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Caderno de Direito Empresarial 2010

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JULIO CESAR DE SOUZA
ARRAIAL DO CABO, 08 DE JUNHO DE 2010.
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DIREITO EMPRESARIAL
AULA 01 – FUNDAMENTOS DO DIREITO (21/02/2012)
O termo Direito provém da palavra latina directum, que significa reto.
O Direito tem sua definição nominal etimológica como sendo a qualidade daquilo que é regra. 
O Direito pode ser definido como aquilo que é mais adequado para o indivíduo que, vivendo em 
sociedade, tal direito deve compreender fundamentalmente o interesse da coletividade.
Segundo Kant, ”Direito é o conjunto de condições, segundo as quais, o arbítrio de cada um pode 
coexistir com o arbítrio dos outros de acordo com uma lei geral de liberdade”.
Para que a coletividade viva num bem estar comum, devem ser estabelecidas normas jurídicas 
que estejam para além do mero formalismo, Nos princípios da Ética, Ética é um conjunto 
sistemático de conhecimentos racionais e objetivos a respeito do comportamento humano moral. 
É a teoria ou ciência do comportamento moral do homem em sociedade.
ÉTICA
Parte de uma série de práticas morais e busca determinar a essência da moral, sua origem, as 
condições objetivas e subjetivas do ato moral, as fontes de justificação desses juízos e o princípio 
que rege a mudança e a sucessão de diferentes sistemas morais. Tem ainda como função 
fundamental, explicar, esclarecer ou investigar uma determinada realidade, elaborando conceitos 
correspondentes.
MORAL
A moral não é estática. É um fato histórico mutável e dinâmico que acompanha as mudanças 
políticas, econômicas e sociais e onde a existência de princípios absolutos se torna impossível. 
Segundo Vázquez (1984), surge da necessidade social dos indivíduos de interagirem em prol do 
bem comum de uma coletividade. Pode ser entendida também como um conjunto de normas e 
regras destinadas a regular as relações entre indivíduos de uma mesma comunidade. 
O Direito nasce para harmonizar não só os conflitos sociais e políticos do homem, mas também 
para compor, juntamente com a moral, o seu comportamento ético perante seus pares.
A empresa compõe o cenário de atuação de um ramo do Direito designado Direito Empresarial. 
O Direito Empresarial desdobra-se num dos ramos do Direito Privado e se estrutura por meio de 
um conjunto de normas, cujo objetivo é harmonia nas relações empresariais.
Obs.:
✔ Direito Positivo é conjunto de normas escritas para harmonizar a convivência social. 
✔ Pode-se afirmar quanto ao direito subjetivo que garante a aplicação da lei ao caso 
concreto, comporta uma garantia da harmonia na sociedade e transforma o direito em tese 
para o direito aplicado.
✔ O Direito Empresarial é um Direito autônomo com normas e princípios próprios. 
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AULA 02 – TEORIA DA EMPRESA E CONCEITO DE EMPRESÁRIO (04/03/2012)
Segundo a Teoria da Empresa, é considerado empresário quem exerce profissionalmente 
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. 
O empresário pode ser pessoa natural ou jurídica. 
Requisitos para a atividade empresarial:
Profissionalismo - O empresário deve exercer sua atividade de forma habitual e não esporádica.
Exercício da Atividade - O empresário exerce uma atividade, que é a própria empresa.
Economia - A busca do lucro na exploração da empresa.
Organização - Segundo Fábio Ulhoa Coelho, os fatores presentes na empresa são: o capital, a 
mão de obra, os insumos e a tecnologia.
Produção - A fabricação de mercadorias ou a prestação de serviços.
Circulação - A intermediação de mercadorias ou de serviços.
Empresário Individual
A pessoa natural que opta em abrir o seu próprio negócio individualmente, sem a constituição de 
sociedade com amigos ou conhecidos, é chamado de empresário individual.
Até o advento do novo Código Civil, sob a orientação da teoria dos atos de comércio, seu 
conceito técnico-jurídico era de comerciante. 
Hoje, independentemente do negócio ser relacionado à produção, circulação de bens ou serviços, 
o que importa é que a atividade fim tenha se concretizado por meio de uma atividade 
economicamente organizada (EMPRESA).
É realizada sob o comando do seu dono, agregando valores de produção para a realização da 
atividade final.
Algumas atividades permaneceram excluídas da nova conceituação de Empresário. 
“Art. 966 do Código Civil (...) Parágrafo único - Não se considera empresário quem exerce 
profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de 
auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.”
