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1 Gabriela Rodrigues TIPOS DE MÉTODOS ELETROANALÍTICOS Os métodos interfaciais, onde acontece algo na interface eletrodo/solução divide-se em: métodos estáticos e métodos dinâmicos. Os métodos estáticos, como a potenciometria e as titulações potenciométricas, por exemplo, são métodos em que não há a passagem de corrente, somente uma pequena corrente, não apreciável, passa para estabelecer a conexão entre os dois reservatórios entre as pilhas. Já os métodos dinâmicos se baseiam na passagem de corrente e essa passagem de corrente se deve, devido à ocorrência de uma eletrólise. A eletrólise nada mais é que uma reação química de oxirredução provocada pela passagem da corrente elétrica, chamada de reação Faradaica. Faradaica: transferência eletrônica, com passagem de corrente aplicada por uma fonte de energia, e essa passagem se deve a reação de transferência eletrônica que acontece na superfície do eletrodo. Correntes em células eletroquímicas Com exceção dos métodos potenciométricos, todos os outros métodos envolvem a passagem de corrente elétrica ao se aplicar um potencial elétrico usando uma fonte externa. Desse modo, faz-se necessário considerar o comportamento das células quando correntes significativas estão presentes e o que ocorre ao se realizar uma eletrólise nesse sistema. FONTES PARA APLICAÇÃO DE POTENCIAL E SUAS CONVENÇÕES Uma fonte elétrica pode ser uma pilha contendo um terminal positivo e um negativo. No terminal positivo há a entrada de elétrons e o no terminal negativo é onde ocorre a saída de elétrons. Quem controla os polos é a fonte externa, ou seja, a fonte que está fornecendo energia para o sistema. Se tivermos, por exemplo, uma pilha de 1,5 V, significa que o pólo positivo está 1,5 V maior que o pólo negativo. Nesses sistemas utiliza-se fontes onde é possível controlar a diferença de potencial aplicado. A partir dos pólos positivo e negativo 2 Gabriela Rodrigues pode-se regular o potencial que se quer colocar no sistema. Assim, liga-se os terminais negativos e positivos em eletrodos metálicos, como os de platina (Pt) por exemplo, e aplica a diferenças de potencial. DEFINIÇÃO: ELETROGRAVIMETRIA E COULOMETRIA Ambos os métodos se baseiam na oxidação ou redução eletrolítica de um analito por um período suficiente que assegure sua conversão química total a um novo estado de oxidação. Por exemplo, transformar todo Cu2+ em cobre metálico. Cu2+ + 2e- Cu Na Eletrogravimetria, o produto de eletrolise é pesado como um depósito formado sobre um dos eletrodos. Então é um método que visa garantir que todo o anaito seja depositado e faz-se a pesagem do produto formado p saber a quantidade em massa com precisão e exatidão. É importante tomar cuidado com outras espécies presentes na solução. Assim, é possível converter a massa depositada em termos da concentração do analito. Tomando como exemplo, o cobre: m C Cu2+ Já na Coulometria, a quantidade de eletricidade necessária para completar a eletrolise é medida a partir da quantidade do analito presente. Também é preciso assegurar que todo o material foi eletrodepositado, mas agora se faz a contagem da eletricidade, ou seja, a quantidade de elétrons que passarão pelo sistema. De modo que é possível fazer a conversão da carga em número de mols de elétrons e em seguida converter em termos da concentração do analito. Q → n mol e- → C Cu2+ Nesses dois métodos não se faz necessário o uso de curvas de calibração. São métodos primários, permitem que se parta de propriedades físico-químicas direta do material (carga ou pesagem) converter para quantidade em mols de substância que se quer analisar. DIAGRAMA DE LADDER O que acontece se aplicarmos uma diferença de potencial? 1. Qual o potencial da "pilha" desconsiderando qualquer potencial de junção? Considerando o seguinte sistema: Nesse sistema, tem-se espécies como o ferro e o cianeto de potássio com atividade igual a 1, o H+ também com atividade igual a 1 também, um eletrodo de platina (inerte) pra medir o par redox, tem-se o eletrodo padrão de H+, e um multímetro para verificação da diferença de potencial. Se tivesse potencial de junção, estaria dentro do sistema e tem-se que levar em consideração. 