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Avaliação- Locke

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Discente: Daniela Gonçalves Aranha
1) Prerrogativa é definido por Locke como “poder de agir discricionariamente em vista do bem público na ausência de um dispositivo legal, e às vezes mesmo contra ele”. A partir disso, pode-se entender que há uma abertura, legal ou não, para o governante agir de maneiras não convencionais, caso seu intuito seja preservar todos. O dicionário de política diz que Golpe de Estado constitui um método para conquistar o poder, sem conotações políticas ou sócio-econômicas. O consentimento é a base do contrato de transição do estado de natureza para a sociedade civil, cujo o intuito é preservar os direitos naturais, isso feito por um poder político.
 O objetivo da prerrogativa é poder realizar o bem público sem se basear em nenhuma regra. Isso porque, nem sempre é possível alinhar o poder legislativo com a necessidade do poder executivo de fazer aquilo que é melhor para a preservação de todos. Aqueles que criam as leis não são capazes de prever e, assim, prover uma legislação para tudo que pode benéfico à comunidade. O executor dessas leis pode, então, a partir da perspectiva da prerrogativa, utilizar o poder em casos que a lei civil nada prescreve. O Golpe de Estado, por outro lado, não irá seguir a mesma linha de atuação da prerrogativa. Aquele irá, por diversas vezes utilizar o intrumento legal ou, até mesmo, transgredi-lo, em favor próprio daqueles que governam. O golpe, em geral, é realizado com base na violação da constituição legal do estado. Seu caratér interno, isto é, ser realizado pelos próprios detentores do poder político, faz com que o seu grau de sucesso seja alto e o de alteração socio-política e econômica sejam baixos em comparação a outras formas de mudança do ordenamento político. 
 A ditadura militar brasileira de 64 utilizou como instrumento diversos atos institucionais. Contudo, esses não podem ser considerados prerrogativas. O AI-1 ao instituir eleições presidenciais indiretas, cassação de mandatos ou suspensão dos direitos políticos não agiu com o consentimento popular visando o bem desse. Uma prerrogativa é pautada na ideia de que, durante a transição do Estado de Natureza para a Sociedade Civil, os homens concordaram em estabelecer um poder político que legislasse em seu favor, com o objetivo de preservar a eles e seus direitos naturais. A base de todas as leis deve ser o bem público. Os intrumentos legais da ditadura militar, entretanto, não agiram nem de acordo com o consentimento e nem em prol do bem público, instaurando o Estado de Guerra uma vez que há uma intenção declarada de força, mas nenhum superior comum que pudesse julgar, partindo do ponto de vista das concessões vigoradas no primeiro Ato Institucional. Esse Estado de Guerra, por sua vez, não representa a política da sociedade civil, traduzindo, assim, o rompimento do contrato. 
 O Golpe de Estado tem como consequência normativa a simples mudança de liderança política com pouca ou nenhuma mobilização social/econômica. A revolução, pelo contrário, instaura uma nova disposição política e jurídica. A partir dessa perspectiva, pode-se, então, considerar a mudança ocorrida em 64 como golpe e não como revolução. 
2) Aqueles elementos que estão dispostos na natureza não são propriedade de nenhum homem específico. O usufruto desses são comuns, desde que, após a utilização, a mesma porção usada por mim, esteja disponível ao resto da comunidade. A partir disso, Locke tentará encontrar o que torna algo que é universal em particular. 
 Locke chega a conslusão de que o trabalho é o que transforma esses elementos em propriedade. Isso porque, a cada homem é dada uma capacidade de trabalhar, algo que é individual e intrínseca a cada um. Quando o homem emprega essa capacidade nos elementos naturais, ele torna aquilo que antes era posse de todos, em sua propriedade. Locke irá dizer que “ao remover este objeto do estado comum em que a natureza o colocou, através do seu trabalho adiciona-lhe algo que excluiu o direito comum dos outros homens.”. É, portanto, seu trabalho que lhe dá o direito de declarar algo como seu. 
 Por poder político, entende-se o direito de fazer leis, podendo dessas, aplicar-se penas. O intuito desse poder é regulamentar e preservar a propriedade. Com a passagem do estado de natureza, através do pacto, para a sociedade civil, esse poder é o responsável por assegurar os direitos, principalmente o direito à propriedade, aos homens. Locke irá afirmar que os homens permanecem no estado de natureza até que, por seu próprio consentimento, eles decidam tornar-se membros de uma sociedade política. Esse contrato é pautado no consentimento, que, por sua vez, está baseado na renúncia de dois direitos: o primeiro direito é o de fazer o que acha conveniente para sua própria preservação; o segundo direito consiste em punir os crimes cometidos contra a lei. O consentimento é o que coloca os homens no mesmo patamar de preservação dos direitos naturais e dá direito ao poder político de governar sobre eles. 
 A intenção, dessa forma, é garantir, através do consentimento, o bem público. O poder político é responsável por garantir a manutenção desse pacto e, dessa maneira, a propriedade, isso tudo através da ferramenta do consentimento. 
 Não é necessário o consentimento de todos para transformar algo que antes estava em seu estado natural em uma propriedade. Uma vez que aquilo que está disposto na natureza é bem público, não se faz. 
 
3) Ainda no estado de natureza, os homens podem se unir em uma sociedade e assim renunciar ao seu poder específico da lei natural e da-lo ao público. Na sociedade civil, esse consentimento, isto é, essa concessão de direitos em prol do bem público, é entregue a um corpo político, que pode ser chamado de poder político. Essa transferência -instituição de um juiz, como descreve Locke- caracteriza a transição do estado de natureza para a comunidade civil. Dessa forma, caso os homens não possam recorrer a esse poder, essa sociedade está, ainda, no estado de natureza. Pode- se inferir a partir disso que uma sociedade que possui somente consentimento entre si, encontra-se no estado de natureza. Aquela que avança um pouco mais dessa perspectiva, unindo a esse concentimento governantes (executivo), leis (legislativo) e juízes (judiciário) encontra-se na comunidade civil.
 A partir dessa visão, pode-se entender a crítica feita por Locke à monarquia. O modelo absolutista é, na realidade, contraditório com a sociedade civil. Uma vez que a transição se dá com a abdicação do direito natural de julgar em causa própria para um corpo político advogando em prol do bem público, a monarquia representa o retorno ao estado de natureza. A sociedade civil tem como intuito evitar qualquer tentativa de retorno ao estado de natureza, e é exatamente isso que o absolutismo propõe. É por esse motivo que Locke irá afirmar que “em todo lugar em que há pessoas que não têm a possibilidade de apelar a uma autoridade e decidir qualquer diferença entre eles, essas pessoas ainda estão no estado de natureza.”
 A monarquia absolutista torna o governante imune às suas próprias leis, uma vez que os poderes políticos estão concentrados nessa figura. 
 Além disso, todo aquele homem que tentar colocar outro sob seu poder absoluto, entra em um estado de guerra com ele. Assim, o rei estaria em estado de guerra com toda os seus súditos. A probabilidade desse rei exercer um juízo justo é pequena. Isso porque, se ele colocou outros nessa situação de subordinação sem seu consentimento, é porque ele tem como intuito obrigar outros a algo que não pretendem e, por isso, ele não tardaria em agir conforme desejasse. Abandonar esse estado de guerra é um dos motivos pelos quais os homens abandonaram o estado de natureza e se reuniram em sociedade. 
 Dessa forma, o absolutismo quebra o consentimento existente entre os homens, tornando os poderes políticos isentos e insere a sociedade no estado de guerra consigo.

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