Buscar

FARMACOLOGIA 02 - Absorção e distribuição dos fármacos - MED RESUMOS 2011

Prévia do material em texto

Arlindo Ugulino Netto – FARMACOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
1
MED RESUMOS 2011
NETTO, Arlindo Ugulino.
FARMACOLOGIA
ABSORÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DOS FÁRMACOS
(Professora Edilene Bega)
A não ser que atue topicamente, o fármaco deve ser absorvido, penetrar no sangue e ser distribuído ao longo do 
organismo até alcançar o seu local de ação. O fármaco deve, então, deixar o espaço vascular e penetrar nos espaços 
intracelulares e/ou extracelulares para atingir o órgão alvo.
De nada adiantaria, exceto para aqueles fármacos cujo sítio de ação se encontra nos próprios vasos, que o 
fármaco permanecesse aprisionado no compartimento vascular. Ele precisa, em um dado instante, deixar o 
compartimento vascular para alcançar seus respectivos sítios de ação (membranas plasmáticas, organelas, enzimas, 
etc.).
A velocidade com a qual uma droga atinge seu local de ação depende da sua taxa de absorção e sua taxa de 
distribuição, que determinam diretamente o período de latência do referido fármaco (tempo percorrido desde a 
administração do fármaco em um determinado local até a manifestação de seu efeito terapêutico). Em termos práticos, a
absorção diz respeito à passagem da droga de seu local de administração para o sangue; a distribuição envolve o 
transporte da droga para os tecidos. Vários fatores interferem nessas duas taxas, como veremos ao longo deste 
capítulo.
ABSOR‚O
Absorção é definida como a passagem do fármaco do local depositado, através da administração, para a 
corrente sanguínea (a única via que ignora a etapa de absorção é, obviamente, a via endovenosa, uma vez que o 
fármaco já seria depositado diretamente na corrente sanguínea).
Os fatores que interferem na absorção das drogas são:
 Membranas biológicas;
 Propriedades físico-químicas das moléculas da droga: o fármaco deve apresentar um caráter lipossolúvel para 
sofrer absorção, mas deve sempre apresentar um certo grau de hidrossolubildade para garantir seu transporte
através do meio aquoso predominante dos sistemas;
 Modalidade de absorção das drogas: a maioria dos fármacos atravessa as barreiras biológicas por difusão 
passiva quando se encontram livres no plasma;
 Locais de absorção das drogas e vias de administração.
MEMBRANAS BIOLÓGICAS
Tomando como base as características estruturais e funcionais das 
membranas biológicas, temos que algumas substâncias são translocadas por 
mecanismos de transporte especializados; filtradas através dos poros membranosos 
(compostos polares pequenos); ou difundidas através das membranas lipídicas.
Em se tratando de difusão de lipídios nessas membranas biológicas, 
substâncias apolares penetram livremente nas membranas celulares por difusão. 
Esse fator constitui um dos determinantes mais importantes da farmacocinética de 
uma determinada droga.
O coeficiente de permeabilidade da membrana plasmática determina o 
número de moléculas que atravessam a membrana por área na unidade de tempo.
Os fatores que contribuem com o cálculo desse coeficiente são:
 Solubilidade da membrana: coeficiente de partição para a substância 
distribuída entre as faces da membrana e o ambiente aquoso.
 Difusibilidade: coeficiente de difusão.
PARTIÇÃO DO PH E RETENÇÃO DE ÍONS
No interior de cada compartimento, a relação entre substâncias ionizada e não-ionizada é controlada pelo pK da 
substância e pelo pH do compartimento. É esse pH que influencia diretamente a absorção do fármaco em um dado 
compartimento. O pK (constante de ionização de substâncias ácidas e básicas) determina a capacidade do ácido ou da 
base de doar ou receber prótons, respectivamente.
 B + H+  BH+ pKa = pH + log10 [BH+]/[B ]
 AH  A- + H+ pKa = pH + log10 [AH]/[A- ]
Arlindo Ugulino Netto – FARMACOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
2
BH+ e A- representam, respectivamente, uma base e um ácido na sua forma iônica. Nessa forma, essas 
substâncias apresentam uma lipossolubilidade muito baixa, sendo praticamente incapazes de atravessar a membrana.
Ao contrário disso, toda substancia iônica tem grande afinidade com a água, sendo, portanto, hidrossolúvel.