2. O que acontece quando aplicamos um potencial externo ao sistema? Pt ɑFe(CN)6 3- = 1 ɑFe(CN)6 4- = 1 ɑH+ = 1 Pt H2 = 1 atm V 3 Gabriela Rodrigues Quando não há semi-reações envolvidas, por exemplo, na decomposição do carbonato: CaCO3 (s) ⇋ CaO (s) + CO2 (g) Se a energia fornecida for em termos de calor, observa-se em termos da temperatura. É possível calcular o G, sendo esse positivo tem-se o deslocada do equilíbrio no sentido dos reagentes, conforme se aumenta a temperatura, a formação dos produtos é favorecida, a medida que G torna- se negativo. Existe um limite de temperatura onde há o deslocamento da reação de equilíbrio tanto para o lado dos produtos, quanto dos reagentes. Quando não se tem elétrons é mais fácil medir esse deslocamento. Levando em consideração os elétrons, entra o diagrama de Ladder, que faz representações gráficas que permite avaliar essa situação do equilíbrio químico. Usando o diagrama de “Ladder” é possível determinar qual reação está ocorrente quando cominamos diferentes reagentes, estimar quando o sistema está em equilíbrio e avaliar como mudanças nas condições da solução ou potencial do eletrodo podem afetar o método analítico. EXEMPLO: ÁCIDO-BASE Em termos do diagrama de Ladder, o resultado que se tem é o seguinte: E quando isso for associado a diferença de potencial aplicado no sistema? Considerando novamente o sistema exposto na discussão anterior onde as espécies envolvidas eram o cianeto e o ferro. 1. Qual o potencial para reduzir Fe(CN)63- a Fe(CN)64- ? 2. Qual o potencial para oxidar Fe(CN)64- a Fe(CN)63- ? Assumindo que as concentração das duas espécies e o potencial do sistema é representado pela equação de Nernst: As condições experimentais são: 4 Gabriela Rodrigues Assim para reduzir o Fe(CN)63- em Fe(CN)64- necessita-se de um potencial menor que 0,356 V e para oxidar o Fe(CN)64- em Fe(CN)63- necessita-se de potencial maior que 0,356 V. CORRENTES EM CÉLULAS ELETROQUÍMICAS Quando a eletricidade é transportada através de uma célula eletroquímica, o potencial da célula medido normalmente se afasta do valor obtido a partir dos cálculos termodinâmicos (tabela de potenciais padrão). Ou seja, o potencial medido não corresponde mais simplesmente à diferença de potencial entre os dois potenciais dos eletrodos. Esse afastamento pode ser associado a inúmeros fenômenos, dentre eles: → Polarização por queda-ôhmica Resistência da solução ao fluxo de corrente (migração dos íons). Perda de energia devido ao transporte de carga. → Polarização de concentração Existência de um gradiente de concentração próximo da superfície do eletrodo. → Polarização por ativação Efeitos cinéticos de transferência eletrônica para cada semi-reação e eletrodo. O grau de polarização de um eletrodo é medido pela sobrevoltagem ou sobrepotencial, ŋ, que é a diferença entre o potencial real e o termodinâmico ou equilíbrio (calculado através da tabela de potencial padrão). ŋ= E – Eeq POLARIZAÇÃO POR QUEDA-ÔHMICA Também tido como QUEDA IR. Considerando a seguinte pilha: Cd | Cd2+ (0,01 mol L-1)|| Cu2+ (0,01 mol L-1) | Cu Cátodo: Eº Cu2+/Cu = 0,278 V Anôdo: Eº Cd2+/Cd = - 0,462 V O potencial termodinâmico é dado por: Eeq = Ecat – Ean = 0,278 – (-0,462) = 0,740 V O efeito da queda ôhmica é aumentar o potencial necessário para operar uma célula e diminuiro potencial medido em uma célula galvânica. Portanto, a queda ôhmica é sempre subtraída do potencial teórico da célula, de modo que: Célula eletrolítica: Eaplicado = Eeq + IR Célula galvânica: Eaplicado = Eeq – IR EXEMPLO: Considerando que a célula anterior de Cd e Cu, tem resistência de 4,00 Ω. Calcule seu potencial quando é produzida uma corrente 0,100. Ecélula = (0,278 + 0,462) – (0,1 A * 4 Ω) = 0,340 V E se agora a pilha fosse carregada? Qual seria o potencial necessário para gerar uma corrente de 0,100 A na direção não espontânea, isto é, inversa da célula anterior. Eaplicado = 0,740 V + (0,100 A* 4 Ω) = 1,140 V A célula ao qual o exemplo se refere é uma pilha. Energia a mais para vencer a queda ôhmica. 