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Coisa Julgada A coisa julgada é um dos direitos e garantias fundamentais estabelecidos na CF. Sua função é assegurar os efeitos decorrentes das decisões judiciais, para que se tornem definitivos, de forma a garantir a segurança jurídica. Coisa julgada não é efeito da sentença A coisa julgada é uma das qualidades de dois dos efeitos da sentença: imutabilidade e indiscutibilidade. A própria eficácia da decisão ou sentença não está condicionada ao trânsito em julgado, mas a inexistência de recursos dotados de efeito suspensivo. Coisa julgada Formal É a manifestação da coisa julgada no próprio processo em que a sentença ou acórdão foi proferido. Recurso não mais cabível por: falta de possibilidade recursal ou por decurso do prazo legal. Guarda semelhança com a preclusão, tanto que é também chamada de preclusão máxima. Preclusão = impossibilidade de modificação de ato judicial, contra o qual não caiba mais recurso. A diferença é que a coisa julgada pressupõe o fim o processo. Ponto não esclarecido = possibilidade de repropositura de idêntica ação, logo cabe coisa julgada formal contra decisão com e sem julgamento do mérito. Coisa julgada Material Impossibilidade de modificação de questão decidida em caráter definitivo, inclusive de modificação em outro processo. Ela pressupõe decisão de mérito, de forma a analisar a pretensão posta em juízo. Analisa-se o mérito sentenças, acórdão e decisões interlocutórias (se julgamento antecipado do mérito). Uma vez que para todas forem esgotados os recursos cabíveis, aplica-se a coisa julgada material. Guarda relação com a litispendência, já que ambas pressupõem relações idênticas. A diferença é que na litispendência ambas as ações estão em curso, enquanto na coisa julgada material uma das ações já foi decidida em caráter definitivo. Ela cria óbice a nova ação, caso reunir os mesmos 3 elementos de ação. Mudando um detalhe como o objeto imediato (provimento judicial postulado) ou mediato (bem jurídico tutelado), muda-se a ação e pode-se propor nova. Tipos de decisão que se revestem da autoridade da coisa julgada Em relação a coisa julgada formal, qualquer decisão que não caiba mais recurso, reveste-se da autoridade da coisa julgada formal. Para a coisa julgada material, a condição para o revestimento de sua autoridade é: (i) exame do mérito; (ii) Processo de conhecimento (processos de execução não possuem mérito) (iii) não pode decidir sobre tutela provisórias (elas também não analisam o mérito) Coisa Julgada “rebus sic stantibus”// assuntos de pé Em certas decisões com previsão legal, a imutabilidade dos efeitos da decisão só persiste quando a situação fática que a ensejou se mantenha, ou seja, a sentença é definitiva enquanto não sobreviver alteração fático. Ex: ações de alimentos e de indenização por atos ilícitos. (art. 533, §3º do CPC). A ordem do direito material é que essas questões não ficam definitivamente julgadas quanto a suas circunstâncias, definição apenas em suas circunstâncias originárias (art. 501, I do CPC) Nesses casos, possibilita-se rever aquilo que se alterou. Coisa julgada “secundum eventual liais” // de acordo com eventual julgador A coisa julgada pressupõe decisão de mérito de procedência ou improcedência. No entanto, há casos em que o legislador afastou essa autoridade da coisa julgada material diante da improcedência. Ex: improcedência de ação popular ou ação civil pública por insuficiência de prova (vide art. 16 da lei 7.347/85 e art. 18 da Lei 4.171/65) Limites da Coisa julgada A sentença possui três partes: relatório, fundamentação e dispositivo. A autoridade da coisa julgada cabe apenas na parte dispositiva (art. 504 do CPC) Coisa julgada e as questões prejudiciais. Antes do mérito o juiz analisa duas ordens antecedentes: (i) preliminares (ii) prejudiciais. Preliminares = questões processuais que impedem o exame do mérito (art. 337 do CPC) Prejudiciais = pontos controvertidos, cujos deslindes repercutirão sobre o julgamento do mérito. Versa sobre a existência ou não de uma relação jurídica que subordina o que será decidido a respeito do mérito. Não constitui o mérito da questão. CPC institui de autoridade da coisa julgada material para as questões prejudiciais independentemente de ajuizamento de ação declaratória incidental. Mas para isso deve-se cumprir os requisitos abaixo: 1- O réu deve oferecer contestação ( uma questão é prejudicial só se for controvertida // o réu não poderá ser revel - art 503, II do CPC) 2- Resolução da questão prejudicial depende de exame de mérito (essência da questão prejudicial, é uma questão de mérito que dependa dela) 3- Juízo competente para reconhece-la (juízo relativamente incompetente, uma vez modificado por força de conexão não obstará o efeito da coisa julgada, no entanto há impossibilidade diante de juízo absurdamente incompetente) 4- Questão expressamente examinada (para tanto, o juiz deverá fazer o exame na parte dispositiva da sentença) 5 - falta de limitações probatórias ou limitação de cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial (o juiz deve estar livre de restrições de prova ou não poderá decidir em caráter provisório ou superficial para que a coisa julgada da prejudicial seja verificada) Eficácia preclusiva da coisa julgada. Art. 508 do CPC = serão reputadas como apreciadas, não só as matérias deduzidas como as dedutíveis Coisa julgada e a justiça da decisão Ambas relacionam-se à imutabilidade daquilo que foi decidido na decisão. Coisa julgada = imutabilidade do que ficou decidido no dispositivo da sentença. Justiça da decisão = imutabilidade do que ficou decidido na fundamentação da sentença - não alcança as partes (art. 504 do CPC) A justiça da decisão quer ligar o assistente simples (terceiro que ingressa no processo, pois tem interesse jurídico de que a ação seja julgada favorável, pessoa que não recai os efeitos da coisa julgada material). Por meio dela, o assistente simples não poderá rediscutir em outro processo a justiça da decisão (art. 123 do CPC) Limites subjetivos da coisa julgada A coisa julgada alcança apenas o autor, o réu, o chamado e o denunciado do processo, podendo no entanto aproveitar terceiros (art. 506 do CPC). Fato que só se aplica a elas, já que uma das condições que impera na força julgada é a identidade de partes. Diante do substituto e do substituído (aqueles com legitimidade extraordinária), uma vez que a decisão de mérito implica em efeitos diretos para ambos, cabe sobre ambos a autoridade da coisa julgada material. Inclusive quando se trata de assistente litisconsorcial. Mecanismos para afastar a coisa julgada 1- ação rescisória (art. 966 do CPC) 2- Impugnação ao cumprimento de sentença, quando o objeto for desconstituir ou declarar ineficaz o título. 3- ação declamatória de ineficácia. Relativização da coisa julgada. A ação rescisória possui o prazo prescricional de 2 anos a contar da última decisão do processo que não poderá mais ser impugnada. No entanto, em casos que passam-se esses dois anos, poderá elencar-se a relativização da coisa julgada, ou seja, afastar a coisa julgada em situação de caráter excepcional, mesmo já afastado o prazo da rescisória, sob o fundamento de que a existem direitos e garantias constitucionais preponderantes à segurança jurídica garantida pela coisa julgada. E:\Grupos\Modelos-2007\Normal.dotm - 21 -
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