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USO E/OU IMPORTÂNCIA DO GEOPROCESSAMENTO COMO FERRAMENTA PARA O PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL Maripaula dos Santos Universidade do Norte do Paraná Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental RESUMO A área ambiental extrapola cada vez mais os limites da academia, dos governos e das questões de segurança nacional. As necessidades e as urgências são cada vez mais globais. A área de conhecimento denominada genericamente de geoprocessamento apresenta-se como uma possibilidade de exploração e estabelecimento de novos conhecimentos científicos na área ambiental. Nesse contexto, o presente trabalho pretende contribuir para o entendimento sobre o uso do geoprocessamento sobre o meio ambiente e que seu objetivo é na organização das informações, mostrando a sua potencialidade e agilidade como ferramenta tecnológica que pode determinar as evoluções espacial e temporal de um fenômeno geográfico e as inter- relações entre diferentes fenômenos para o processo de licenciamento ambiental. PALAVRA-CHAVE: Sistema de Informações Geográficas, Avaliação de Impactos Ambientais, Gestão Ambiental INTRODUÇÃO São tantas as abordagens a questão ambiental e tantas as tarefas decorrentes dessa diversidade que as tentativas de priorização das necessidades se tornam um trabalho de difícil realização. A valorização da natureza é uma área de estudo recente, incentivada principalmente pelo aparecimento do fenômeno da escassez e pela consciência da finitude dos bens. Quando os bens de usufruto coletivo, como os recursos naturais, tiverem uma gestão ambiental que os aloque com critério de equidade social, a democratização da sociedade humana será um processo evolucionário naturalmente pacifico possível. O geoprocessamento tem um potencial enorme, ainda pouco explorado como instrumento de gestão ambiental. Sua correta utilização permitira compreender melhor os fenômenos naturais e suas inter- relações com a cultura humana. A pesquisa e o desenvolvimento dessa ferramenta apenas começaram. Sua evolução caminha inexoravelmente junto com a revolução digital, e, o seu limite de inovação é o limite da mente humana (SILVEIRA, 2004). DESENVOLVIMENTO Licenciamento ambiental é o procedimento no qual o poder público, representado por órgãos ambientais, autoriza e acompanha a implantação e a operação de atividades, que utilizam recursos naturais ou que sejam consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras. Pode ser visto por especialista como um importante instrumento da Politica Nacional do Meio Ambiente capaz de cooperar com o desenvolvimento sustentável (PIRES, 2010). Para a obtenção do licenciamento ambiental serão necessários alguns documentos essenciais. Como o EIA/RIMA que é o tipo de documento para o licenciamento ambiental mais rigoroso e exigido pelos órgãos competentes, será requerido para os empreendimentos impactantes que apresentam grande capacidade transformadora do meio ambiente, enquanto o RCA/PCA (Relatório de controle ambiental / Plano de controle ambiental) é exigido para o empreendimento de menor capacidade (SILVA, 1999). De acordo com o artigo 7° da Resolução CONAMA N°1, de 23 de janeiro de 1986, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) dever ser elaborados por uma equipe multidisciplinar habilitada, não depende direta ou indiretamente do proponente do projeto e que será responsável pelos resultados apresentados. Segundo o artigo do Ministério do Meio Ambiente e IBAMA, a equipe multidisciplinar é responsável em fornecer as bases técnico-cientificas para o estabelecimento de compromissos políticos e institucionais em relação às conclusões do EIA/RIMA ou de outro documento técnico semelhante, pelo qual é tecnicamente responsável, mantendo sempre a independência em relação ao proponente do projeto, conforme o estabelecido na Resolução CONAMA 001/86 (SILVA, 1999). De acordo com a literatura especializada, os métodos de avaliação de impactos ambientais são instrumentos utilizados para coletar, analisar, avaliar, comparar e organizar informações qualitativas e quantitativas sobre os impactos ambientais originados de uma determinada atividade modificadora do meio ambiente, em que são consideradas também, as técnicas que definirão a forma e o conteúdo das informações a serem envolvidos. As técnicas são instrumentos de apoio à realização de estudos de impacto ambiental, cuja utilização deve estar sempre inserida no corpo do método do estudo. Podem ser aplicadas para ordenar, agregar, quantificar, representar graficamente informações