5 Gabriela Rodrigues Sobrepotenciais É a diferença de potencial necessária para superar a energia de ativação de uma reação em um eletrodo. Quanto mais rápida se quer que a reação ocorra, maior será a sobretensão que deve ser aplicada. Polarização A equação anterior (IR) prevê que, em potenciais do eletrodo constantes, deve existir uma relação linear entre a voltagem da célula e a corrente. Pensando num sistema com dois eletrodos idênticos: Antes de aplicar uma corrente no sistema o potencial medido é igual a zero. Aplicando-se uma diferença de potencial a esse sistema, fazendo a medição da corrente, o equilíbrio será deslocado em algum sentido, dependendo do potencial aplicado. Dessa forma, com o equilíbrio da reação se deslocando, começa a fluir corrente no sentido positivo e negativo, a depender da ocorrência de oxidações e/ou reduções. O comportamento esperado seria um comportamento linear com a IR, o que não acontece. Eletrodo idealmente polarizado Com a aplicação de uma diferença de potencial, acumula-se cargas, não havendo assim transferência de elétrons para o eletrodo, havendo apenas a formação de polos a medida que se aplica um potencial 6 Gabriela Rodrigues Eletrodo não polarizado Eletrodos onde há transferência de elétrons quando um potencial é aplicado ao sistema. Ou seja, há reações de transferência eletrônicas (reações Faradaicas) por meio da interface solução-eletrodo. POLARIZAÇÃO DE CONCENTRAÇÃO A polarização de concentração ocorre devido a velocidade finita de transferência de massa da solução para a superfície do eletrodo. É preciso entender a interface solução- eletrodo. Nessa interface existe uma espécie no seio da solução com uma dada concentração. Ocorre então uma transferência de massa até a superfície do eletrodo. Essa transferência está diretamente relacionada com o fenômeno de difusão, migração e convecção. Difusão Quando há uma diferença na concentração entre duas regiões de uma solução, os íons ou moléculas se movem a partir da região mais concentrada para a região mais diluída. Esse processo leva ao desaparecimento do gradiente de concentração. E a velocidade de difusão é proporcional à diferença de concentração. Assim, à medida que há um consumo de uma determinada espécie oxidada, de modo que a mesma está indo a sua forma reduzida, o que acontece é que a concentração dessa espécie passa ser diferente da concentração a mesma se encontrava no seio na solução. Por exemplo, quando íons cádmio são depositados em um eletrodo de cádmio, a concentração de Cd 2+ na superfície do eletrodo torna-se menor do que a concentração do mesmo no seio da solução, criando assim, um gradiente de concentração que provoca a difusão dos íons cádmio do seio da solução para a camada mais próxima ao eletrodo. Desse modo, o eletrodo sente o que está próximo a ele. + + + + + + + + + Eletrodo Camada de difusão Seio da solução + Íons Cd átomos Cd depositados recentemente elétrons 7 Gabriela Rodrigues Migração É o processo eletrostático por meio do qual os íons se movem sob a influência de um campo elétrico. Esse é o principal meio de transferência de massa no seio da solução de uma célula. A velocidade de migração dos íons para a superfície do eletrodo ou para longe, aumenta com o aumento do potencial. Essa migração, muita da vezes é indesejada, podendo ser minimizada pelo uso de altas concentrações de um eletrólito inerte ou um eletrólito de suporte, presente na célula. De modo que, a corrente ocorre na célula em razão das cargas transportadas pelos íons, servindo também para diminuir a resistência, diminuindo assim a queda IR. Convecção Reagentes podem ser transferidos para/ou de um eletrodo por um processo mecânico. Existe dois tipos de convecções, sendo elas: Convecção forçada Tende a reduzir a espessura da camada de difusão na superfície de um