Já B e AH representam, respectivamente, uma base e um ácido na suas formas não-ionizadas, sendo assim 
lipossolúveis o suficiente para permitir passagem rápida pela membrana.
Para entender o comportamento de um fármaco com ambos os caracteres, observe os seguintes gráficos:
 Os ácidos são compostos instáveis, se ionizando quando doam prótons. Quanto menor for o valor numérico do pK, em uma 
escala de 1 a 14, mais forte ele é e mais fácil se ioniza (A-). O gráfico acima, referente à curva de ionização dos ácidos 
(esquerda), diz o seguinte: quanto menor for o pH do meio (quanto maior for a concentração de hidrogênio), a reação de 
dissociação dos ácidos será deslocada para a esquerda, ou seja, o ácido permanecerá na sua forma molecular (e portanto, 
lipossolúvel). Já quando o pH do meio aumenta, a concentração de H+ diminui, deslocando a reação para a direita, fazendo 
com que o ácido passe para a sua forma iônica e polar (portanto, não-lipossolúvel).
 As bases geralmente são moléculas estáveis e se ionizam quando elas recebem prótons. Quanto maior o valor numérico do 
pKb, em uma escala de 1 a 14, para as bases, mais forte ela é e mais facilmente se ioniza (BH+). O gráfico acima, referente à 
curva das bases (direita), diz o seguinte: quanto menor for o pH do meio (quanto maior for a concentração de hidrogênio), a 
reação de conjugação da base será deslocada para a esquerda, fazendo com que este se mantenha na sua forma polar (e 
portanto, não-lipossolúvel). Já quando o pH do meio aumenta, a concentração de H+ diminui, deslocando a reação para a 
direita, fazendo com que a base passe, gradativamente, para a sua forma molecular (portanto, lipossolúvel).
 Para se identificar a quantidade de moléculas que foram ou não absorvidas, comparando duas substâncias de mesmo 
caráter, utiliza a seguinte regra: quando o valor do pKa,b de uma substância se iguala ao valor numérico do pH do meio, a 
reação estará em equilíbrio, ou seja, a concentração referente as formas do fármaco estará: 50% da forma ionizada e 50% 
da forma não-ionizada. Observe os exemplos:
Ex: Uma droga de caráter ácido com pKa=2. Observe seu comportamento em três compartimentos:
 Se o fármaco estiver submetido a um pH=2, como seu pKa=2, teríamos 50% na 
forma iônica e 50% na forma não-iônica.
 Se o pH do compartimento for maior que 2, o fármaco tenderá a entrar em sua 
forma iônica (A-) ou protonada, sendo ela não-lipossolúvel e permanecendo, cada 
vez mais, ionicamente aprisionado.
 Se o pH do meio for menor que 2, o fármaco se apresentará mais na sua forma 
protonada (AH), sendo assim lipossolúvel, não ficando aprisionado nesse 
compartimento.
Ex²: Uma droga de caráter básico com pKb=8. Observe seu comportamento em três compartimentos:
 Se o fármaco estiver submetido a um pH=8, como seu pKb=8, teríamos 50% na 
forma iônica e 50% na forma não-iônica.
 Se o pH do compartimento for maior que 8, o fármaco tenderá a permanecer em 
sua forma molecular (B), sendo ela lipossolúvel e não ficaria aprisionado nesse 
compartimento.
 Se o pH do meio for menor que 8, o fármaco se apresentará mais na sua forma 
iônica (BH+), sendo assim não-lipossolúvel, permanecendo aprisionado nesse 
compartimento. Indo mais a fundo: se o pH do meio for 6, por exemplo, teremos 
uma fração x% ionizada. Se o pH diminuir mais ainda (pH=3, por exemplo), 
termos 2.x% ionizada, ficando mais aprisionada ainda neste compartimento.
Arlindo Ugulino Netto – FARMACOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
3
OBS1: Aprisionamento iônico. É um fenômeno que acontece quando o fármaco se 
encontra na sua forma dentro de determinados compartimentos e, nesta forma, fica 
impedido de sofrer absorção. Daí, temos o seguinte raciocínio:
 Droga ácida se acumula em regiões de pH básico;
 Droga básica se acumula em regiões depH ácido. 
Ex³: Duas drogas de caráter básico, uma com pKb1=7 e outra com pKb2=9, são submetidas a um compartimento de 
pH6. Qual dos dois fármacos ficará mais aprisionado no compartimento? R: O fármaco 2, uma vez que ele apresenta um 
pKb maior, tendo, portanto, maior capacidade de se ionizar, ficando mais facilmente aprisionado no compartimento.
