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Rafaella Bonfim TXXIX • O pâncreas é uma glândula com funções tanto endócrinas quanto exócrinas Pâncreas endócrino: Composto pelas ilhotas de Langerhans, as quais são distribuídas por todo o pâncreas e contém várias células produtoras de hormônios, como a insulina Pâncreas exócrino • O pâncreas exócrino contém ácinos, que secretam suco pancreático para o duodeno por meio dos ductos pancreáticos O suco pancreático contém várias enzimas, sendo algumas secretadas inicialmente em sua forma inativa, e uma vez ativadas, essas enzimas ajudam a digerir o alimento e a prepará-lo para a absorção no intestino Distúrbios que interferem na atividade normal das enzimas pancreáticas (insuficiência pancreática) causam má digestão de gorduras e esteatorreia (fezes gordurosas) • A patologia do pâncreas exócrino resulta de inflamação (pancreatite aguda, pancreatite crônica), neoplasia (adenocarcinoma de ducto), tumores neuroendócrinos) ou obstrução de canal por cálculos ou muco anormalmente viscoso (fibrose cística) Anatomia • O pâncreas é um órgão sólido que se encontra no retroperitônio no sentido transversal, dentro do epigástrio • Ele é preso firmemente por ligamentos em posição anterior à aorta suprarrenal e à primeira e segunda vértebras lombares Assim, a dor da pancreatite aguda ou crônica situa- -se profundamente na região epigástrica e, com frequência, se irradia para as costas • Dividido em 4 partes: cabeça, colo, corpo e cauda Rafaella Bonfim TXXIX Histologia • O pâncreas exócrino consiste em cachos de ácinos secretores de enzimas, composto por várias células acinares rodeando um lúmen Células acinares Sintetizam e secretam enzimas Possuem grânulos zimôgenos que contém enzimas digestivas ou seus precursores e são descarregados por exocitose a partir dos ápices das células para dentro do lúmen Enzimas para digestão de proteínas • Tripsinogênio → tripsina • Quimotripsinogênio → quimiotirpsina Enzimas para digestão de carboidratos • Amilase Enzimas para digestão de gorduras • Lipase • Colesterol esterase • Fosfolipase A e B → fosfolipase A e B ativada Rafaella Bonfim TXXIX Pancreatite Aguda • A pancreatite aguda é uma síndrome clínica resultante da liberação e ativação inadequadas de enzimas pancreáticas, que destroem o tecido pancreático (proteólise, lipólise e hemorragia) e estimulam uma reação inflamatória aguda Tripsina e quimiotripsina: necrose Elastase: hemorragia Lipase: esteatonecrose Inflamação: edem • Ela é a terceira indicação mais comum para internação hospitalar entre doenças GI, e está associada com morbidade e mortalidade significativas Etiologia • A pancreatite aguda tem muitas causas, como é mostrado na tabela Três vias propostas na patogenia da pancreatite aguda. Rafaella Bonfim TXXIX Obstrução dos ductos pancreáticos • A obstrução é mais comumente causada por cálculos biliares, mas também pode resultar de câncer de pâncreas, parasitas e pâncreas divisum • A obstrução ductal no interior do pâncreas aumenta a pressão e leva ao acúmulo de líquido rico em enzimas no interstício Lipase: ✓ É produzida numa forma ativa e tem o potencial de causar necrose da gordura local. ✓ A morte dos adipócitos produz sinais de “perigo”, estimulando miofibroblastos periacinares e leucócitos a liberarem citocinas pró-inflamatórias e outros mediadores inflamatórios que iniciam a inflamação e promovem o desenvolvimento de edema intersticial. ✓ O edema pode comprometer mais ainda o fluxo sanguíneo local, causando insuficiência vascular e lesão isquêmica às células acinares Lesão primária de células acinares • A lesão dessas células leva a liberação de enzimas digestiva, inflamação e autodigestão de tecidos pancreáticos • Podem ser danificadas por uma variedade de agressões endógenas, exógenas e iatrogênicas • Acredita-se que qualquer fator que eleve os níveis de cálcio nas células acinares possa desencadear a ativação excessiva de tripsina, incluindo certas anomalias hereditárias que afetam os níveis de cálcio Transporte intracelular defeituoso de proenzimas dentro das células acinares • Nas células acinares normais, as enzimas digestivas e as hidrolases