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Prova - Alessandra Borges

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TSJ
ALUNO: Alessandra Cristina Nunes da Cunha Borges
TURMA: 2021.01-TSJ-BHZ-T2
Questão:
1. Há necessidade de o valor exigido a título de taxa referir-se ao custo do serviço prestado? Caso essa referibilidade não seja verificada, é possível a restituição? No caso de excessiva dificuldade de mensurar o custo do serviço prestado, como fixar a base de cálculo da taxa? Considere em sua resposta o exemplo das taxas judiciais e analise criticamente entendimento fixado pelo STF na ADI 3124, DJ 22-09-2020, cuja ementa segue transcrita a seguir:
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI ESTADUAL 14.938/2003 DO ESTADO DE MINAS GERAIS. CUSTAS JUDICIAIS ATRELADAS AO VALOR DA CAUSA. POSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO AOS ARTS. 5º, CAPUT, XXXV e LIV; 24, IV; 99, §§ 1º a 5º; 102, III; 105, III; 145, II; 150, IV; e 155, I, a, III, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. NÃO OCORRÊNCIA. 1. A jurisprudência pacífica firmada no âmbito deste SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL aponta a validade da utilização do valor da causa como critério hábil para definição do valor das taxas judiciárias, desde que sejam estabelecidos valores mínimos e máximos (Súmula 667 do SUPREMO; ADI 2.078, Min. GILMAR MENDES, DJe de 12/4/2011; ADI 3.826, Min. EROS GRAU, DJe de 19/8/2010; ADI 2.655, Min. ELLEN GRACIE, DJ de 26/3/2004; ADI 2.040-MC, Min. MAURÍCIO CORRÊA, DJ de 25/02/2000; ADI 2.696, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, DJe de 13/03/2017; ADIs 5.720 e 5.470, Rel. Min. ALEXANDRE DE MORAES, DJe de 27 e 29/11/2019; ADI 5.612, Rel. Min. EDSON FACHIN, julgado em 29/5/2020, pendente a publicação de acórdão; ADI 1.926, Rel. Min. ROBERTO BARROSO, DJe de 1º/6/2020; e ADI 6.330, Rel. Min. ALEXANDRE DE MORAES, julgada em 16/6/2020, pendente a publicação de acórdão. 2. No caso, os valores previstos na Lei impugnada não impedem o acesso à justiça, pois fixados em patamar razoável e proporcional. 3. Ação Direta julgada improcedente. ADI 3124, DJ 22-09-2020.
A taxa somente é devida quando se utilizar algum serviço ou dele beneficiar-se, existindo um caráter sinalagmático/contraprestacional. As taxas estão disciplinadas nos artigos 77 ao 80 do CTN e deles se extrai que trata-se de um tributo que possui como “fato gerador o exercício regulador do poder de polícia, ou a utilização efetiva e potencial, de serviço público específico e divisível”. Depreende-se, portanto, que as taxas são tributos cujo fato gerador é configurado pela prestação ao contribuinte, ou a colocação à disposição desre, de serviços específicos e divisíveis fornecidos pelo poder público por meio de algum ente ou por uma concessionária, ou então quando houver prestação regular do Poder de Polícia (art. 146, inciso II, da CF/88). Nesse sentido, é a lição de Aliomar Baleeiro: 
Cabe quando os serviços recebidos pelo contribuinte resultem de função específica do Estado, ato de autoridade, que por sua natureza repugna ao desempenho do particular e não pode ser objeto de concessão a este.
São, portanto, tributos vinculados e os seus fatos geradores são atividades do Estado especificamente voltadas a um contribuinte ou um grupo determinável de contribuintes. Dessa forma, entende-se que há a necessidade de que o valor exigido à título de taxa se refira ao custo do serviço prestado.
Ademais, conforme conta na ADI n.º 2.551 MC-QO, sob relatoria do Ministro Celso de Mello, a taxa não pode superar a relação de razoável equivalência que deve existir entre o custo real da atuação estatal referida ao contribuinte e o valor que o Estado pode exigir de cada contribuinte, considerados, para este efeito, os elementos pertinentes às alíquotas e à base de cálculo fixadas em lei. 