Ex4: Droga de caráter ácido com pKa=3 e uma base de pKb=7 são submetidos a um compartimento de pH=4, vizinho a 
um compartimento de pH=2. Qual das duas drogas deixará o primeiro compartimento mais facilmente e qual o 
percentual desse fármaco tenderá a ficar aprisionado no segundo compartimento?
R1: O fármaco A (pKa=3), submetido em pH=4, estará na sua forma ionizada, mas não em grande quantidade, por 
se afastar apenas uma unidade, numericamente comparando, do limite do pKa. Já o fármaco B, que em pH=4, 
também se apresenta em sua forma iônica, estará de forma bem mais afastada do limite do pKb, numericamente 
comparando. Isso nos faz concluir que o fármaco A atravessará esse compartimento mais rapidamente que o 
fármaco B.
Rƒ: No segundo 
compartimento, em pH=2, se 
fizéssemos outro gráfico, 
observaríamos que o fármaco 
A estaria em uma 
porcentagem superior a 50% 
na sua forma molecular, que 
é, portanto, mais lipossolúvel, 
permanecendo o mínimo de 
tempo possível no 
compartimento. 
OBS2: Porcentagem de fenobarbital (uma droga ácida de pKa = 7,2) na forma ionizada em função do pH do meio.
O fenobarbital (Gardenal®) é um barbitúrico bastante utilizado como anticonvulsivante, principalmente devido ao seu 
baixo custo no mercado, embora seja uma substancia com certo teor de toxicidade (deve ser administrado com cuidado 
pois em altas concentrações pode determinar uma parada cardiorrespiratória). Em casos de intoxicação, manipula-se o 
pH urinário (que varia entre 4,5 e 5), alcalinizando a urina, o que favorece a sua excreção. Os fenobarbitúricos são 
drogas de caráter ácido, e o fenobarbital tem um pKa de 7,2. Observe no 
gráfico abaixo que, quando o pH do meio onde esse fármaco se encontra em 
7,2, a concentração da forma iônica desse fármaco se iguala em 50% com a 
concentração da sua forma não iônica.
Observe também no gráfico que, quanto menor o pH, maior seria a 
concentração hidrogeniônica do meio, induzindo o fármaco a apresentar 
baixas concentrações de forma iônica. Na medida em que o pH do meio 
aumenta (o que significa que as concentrações de hidrogênio estão 
diminuindo), aumenta-se o percentual da forma iônica do fármaco (pois a 
substância ácida doa prótons para o meio carente destes). Vale ressaltar 
novamente que, em pH 7,2, devido ao fato do pH se igualar numericamente 
ao pKa dessa droga (pKa=7,2), teremos exatamente 50% da forma iônica e 
50% da forma não-iônica do fármaco.
OBS3: Bioequivalência. Consiste na comparação entre a biodisponibilidade de duas formulações de laboratórios 
diferentes, utilizando o mesmo princípio ativo (com mesmo sítio de ação), mesma dosagem e mesma via de 
administração. Quantifica-se a substância no sangue (ou seja, em via sistêmica), constrói-se a curva gráfica de sua 
concentração em função do tempo, de modo que a fase de absorção se encontre no ápice dessa curva e o declínio, 
represente os processos de biotransformação, excreção, 
passagem de distribuição para o sítio alvo, etc. Faz-se 
então a comparação dos gráficos desses dois fármacos. Se 
apresentarem as áreas sob a curva diferentes, essas 
substâncias não serão consideradas bioequivalentes. 
Portanto, um fármaco (no caso de um genérico, por 
exemplo) não pode substituir o outro comparado.
Arlindo Ugulino Netto – FARMACOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
4
DISTRIBUI‚O
Ap€s ser absorvido ou injetado na corrente sangunea, o f‚rmaco distribui-se para os lquidos extracelular
(aproximadamente 14 litros em um indivduo de 70Kg) e intracelular (aproximadamente 28 litros em um indivduo com 
70Kg). ƒ importante, ent„o, que o f‚rmaco tenha a capacidade de se distribuir do sistema vascular para o compartimento 
intersticial, uma vez que raramente o f‚rmaco tem a…„o no pr€prio compartimento vascular.
