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FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS ESPECTROANALÍTICOS Profa. Renata Luz UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Instituto de Ciência Exatas Departamento de Química Métodos Ópticos Baseia –se na interação da energia radiante com a matéria. Natureza da Energia Radiante revela uma dualidade essencial Em alguns aspectos suas propriedades são as de uma onda, enquanto em outros é evidente que a radiação consiste em uma série de pacotes de energia discretos (fótons) Introdução à Espectroscopia – Espectroscopia é uma técnica que usa a luz para (absorção ou emissão) obtenção de informações sobre as propriedades químicas e físicas de uma amostra. –Espectro padrão que se observa quando a luz é separada em suas diversas cores, ou bandas espectrais. Espectro da luz que são emitidos pelo sol e sua intensidade após atravessar a atmosfera e interagir com as substâncias químicas do ar. Introdução à Espectroscopia Como se usa a espectroscopia em química analítica? É uma ferramenta muito utilizada nas análises química (qualitativas e quantitativas). Análise espectroquímica identificar uma amostra ou medir substâncias químicas. Análise espectrometria aplicada para mensurar um espetro. Os métodos Espectrocópicos subdividem de acordo com o tipo de analito analisado: -Espetroscopia Molecular estuda analitos que sejam moléculas -Espectroscopia Atômica estuda átomos ou elementos Introdução à Espectroscopia A forma mais comum de classificar técnicas espectroscópica é fazê-lo de acordo com o tipo de radiação empregada e a maneira como a radiação interage com a matéria. Muito do que sabemos sobre a estrutura de átomos e moléculas vem do estudo de sua interação com a luz (radiação eletromagnética). Diferentes regiões do espectro eletromagnético fornecem diferentes tipos de informações como resultado de tais interações. Introdução à Espectroscopia Tipo de espectroscopia Faixa de comprimento de onda usual Faixa de número de onda usual, cm-1 Tipo de transição quântica Emissão de raios gama 0,005 – 1,4 Å – Nuclear Absorção, emissão, fluorescência e difração de raios-x 0,1 – 100 Å – Elétrons internos Absorção de ultravioleta de vácuo 10 – 180 nm 1x106 a 5x104 Elétrons ligados Absorção, emissão e fluorescência no UV/Visível 180 – 780 nm 5x104 a 1,3x104 Elétrons ligados Absorção no IV e espalhamento Raman 0,78 – 300 mm 1,3x104 a 33 Rotação/vibração de moléculas Absorção de microondas 0,75 – 375 mm 13 a 0,03 Rotação de moléculas Ressonância de spin eletrônico 3 cm 0,33 Spin de elétrons em um campo magnético Ressonância Magnética Nuclear 0,6 – 10 m 1,7x10-2 a 1x10-3 Spin de núcleos em um campo magnético As propriedades da luz Como a luz interage com a matéria? O que é a Luz? Os cientistas definem a luz como uma radiação eletromagnética, que é uma onda de energia que se propaga através do espaço com componentes de campo elétrico e também de campo magnético. A NATUREZA DA LUZ COMO ONDA As propriedades da luz Como a luz interage com a matéria? O que é a Luz? As propriedades da luz Há várias propriedades que podemos usar para descrever a luz como uma onda. Primeiro – velocidade em que a luz se desloca No vácuo, todas as formas de radiação eletromagnética - sejam microondas, luz visível ou raios gama - viajam na velocidade da luz, que é a velocidade com a qual todas as formas de radiação eletromagnética viajam no vácuo Essa velocidade é uma constante física representada pelo símbolo C, que no sistema SI é exatamente igual a 299.792.458 m/s Velocidade da luz em um meio que não o vácuo – V A relação entre essas duas velocidades fornece um parâmetro conhecido como índice refrativo (n) ou índice de refração. Definição de índice de refração: n = C/V As propriedades da luz Há várias propriedades que podemos usar para descrever a luz como uma onda. Primeiro – velocidade em que a luz se desloca - n = C/V Tipo de material ou meio Índice refrativo (n)* Estado de referência - vácuo 1,00000 (valor exato) Ar 1,0003 (250C, 1 atm ) Oxigênio 1,00027 (00C, 1 atm ) Água 1,333 (200C ) Vidro 1,575 Gelo 1,309 Poliestireno 1,55 O índice refrativo é característico