geradas dos estudos (SILVA, 1994). A incorporação do conhecimento técnico-cientifico a avaliação de impacto ambiental exige a utilização de técnicas e modelos específicos de analise de vulnerabilidade/sensibilidade de cada fator natural (solo/subsolo, clima/atmosfera, águas superficiais, água subterrâneas, biótipo, etc.) e do potencial de danos representado por cada atividade humana. Um levantamento inicial desse conhecimento, incluindo técnicas e modelos, foi realizado pelo IBAMA, na primeira fase do projeto “Tecnologias de Gestão Ambiental” (IBAMA, 1994). Apesar de existir um numero relativamente grande de métodos de avaliação de impactos ambientais, a experiência tem demostrado que todos apresentam potencialidade e limitações, sendo a escolha dependente da disponibilidade de dados, das características intrínsecas do tipo de empreendimento e dos produtos finais pretendidos (SILVA, 1999). Com base em MOREIRA (1985) e SILVA (1994) será discutido a seguir a principal característica do método de avaliação de impactos ambientais conhecido como método da sobreposição de cartas. Este método também conhecido como “overlay mapping” está associado ao Sistema de Informações Geográficas (SIG), uma vez que deve ser assistido por computador, permitindo a aquisição, o armazenamento, a análise e a representação de dados ambientais. A essência desse método é a elaboração e posterior sobreposição de cartas temáticas (solo, categoria de declividade, vegetação, etc.) de uma determinada área. Exige, portanto, para uma melhor eficiência a apresentação dos mapas numa mesma escala e com o mesmo padrão de detalhamento. A partir da sobreposição dos temas, que representa o diagnostico ambiental, são estabelecidas as cartas de aptidão e restrição do uso do solo, de acordo com a ação prevista para ocorrer. Atualmente, a técnica de SIG já dispõe de softwares avançados na obtenção de mapas temáticos, tornando mais ágil a utilização do método em questão. A revolução digital passou a permitir a analise da natureza de uma forma mais global. O raciocínio, decorrente de novas formas de analise invade tanto o microcosmo biológico como macrocosmo da biosfera. Os sentidos humanos são potencializados por essas novas ferramentas e o raciocínio sobre os fenômenos ambientais tem potencial para ser em grande parte digital, auxiliado por essa nova capacidade cibernética. O instrumento que melhor expressa essa espécie de matemática espacial é o Sistema de Informações Geográficas (SIG). Qualquer dado que possua um componente espacial, uma localização determinável, pode ser manuseado, armazenado e analisado por um SIG (SILVEIRA, 2004). É importante salientar que um SIG é utilizado mais corretamente como uma extensão do pensamento analítico. O sistema em si não possui respostas prontas. Assim como o campo de conhecimento da estatística, esse sistema é somente uma ferramenta auxiliar para descrever e inferir; ele deve ser usado após um problema ambiental ter sido cuidadosamente delimitado, para daí se verificar as possibilidades de solução. De outra maneira, corre-se o risco de utilizar a tecnologia sem um objetivo definido. Tecnologicamente um SIG pode ser considerado como uma caixa de ferramentas digital para coleta, armazenamento,busca, analise, transformação e exposição de dados espaciais (SILVEIRA, 2004). Goodchild (2002) argumenta que estágios de solução de problemas em geoprocessamento tem um encadeamento causal, podendo ser descritos como: formulação da questão, delimitando ao máximo o problema a ser resolvido; a observação dos fenômenos e a aquisição dos dados; a expressão dos dados por meio da analise e busca de soluções; a intervenção e a mudança na realidade. Esse espaço de formulação e delimitação, observação, aquisição e expressão dos dados têm necessariamente uma escala espacial e outra temporal. No aspecto espacial, as aplicações em geoprocessamento são elaboradas em escala maiores quando os elementos gráficos representados são os sistemas de redes (esgoto, água, gás), a rua, a quadra, o distrito censitário, a bacia hidrográfica urbana, o bairro e o imóvel rural. Essas escalas estão, a grosso modo, situado em 1:500 e 1:10.000 e o custo de elaboração e manutenção da base digital é elevado. A outra faixa de escala espacial está situada entre 1:10.000 e 1:1.000.000 e as unidades de análise passam a ser a região metropolitana, a unidade de conservação ambiental, a bacia hidrográfica, a divisão politica municipal, o ecossistema, a região e o bioma. Obviamente essa classificação não é estática, e dependendo do tipo de abordagem analítica, a unidade de