O volume de distribuição aparente (Vd) † o par‡metro utilizado para descrever essa distribui…„o e pode ser 
definido como o volume de líquido necessário para conter a quantidade total (Q - quantidade da dose 
administrada) da droga no corpo na mesma concentração presente no plasma (Cp) e † matematicamente expresso 
como: 
Vd=Q/Cp ou Vd=[Dose]/[plasmática  PP-F+F] (em litros/Kg de peso corporal)
OBS4: Essa distribui…„o n„o † igualit‚ria, por isso que se fala em distribuição aparente. Um exemplo pr‚tico desse fato acontece em 
indivduos com sobrepeso, em que h‚ uma grande quantidade de adip€citos. F‚rmacos com grande lipossolubilidade se distribuem 
intracelularmente de forma aleat€ria e indeterminada, destinando-se, inclusive para o tecido adiposo. Com isso, tem-se que 
subst‡ncias lipossolˆveis alcan…am todos os compartimentos e podem acumular-se no tecido adiposo. Para f‚rmacos que se 
acumulam fora do compartimento plasm‚tico, o valor do Vd pode ultrapassar o valor do volume corporal total. Ou seja, ao se fazer o 
c‚lculo do volume aparente de f‚rmacos lipossolˆveis, cuja concentra…„o † pequena no sangue ap€s a sua administra…„o, o Vd dos 
mesmos chegam a atingir um valor 10 vezes maior que o volume de lquidos corporais (42 litros para indivduos com 70kg). Os fatores 
que podem interferir diretamente com a absor…„o, podendo resultar em valores exagerados do volume de distribui…„o aparente s„o: 
alto grau de lipossolubilidade do f‚rmaco e uma presen…a marcante de tecido adiposo, pois esses fatores diminuem a concentra…„o 
do f‚rmaco do sangue (que † o denominador para calcular o Vd), sendo inversamente proporcional ao valor doVd.
OBS5: Do mesmo modo de como foi discutido na OBS anterior, f‚rmacos que apresentam uma grande afinidade ‰ protenas 
plasm‚ticas ou um baixo grau de lipossolubilidade, por estarem grandemente concentrados no compartimento plasm‚tico (vascular), 
diminuem demasiadamente o valor de Vd. 
PRINCIPAIS COMPARTIMENTOS
 Plasma – 5% do peso corporal;
 Lquido Intersticial – 16%;
 Lquido Intracelular – 35%;
 Lquido Transcelular – 2%;
 Gordura – 20%
OBS6: As subst‡ncias insolˆveis em lipdios est„o principalmente confinadas ao plasma e ao lquido intersticial.
Vd E PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DA DROGA
As propriedades fsico-qumicas mais relevantes da droga s„o: solubilidade em água e lipídeos e capacidade 
de se ligar às proteínas (plasmáticas ou teciduais). Com base nestas propriedades, devemos entender as seguintes 
defini…‹es:
 Volume de distribui…„o elevado indica que a droga † distribuda a v‚rias partes do corpo, com a permanŒncia de 
pequena fra…„o no sangue;
 Volume de distribui…„o pequeno indica que a maior parte da droga permanece no plasma provavelmente como 
resultado da liga…„o ‰s protenas plasm‚ticas (LPP): enquanto o f‚rmaco est‚ ligado ‰ protena plasm‚tica, 
permanecer‚ confinado no compartimento vascular, inabilitando a possibilidade de agir no seu stio de a…„o. 
Quando se trata de excre…„o e biotransforma…„o, excetua-se esta regra: tanto a fra…„o livre do f‚rmaco quanto 
a fra…„o ligada podem ser biotransformadas ou excretadas, independente de suas afinidades.
 Altera…„o de f‚rmacos em nvel de distribui…„o entre dois componentes medicamentosos se d‚ principalmente 
por mecanismo competitivo frente a stios comuns de liga…„o prot†ica.
A maioria das protenas circulantes no sangue † 
transportada acompanhada de protenas do plasma, assim 
como ocorre com os f‚rmacos: a estrutura qumica dos 
f‚rmacos sempre favorece uma intera…„o com a estrutura 
qumica de protenas plasm‚ticas para o seu transporte 
vascular. Salvo em condi…‹es n„o fisiol€gicas (distˆrbios 
renais), as protenas plasm‚ticas deixam o compartimento 
vascular para serem exteriorizadas na urina (devidoa seu 
grande tamanho em rela…„o as fenestra…‹es do 
glom†rulo). Com isso, conclui-se que, quando o f‚rmaco 
encontra-se ligado a protenas plasm‚ticas, este n„o 
deixar‚ o compartimento vascular passivamente.
