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Texto Custos e Honorários odontológicos

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CUSTOS E HONORÁRIOS EM ODONTOLOGIA 
O Código Civil Brasileiro, em seu artigo 1216 estabelece que “toda 
espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser 
contratado mediante a retribuição”. Portanto é um direito 
constituído o recebimento da retribuição (honorários) quando da 
contratação e execução de serviços odontológicos. 
Podemos considerar que os honorários do cirurgião-dentista 
correspondem à contraprestação oferecida pelo paciente pelos 
trabalhos prestados pelo profissional, oferta esta que, em boa 
parte das vezes, é acompanhada por um ato de gratidão deste 
paciente. 
Dependendo do tipo de atividade laborativa exercida, podemos 
conceituar a contraprestação pecuniária a esta atividade de 5 
maneiras diferentes: 
1. salário(empregados em geral) 
2. vencimentos(funcionário público) 
3. soldo(militares) 
4. lucro(comerciantes) 
5. honorários ou pró-labore (contraprestação recebida 
pelos profissionais liberias que trabalham de maneira 
autônoma). 
Os honorários são responsáveis pela receita bruta do consultório, 
similarmente ao que ocorre com as demais empresas. Entretanto, 
boa parte dos profissionais encara a receita que entra no 
consultório como salário, gastando-a sem critérios, não levando em 
conta que administram a pequena empresa que é seu consultório 
particular, que possui gastos fixos, gastos variáveis, sem falar na 
necessidade de reinvestimento constante no empreendimento e 
uma dedicação ao trabalho que vai muito além das horas que se 
passa dentro do consultório atendendo os pacientes. 
 São considerados custos fixos aqueles que não variam 
com a quantidade de atendimento, ou seja, independem 
de estarmos trabalhando ou não, como salários, aluguel, 
luz, imposto. 
 Os custos variáveis são os que variam de acordo com a 
quantidade de atendimento, como material, pagamento 
de terceiros. 
Apesar de termos a necessidade de encarar e administrar nosso 
consultório como uma empresa, não podemos nos esquecer que 
nossa matéria-prima para o trabalho é o ser humano, e que o 
mesmo merece ser tratado com respeito e dentro da norma ética. 
 Embora o Código Civil Brasileiro e o próprio Código de 
Ética Odontológico estabeleçam critérios ou fatores a 
serem considerados na fixação dos honorários, tais 
como: 
1- Costume do lugar; 
2- Tempo e qualidade do serviço; 
3- Condição sócio-econômica do paciente e da comunidade; 
4- O conceito do profissional; 
5- A complexidade do caso; 
6- O tempo utilizado no atendimento; 
7- O caráter de permanência, temporariedade ou 
eventualidade do trabalho; 
8- A circunstância em que tenha sido prestado o 
tratamento; 
9- A cooperação do paciente durante o tratamento e o 
custo operacional. 
 
 O que verificamos é que boa parte dos colegas, ao abrirem seus 
consultórios, ou mesmo após anos de trabalho, não sabem 
estabelecer seus preços individualmente e muitos não sabem dizer 
o quanto seus consultórios são rentáveis, ou pior ainda, não sabem 
quanto custa sua hora clínica de trabalho. O que vemos 
normalmente ocorrer é os profissionais estabelecerem seus preços 
baseados em tabelas pré-determinadas (associações ou convênios), 
muitas com baixos preços, estabelecendo assim uma demanda de 
pacientes para o consultório, que nem sempre é sinônimo de bons 
rendimentos ao final do mês. 
 
Há ainda a recomendação, de que o cirurgião-dentista deve evitar 
o aviltamento, ou submeter-se a tal situação inclusive por parte de 
convênios e credenciamentos, de valores dos serviços profissionais, 
não os fixando de forma irrisória ou inferior aos valores 
referenciais para procedimentos odontológicos. 
 
A perda de honorários por parte do profissional poderá ocorrer 
em caso de Rescisão Contratual por abandono do tratamento pelo 
paciente. O profissional deve assegurar-se deste abandono, 
encaminhando correspondência (3 vezes com intervalo de 30 
dias), com aviso de recebimento e/ou telegrama (3 telegramas 
duplos) com confirmação, solicitando o comparecimento do 
paciente, informando ainda dos riscos decorrentes da 
descontinuidade do tratamento, seja qual for, aguardando 
manifestação em no máximo 30 dias para a formalização do 
distrato contratual e documentando-se para se assegurar da 
desistência do paciente. 
Do não comparecimento, o profissional exime-se da 
responsabilidade, em função da adoção da conduta ética e 
orientadora devida. O profissional, no uso do direito de renúncia ao 
atendimento do paciente, deve obrigatoriamente indicar substituto, 
realizando um acordo financeiro com este, efetivado em distrato 
formal e disponibilizando as informações necessárias a quem lhe 
suceder. Perde ainda o direito ao recebimento de 
honorários, o profissional que realizando tratamento é passível de 
enquadramento no crime de “erro profissional”, em função de 
imprudência, imperícia ou negligência, seja alvo de procedimento 
criminal com consequente formulação da culpa com obrigatório 
ressarcimento de danos. 
 Cobrança de honorários pelo cirurgião-dentista: o 
contrato como instrumento de gestão 
Na prática clínica o cirurgião-dentista pode se deparar com 
situações de atraso ou não pagamento das consultas e 
tratamentos prestados aos clientes, em particular nos casos de 
tratamentos longos, como nas especialidades de ortodontia e 
implantodontia, ou de custo elevado (reabilitações). Nestes casos, o 
contrato firmado entre as partes é um instrumento eficiente para 
propiciar uma cobrança célere. 
 Fundamentação Legal 
No aspecto geral, o artigo 594 do Código Civil Brasileiro prescreve 
que “toda espécie de serviço e trabalho lícito pode ser contratado 
mediante remuneração”. Por sua vez, o Código de Defesa do 
Consumidor (CDC) contempla que o profissional tem a obrigação 
de informar o seu cliente e isto inclui as opções de tratamento pra 
o caso clínico e respectivo valor. 
A melhor prática clínica recomenda, no seu aspecto ético-legal, 
que o cirurgião-dentista estabeleça com o paciente, antes do início 
do tratamento, um acordo por escrito sobre o valor dos honorários 
e a forma de pagamento destes, por meio de um contrato de 
prestação de serviços. 
 
