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Resumo Teoria Crítica da Família

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BRUSCHINI, Cristina. Teoria Crítica da Família. In:_. AZEVEDO, Maria Amélia. GUERRA, Viviane Nogueira de Azevedo. (Org.). Infância e Violência Doméstica: fronteiras do conhecimento. São Paulo: Cortez. 2009.
	A autora Cristina Bruschini divide seu artigo, “Teoria Crítica da Família”, em cinco sub tópicos: O que é família?; Diversidade conceitual; Pra que serve a família?; Como foi pensada a família no Brasil?; Como transpor essas questões para pesquisas ou trabalhos que lidam com famílias? Como pensar teoricamente a família? Como definir operacionalmente esse grupo?.
	No tópico “O que é família?”, a autora afirma que para entender família é necessário “dissolver sua aparência de naturalidade, percebendo-a como criação humana mutável” (p.56) que varia entre as sociedades e entre os momentos históricos. Assim, o modelo de família que conhecemos hoje não é uma instituição natural e se diversifica em torno da reprodução, demonstrando as duas características da família: não-natural e mutável.
	Cristina Bruschini se baseia em alguns autores para dar embasamento teórico a discussão, sendo eles:
· Young e Wilmot que dizia que a história da família é dividida em estágios, sendo o primeiro: a unidade familiar era unidade de produção; segundo: ruptura com o advento da industrialização; o terceiro: unidade familiar é unidade de consumo. 
· Ariès analisa o surgimento da família nuclear burguesa, assim descreve a família aristocrática, no século XVI e XVII, e a família burguesa no século XVIII que dará bases para a constituição da família moderna, assim Ariès analisa como as mudanças sociais, econômicas e políticas interferiram no sentido da família, que passa a ser um local de acolhimento. 
· Poster aponta que “a história da família é descontínua, não-linear e não-homogênea” (p.59) e assim, ele analisa quatro tipos diferentes de família: Família aristocrática; Família camponesa; Família burguesa; Família proletária. Poster mostra como a privacidade, os laços afetivos e o cuidado com as crianças vão se alterando nas famílias ao longo do tempo. 
· Donzelot, assim como Badinter, relatam sobre a consolidação da família burguesa no final do século XVIII, e como surgiu o amor materno. 
· Habermas descreve a privatização da vida familiar, com os indivíduos cada vez mais reclusos em suas casas, tendo uma cultura própria, autonomia e intimidade.
	No tópico “Diversidade conceitual”, a autora quer demonstrar como este tema tem uma gama enorme de diversidades de conceitos. Assim, a autora relata como é a discussão acerca da família em diversas literaturas, sendo elas:
· Na literatura sociológica houve o predomínio da teoria funcionalista, com o expoente Talcott Parsons que estuda algumas características da família nuclear, como o papel da mãe nos primeiros estágios de vida da criança, o papel da mãe dentro de casa e a reprodução desse pensamento: pai- provedor líder, mãe- assuntos internos da família. Parsons também analisa a família conjugal americana e demonstra como é necessário haver essa divisão de papéis para não competição e então, uma cisão dentro da família. 
· Na literatura marxista, Engels estudou o surgimento da família monogâmica, que passou por estágios: casamento grupal, matriarcado, patriarcado, sendo este último só depois do surgimento da propriedade privada dos meios de produção. Engels afirma que para se estabelecer igualdade entre sexos, estes deveriam ter direitos absolutamente iguais. Entretanto Mitchell, dentro da corrente feminista, realiza uma crítica ao pensamento marxista afirmando que “a condição da mulher não pode ser deduzida da economia” (p.65). Assim, a libertação da mulher viria se quatro estruturas-chaves fossem alcançadas de forma integrada, são elas: produção, reprodução, sexualidade, socialização das crianças. Uma corrente marxista que se voltou para a questão feminina, afirma que “a família seria um grupo social voltado para a reprodução da força de trabalho, no qual os membros do sexo feminino se encarregariam da produção de valores de uso na esfera privada” (p.65). Outra vertente marxista da Escola de Frankfurt pontua que “a família é uma agência socializadora e formadora da personalidade dos indivíduos” (p.66) e mais recentemente, dentro desta vertente surgiu a idéia de que a família é uma agencia de reprodução ideológica.