Arlindo Ugulino Netto – FARMACOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
5
Tem-se, ent„o, duas fra…‹es do f‚rmaco circulante no sangue: uma fra€o ligada a prote‚nas plasmƒticas
(sendo uma liga…„o fraca, n„o-covalente) e uma fra€o livre, sendo esta capaz de deixar o compartimento vascular 
para seguir dados destinos (stio de a…„o, biotransforma…„o, excre…„o), podendo, assim executar seu mecanismo de 
a…„o. 
Quanto menor for a intera…„o dos f‚rmacos com as protenas plasm‚ticas, mais rapidamente este ser‚ 
absorvido, sendo portanto mais rapidamente utilizado em seu stio de a…„o, mais rapidamente biotransformado e mais 
rapidamente excretado. Conclui-se, ent„o, que f‚rmacos com pequena afinidade apresentam meia-vida (tempo 
necess‚rio para exteriorizar 50% do f‚rmaco administrado) muito curta.
Mesmo sabendo que apenas a fra…„o livre † capaz de deixar o compartimento vascular de forma passiva, † 
necess‚rio tomar conta que o f‚rmaco ligado a protena plasm‚tica (fra…„o ligada) tende a manter o equilbrio: se uma 
dose de 100 mol†culas do f‚rmaco (100%) † administrada e tem-se que 20% delas apresentam-se livre e s„o 
absorvidas, esse percentual de 80% que restou de f‚rmaco ligado ‰ protena assume agora um papel de 100% para 
manter o equilbrio, em que, sucessivamente, 20% desse valor (ou seja, 16%) ficar‚ livre (e 64% ficar‚ ligada). E assim 
segue sucessivamente, ao passo em que todo o f‚rmaco, inicialmente livre ou n„o, ser‚ gradativamente absorvido.
Em outras palavras, a fra€o livre circulante do fƒrmaco (F) † tamb†m chamada de fra€o ativa, tendo ent„o 
uma conota…„o que determina a ˆnica forma da droga que age em seu stio ativo, sendo respons‚vel, ent„o, pelo efeito 
terapŒutico da droga. Nesta forma, atendendo ‰s situa…‹es de solubilidade, o f‚rmaco tem a capacidade de deixar o 
compartimento vascular sem ser necess‚rio ser extrado por a…„o de outra enzima.
J‚ a fra€o ligada do fƒrmaco (PP-F) pode ser chamada fra€o de dep„sito quando ela est‚ temporariamente 
estocada no compartimento vascular (temporariamente porque a liga…„o entre essas duas subst‡ncias se d‚ por uma 
intera…„o fraca, em que a qualquer momento, para manter o equilbrio da a…„o do f‚rmaco, a liga…„o torna-se 
reversvel). Al†m desse termo, a fra…„o ligada pode ser considerada tamb†m uma fra€o de transporte, uma vez que 
na forma ligada, uma minoria dos f‚rmacos pode ser retirada do compartimento vascular por €rg„os metabolizadores ou 
excretores (f‚gado e rins). Para isso, o fgado apresenta em suas c†lulas protenas estruturais capazes extrair f‚rmacos 
ligados a protenas, por meio da quebra da liga…„o fraca entre eles, e jogar o f‚rmaco para os hepat€citos para sofrer 
metaboliza…„o ou depura…„o (clearence hep‚tico). Esse mesmo mecanismo ocorre nos rins.
O termo “fra…„o de dep€sito” †, portanto, justificado para circunst‡ncias em que o f‚rmaco em quest„o (pelo 
menos a sua maior parte) n„o seja removido por €rg„os metabolizadores ou excretores, quando este se encontra ligado 
a protena plasm‚tica. J‚ o termo “fra…„o de transporte”, utilizando ambos os termos para a fra…„o ligada do f‚rmaco, † 
utilizado nas circunst‡ncias em que alguns f‚rmacos (a minoria) pode ser extrado por €rg„os metabolizadores ou 
excretores, mesmo ligado ‰ protena plasm‚tica.