 O Contrato como Ferramenta de Gestão 
O Contrato de Prestação de Serviços deve contemplar a 
qualificação do profissional e do cliente (nome, RG, endereço 
completo), estabelecer as obrigações do profissional e do cliente 
para o desfecho da intervenção, estipular o valor dos honorários 
pela prestação de serviço, a forma de parcelamento, o índice de 
correção monetária ou juros (no caso de pagamento fora do 
prazo), com assinatura das partes. 
Como uma ferramenta de gestão, este instrumento deve simplificar 
e não burocratizar a rotina administrativa da clínica. Neste sentido, 
pode ser apresentado na consulta inicial como um benefício ao 
cliente, pois demonstra responsabilidade e organização do 
profissional em relação ao tratamento, além de funcionar, 
conforme abordado, como um instrumento eficiente para cobrança 
judicial de honorários devidos e não pagos, conforme dispõe o 
artigo 275, letra f, do Código de Processo Civil. 
Se o contrato possuir a assinatura de duas testemunhas, esta 
formalidade o tornará um título executivo extrajudicial, nos termos 
do artigo 585, inciso II do Código de Processo Civil, possibilitando 
uma ação judicial mais célere, qual seja, uma ação de execução de 
título extrajudicial. 
Quando apenas um acordo verbal é feito entre profissional e 
paciente, no caso de inadimplência, caberá ao profissional provar 
na Justiça (por testemunhas e outros documentos) qual o 
tratamento realizado e o valor combinado. No artigo 596 do 
Código Civil estão normatizados os critérios para a fixação de 
honorários profissionais em caso de cobrança judicial: “não se 
tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, fixar-se-á por 
arbitramento a retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo 
de serviço e a sua qualidade”. 
Sobre o prazo para reclamação de honorários, o Código Civil 
Brasileiro define que prescreve em cincoanos a pretensão dos 
profissionais liberais para cobrança destes, contado o prazo da 
conclusão do serviço ou da cessação do respectivo contrato. 
 
 
 Decisões Judiciais 
Existem diversas ações de cobrança de honorários ajuizadas por 
cirurgiões-dentistas, citam-se algumas decisões como exemplo: 
{C}· Ação de cobrança. Honorários profissionais. Prova do débito 
realizada a partir da exibição de fichas do paciente. A prova 
produzida, quer pelos depoimentos das partes, quer pelas 
testemunhas inquiridas e pelas fichas de atendimento, provam que 
o autor prestou os serviços. Assim, há que se acolher o pedido de 
cobrança.” 
 {C}“Interrupção de tratamento ortodôntico por falta de quitação 
de débitos. É direito do profissional liberal receber a 
contraprestação pelos seus serviços, não sendo obrigado a 
trabalhar ou despender gastos com materiais sem que haja 
remuneração. Caso em que a dentista, mesmo com o atraso dos 
pagamentos, permaneceu atendendo à paciente, ajuizando 
cobrança para receber os valores que lhe eram devidos.” 
{C}·“Considerando que as partes ajustaram a prestação de 
serviços profissionais que não foram integralmente prestados e 
que o paciente já efetuara o pagamento de metade do valor 
ajustado, a ação de cobrança não é a adequada para que o 
cirurgião-dentista busque receber eventual saldo credor. 
Necessidade de ajuizamento de ação de arbitramento de 
honorários.” 
De acordo com as decisões judiciais relacionadas à cobrança de 
honorários por parte dos profissionais, denota-se que a existência 
do Contrato de Prestação de Serviços é uma prova documental do 
valor e do serviço acordado, o que favorece a cobrança dos 
honorários devidos e não pagos e dispensa a produção de provas, 
como no caso de acordos verbais. Ainda, o processo de cobrança 
será mais célere do que uma ação judicial onde a necessidade de 
provar o que foi acordado de modo verbal tornará o trâmite 
processual mais lento e oneroso. 
https://jus.com.br/tudo/processo

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