eletrodo e, portanto, diminui a polarização de concentração. Convecção natural É resultante da diferença de temperatura ou densidade e também contribui para o transporte de moléculas e íons da solução para o eletrodo e vice-versa. A polarização de concentração ocorre então quando os efeitos de difusão, migração e convecção são insuficientes para transportar um reagente para a superfície de um eletrodo, ou removê-lo dali, a uma velocidade que produza uma corrente de grandeza. Esse tipo requer assim, que sejam aplicados potenciais maiores do que aqueles calculados para manter uma determinada corrente em uma célula eletrolítica. POLARIZAÇÃO POR ATIVAÇÃO Nesse tipo de polarização, a grandeza da corrente é limitada pela velocidade de uma ou das duas reações de eletrodo, isto é, a velocidade de transferência de elétrons entre os reagentes e o eletrodo. Para contrabalancear essa polarização, usa- se um potencial adicional, ou sobrepotencial, sendo esse requerido para superar a energia de ativação da semi-reação. É mais comum presenciar esse fenômeno em processos de eletrodos que geram produtos gasosos, tendo em vista a cinética complexa e lenta. Os efeitos cinéticos diminuem com o aumento da temperatura e com a diminuição da densidade da correntes. MÉTODOS BASEADOS NA CONVERSÃO QUANTITATIVA Métodos onde o interesse é garantir que 100% da espécie será convertida na superfície do eletrodo. Eletrogravimetria Coulometria de potencial constante 8 Gabriela Rodrigues Coulometria de corrente contínua Em todos os três métodos será necessário a aplicação de uma diferença de potencial em células eletroquímicas de 2 eletrodos ou de 3 eletrodos. O potencial aplicado será dado pela seguinte relação: Eapl = (Ecátodo – Eânodo) + (ŋc_conc +ŋc_at) + (ŋa_conc + ŋa_at)+ IR Onde (Ecátodo – Eânodo) = Eequilibrio; (ŋc_conc +ŋc_at) = sobrepotencial de concentração e ativaçãopara o cátodo; (ŋa_conc + ŋa_at) = sobrepotencial de concentração e ativação para o ânodo; e IR = queda ôhmica. Esses são os únicos métodos absolutos, ou seja, não requerem a calibração externa com padrões, ou a curva de calibração. ELETROGRAVIMETRIA Na análise eletrogravimétrica, o analito é quantificado como um depósito sólido na superfície do cátodo ou do ânodo. Faz-se necessário eletrodos de áreas bem grandes, isso uma vez que se quer quantificar a partir da conversão total, permitindo uma maior velocidade das análises. Entre esses eletrodos, aplica-se uma diferença de potencial, medindo-se a corrente. O importante é garantir que apenas uma espécie do íons se deposite no eletrodo. A massa do eletrodo é pesada antes e após a deposição, sendo possível assim, definir a quantidade do analito na amostra. Somente pode ser usada para analitos que formam um depósito sólido: - Cu: é depositadoem meio ácido sobre cátodos de Pt; - Ni: é depositado em meio alcalino; - Zn: é depositado em meio de citrato; - Ag, Cd e Au: é depositado a partir de seus complexos; - Pb e Mn: é depositado na forma de PbO2 e MnO2. EXEMPLO: Determinação de Cu(II) V = 200 mL Solução: [Cu (II)] = 0,0222 mol/L + 1 mol/L H+ R = 0,50 9 Gabriela Rodrigues Cátodo: Cu2+ + 2e- ⇋ Cu(s) Eº = 0,29 V Ânodo: H2O ⇋ ½ O2(g) + 2 H+ + 2e- Eº = 1,23 V - Informações: Ânodo: célula operando com uma I= -1,5 A Sem polarização por concentração/ ŋa_at = - 0,85 V Cátodo: Sem polarização por concentração e ativação Qual o potencial para depositar o cobre sobre o catodo de platina? Eapl. = (Ecatodo – Eanodo) +(ŋa_conc + ŋa_at) + IR Eapl. = (0,29-1,23)+(0 - 0,85)+(-1,5*0,5)= -2,54 V Eapl. = -2,54 V Eapl e Eanodo permanecem constantes, mas o Ecatodo à medida que o consumo de cobre aumenta, seu potencial cai, para manter a igualdade, os outros parâmetros (a queda IR e as polarizações) aumentam. E se o Ecatodo começar a diminuir? Isso pode ocorrer devido a mudança na concentração do cobre, de modo que outras substâncias podem começar a depositar também. Dessa forma deve-se adotar medidas para evitar que o potencial do cátodo mude, tem-se duas estratégias: Adição de um despolarizador