INTERA…†O MEDICAMENTOSA DO TIPO F‡RMACO-CINˆTICA (EM N‰VEL DE PROTE‰NA PLASM‡TICA)
Quando existem dois f‚rmacos circulantes no compartimento vascular, de modo que um coexiste com o outro,
gerando certa intera…„o, as duas chegam a competir liga…‹es com protenas plasm‚ticas, alterando as propriedades 
cin†ticas de ambas. 
Quando um f‚rmaco A, por exemplo, apresenta maior afinidade por protena plasm‚tica (PP) que um f‚rmaco B, 
diz-se que o f‚rmaco A desloca o f‚rmaco B de seu stio de liga…„o da PP. Portanto, as concentra…‹es da fra…„o livre do 
f‚rmaco B aumentam intravascularmente, podendo exceder 
em quantidade desejada (podendo gerar, inclusive, uma 
intoxica…„o, se essa for uma propriedade deste f‚rmaco B, que 
acontece quando o ndice t€xico do f‚rmaco B for muito 
pr€ximo ao seu ndice terapŒutico), permanecendo pouco 
tempo tamb†m no organismo (mais rapidamente † 
biotransformado e mais rapidamente † excretado). Essa 
intera…„o resulta em uma diminui…„o do tempo de meia vida 
do f‚rmaco B e um aumento na do f‚rmaco A.
LIGA…†O ŠS PROTE‰NAS PLASM‡TICAS (LPP)
As drogas, como j‚ foi visto, s„o transportadas para os seus stios de a…„o, sofrem biotransforma…„o e sofrem 
excre…„o, normalmente, ligadas a protenas plasm‚ticas ou a hem‚cias. Somente a droga livre pode exercer sua a…„o.
Portanto, a resposta terapŒutica de uma droga † dependente da porcentagem da droga livre. E quanto maior for 
a capacidade de se manter livre, menor ser‚ o tempo de meia vida desse f‚rmaco, sendo necess‚rio, pois, diminuir os 
intervalos de administra…„o dessa droga.
A mais importante protena, no que concerne ‰ liga…„o a f‚rmacos, † a albumina, que liga muitos ‚cidos e um 
nˆmero menor de f‚rmacos b‚sicos: F (fƒrmaco livre) + FL (complexo). F‚rmacos ‚cidos apresentam, portanto, maior 
afinidade pela albumina, ao passo em que os f‚rmacos b‚sicos s„o comumente transportados pela α-1-glicoprote‚na 
ƒcida.
A biotransforma…„o de drogas com altas taxas de extra…„o hep‚tica, como o Propranolol (um bloqueador de 
receptores β do sistema nervoso simp‚tico), envolve a desloca…„o de seus stios de liga…„o e a capta…„o da droga pelas 
Arlindo Ugulino Netto – FARMACOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
6
células hepática. A LPP age como um sistema de transporte, levando a droga para fígado. Daí, quando o fármaco tem 
uma baixa taxa de extração hepática, a biotransformação pode ser diminuída pela LPP, pois será diretamente 
proporcional a fração livre de droga no sangue.
Com relação à eliminação renal, somente a droga não ligada (porção livre) é capaz de ser filtrada passivamente 
no glomérulo. Uma diminuição da LPP irá aumentar a concentração da droga livre disponível para a filtração. Já drogas 
fortemente ligadas a proteínas geralmente apresentará um tempo de meia-vida longo, uma vez que a sua eliminação 
pelos rins é mais dificultosa. Porém, a secreção tubular renal não é limitada pela ligação protéica e a LPP irá favorecer a 
eliminação por transportar a droga para seu local de excreção e o rim faz a extração desse fármaco para a sua 
excreção.
Uma diminuição na LPP (ligação proteína plasmática) de uma droga, por deslocamento, o seu Vd aumentará. A 
droga deslocada se difundirá para os tecidos e isto levará a uma diminuição na concentração total da droga no plasma. 
OBS7: Efeitos tóxicos, correspondente a concentração da droga livre no plasma, podem ser vistos com injeção rápida de 
um agente deslocador (quinidina) da digoxina.
OBS8: Barreira hematoencefálica. É uma camada contínua 
formada por projeções de células endoteliais da glia (como os 
astrócitos) unidas por junções firmes, separando o tecido nervoso 
do SNC do compartimento vascular. Os fármacos devem ser 
pequenos e altamente lipossolúveis (apolares ou não-ionizados)
para atravessar essa barreira de forma efetiva. Portanto, a maioria 
(se não todas) as drogas de efeito nervoso central devem ser 
lipossolúveis.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes