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AULA 3 - HISTÓRIA DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO NO BRASIL

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AULA 3
História da Indústria do Petróleo no Brasil
Prof. Ricardo Oliveira
A história do petróleo no Brasil, segundo a literatura especializada no assunto, pode ser dividida em quatro fases: 
1a Livre iniciativa, de 1864 a 1938; 
2a Controle pelo Conselho Nacional do Petróleo (CNP), de 1939 a 1953; 
3a Monopólio Estatal, de 1954 a 1997; e 
4a Com controle da ANP, a partir de seis de agosto de 1997 (lei 9478). 
Assim, nós veremos os principais fatos associados a cada fase da evolução da exploração da atividade petrolífera no Brasil.
1a Fase (1864 a 1938) Livre iniciativa
Embora haja registros de que a indústria do petróleo no Brasil teve início em 1858, um ano antes da perfuração do poço de Drake, com a autorização do Marquês de Olinda a José de Barros Pimentel para a pesquisa de xisto betuminoso e carvão, em terrenos à margem do Rio Maraú, na Bahia, a primeira concessão em que constou especificamente o termo petróleo data de 1864 e foi localizada em Ilhéus e Camamú na Bahia tendo como beneficiário o inglês Thomas Denny Sargent, que não obteve sucesso (PETROBRAS, 1984).
A primeira perfuração profunda do Brasil para pesquisa de petróleo, no entanto foi feita em 1897, por Eugênio Ferreira Camargo, no município de Bofete, estado de São Paulo. O poço atingiu a profundidade final de 488 metros e produziu água sulfurosa, havendo informações de que houve uma pequena recuperação de petróleo (cerca de 300 litros).
A partir de 1907, paralelamente à iniciativa privada iniciou-se a atuação estatal na exploração de petróleo no país, com a criação do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil (SGMB), vinculado ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Em 1917, o SGMB criou a Comissão de Pesquisa de Carvão e Petróleo do Vale do Amazonas, e em 1919 perfurou o seu primeiro poço na Região de Marechal Mallet, no Paraná, atingindo a profundidade de 84 metros, sendo, porém, posteriormente abandonado.
Em 1933 foi criado o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), ligado ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, que passou a orientar as atividades de petróleo no país. Até o final da década de 1930, várias pesquisas foram realizadas não só pela iniciativa privada de brasileiros e estrangeiros, como também, por órgãos oficiais, nos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas e Amazonas, sem, no entanto, obter resultados comerciais.
2a Fase (1939 a 1953) - Controle CNP 
Em 1938 toda a atividade da indústria petrolífera nacional passou, por lei, a ser realizada por brasileiros (as jazidas não poderiam pertencer a estrangeiros). Através do Decreto-Lei 395 de 29 de abril de 1938, em substituição ao DNPM, foi criado como órgão autônomo diretamente subordinado ao Presidente da República (Getúlio Vargas), o CNP, com atribuições, entre outras, de realizar .[...] por intermédio de um órgão técnico que for criado, os trabalhos oficiais de pesquisa de petróleo e gases naturais, bem como, quando julgar conveniente, processar a lavra e industrialização dos respectivos produtos. (PETROBRAS, 1984, p. 16).
Um marco na história do petróleo no Brasil foi a perfuração, com uma sonda rotativa, do poço DNPM-163, em Lobato, localidade a 30 km de Salvador, quando, no dia 21 de janeiro de 1939, encontrou-se petróleo a uma profundidade de 210 metros. A produção acumulada do poço foi de apenas 1.000 litros e mesmo sendo subcomercial, o poço de Lobato é considerado como o descobridor de petróleo no Brasil. São patronos desse marco o engenheiro geógrafo Manoel Ignácio Bastos e o presidente da Bolsa de Mercadorias da Bahia, Oscar Cordeiro.
Após receber o patrimônio do DNPM, o CNP concentrou seus trabalhos no Recôncavo Baiano, modernizou equipamentos e contratou empresas estrangeiras para os serviços de perfuração e treinamento do pessoal brasileiro. De 1939 até 1953, estiveram sob sua responsabilidade 52 perfurações, das quais 32 foram realizadas na Bahia. Enfim, em 1941, tivemos nosso primeiro campo comercial de petróleo em Candeias, no Recôncavo Baiano, e, no ano seguinte, os de Aratu e Itaparica, também na Bahia. 
Já no final da década de 40 era grande a discussão sobre a política a ser adotada para a exploração e produção de petróleo no país. Existiam grupos que defendiam o monopólio estatal e outros a participação da iniciativa privada (PETROBRAS, 2006). Em 1950 entrara em operação a Refinaria Landulpho Alves Mataripe – a RLAM. Depois de uma campanha com grande participação popular, tendo como slogan “O Petróleo é nosso”, o Presidente Getúlio Vargas instituiu com a assinatura da Lei nº 2004 o monopólio estatal da pesquisa e lavra, do refino e do transporte do petróleo bruto ou de derivados, pela Petrobrás, orientada pelo CNP, em 3 de outubro de 1953.
3a Fase (1954 a 1997) – Monopólio Estatal 
A Petrobras iniciou suas operações em 10 de maio de 1954, com um patrimônio de cerca de US$ 165 milhões, em instalações e equipamentos, uma produção aproximada de 2.700 barris de petróleo equivalente (boe - 6,12 GJ) por dia e reservas estimadas em 17 milhões de boe. O consumo nacional totalizava 170 mil barris/dia, quase todos importados sob a forma de derivados (PETROBRAS, 1984, 2006).
A década de 1950 caracterizou-se, segundo a própria Petrobras, pelo “Aprender Fazendo”, quando a empresa buscou formar e especializar o seu corpo técnico para dar suporte ao desenvolvimento da indústria de petróleo nacional. As metas eram aumentar a produção, ampliar o parque de refino, aumentar a pesquisa e melhorar a capacidade de transporte. Em 1955, entrou em operação a Refinaria Presidente Bernardes - Cubatão (RPBC), em São Paulo e em 1956, o Terminal Marítimo de Madre de Deus (TEMADRE), na Bahia.
Nos anos 60 a Petrobras atingiu a auto-suficiência da produção dos principais derivados de petróleo, com a ampliação do seu parque de refino. Em 1961 foi inaugurada a Refinaria Duque de Caxias (REDUC), em 1966 a Fábrica de Asfalto de Fortaleza (ASFOR), hoje Lubrificantes e Derivados do Nordeste (LUBNOR). Em 1968 foi a vez das Refinarias Gabriel Passos (REGAP), em Betim, Minas Gerais, e Alberto Pasqualini (REFAP), em Canoas, Rio Grande do Sul. Iniciaram-se, também, nesta década, as atividades de exploração na plataforma continental, culminando com a perfuração de um poço submarino, na bacia de Campos em 1968 e, neste mesmo ano, com a primeira descoberta de petróleo no mar, o campo de Guaricema, no litoral de Sergipe. Em 1966 foi criado o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (CENPES), que viria a se tornar o maior centro de Pesquisas & Desenvolvimento (P&D) da América Latina e, no final da década, a produção média diária de petróleo era de 172 mil barris e a de gás natural de 3,3 milhões de m3.
Na década de 70, impulsionado pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o consumo de derivados de petróleo aumentou substancialmente, obrigando a Petrobras a reformular seus investimentos, de forma a atender à demanda interna. Com esse objetivo foram construídas as Refinarias de Paulínia (REPLAN), em São Paulo; em 1972, a Presidente Getúlio Vargas (REPAR); em 1977, em Araucária, no Paraná. Em 1974 foram adquiridas as Refinarias de Capuava (RECAP), em São Paulo e a Refinaria de Manaus (REMAN).
Em 1974 foi descoberto o campo de Garoupa no litoral do Rio de Janeiro e, em 1977, foi iniciada a produção de petróleo na Bacia de Campos. No Amazonas, em 1978, foi feita a primeira descoberta comercial, através do campo de gás de Juruá. Na petroquímica entraram em operação, em 1972, o Complexo Petroquímico de São Paulo, e, em 1978, o Pólo Petroquímico do Nordeste, em Camaçari, na Bahia.
Os choques do petróleo de 1973 e 1979, e a conseqüente elevação dos preços pelos países membros da OPEP (Angola, Argélia, Líbia, Nigéria, Equador, Venezuela, Emirados Árabes, Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait e Qatar – atualmente) trouxeram vários impactos para a economia brasileira, com incertezas quanto à garantia de suprimento. Neste novo cenário, o governo adotou uma série de medidas para o segmento, entre elas a redução do consumo de derivados,aumento da oferta interna de petróleo, através da priorização dos investimentos em exploração e produção, criação do Programa Nacional do Álcool (PROÁLCOOL), com incentivos para utilização do álcool carburante como combustível automotivo. 
