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Michel Foucault - Conferência IV e V

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Conferência IV – Michel Foucault 
 
- A formação da sociedade disciplinar é caracterizada pelo aparecimento, no final do século XVIII e início 
do XIX, da reorganização do sistema judiciário e penal nos diferentes países do mundo. 
- Disciplina: instrumento de dominação e controle destinado a excluir ou domesticar comportamentos 
divergentes. 
- A transformação dos sistemas penais consiste em uma reelaboração teórica da lei penal – Beccaria, Bentham 
etc. 
- Princípio fundamental do sistema teórico da lei penal: o crime, no sentido penal do termo, não deve ter 
mais nenhuma relação com a falta moral ou religiosa; o crime é a ruptura com a lei. 
- Para que haja infração é preciso haver um poder político, uma lei e que essa lei tenha sido 
efetivamente formulada; enquanto não houver lei e infração explícita, não pode haver punição. 
- Segundo princípio: uma lei penal deve simplesmente representar o que é útil para a sociedade. 
- Terceiro princípio: o crime não é como o pecado ou a falta, é algo que danifica a sociedade, é um incômodo 
para a sociedade. 
- Criminoso é aquele que danifica, perturba a sociedade, é o inimigo social; 
- Para Rousseau, o criminoso é aquele que rompeu o pacto social, é um inimigo interno. 
- A lei penal deve permitir a reparação da perturbação causada à sociedade. Ela deve ser feita de tal maneira 
que o dano causado seja apagado. Se não for possível, é preciso que o dano não possa mais ser recomeçado 
por qualquer indivíduo. 
 
 
 
- Punição expressa na afirmação: “você não pertence mais ao corpo social, você mesmo se colocou fora do 
espaço da legalidade e nós o expulsaremos do espaço social onde essa legalidade funciona”; é a deportação. 
- Exclusão no próprio local: isolamento no interior do espaço moral; humilhação de quem cometeu uma 
infração; publicação do crime e da pessoa. 
- Reparação do dano social: trabalho forçado; forçar a pessoa a uma atividade útil. 
- Pena de Talião: fazer com que o dano não possa ser novamente cometido; fazer a pessoa repugnar para 
sempre o crime que cometeu, sofrendo algo semelhante. 
 
 
 
- Por volta de 1820, o sistema de penalidades adotado pelas sociedades industriais foi diferente do que tinha 
sido projetado alguns anos antes. 
- Esses projetos de penalidade foram substituídos pelo aprisionamento. 
- A prisão surge no início do século XIX como uma instituição – tem sua origem na prática para-judiciária 
lettre-de-cachet. 
- A legislação penal não vai mais procurar visar o que é socialmente útil, mas vai procurar ajustar-se ao 
indivíduo. 
- Circunstâncias atenuantes: a aplicação rigorosa da lei pode ser modificada por determinação do 
juiz ou do júri e em função do indivíduo em julgamento. 
- A penalidade visa cada vez mais o controle e a reforma psicológica e moral das atitudes e do comportamento 
dos indivíduos, e menos a defesa geral da sociedade. 
TIPOS DE PUNIÇÃO 
O SURGIMENTO DA PRISÃO 
Emanuely Campana - Psicologia UVV
- Toda penalidade do século XIX passa a ser um controle – vigilância – sobre o que os indivíduos estão 
na iminência de fazer; 
- Periculosidade: o indivíduo deve ser considerado pela sociedade ao nível de suas virtualidades – 
potencialidades, aquilo que ele possivelmente pode fazer – e não ao nível de seus atos. 
- Para assegurar o controle dos indivíduos, a instituição penal não pode mais estar inteiramente em mãos de 
um poder autônomo: o poder judiciário. 
- Esse controle pode ser efetuado por outros poderes à margem da justiça, como a polícia para a 
vigilância, instituições psicológicas, psiquiátricas, criminológicas, médicas e pedagógicas para a 
correção. 
- Toda essa rede deve desempenhar a função de corrigir as virtualidades dos indivíduos. 
 
 
 
- Edifício em forma de anel que se dividia em pequenas celas. No meio desse anel havia um pátio com uma 
torre no centro, na qual havia um vigilante. 
- Tudo o que os indivíduos faziam estava exposto ao olhar do vigilante, mas ninguém das celas podia vê-lo. 
- Esse tipo de poder estabelecido recebe o nome de panoptismo. 
- Nesse tipo de poder não há mais um inquérito – uso de testemunhas para saber o que havia ocorrido; 
- Há vigilância/exame sem interrupção; 
- A pessoa que vigia exerce um poder e enquanto o faz, tem a possibilidade de constituir sobre aqueles 
que vigia um saber. 
 