lisossômicas são transportadas em vias separadas. Entretanto, nas lesões acinares, as enzimas pancreáticas são indevidamente liberadas no compartimento intracelular contendo hidrolases lisossômicas • As proenzimas são então ativadas, os lisossomos rompidos e as enzimas ativas são liberadas ➢ O consumo de álcool pode causar pancreatite através de todos esses mecanismos ✓ Tal consumo aumenta transitoriamente a contração do esfíncter de Oddi (o músculo da papila de Vater) e a ingestão crônica de álcool resulta na secreção de fluido pancreático rico em proteína que leva à deposição de condensações proteicas e à obstrução de pequenos ductos pancreáticos. ✓ O álcool também tem efeitos tóxicos diretos sobre as células acinares. ✓ O estresse oxidativo induzido por álcool pode gerar radicais livres nas células acinares, levando à oxidação de lipídios da membrana e à produção de radicais livres, o que, como mencionado, tem sido associado à ativação dos fatores de transcrição pró-inflamatória Morfologia Macroscopia • Pâncreas tumefeito com focos amarelados Rafaella Bonfim TXXIX Microscopia • Edema, infiltrado inflamatório neutrofílico discreto e esteatonecrose ➢ Forma necro-hemorrágica Macroscopia • Áreas de necrose • Hemorragia • Esteatonecrose (gotas de vela) Microscopia • Necrose dos ácinos • Necrose dos vasos com hemorragia • Infiltrado inflamatório de neutrófilos • Esteatonecrose Aspectos Clínicos • Emergência Médica – Abdome agudo • Dor abdominal de início súbito, constante, intensa, irradia dorso superior • Febre, náuseas e vômitos • Edema – hipotensão arterial – choque • Icterícia - obstrução colédoco • Quando há intensa hemorragia - dissociação de fáscias musculares – equimoses Rafaella Bonfim TXXIX Achados Laboratoriais • Amilase Amilase sérica → elevada nas primeiras horas do início dos sintomas e tende a retornar ao normal em 3 a 4 dias • Lipase Lipase elevada → também se inicia nas primeiras horas, mas tende a permanecer elevada por mais tempo – maior especificidade • Hipocalcemia Deposição de cálcio no tecido necrótico (saponificação) – persistente = pior prognóstico • Hemograma Leucocitose com desvio a esquerda, alterações do hematócrito Complicações • Hemorragias • Liberação de enzimas pancreáticas e citocinas inflamatórias na circulação • Abcessos pancreáticos • Aderências / estenose de estruturas adjacentes • Pseudocistos Pancreatite Crônica • Inflamação persistente acompanhada de destruição do parênquima, fibrose e perda progressiva da função do órgão Etiologia • Alcoolismo crônico – mais frequente (70-80% dos casos) • Radioterapia abdominal • Estenose pós-inflamatória ductal • Anomalias Congênitas • Cálculos • Neoplasias Rafaella Bonfim TXXIX Morfologia Macroscopia • Normal, aumentado ou diminuído • Aspecto nodular grosseiro • Presença de cálculos intraductais • Dilatação ductal • Causada pelos cálculos ou pela fibrose periductal • Áreas císticas • Fibrose difusa ou segmentar Microscopia Insuficiência Pancreática Exócrina Rafaella Bonfim TXXIX Aspectos Clínicos • Dor abdominal recorrente precipitadas por abuso de álcool, alimentação ou uso de drogas • Perda função exócrina e endócrina • Esteatorreia e emagrecimento• Diabetes Mellitus • Icterícia (20% casos) • Estreitamento do colédoco Comparação dos mediadores na pancreatite aguda e crônica. Na pancreatite aguda acinar, a lesão resulta na liberação de enzimas proteolíticas, levando a uma cascata de eventos, incluindo a ativação da cascata de coagulação, inflamação aguda e crônica, lesão vascular e edema. Na maioria dos pacientes, a resolução completa da lesão aguda ocorre com a restauração da massa de células acinares. Na pancreatite crônica, episódios repetidos de lesões de células acinares levam à produção de citocinas pró-fibrogênicas, como fator transformante do crescimento-β (TGF-β) e o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF), o que resulta na proliferação dos miofibroblastos, secreção de colágeno e remodelação da matriz extracelular (MEC). Lesões repetidas produzem perda irreversível da massa de células acinares, fibrose e insuficiência pancreática
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