ao material, e dependerá da concentração e da composição química de uma amostra (usado para identificação química) * Estes valores foram determinados usando-se a luz a partir da linha de sódio D em 589 nm. As propriedades da luzAs propriedades da luz Há várias propriedades que podemos usar para descrever a luz como uma onda. Segundo – comprimento de onda, É a distância entre cristas sucessivas (ou vales sucessivos). É medido em unidades de distância, como metros, nanômetros (1nm = 10-9 m) ou micrômetros (1mm = 10-6 m) ou angstrom Å (1 Å = 10-10 m ; 10 Å = 1 nm). As propriedades da luzAs propriedades da luz Há várias propriedades que podemos usar para descrever a luz como uma onda. Segundo – comprimento de onda, Unidade Símbolo Comprimento de onda (m) Tipo de radiação picômetro pm 10-12 raio gama angstrom Å 10-10 raios X nanômetro nm 10-9 raio x micrômetro mm 10-6 infravermelho milímetro milímetros 10-3 infravermelho centímetro cm 10-2 microondas metro m 10-0 rádio As propriedades da luzAs propriedades da luz Há várias propriedades que podemos usar para descrever a luz como uma onda. Segundo – comprimento de onda, O comprimento de onda da luz é inversamente proporcional a sua energia Um termo que é diretamente proporcional a energia é o número de ondas ( ) O número de ondas para qualquer tipo de luz é igual à recíproca do comprimento de onda, onde = 1/ (cm-1). As propriedades da luz Há várias propriedades que podemos usar para descrever a luz como uma onda. Terceira – frequência, Consiste no número de ondas (ou ciclos) que ocorrem em um determinado período de tempo A unidade de freqüência é o hertz (Hz), que corresponde a um ciclo por segundo. Isto é, 1 Hz = 1 ciclo.s-1. A frequência é uma propriedade característica da luz e independe do meio que percorre. Está diretamente relacionada com sua energia, onde a luz de alta frequência tem uma energia maior do que a luz de baixa frequência. As propriedades da luz Há várias propriedades que podemos usar para descrever a luz como uma onda. Correlação do comprimento de onda com a frequência Comprimento de onda, , longo e baixa frequência, Comprimento de onda, , curto e alta frequência, Mesmo comprimento de onda e mesma frequência do em (b), mas baixa amplitude. As propriedades da luz Há várias propriedades que podemos usar para descrever a luz como uma onda. O comprimento de onda e a frequência da luz podem se relacionar entre si por meio da velocidade da luz, como demonstram as seguintes relações = C/ (vácuo) ( 𝑚 𝑠 𝑥 1 𝑚 → 𝐻𝑒𝑟𝑡𝑧) = V/ (qualquer meio) → v = C/n. As propriedades da luz Propriedades da luz como uma Partícula- Fótons Em 1905, Albert Einstein, havia descoberto que os elétrons eram ejetados quando ‘partículas’de luz atingiam a superfície de certos materiais (efeito fotoelétrico) O termo fóton passou a ser usado para descrever essas partículas individuais de luz. A energia de um único fóton de luz (Efóton) pode ser relacionada com sua frequência (, uma propriedade de onda) usando-se a equação de Planck em que h é a constante de Planck (6,63 x10-34 J s). Observe que o número de onda e a freqüência, em contraste com o comprimento de onda, são diretamente proporcionais à energia do fóton. O comprimento de onda é inversamente proporcional à energia. 𝐸 = ℎ = ℎ𝑐 = ℎ𝑐 Medidas Espectroscópicas A amostra é geralmente estimulada aplicando-se energia na forma de calor, energia elétrica, luz, partículas ou por uma reação química. Antes de se aplicar o estímulo, o analito se encontra predominantemente em seu estado de energia mais baixo ou estado fundamental. O estímulo então resulta que algumas das espécies do analito sofrem uma transição para um estado de maiorenergia ou estado excitado. Medidas: - Quantidade de radiação eletromagnética emitida - Quantidade de radiação eletromagnética absorvida. Emissão de luz liberação de luz pela matéria. A emissão de luz ocorre quando , um átomo, um íon ou uma molécula passa de uma estado excitado para outro de menor energia fóton de luz, de átomos e outras espécies No caso de átomos e outras espécies químicas que emitem luz a partir do sol, esse estado excitado de energia é criado por energia térmica Emissão de luz liberação de luz pela matéria. Também é possível criar um estado excitado em uma substância química por outros meios , como por absorção de luz (fluorescência) ou por fornecimento de energia química (quimiluminescência- luminol). O fóton liberado terá uma energia exatamente igual à diferença de energia entre o estado inicial excitado da substância e seus estado final de menor energia. Emissão de luz liberação de luz pela matéria Absorção de luz definida como transferência de energia de um campo eletromagnético para uma entidade química (átomo ou molécula). Na espectroscopia de absorção, um feixe de radiação eletromagnética passa através de uma amostra. Grande parte da radiação passa pela amostra sem perda de intensidade. Em comprimentos de onda selecionados, no entanto, a intensidade da radiação é atenuada. Esse processo de atenuação é chamado absorção. O resultado da absorção de luz é que a intensidade dessa luz após deixar a amostra será menor do que seu valor original na energia ou no comprimento de onda que foi absorvido pela amostra. Diz que a luz remanescente que atravessou a amostra sofreu transmissão, que pode ser definida como a passagem de radição eletromagnética através da matéria sem que ocorra alteração na energia. Interação da Radiação com a Matéria A quantidade de luz que é transmitida somada à quantidade de luz que é absorvida pela amostra será igual ao total de luz que originalmente entrou na amostra. Interação da Radiação com a Matéria Exemplo: Espectros de absorção da clorofila a e da clorofila b (pigmentos que criam a cor verde em plantas e algas e que levam à absorção de luz para a fotossíntese). Analisando o gráfico, a luz que não é absorvida pelas clorofilas a e b entre 500 e 600nm que dá a esses pigmentos e plantas a sua cor verde/amarelo. Interação da Radiação com a Matéria Exercício: As interações da luz com a clorofila são usadas em sensoriamento remoto para o exame do teor de vegetais e de algas na terra e no mar. a) Quais comprimentos de onda da luz na figura da página anterior são os mais fortemente absorvidos pelas clorofilas a e b? Quais comprimentos de onda são os mais facilmente transmitidos por esses pigmentos? A maior absorção de luz para a clorofila a ocorre em cerca de 435nm e 660nm. A absorção de luz mais intensa para a clorofila b ocorre ao redor de 460 nm e 635 nm. Comprimento de onda entre 500 nm e 600 nm apresentam o maior grau de transmissão pelas clorofilas a e b. Pequenas diferenças nesses intervalos de comprimento de ondas estão presentes nos dois tipos de clorofila por causa de suas diferentes estruturas químicas, que criam pequenas diferenças em seus níveis de energia e nos tipos de luz que podem absorver. Interações Físicas entre a Luz e a Matéria b) Quais comprimentos de onda você escolheria se quisesse usar a absorção de luz para medir o teor das clorofilas a e b em uma amostra? Quais tipos de luz (ultravioleta, visível , etc) estariam presentes nesses comprimentos de onda? Se ignorássemos os efeitos de outras substâncias químicas na amostra, as medições das clorofilas a e b seriam mais bem realizadas usando-se os comprimentos de onda em que tais pigmentos absorveriam a luz mais intesamente (435 nm ou 660 para a clorofila a e 460 nm ou 635 nm para a clorofila b, o que representa a luz visível. Interação da Radiação com a Matéria Este efeito é bastante observado na natureza, na qual a cor de um objeto absorvente é determinada pelos tipos remanescentes de luz que são transmitidos ou refletidos pelo objeto. Um exemplo: a passagem de luz branca através de uma solução de sulfato de cobre indica que a luz azul está sendo transmitida, enquanto sua cor complementar (alaranjada) está sendo absorvida. A tabela mostra como outras cores podem ser criadas pela absorção de certos tipos de luz visível por uma amostra química Além de ser emitidos ou absorvidos, é possível que a luz interaja de outras maneiras com a matéria. Em muitos casos, ocorrem interações físicas que não afetam a energia ou a frequência da luz, mas, na verdade, afetam fatores como velocidade e direção. Essas interações físicas são importantes, e devem ser levadas em conta na