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AP2- TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO
DISCIPLINA: TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ACADÊMICA: VÍVIAN ARAGÃO SANTANA
MATRÍCULA: 201600183357
AP2 - 2a. Avaliação Substitutiva da AP2
Trabalho de pesquisa
Tema: “Reflexos da Reforma Administrativa na Administração Pública dos
estados brasileiros – avanços e desafios”.
No início do processo de difusão do gerencialismo no âmbito das burocracias
públicas estaduais do país e do movimento de modernização da estrutura
administrativa - que foi iniciado na segunda metade da década de 1990 e se
estendeu ao longo da primeira década do século XXI - o Brasil passou por
mudanças importantes no modo de concepção da gestão pública.
Logo, nota-se a difusão de mudanças gerencialistas nas reformas
administrativas observadas nos governos estaduais. Entretanto, ainda que as
reformas administrativas tenham sido pretendidas nos estados, alguns contextos
locais revelam extrema dificuldade de implementação de práticas administrativas e
deficiência nas estruturas institucionais necessárias para processos de
modernização gerencialista da gestão pública. Isso se deve ao contexto político e
econômico de muita resistência devido à cultura patrimonialista no exercício do
poder estadual, aliado à escassez de quadros administrativos capazes de
implementar reformas ou processos de modernização na gestão. Como considera
Figueiredo (2001), em alguns casos, as reformas administrativas de cunho
gerencialista dos estados tratavam apenas de reformas burocráticas.
As reformas administrativas gerenciais tiveram ampla difusão em todo o
mundo. Surgem no bojo das reformas econômicas dos estados nos anos de 1980,
constituindo-se a partir de então um movimento internacional de modernização da
administração pública, denominado gerencialismo. Contudo, a intitulada “reforma
gerencial” variou de acordo com o contexto político-institucional no qual foi
implementada devido aos sistemas político-administrativos e culturas
administrativas próprias de cada estado-nação. Esse fato constitui um dos principais
obstáculos enfrentados na avaliação dos diferentes desfechos da reforma nos
países nos quais fora implementada, em razão de diversos fatores, como o
problema da significação, a escassez de dados essenciais, a diversidade de
critérios de análise e a dificuldade de ponderar a mudança (Pollitt & Bouckaert,
2002; Hood, 1995; Bresser-Pereira, 1998).
A reforma gerencialista no Brasil se dá efetivamente a partir de 1995, com a
criação do Ministério da Administração e Reforma do Estado (MARE). A ideia
conceitual mais importante da “Reforma Bresser” (como ficou conhecida a reforma
gerencial no Brasil) foi a divisão do aparelho do estado em quatro setores: núcleo
estratégico, atividades exclusivas, serviços não exclusivos e produção de bens e
serviços para o mercado. Fundamentalmente, a distinção desses setores no
aparelho estatal possibilitaria ao governo privatizar ou conceder ao terceiro setor
algumas das atividades centralizadas no estado, tais como: atividades produtivas,
atividades de pesquisa, museus, ensino superior, hospitais e orquestras sinfônicas.
(MARE, 1995). Dessa maneira, pode-se afirmar que a reforma administrativa do
MARE teve como elementos importantes, entre outros, a introdução do debate
acerca da administração pública brasileira com visão empreendedora, num modelo
fundado no controle dos resultados, em que o Estado passa a assumir apenas o
papel de regulador, e não mais de produtor de serviços “quase-mercado” – como
telefonia e eletrificação – agora disponibilizados pela iniciativa privada.
No Brasil, o processo de difusão para os estados desse novo modo de gerir a
coisa pública se aprofundou a partir dos anos de 2000. Isso porque o movimento de
reforma administrativa brasileiro concentrou-se no âmbito federal, discutindo apenas
superficialmente as questões dos entes federados subnacionais (MARE, 1995). Um
dos fatores que contribuíram para o retardo desse movimento foi o baixo grau de
coordenação federativa. Outro elemento também muito importante foi a orientação
básica constante no bojo conceitual da Nova Gestão Pública, segundo a qual seria
impossível reinventar o governo de baixo para cima, devido ao seu tamanho, sendo
aconselhável que a reforma fosse implementada em nível federal, acreditando-se
que seria irradiada naturalmente para os estados (seguindo o modelo top-down).
Motivados pela necessidade de equilibrar as contas públicas devido à perda de
poder político, causada pelo cenário administrativo-econômico, os governos
estaduais tiveram de redefinir seus padrões de comportamento, inserindo nas
administrações públicas estaduais uma nova forma de atuar, modernizando-as, para
recuperar o poder político perdido nos períodos anteriores.