 
 
- Segundo Foucault, o discurso que ordena a sociedade é o discurso daquele que detém o saber. 
- O sujeito está sempre determinado por aqueles que o dominam ideologicamente. 
- O saber busca determinar se um indivíduo se conduz conforme ou não à regra, se é normal ou não. 
- É um saber de vigilância, de exame, organizado em torno da norma pelo controle dos indivíduos ao 
longo de sua existência. 
- As relações de poder de cada época determinam a busca de determinado conhecimento. 
- Essa relação vai dar lugar às ciências humanas: Psiquiatria, Psicologia, Sociologia etc. 
- O saber gera poder na pessoa que o legitima. 
- A constituição do saber é resultado das práticas de disciplina que se estendem ao longo do tempo e que são 
analisadas 
- A sociedade disciplinar cria certas ideias chamadas de discursos, instrumentos que regulam os corpos dos 
sujeitos. Eles se proliferam de modo a mascarar o poder. 
- Os discursos de cada grupo ou instituição são formas de sustentação e ideologia legitimada. 
- Os indivíduos não são livres, pois as relações de poder e de saber perpassam tanto as suas vidas como os 
objetos que eles conhecem. 
- Os sujeitos, por meio dos poderes e dos saberes (vigilância, norma, exame) são controlados. 
 
 
 
- As disciplinas são métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que realizam a 
sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma relação de docilidade-utilidade. 
O PANOPTICON 
O SABER E O PODER 
O CORPO DISCIPLINADO E DÓCIL 
Emanuely Campana - Psicologia UVV
- Exercem um domínio sutil e constrangedor sobre o corpo individual, com o propósito de torná-lo 
sempre útil e fácil de ser conduzido, ou seja, dócil. 
 
 
 
- No texto escrito por um bispo ele dizia: 
- “As leis são boas para os pobres, infelizmente os pobres escapam às leis; os ricos também escapam, 
mas as leis não foram feitas para eles; no entanto, os pobres seguem o exemplo dos ricos.”; 
- Para os ricos ele diz: “Peço-lhes que sigam essas leis que não são feitas para vocês, pois assim ao 
menos haverá a possibilidade de controle e de vigilância das classes mais pobres.”. 
- Lettre-de-cachet: ordem do rei que concernia a uma pessoa, obrigando-a a fazer algo; eram solicitadas por 
indivíduos diversos insatisfeitos com alguém. 
- Controle que a sociedade exercia sobre si mesma; assegurar seu próprio policiamento e sua própria 
ordem. 
- Condutas que eram comunicadas: condutas de imoralidade, condutas religiosas julgadas perigosas 
ou dissidentes, conflitos de trabalho. 
 
INSTRUMENTOS DE CONTROLE 
Emanuely Campana - Psicologia UVV
REFERÊNCIAS
FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Trad. Roberto Machado e Eduardo Martins. 
Rio de Janeiro: NAU Editora, 2002, cap. IV e V.
Conferência V 
 
 
 
- Forma de poder que se exerce sobre os indivíduos em forma de vigilância individual e contínua; 
- Vigilância, controle e correção; 
- Se opõe à teoria legalista dos anos anteriores por ser uma prática extrapenal/para-judiciária. 
- O maior número de pessoas é oferecido como espetáculo a um só indivíduo encarregado de as vigiar. 
- O Estado se apresenta como uma certa disposição espacial e social dos indivíduos, em que todos 
estão submetidos a uma única vigilância. 
- O procurador não deve ter como função apenas perseguir os indivíduos que cometeram infrações. Sua função 
principal e primeira deve ser a de vigiar os indivíduos antes mesmo que a infração seja cometida. 
- O “imperador” é o olho auxiliado por uma série de olhares que vigiam toda a sociedade. 
 
 
 
- Existem as utopias proletárias socialistas, com a propriedadede nunca se realizarem, e as utopias capitalistas, 
que têm a má tendência de se realizarem frequentemente. 
- A carga econômica desse modelo mostrou-se muito pesada e a estrutura rígida dessas fábricas-prisões levou 
muitas delas à ruína. 
- Preferiu-se fazer desaparecer essas instituições, conservando-se certas funções que elas desempenhavam. 
- Organizaram-se técnicas para assegurar, no mundo industrial, as funções de fixação da classe operária no 
corpo do aparelho de produção. 
- Criação de cidades operárias, de caixas econômicas, de caixas de assistência etc. 
- A reclusão do século XIX é uma combinação de controle moral e social com um local, uma estrutura, uma 
instituição. 
 
 
 
- Não é na qualidade de membro de um grupo que o indivíduo é vigiado. É justamente por seu um indivíduo 
que ele se encontra colocado em uma instituição, sendo ela que vai constituir o grupo, a coletividade que será 
vigiada. 
- A prisão, o hospital, a escola ou a oficina não são formas de vigilância do próprio grupo. É a estrutura de 
vigilância que, chamando para si os indivíduos, tomando-os individualmente, integrando-os vai constituí-los 
secundariamente enquanto grupo. 
- Mesmo se os efeitos dessas instituições são a exclusão do indivíduo, elas têm como objetivo primeiro fixar 
os indivíduos em um aparelho de normalização dos homens. 
- Inclusão por exclusão: o “sequestro” tem por finalidade a inclusão e a normalização do indivíduo. 
- As instituições tomam controle sobre a totalidade ou a quase totalidade do tempo dos indivíduos. 
- Para que se forme a sociedade industrial é necessário que o tempo dos homens seja colocado no mercado 
e que esse tempo seja transformado em tempo de trabalho. 
- Medidas foram adotadas para suprimir as festas e diminuir o tempo de descanso: 
- Para que a economia tivesse a flexibilidade necessária, era preciso poder desempregar os indivíduos, 
quando necessário; 
PANOPTISMO 
MODELO FÁBRICA-PRISÃO 
INSTITUIÇÕES DE SEQUESTRO 
Emanuely Campana - Psicologia UVV
- Depois do desemprego, para que não morressem de fome entre um trabalho e outro, era preciso que 
tivessem reservas e economias, por isso o aumento dos salários; 
- A partir desse aumento, é preciso que eles não utilizem suas economias antes do momento em que 
estiverem desempregados. Daí a criação de caixas econômicas e de caixas de assistência que permitem 
drenar as economias dos operários e controlar a maneira como são utilizadas. 
 
 
 
- Controlar o tempo, que fica à disposição de um mercado de trabalho e das exigências do trabalho. 
- Controlar os corpos dos indivíduos – o corpo não é mais o que deve ser castigado em penas, mas o que 
deve ser formado, reformado, corrigido, o que deve adquirir aptidões, receber um certo número de qualidades, 
qualificar-se como corpo capaz de trabalhar, força de trabalho. 
- Criação de um novo tipo de poder, além do poder econômico – salário, pagar tratamentos –, político – direito 
de dar ordens e estabelecer regulamentos – e judiciário – tomada de decisões, punição e recompensa. 
- Poder epistemológico: poder de extrair dos indivíduos um saber e extrair um saber sobre estes 
indivíduos submetidos ao olhar de diferentes poderes. 
- O saber do operário, suas descobertas e invenções são anotadas e registradas, portanto, 
extraídas e acumuladas pelo poder que se exerce sobre ele por meio da vigilância – o indivíduo 
é aquilo a partir de que se vai extrair o saber que eles próprios formaram; 
- O saber sobre os indivíduos que nasce da observação dos indivíduos, da sua classificação, do 
registro e da análise dos seus comportamentos – o indivíduo é objeto de um saber que 
permitirá também novas formas de controle. Um saber clínico, da psiquiatria e da 
psicologia; 
- O tempo da vida se torna tempo de trabalho, o tempo de trabalho se torna força de trabalho, a 
força de trabalho se torna força produtiva. 
 
 
 
- Se a prisão se impôs foi porque era apenas a forma simbólica de todas as instituições de sequestro. 
- No grande panoptismo social cuja função é precisamente a transformação da vida dos homens em força 
produtiva, a prisão exerce uma função muito mais simbólica e exemplar do que realmente econômica, penal 
ou corretiva. 
- A prisão é a imagem da sociedade e a imagem invertida da sociedade, imagem transformada em ameaça. 
- A prisão é a expressão de um consenso social, porém, é destinada àqueles que cometeram uma 
falta contra a lei. 
-A prisão se inocenta de ser prisão por se assemelhar a todo o resto, e inocenta todas as outras 
instituições de serem prisões, já que ela se apresenta como sendo válida só para aqueles que 
cometem um crime. 
 
 
 
- Para que a essência do homem seja o trabalho, é preciso uma série de operações complexas para que os 
homens se encontrem efetivamente ligados ao aparelho de produção para o qual trabalham. 
 
FUNÇÕES DAS INSTITUIÇÕES DE SEQUESTRO 
O PARADOXO DA PRISÃO 
A ESSÊNCIA DO HOMEM NÃO É O TRABALHO 
Emanuely Campana - Psicologia UVV

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