Nesse sentido, se o valor tava ultrapassar o custo do serviço prestado ou posto à disposição do contribuinte, dando causa, assim, a uma situação de onerosidade excessiva, que descaracterize essa relação de equivalêmcia entre os fatores referidos, quais sejam: o custo real do serviço e o valor exigido do contribuinte, configurar-se-á, então, hipótese de ofensa ao princípio constitucional de vedação ao confisco (artigo 150, inciso IV, da CF/88). 
Para corroborar tal ideia, o professor Paulo de Barros Carvalho leciona que “o pagamento da taxa pelo sujeito passivo haveria de corresponder à retribuição pecuniária pelo reconhecimento do serviço público utilizado.”
De igual modo, a jurisprudência pátria corrobora o entendimento, conforme o julgado do Supremo Tribunal Federal no RE 582.340 AgR:
TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MUNICÍPIO DE VILA VELHA. TAXA DE RENOVAÇÃO ANUAL DE LICENÇA PARA LOCALIZAÇÃO. INSTALAÇÃO E FUNCIONAMENTO DE ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS E SIMILARES. BASE DE CÁLCULO FIXADA EM MÚLTIPLOS DE UNIDADE FISCAL DE REFERÊNCIA – UFIR, DE ACORDO COM A ZONA FISCAL DE LOCALIZAÇÃO DO ESTABELECIMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE RELAÇÃO ENTRE A BASE DE CÁLCULO E O EFETIVO EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
Assim, haveria a inconstitucionalidade da taxa em razão da inexistência da referebilidade. Dessa forma, seria possível que o contribuinte solicitasse a restituição dos valores pagos a maior a fim de evitar o enriquecimento sem causa por parte do Estado.
Se caso houver dificuldade excessiva em mensurar o custo do serviço prestado, o valor cobrado a título de taxa deve equivaler so custo prestado tanto quanto for possível, conforme julgamento da ADI 2696, sob relatoria do Ministro Dias Toffoli. É o caso das custas judiciais, em virtude da diversidade de fatores que poderiam influir no cálculo da prestação do serviço jurisdicional, tais como o tempo e a complexidade do processo e os tipos de atos praticados nele.
A esse respeito, a jurisprudência da Corte firmou-se no sentido da legitimidade da cobrança das custas com parâmetro no valor da causa ou dos bens postos em litígio, desde que fixadas alíquotas mínimas e máximas para elas (Precedentes: ADI 3.826/GO, Relator Ministro Eros Grau; ADI 2.655/MT, Relatoria Ministra Ellen Gracie). Assim, devem existir tabelas impondo limites mínimos e máximos.
Nesse sentido, é preciso entender que as custas judiciais possuem natureza de tributos da espécie taxa, pois visam a custear serviço público específico e divisível prestado ao jurisdicionado, conforme destacado pelo Ministro Teori Zavascki. Assim, as custas judiciárias também devem guardar relação lógica e proporcional ao serviço prestado, utilizando para parâmetro o valor da causa, desde que sejam estabelecidos valores mínimos e máximos. 
Dessa forma, o STF julgou a ADI 3124, na qual determinou que as custas judiciais são constitucionais, uma vez que respeitam os critérios constantes da diretriz consagrada na Suprema Corte, bem como a aplicação da mesma não diferenciaria os cidadão desprovidos de condições de arcar com os custos de um processual judicial, uma vez que haveria a gratuidade da prestação do serviço jurisdicional pelo amparo das defensorias públicas.
Portanto, entendo que na ADI 3124 entendo que todos os requisitos acima citados foram respeitados. As custas foram utilizadas usando como parâmeto o valor da causa, guardando correlação com o serviço prestado, mostrando-se razóavel e proporcional, de forma que não obstou o acesso do contribuinte ao judiciário, bem como não configuraram como caráter confiscarória, de modo que não houve o enriquecimento sem causa do Estado.
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