catódico (é reduzido mais “facilmente” ): NO3- + 10H+ +8e- → NH4+ + 3H2O Eº = +0,94 V Adição de uma substância em alta concentração, que se reduza ou oxide sem que as espécies possam se depositar nos eletrodos. Dessa forma na superfície do eletrodo passa a acontecer uma reação. Esse eletrodo passa a manter então o potencial da espécie química que está em solução, mantendo-se alto, já que a concentração da substância adicionada é alta. Assim, é possível realizar a eletrodeposição do cobre sem a alteração do potencial daquele eletrodo. → Usar uma célula com 3 eletrodos, com um potenciostato para controlar o potencial do cátodo e prevenir reações secundárias indesejáveis. OBS: Eletrólitos são utilizados, como o H+ no intuito de se minimizar o efeito da queda ôhmica no sistema quando é aplicado diferença de potencial no mesmo. Isso porque o hidrogênio possui condutividade alta, diminuído assim a resistência. EXERCÍCIO: Qual o potencial do cátodo que é necessário para reduzir 99,99% de Cu2+ 0,10 M para Cu(s)? É possível remover o Cu2+ sem reduzir o Sn2+ 0,10 M também presente na mesma solução? (OBS: Desconsiderar sobretensões) Cu2+ + 2e- → Cu(s) Eº = 0,339 V Sn2+ +2e- → Sn(s) Eº = - 0,141 V No inicio, pode-se usar a equação de Nernst para encontrar o valor do potencial do cobre: 10 Gabriela Rodrigues O potencial encontrado no início do experimento é maior que o potencial do Sn, ou seja, o estanho ainda não irá depositar. Quando 99,99% de cobre for depositado, sua concentração será de 0,01%: O valor do potencial quando 99,99% do cobre é depositado ainda é menor que o potencial associado ao estanho, de modo que não há como o estanho se depositar no eletrodo COLOUMETRIA: MEDIDA DA VELOCIDADE DE UMA REAÇÃO ATRAVÉS DA CORRENTE Utilização de sistemas contendo dois eletrodos, usando a velocidade de reação e a quantidade de carga que fluiu nesses sistema através da corrente para entender a quantidade de material. Considerando um sistema com eletrodos de platina e se quer depositar cobre: A partir do amperímetro é possível saber qual a corrente que fluiu no sistema e por quanto tempo fluiu. Se uma corrente I flui por um determinado tempo t, a carga Q, que passa pelo sistema em qualquer ponto no circuito é: Q = I t Onde a carga Q é expressa em Coulombs, a corrente I em Ampères e o tempo t em segundos. A corrente é importante pra que se possa avaliar a velocidade da reação. Quanto mais rápido a reação se processa, maior é a corrente. LEMBRETE: Constante de Faraday é dada em Coloumb/mol F = 96485 C/mol EXEMPLO: Se uma corrente de 0,17 A fluir por 16 minutos através da célula eletrolítica, quantos gramas de Cu(s) serão depositados? Q = (0,17 A ) × (16min × 60)s = 163,2 C Em termos de 1 mol de Cu, a semi-reação considera 2 mol e-, é preciso fazer a seguinte transformação: 2 mol e- -- 2 × 96485 C X -- 163,2 C X = 8,45×10-4 mol de Cu 1 mol de Cu -- 63,5 g 8,45×10-4 mol – Y Y = 5,37×10-2 g de Cu Coulometria a potencial constante → Potencial da célula constante Utilizando o mesmo exemplo usado na eletrogravimetria para explicar o conceito. Constante de Faraday 11 Gabriela Rodrigues No início, tem-se só a reação do cobre acontecendo, a corrente decresce até acabar a quantidade de cobre presente no sistema. Assim, a área da curva se feita a integral, obtêm-se a carga do sistema, como mostrada na equação. Uma vez que aqui faz-se o monitoramento da carga, controlando o potencial da célula. Diferentemente da eletrogravimetria, é possível determinar muito bem metais que possuem potencial padrão maiores do que o do hidrogênio. Quando se tiver metais com potenciais menores que o do hidrogênio, como o alumínio, por exemplo, não é possível determina-los. Isso porque em determinado momento outro processo começa acontecer, como a redução ou oxidação do hidrogênio, não sendo possível diferenciar a carga dos elementos presentes naquele sistema. → Potencial do eletrodo de trabalho constante (célula com 3 eletrodos) Utiliza-se aqui células como essa: O potencial do eletrodo de trabalho