Por meio de normas, o governo federal obriga os estados a intensificar o
controle das despesas, estimulava práticas que possibilitaram aumento da
arrecadação dos estados pela limitação dos níveis de endividamento e incentivava
também a profissionalização do planejamento público, com a utilização de
instrumentos como LDO, LOA e PPA. Com isso, o governo federal estimulava as
burocracias públicas estatais a buscar soluções inovadoras e inteligentes. A
profissionalização é posta aqui como uma das principais pautas da agenda nacional
da reforma administrativa. A ênfase na capacitação do corpo administrativo das
burocracias estaduais coloca-se, por exemplo, como uma das principais práticas
normativas aplicadas na administração pública dos estados.
A reforma gerencial nos estados brasileiros é classificada por Araújo (2010)
em três categorias: estados com maior número de inovações gerenciais, que
procuram disseminar os avanços para as demais áreas; estados com número
moderado de inovações gerenciais, que, apesar de implementarem grande número
de experiências inovadoras, não conseguem disseminá-las; aqueles com reduzido
número de iniciativas gerenciais, caracterizados por reformas pontuais sem
nenhuma integração.
Um dos temas mais polêmicos a serem discutidos pelo Congresso em 2021 é
a Reforma Administrativa. A proposta de emenda à Constituição enviada em
setembro de 2020 pelo governo federal (PEC 32/20) restringe a estabilidade no
serviço público e cria tipos de vínculos com o Estado. A proposta prevê que leis
complementares tratarão de temas como política de remuneração, ocupação de
cargos de liderança e assessoramento, progressão e promoção funcionais e
definição das chamadas “carreiras típicas de Estado”, assim como acaba com
benefícios como as licenças-prêmio dos servidores e as progressões funcionais
baseadas exclusivamente no tempo de serviço. Porém, nossa atual Carta Magna,
consoante caput de seu artigo 37, com nova redação dada pela Emenda
Constitucional n° 19/98, estabelece os princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência como sendo norteadores da Administração
Pública. Sendo assim, quaisquer que sejam os atos emanados do Poder Público,
devem eles estar respaldados em tais princípios, em observância aos preceitos
constitucionais vigentes, em especial ao Estado Democrático de Direito que tem
como fundamentos a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os
valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político.
O interesse público é fundamental e tem profundidade ética, da mesma forma
que o serviço público é essencial e tem conotações morais. Segundo Kohama, a
Administração Pública executa o Serviço Público porque considera indispensável à
sociedade a sua existência e funcionamento, depreendendo-se daí o princípio da
obrigatoriedade do desempenho da atividade pública, em que a Administração
Pública sujeita se ao dever de continuidade da prestação dos serviços públicos. Fica
claro, portanto, o sentido de sobrevivência e consequentemente a necessidade de
qualificar cada vez mais sua atuação, seus serviços, de forma a atender a
sociedade qualitativamente e justificar o sentido de sua existência.
Contudo, reconhecemoso fato de que carece aos administradores públicos e
respectivos administrados, todos estes a serviço da sociedade, a consciência do
zelo do interesse e patrimônio públicos, para que juntos trabalhem na busca de um
denominador comum: uma sociedade atendida com serviços de qualidade em
contrapartida aos impostos que paga. Neste contexto, está claro que a Reforma
Gerencial surge como novo modelo de Administração Pública onde se prima pela
qualidade do serviço público, profissionalizando, aperfeiçoando e qualificando seus
servidores, em prol do cidadão, usuário-cliente dos serviços prestados pelo Estado.
Entretanto, não deve esta Reforma Gerencial ser entendida como única fonte
de contenção dos gastos públicos, em especial com o poder de reforma dado aos
administradores públicos para a reestruturação de seu funcionalismo público, o que
inclui a demissão de servidores por excesso de quadro quando não se atingir o
limite máximo estabelecido para os gastos com pessoal. Nosso país precisa de
reformas, mas não de demissões, uma vez que agravaria ainda mais a crise social
que ora se apresenta. O povo brasileiro almeja alcançar os direitos sociais
fundamentais que a Constituição Federal estabelece como dignos de qualquer
cidadão, seja este servidor público ou não: direito à educação, saúde, trabalho e
previdência social.