utilização da luz em medições químicas. São elas: Reflexão: Ocorrerá sempre que uma onda atingir determinada superfície e voltar a propagar-se no meio de origem. A onda refletida manterá a velocidade, frequência e comprimento de onda iguais aos da onda incidente. Ocorre sempre que a luz encontra um limite entre duas regiões com índices refrativos diferentes, onde pelo menos parte da luz muda a direção de sua trajetória e retorna para o meio que estava percorrendo originalmente. Interações Físicas entre a Luz e a Matéria Reflexão A reflexão é usada em instrumentos analíticos para controlar a forma como a luz passa por dentro do instrumento. É usada em alguns tipos de espectroscopia para obter informações sobre uma amostra. Um exemplo em sensoriamento remoto é quando a reflexão da luz solar é utilizada por satélites para obter informações sobre a estrutura e a composição da superfície da terra. Interações Físicas entre a Luz e a Matéria Há dois tipos de reflexão: Reflexão especular ou regular– o limite entre duas regiões que causam a reflexão for uma superfície plana, a luz será refletida de um modo bem definido e reterá sua imagem original. O ângulo de reflexão (r) , da luz , nesse caso, será igual ao ângulo de incidência (i) , mas terá direção oposta Reflexão difusa– se o limite for áspero e irregular em vez de liso, a luz se refletirá em muitas direções e não reterá a imagem original. Bastante comum, e ocorre enquanto a luz se reflete em muitos objetos em nosso meio, como o solo, as árvores e os edifícios. O grau em que a luz será refletida em uma superfície dependerá da diferença relativa nos índices de refração em ambos os lados da superfície. Quanto maior for essa diferença, maior será a fração da luz refletida. Interações Físicas entre a Luz e a Matéria Interações Físicas entre a Luz e a Matéria Reflexão Especular Reflexão Difusa Reflexão especula e difusa A equação de Fresnel produz a fração de luz que será refletida ao penetrar no limite em um ângulo reto. PR/P0 = [(n2 – n1) 2/(n2 + n1) 2] P0 = poder radiante original ou `incidental`da luz PR = poder radiante da luz refletida PR/P0 = é fração da luz original versus a luz refletida Para limites que apresentam somente uma pequena diferença no índice de refração, como entre o vácuo no espaço e o ar, a fração de luz refletida será pequena, e a maior parte da luz passará pelo limite e penetrará o novo meio. Se uma grande diferença no índice refrativo estiver presente, como ocorre entre o ar ou o vidro, uma grande fração de luz será refletida. Interações Físicas entre a Luz e a Matéria Refração Ocorre quando a onda muda seu meio de propagação. Na refração, a velocidade de propagação da onda será alterada, pois a mudança de meio gera mudança no comprimento de onda. A frequência das ondas, por depender da fonte geradora, não é alterada na refração. Trata-se de um processo na qual a direção percorrida por um feixe de luz é alterada quando ela passa através de uma fronteira entre dois meios com índices de refração diferentes. n2>n1 o ângulo da trajetória da luz se inclinará em direção a normal, ou se afastará da normal se n2<n1 Interações Físicas entre a Luz e a Matéria Espalhamentousado em química e física para se referir à mudança no curso de uma partícula (como um fóton), causada por colisão com outra partícula (por exemplo, um átomo ou uma molécula) No espalhamento, a energia que incide em uma direção é espalhada ou desviada para outras direções, havendo a produção de radiação difusa. Um tipo comum é o espalhamento Rayleigh, ou espalhamento de partículas pequenas, que ocorre quando fótons de luz são espalhados por partículas como átomos ou moléculas que são menores que o comprimento de onda da luz. O processo de espalhamento também pode ser usado isoladamente como um meio de detectar e medir substâncias químicas (exemplo, detector de espalhamento de luz Evaporativo no HPLC, turbidimetria e nefelometria) Interações Físicas entre a Luz e a Matéria Espalhamento- Exemplo: espalhamento da luz solar por partículas e moléculas na atmosfera da terra Interações Físicas entre a Luz e a Matéria
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