é mantido constante e a corrente flui entre o eletrodo de trabalho e o eletrodo auxiliar, evitando assim a deposição de outros metais. EXERCÍCIO: A pureza de uma amostra de ácido pícrico, C6H3N3O7, é determinada por coulometria com potencial controlado, convertendo o ácido pícrico para triaminolfenol, C6H9N3O: Uma amostra contendo 0,2917 g de ácido pícrico foi preparada em um balão volumétrico de 1000 mL. V = 200 mL Solução: [Cu (II)] = 0,0222 mol/L + 1 mol/L H+ R = 0,50 Trabalho Referência Auxiliar 12 Gabriela Rodrigues Uma alíquota de 10 ml foi transferida para uma célula coulometrica e certa quantidade de água foi adicionada a célula para cobrir totalmente o cátodo de platina. A eletrólise exaustiva consumiu uma carga de 21,67 C. Dados: F = 96485 C.mol-1; MMácido pícrico = 229 g/mol Qual a pureza da amostra de ácido pícrico? RESPOSTA: Primeiro de tudo, é preciso converter os 18 mol e-: 18 mol e- -- 18 x 96485 C = 1736730 C Sabendo a carga que foi consumida, e sabendo que na reação há a formação de 1 mol de ácido pícrico, pode-se fazer a seguinte relação: 1 mol AP – 1736730 C X – 21,67 X = 1,21 x 10-5 mol de AP E quanto em mol de AP se tem em 1 L (quantidade de solução preparada)? 1,21 x 10-5 mol – 10 mL Y – 1000 mL Y = 1,21 x 10-3 mol/L Sabendo a MM do AP, é possível encontrar a quantidade em massa presente: 1 mol – 229 g AP 1,21 x 10-3 mol – Z Z = 0,2769 g de AP O intuito é saber a pureza do ácido pícrico, sabe-se a massa utilizada de AP, basta relacionar: 0,2917 g AP – 100% 0,2769 g – W W = 94.93% de pureza Coulometria a corrente constante Aplica-se uma corrente no sistema e através de uma técnica mais visual (indicador visual ou uma técnica instrumental) é possível saber a hora de parar a reação. Se a corrente for constante ao longo de toda a reação, sabendo a hora que o experimento acabou, e sabendo que a área da curva fornece a carga. De posse da carga, consegue-se calcular a quantidade de cobre. A ideia aqui é que sabendo a corrente e o tempo é possível calcular a carga, e daí calcular a quantidade em massa. É um método mais fácil.A coulometria a corrente constante é bastante usada em titulação coulométricas. Titulação Coulométrica A coulometria, como já dito, é uma técnica de análise química que se fundamenta na medida do número de elétrons que são transferidos em uma determinada reação. Considerando, por exemplo, o ciclohexeno. Ele pode ser titulado com Br2, através da reação de oxidação eletrolítica do Br -. Isso em 10 mL, que foi a alíquota transferida para a célula. 13 Gabriela Rodrigues Toda vez que se liga o sistema, brometo vira bromo, e o bromo reage com ciclohexeno. Enquanto houver bromo sendo formado e ciclohexeno, há reação. Quando a quantidade de ciclohexeno acabar, significa que sobrará bromo em solução. Quando isso acontecer, somente a reação de oxidação do bromo estará ocorrendo, a titulação acabou. E sabe-se a carga do sistema, através de técnicas visuais ou instrumentais, uma vez que indicará que a titulação acabou e é possível saber o tempo e a corrente se manteve constante. VANTAGEM: Solução instável de bromo, e gera-se apenas a quantidade de reagentes que se precisa. O eletrodo age como a bureta da titulação, assim não é necessário a padronização do titulante. VANTAGENS DA COULOMETRIA - Não é necessário o uso de solução padrão, no lugar desta, a carga (coloumb) se torna o padrão primário; - Pode ser usados reagentes instáveis, pois são gerados e imediatamente consumidos, não havendo perdas de estocagem; - Podem ser geradas quantidade bem pequenas de titulante, não sendo necessário estocar, nem padronizar e o procedimento se adpta idealmente em escala micro ou semimicro; - Não há diluição da solução amostra; - Possibilidade de automação. REFERÊNCIAS Anotação de aula e resumo próprio. Vídeo aula USP: CLIQUE Eletrodo de Pt Excesso de Br – Ciclohexeno 2Br - Br2 + 2e - (Oxidação) H+ + e- H2O (Redução | eletrodo complementar) https://www.youtube.com/watch?v=KU18XV8XlJw
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