· Na antropologia, a família é diferenciada do parentesco, sendo aquela um grupo social concreto e este uma abstração que resulta de três tipos de relações: descendência, consangüinidade, afinidade. Esta decomposição das relações pode variar de acordo com a sociedade. O estudo de Lévi-Strauss impulsionou os estudos, com sua afirmação de que “para se formar, a família precisa de dois grupos, que se casam fora do seu próprio grupo” (p.68).
· Na psicologia, Freud foi um grande expoente para o estudo da mente humana que tem formação desde a infância, assim a estrutura familiar tem um papel muito importante dentro do processo de formação da personalidade. Já Reich, define a família como “fábrica de ideologias autoritárias e de estruturas conservadoras” (p.69). 
	A autora aponta que há dois lados em que o conceito de família se baseia: um lado entendendo “a família como um grupo social concreto e empiricamente delimitável”, e outro, como um “modelo cultural e à sua representação”. (p.70)
	No tópico “Para que serve a família?”, a autora divide em três funções: Função econômica; Função socializadora; Função ideológica.
· Função econômica: Antes, a unidade doméstica era a unidade básica da produção econômica, com a industrialização essas unidades se distinguiram. Com esta ruptura, a função econômica da família é a produção de valores de uso, além da unidade de consumo. 
· Função socializadora: “A família é focalizada como número de procriação, cuja função primordial é a formação da personalidade dos indivíduos e a socialização primária das crianças” (p.73). Assim, a família também exerce um papel de transmissor de ideologias.
· Função ideológica: Na vida cotidiana da família, é transmitido hábitos, costumes, idéias, valores, padrões de comportamento que são internalizados por todos.
	No tópico “Como foi pensada a família no Brasil?”, a autora esboça a partir de Gilberto Freyre como era a família brasileira nos séculos XVI e XVII, entretanto, há controvérsias sobre o pensamento de Freyre, assim esboça Eni Samara sobre a predominância da família patriarcal na sociedade paulista. Já no século XIX, com a industrialização e a urbanização dentre outros fatores, a família passa para o modelo conjugal, segundo Antonio Candido, entretanto, ainda tinha traços da família anterior, como exemplo: dupla moral sexual, repressão da sexualidade feminina e tolerância para adultério masculino. Segundo Susan Besse, mesmo que houvesse esses traços, houve um alargamento da independência da mulher, mesmo que no sentido de manutenção da divisão sexual e da estrutura tradicional da família. 
	Já na década de 30 no século XX, a estrutura familiar diminui sua rigidez para controlar a mulher e a partir de então, principalmente nos anos 70 em diante, as mulheres passam a se inserir no mercado de trabalho, principalmente com o impulso dos estudos feministas que questionam a estrutura opressiva da família. 
	Essa vertente de estudos feministas sobre a família aponta que “a participação da mulher na produção social não se define apenas pelas condições do mercado, [...] mas também por sua posição na família e pela classe social a que o grupo doméstico pertence.” (p.80), assim, é importante observar todo o contexto doméstico como espaço de trabalho. O feminismo segue o caminho de afirmação da individualidade feminina, se opondo a vida familiar, entretanto na prática, muitas mulheres buscam o convívio familiar mesmo sabendo de sua subordinação, o ideal não seria acabar com o convívio familiar, mas sim transformar o modelo patriarcal de opressão feminina. 
	No tópico “Como transpor essas questões para pesquisas ou trabalhos que lidam com famílias? Como pensar teoricamente a família? Como definir operacionalmenteesse grupo?”, a autora afirma que não há e não deve existir uma conceituação de família, assim as pesquisas devem continuar existindo, entretanto deve se pontuar os problemas das pesquisas empíricas, que são abrangentes, entretanto se for levada de forma acrítica, poderá haver enganos. Por isso, a pesquisa antropológica possui uma maior possibilidade de demarcar as redes familiares. As duas formas de pesquisa possuem seus pontos positivos e negativos, assim pode-se combinar os dois procedimentos.
	Para concluir o tópico e o seu artigo, Cristina pontua a família como “unidades de reprodução social [...] inseridas em determinado ponto da estrutura social, definido a partir da inserção de seus provedores na produção”, assim como são “unidades de relações sociais” que são “configuradas como unidades de socialização e de reprodução ideológica”. A família é “um conjunto vivo, contraditório e cambiante de pessoas com sua própria individualidade e personalidade” onde “surgem novas idéias, novos hábitos, novos elementos, através dos quais os membros do grupo questionam a ideologia dominante e criam condições para a lenta e gradativa transformação da sociedade” (p.84-85).

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