmio e Facial : podem causar alterações na face , nos olhos e no nariz ; Braços – Radial , Ulnar e Mediano : podem causar alterações nos braços e nas mãos ; Pernas – Fibular e Tibial HANSENÍASE DIMORFA OU BORDERLINE (HD) Instabilidade imunológica Grande variação das manifestações clínicas da pele , nervos , ou no comprometimento sistêmico Lesões da pele numerosas e a sua morfologia mescla aspectos de HV e HT , variando sua predominância Infiltração assimétrica da face e pavilhões auriculares , lesões no pescoço e nuca , são sugestivos da HD As lesões neurais são precoces , assimétricas , mais graves e , com frequência , levam a incapacidades físicas Estados reacionais são mais frequentes Sub-divisão : Dimorfa Tuberculoide Dimorfa Dimorfa Dimorfa Virchowiana HANSENÍASE • DERMATOLOGIA PÁGINA | 04 DIMORFA TUBERCULOIDE (HDT) A baciloscopia é negativa ou discretamente positiva Teste de Mitsuda fracamente positivo Lesões : placas ou manchas eritematosas , anulares , de maior extensão , distribuição assimétrica , pouco numerosas (maior número do que na HT), limites menos definidos , com lesões satélites Acometimento de vários troncos nervosos DIMORFA DIMORFA (HDD) A baciloscopia é moderadamente positiva Lesões : bizarras , semelhantes a “queijo suíço”, anulares ou foveolares , com limite interno nítido e limites externos imprecisos , com bordos de cor ferruginosa , mais numerosas que a HDT , distribuição assimétrica Pele do centro poupada Evolui rapidamente para outras formas , principalmente virchowiana Reações tipo 2 podem acontecer de forma repetida DIMORFA VIRCHOWIANA (HDV) A baciloscopia fortemente positiva Teste de Mitsuda negativo Lesões : múltiplas , placas elevadas eritemato-infiltradas e nódulos com limitesimprecisos , algumas de aspecto anular Mais de 20 lesões , mas menos polimórficas Sensibilidade pode estar preservada Comprometimento neural semelhante à HT Pode haver reações tipo 1 e 2 ESPECTROS DA DOENÇA HANSENÍASE • DERMATOLOGIA PÁGINA | 05 LESÃO NEURAL Precede as manifestações cutâneas Tropismo por nervos periféricos O espessamento neural pode vir com ou sem dor Acometimento : O dano neural está relacionado à imunidade celular e à reação inflamatória : Troncos neurais periféricos Ramos secundários Ramúsculos nervosos Tátil Dolorosa Térmica Alterações autonômicas (perda de sudorese e pelos) e motoras com incapacidades Agressivo Precoce Assimétrico Mononeural Pode formar tumorações e fistulizar em abcessos do nervo IMUNIDADE CELULAR (HT) Mais extenso Pouco intenso Simétrico Manifestações tardias- compressão lenta IMUNIDADE CELULAR (HV) Comprometimento intenso e extenso H . DIMORFA AVALIAÇÃO DOS NERVOS PERIFÉRICOS Pesquisar por : Espessamento Choque Dor Assimetria ESTADOS REACIONAIS Agudização por mecanismos imunológicos Episódios inflamatórios que se intercalam no curso crônico da hanseníase Ricas em sinais e sintomas (podem chamar mais atenção do que as lesões primárias da hanseníase) Fatores desencadeantes : Infecções intercorrentes , vacinação , gravidez e puerpério , medicamentos iodados ou progesterona , estresse físico e emocional Os tipos de reação TIPO 1 : Reação reversa TIPO 2 : Eritema Nodoso da Hanseníase (ENH) Podem surgir antes do diagnóstico da hanseníase, durante o tratamento ou após a alta REAÇÃO TIPO 1 Mediada pela imunidade celular Mais precoces , entre o 2º e o 6º mês de tratamento Lesões : exacerbação das preexistentes , ficam edemaciadas , eritematosas , brilhantes (semelhante à erisipela) podem surgir novas lesões à distância Sintomas sistêmicos variam (geralmente uma febre baixa) Neurites frequentes e graves , podendo ser a única manifestação clínica e podem ser silenciosas (dano funcional sem quadro clínico) Podem deixar sequelas se não tratada precocemente HANSENÍASE • DERMATOLOGIA PÁGINA | 06 REAÇÃO TIPO 2 TESTES DIAGNÓSTICOS Em formas multibacilares (HV ou HD), e após seis meses de tratamento Síndrome por depósito de imunocomplexos nos tecidos e vasos , há aumento de citocinas séricas , como TNF alfa e o interferon gama sem , haver mudança definitiva da condição imunológica do paciente É uma paniculite (inflamação da hipoderme) lobular (principalmente nos lóbulos), acompanhado de vasculite Lesões típicas (eritema nodoso) eritematosas , dolorosas , tamanhos variados , pápulas e nódulos em qualquer região da pele Eritema nodoso necrotizante : nódulos evoluem para ulceração Repetem-se indefinidamente em surtos Pode haver : Febre e linfadenopatia , neurite (principalmente nervo ulnar), uveíte , orquite , glomerulonefrite , leucocitose com desvio à esquerda Títulos altos de FR e FAN (diagnóstico diferencial com colagenoses) Reação de Mitsuda : aplicação intradérmica do bacilo morto na superfície extensora do antebraço direito . Não é usado no diagnóstico (pode ser positivo na população saudável), mas na classificação e prognóstico Leitura : Reação de Medina : 6h , na Lepra de Lucio Reação de Fernandez : 48-72h , significado incerto Reação de Mitsuda : 28-30 dias (tardia), >5mm é positiva Teste da Histamina: aplicação de gota de solução de histamina sobre pele escoriada , na hanseníase está incompleto (ausente o eritema secundário), o normal é a tríplice reação de Lewis : Eritema inicial : 10 mm e 20-40s depois da aplicação Eritema pseudopódico ou secundário : 30-50mm , após 1 min devido à vasodilatação arteriolar por ato reflexo axônico Seropápula : 2-3 min Teste da Pilocarpina: aplicação intradérmica de pilocarpina , havendo sudorese na área dois minutos depois , nas lesões hansênicas há anidrose PCR : identifica quantidades mínimas da micobactéria , não é usada de rotina Sorologia Anti-PGL-1 : é específico do M . leprae , detecta anticorpos IgM (avalia a resposta humoral) , reflete a carga bacilar dos pacientes (multibacilares positivam bem mais que paucibacilares) Baciloscopia: feito com a linfa obtida de pelo menos quatro locais (lóbulos das orelhas D e E , cotovelos D e E) e em lesão cutânea suspeita . O resultado é o Índice Baciloscópico (IB), numa escala que vai de 0 a 6+ (negativa , IB = 0 , na HT e HI , fortemente positiva na HV e variável na HD) Se positiva classifica como multibacilar independente do número de lesões Pesquisa de Sensibilidade Térmica : 2 tubos de ensaio (um quente e um frio) Dolorosa : uma agulha Tátil : chumaço de algodão (cuidado para não mover , pois aumenta a percepção do objeto) Sensibilidade protetora : Monofilamentos de Semmes-Weinstein ou ponta de caneta Outros : Biópsia de nervo , histopatológico , eletroneuromiografia , RNM Clínico (anamnese + exame dermato-neurológico) e epidemiológico Etapas do exame físico : Inspeção dos olhos , nariz , mãos e pés ; Palpação dos troncos nervosos periféricos ; Avaliação da mobilidade articular ; Avaliação da força muscular ; Avaliação de sensibilidade nos olhos , membros superiores e inferiores Principais exames complementares Baciloscopia Histopatológico Se dúvida , fazer provas complementares (pilocarpina e histamina) Definição de caso HANSENÍASE • DERMATOLOGIA PÁGINA | 07 DIAGNÓSTICO TRATAMENTO Poliquimioterapia: Rifampicina , Dapsona , Clofazimina Gestação , TARV e aleitamento NÃO contraindicam o tratamento Se baseia na classificação da OMS É gratuita , distribuída em blisteres Se necessário , podem ser usadas drogas alternativas : Dapsona pode ser substituída pela Clofazimina (nos PB), Ofloxacina ou Minociclina (nos MB) Tempo de tratamento : PB : 6 meses (= 6 cartelas) (em até 9 meses) MB : 12 meses (= 12 cartelas) (em até 18 meses) Para crianças , considerar o peso : A partir de 50 kg : igual o adulto 30-50kg : cartelas infantis Menor que 30kg : ajustar a dose HANSENÍASE • DERMATOLOGIA PÁGINA | 08 TRATAMENTO DAS FORMAS REACIONAIS TIPO 1 Diagnóstico correto , tratamento adequado e precoce Para evitar o dano neural e incapacidades Buscar fatores desencadeantes Manter a PQT , se em tratamento Se neurite , imobilizar membro afetado com tala gessada Monitorizar a função neural sensitiva e motora Neurites refratárias aos corticoides poderão necessitar de tratamento cirúrgico Prednisona : 1-1 ,5 mg/kg/dia (excepcionalmente de 1 ,5-2 mg/kg/dia) Reduzir a dose , conforme resposta terapêutica TIPO 2 Talidomida : 100 a 400 mg/dia Corticoterapia em determinadas situações : Gravidez ou risco de engravidar Mãos e pés reacionais Glomerulonefrite , vasculite , eritema nodoso necrosante , etc RESUMO CLASSIFICAÇÃO DAS FORMAS CLÍNICAS
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