planejamento (e sua consequente escala) podem ser alteradas, apresentando vários tipos de escala dentro de um mesmo estudo. Nesse aspecto, as modificações tecnológicas têm promovido saltos quantitativos e qualitativos, modificando as abordagens em termos de escala e baixando significativamente os custos de aquisição e manutenção de dados digitais (SILVEIRA, 2004). No aspecto temporal, a representação pode ser feita por meio de mudança de endereço do objeto (a localização espacial do fenômeno de interesse) através do tempo (ROSA, 1996). Mudanças de endereço ou de uso do objeto geográfico em questão podem dar noção de temporalidade. Em última análise, são as mudanças na configuração espacial que podem determinar verificações de mudanças ao longo da escala temporal (SILVEIRA, 2004). Nessa gama de delimitações espaciais e temporais estão contidos os problemas, que podem ser solucionados por aplicações de geoprocessamento em termos de respostas imediatas ou de maneira indireta, como ferramenta auxiliar no processo de tomada de decisões. Em termos de escala espacial, as aplicações de geoprocessamento podem ser classificadas como as que se prestam a gestão urbana propriamente dita e as que se caracterizam pela gestão e manejo de recursos naturais, com área de abrangência maior e escalas menores (SILVEIRA, 2004). No manejo de recursos naturais, a gestão de bacias hidrográficas tem sido referência constante na literatura, como área de extenso potencial para aplicações de geoprocessamento. É importante salientar que a metodologia aplicada ao estudo de bacias hidrográficas pode ser adaptada tanto nas bacias de grandes áreas como nas do espaço urbano. Na gestão de bacias hidrográficas, tanto urbanas quanto rurais, as aplicações podem ser elaboradas como um auxilio ao manejo da qualidade e quantidade de água, na identificação das fontes de poluição pontuais e difusas e na avaliação geral da bacia (SILVEIRA, 2004). Dentro do contexto do manejo dos recursos naturais poderemos citar um exemplo de aplicações em geoprocessamento o de impactos ambientais, onde diversos tipos de utilização de SIG podem ser citados na avaliação de impactos ambientais, tanto naturais como tecnológicos: a caracterização de locais para disposição final de resíduos sólidos, a avaliação de risco de transporte de materiais perigosos, a modelagem de fontes de poluição não pontuais, a determinação de locais para sistemas de tratamento de efluentes industriais, etc (SILVEIRA, 2004). CONSIDERAÇÕES FINAIS Como se pode verificar, o potencial de aplicabilidade do geoprocessamento na avaliação de impactos ambientais é enorme. O SIG tem grande potenciabilidade como um suporte de planejamento. A complexidade do estudo das interações entre as atividades antropicas do meio natural é estabelecida, em parte, pelas diferentes abordagens multidisciplinares que podem ser dadas a questão ambiental. Além disso, as informações disponíveis sobre uma determinada cena contêm dados multivariados, o que pode gerar dificuldades numa análise ambiental que vise à gestão de determinada área. A base de dados é dinâmica e deve sofrer uma constante atualização visto que dados se modificam em escalas espaciais e temporais (SILVEIRA, 2004). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SILVEIRA, V.F. Geoprocessamento como Instrumento de Gestão Ambiental. In: BRUNA, G.C.; ROMÉRO, M.A.; PHILIPPI Jr., A. (Editores) Curso de Gestão Ambiental. Barueri: Manole, 2004. PIRES, E.O. Avaliação do impacto ambiental e licenciamento: gestão ambiental V / Ewerton de Oliveira Pires, Heloisa de Camargo Tozato – São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. SILVA, E. Técnicas de avaliação de impactos ambientais. CPT, Viçosa – MG, 1999. MOREIRA, I.V.D. Avaliação de impacto ambiental. Rio de Janeiro, RJ: FEEMA/RJ, 1995. SILVA, E. Avaliação qualitativa de impactos ambientais do reflorestamento no Brasil. Viçosa, MG: UFV, 1994. Tese (Doutorado em Ciências Florestais) – Universidade Federal de Viçosa, 1994. IBAMA – INSTITUTO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS O conhecimento técnico cientifico voltado para instrumentos de planejamento e gestão ambiental. Brasília, 1994. GOODCHILD, M. My community, our earh: a student project guide to sustainable development and geography. California: ESPI Press Redlands, 2002. ROSA, P.F MC. Metodologia para análise espaço-temporal da expansão urbana através do geoprocessamento: uma aplicação para a cidade de Piracicaba – SP. Piracicaba: Instituto de Geociências e Ciências Exatas/UNESP; 1996.
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