Deve ser prioridade desta Reforma Administrativa não a contribuição para
uma crise social existente, mas, antes de tudo, a qualidade dos serviços públicos,
incluindo a qualificação dos servidores, e não sua demissão ou exoneração, a não
ser nos casos em que se comprove burla aos preceitos constitucionais vigentes,
seja através de contratações ilegais, seja pela criação de número ostensivo de
cargos comissionados com a finalidade apenas de apaziguar os apadrinhados. A
crise do Estado, conforme apresenta o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do
Estado, define-se como uma crise fiscal, caracterizada pela crescente perda do
crédito por parte do Estado e pela poupança pública negativa; como o esgotamento
da estratégia estatizante de intervenção do Estado e como a superação da forma de
administrá-lo; pressupondo como inadiáveis ações no sentido de promover o
ajustamento fiscal duradouro, as reformas econômicas voltadas para o mercado, a
reforma da previdência social, a inovação dos instrumentos de política social e a
reforma do aparelho do Estado, com vistas a aumentar sua “governança”, ou seja,
sua capacidade de implementar políticas públicas.
Portanto, podemos observar a prioridade dada pelo governo federal à
Reforma Administrativa, recentemente aprovada com a promulgação da Emenda
Constitucional no 19/98, a qual contempla, essencialmente, dispositivos alterando o
regime constitucional dos servidores públicos, quais sejam: quebra do regime
jurídico único, fixação do teto remuneratório, quebra de estabilidade, criação do
subsídio para os membros do poder, entre outros itens abordados pela retrocitada
emenda. Pelas grandes discussões que ainda se propagam sobre seu texto,
entendemos que tal emenda tem trazido dificuldades de ordem prática e até mesmo
institucional, ao centralizar no Poder Executivo funções da mais alta relevância e
ferir direitos e garantias individuais dos cidadãos, tudo em prol da economia dos
recursos advindos da receita pública.
Assim como em todos os estados brasileiros, marcado por práticas
patrimonialistas e fisiologistas oriundas de seu processo de formação social
marcadamente antidemocrático, a administração pública caracteriza-se pelo não
incentivo à participação popular na gestão da coisa pública, o que dificulta, ou até
mesmo impossibilita, reformar a estrutura administrativa dos estados. Contudo, a
Reforma Administrativa deve ser entendida como um fundamento de um novo
Estado que prima pela gestão coerente, eficiente e eficaz dos recursos públicos, em
prol dos cidadãos que exigem cada vez mais serviços públicos de qualidade como
retorno dos impostos que paga, e não apenas como meio de colocar mais
desemprego à sociedade com o “enxugamento” da máquina administrativa. Temos
uma vasta legislação que disciplina a boa utilização dos recursos públicos, sendo
apenas necessário seu cumprimento. A economia que se teria com a observância
dos preceitos legais vigentes é considerável, posto que grandes são os dispêndios
ocorridos com a prática de atos de improbidade administrativa cometidos pelos
gestores públicos, constantemente comprovados pela atuação dos Tribunais de
Contas nas suas auditorias.
Referências Bibliográficas:
- https://www.camara.leg.br/noticias/719878-reforma-administrativa-sera
-pauta-polemica-em-2021
- BRESSER Pereira, L. C. (1998). A reforma do Estado dos anos 90 –
lógica e mecanismos de controle. Lua Nova. n. 45, pp. 49-95.
- BULOS, Uadi Lammêgo. “Reforma Administrativa”. Revista de Direito
Administrativo. Rio de Janeiro: Renovar, no 214, out/dez 1998, pp.
69-98.
- Figueiredo, A. C. (2001). Prefácio. In: SANTOS, Fabiano (Org.) O
poder legislativo nos estados: diversidade e convergência. v. 34, p.
9-12. Rio de Janeiro: FGV.
- KOHAMA, Helio. Contabilidade Pública - Teoria e Prática. São Paulo:
Atlas, 1993.
- LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Contratação Ilegal de Servidor
Público e Ação Civil Pública Trabalhista. Belo Horizonte: RTM, 1996.
- LIMA JÚNIOR, Olavo Brasil. “As reformas administrativas no Brasil:
modelos, sucessos e fracassos”. Revista do Serviço Público. Brasília:
ENAP, ano 49, no 2, abr-jun/1998, pp. 5-31.
- MARE (Ministério da Administração Federal e da Reforma do estado)
(1995) Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado. Brasília:
Imprensa Nacional, Novembro.
- MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 22a Edição.
São Paulo: Malheiros, 1997.
- MORAES, Alexandre de. Reforma Administrativa: Emenda
Constitucional no 19/98. 2a Edição. São Paulo: Atlas, 1999.
- Pollitt, C, & Bouckaert, G. (2002). Avaliando reformas da gestão
pública: uma perspectiva internacional. Revista do Serviço Público.
Ano 53. Número 3. jul.-set. 2002.

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