O início dos anos 80 foi bastante impactado pela revolução dos Aiatolás, no Irã, que teve como conseqüência a elevação dos preços do petróleo pelos membros da OPEP, atingindo um valor corrente da ordem de US$ 37,00/barril (US$ 88,00 em valores de 2005). A revolução dos Aiatolás foi um momento em que o país transformou-se, após um plebiscito, em uma república islâmica, adotando como base as leis fundamentadas no Alcorão. Isso, levou ao poder um grupo de religiosos fundamentalistas com discursos e práticas antiamericanas e antiocidentais, que influenciou toda a região, acirrou antigas disputas com os vizinhos e gerou algumas das imagens que marcaram os anos 80 e 90. Assim, intensificou-se o esforço do país, através da Petrobras, no sentido de reduzir a dependência energética. É a fase da ampliação e busca do domínio da tecnologia de produção submarina, sendo implantada a primeira fase de produção da Bacia de Campos. Em 1984 e 1985, respectivamente, foram descobertos os campos gigantes de Albacora e Marlim, em águas profundas na Bacia de Campos. 
Em 1986 foi criado pela Petrobras o Programa de Inovação Tecnológica e Desenvolvimento Avançado em Águas Profundas (PROCAP), visando viabilizar a produção em profundidades de água superiores a 1.000 metros. Posteriormente, o PROCAP foi estendido para 2.000 e 3.000 metros. Também nesse ano, foram efetuadas perfurações de poços em lâminas d’água superiores a 1.200 metros e produção a cerca de 400 metros, constituindo-se em recorde mundial.
No segmento de refino, a década se iniciou com a ampliação da capacidade de processamento através da entrada em operação da Refinaria Henrique Lage (REVAP), em São Paulo e com a adaptação do parque de refino, de forma a permitir a transformação dos excedentes de óleo combustível em derivados de maior valor agregado tais como diesel, gasolina e gás liquefeito de petróleo. Na petroquímica, entrou em operação, em 1982, o Pólo Petroquímico de Triunfo, no Rio Grande do Sul. Na década de 80, a Petrobras superou a meta de 500 mil barris/dia diários de produção, alcançando em dezembro de 1989, a média de 675.135 barris/dia de petróleo e 16,3 milhões de m3/dia de gás natural, sendo cerca de dois terços produzidos no mar e o restante em terra.
Objetivando produzir em águas cada vez mais profundas, nos anos 90 a Petrobras dirigiu o foco para o desenvolvimento tecnológico. Foi a década da tecnologia, que chegaria em 1999 com um novo recorde, ao produzir no campo de Roncador, em uma lâmina d’água de 1.853 metros – o recorde atual, de 2007, é de 2.777 metros (PETROBRAS, 2006). E assim, Entre 1954, ano da sua implantação, e 1997, quando perdeu o monopólio, a Petrobras investiu um total de US$ 94 bilhões nos seus vários empreendimentos, dos quais US$ 57 bilhões no segmento E&P (PETROBRAS, 2006).
4a Fase - Com controle da ANP, a partir de 1997 (lei 9478).
Tendo como objetivo instaurar a competitividade no mercado petrolífero nacional, foi promulgada, em novembro de 1995, a Emenda Constitucional nº 9, promovendo a flexibilização do monopólio das atividades afeitas ao segmento de petróleo no Brasil, permitindo que determinadas atividades, antes exclusivas da União e exercidas através da Petrobras, pudessem ser concedidas a outras empresas. Desde então, o setor petrolífero brasileiro vem passando por grandes mudanças em seu quadro institucional.
A Lei nº. 9.478/97, amplamente conhecida como Lei do Petróleo, regulamentou a flexibilização prevista no texto constitucional, estabelecendo que as atividades de exploração, produção, transporte, refino, importação e exportação de petróleo e seus derivados, além de gás natural e seus condensados poderiam, com a mudança implementada, ser realizadas por qualquer empresa independentemente da origem de seu capital (BRASIL, 1997).
Além disso, a mencionada lei estabeleceu a criação não só da ANP, órgão vinculado ao Ministério das Minas e Energia (MME), ao qual se atribuíram a regulação e a fiscalização pertinentes ao setor, como também do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), órgão com a atribuição de propor ao Presidente da República políticas energéticas nacionais e medidas setoriais específicas.
Bibliografia
Diagnóstico da Cadeia de Suprimento dos Segmentos de Exploração, Produção, Refino e Transporte de Petróleo e Gás Natural na Bahia, 2007.

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