“Art. 972 - Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da 
capacidade civil e não forem legalmente impedidos.”
ATIVIDADES EXCLUÍDAS DA ATIVIDADE EMPRESARIAL 
Pela leitura do parágrafo único do artigo 966CC, conclui-se que as atividades intelectuais, as de 
natureza cientifica, artística e literária quando prestada com teor de pessoalidade pelo seu titular, 
serão atividades disciplinadas pelas normas do direito civil. 
Quando, porém, imperar a impessoalidade, entenda: o afastamento do profissional para a 
realização da atividade fim, que se concretiza por meio de empregados, maquinários, frotas etc. 
teremos as então atividades intelectuais, científicas, artísticas, literárias como sendo também 
enquadradas em práticas empresariais. 
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PRESSUPOSTOS PARA O REGULAR EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL 
O artigo 972 do Código Civil estabelece dois pressupostos de regularidade da atividade 
empresarial: 
1) o pleno gozo da capacidade civil e 
2) nenhum impedimento legal. 
A capacidade civil é um instituto do Direito Civil que estabelece a condição legal para a pessoa 
exerce atividade da vida civil e empresarial de forma autônoma. 
O critério adotado pelo sistema jurídico brasileiro para conferir a capacidade civil plena às 
pessoas naturais foi o parâmetro biológico, com isso todos nós nos tornarmos capazes civilmente 
para comprar uma casa ou vender um automóvel, sem a assistência dos pais, a partir dos 18 anos. 
É bem verdade que a regra apresente exceções, concentradas naqueles que não obstante a 
maioridade não possui discernimento para os atos do dia-a-dia, como, por exemplo, aqueles que 
são interditados pelos familiares. 
Outra questão fica por conta de algumas pessoas que, pelo instrumento da emancipação, se 
tornam capazes antes dos 18 anos. Nesses casos, a lei civil exige que elas tenham no mínimo 16 
anos completos. As situações que levam à emancipação estão previamente enumeradas pelo 
legislador no Código Civil no artigo 5º parágrafo único e, dentre outras hipóteses, temos a 
concessão pelos pais, tutor ou juiz; o casamento e exercer atividade empresarial com economia 
própria. 
Um menor de idade pode ser um empresário?
Em princípio, por não ter adquirido a capacidade civil plena, o menor não poderá exercer 
regularmente a atividade de empresário individual, exceto duas exceções.:
- Menor emancipado - Na emancipação, o menor com 16 anos completos pode adquirir a 
capacidade civil plena nas hipóteses previstas na Lei Civil.
- A empresa como objeto de herança para o menor.
Existe algum impedimento nas sociedades entre marido e mulher?
Há um impedimento chamado relativo. Pela Lei Civil,no seu artigo 977CC, ele determina que 
marido e mulher podem contratar sociedade entre si, desde que o regime de casamento não seja o 
da comunhão total ou da separação de bens obrigatória.
Tipos de sociedade formados e regidos pela Lei Civil
- Sociedade entre Cônjuges sob o regime de comunhão parcial de bens;
- Sociedade entre pessoas com união estável; e
- Sociedade entre pessoas com união estável.
- Outro tipo de sociedade é o casamento entre sócios, já que o impedimento legal estabelecido no 
Artigo 977CC não se estende para aqueles que já constituíram a sociedade e são designados 
sócios.
O que ocorre com a empresa que funciona mesmo existindo um impedimento legal?
O Artigo 973 do Código Civil determina que aquele que exercer atividade empresarial violando 
o impedimento legal para tal, responderá pelas obrigações contraídas.
Para cumprir as suas obrigações, o empresário deve registrar-se na Junta Comercial (É o órgão 
oficial encarregado da execução e administração dos serviços de registro) , manter escrituração 
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regular de seus negócios e levantar demonstrações contábeis periódicas.
O empresário e a sociedade empresária deverão adotar um sistema de contabilidade, mecanizado 
ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, de acordo com a documentação 
respectiva, devendo levantar, anualmente, o balanço patrimonial e o permanente.
AULA 3 – ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL, NOME EMPRESARIAL E DIREITO 
SOCIETÁRIO (04/03/2012)
Estabelecimento Empresarial é a reunião organizada dos bens corpóreos e incorpóreos para o 
exercício da empresa, por empresário ou por sociedade empresária.
Antes da Teoria da Empresa, este instituto era conhecido como Fundo de Comércio. Após o 
Código Civil, com a previsão no seu artigo 1.142CC, passou a ser classificado como 
Estabelecimento Empresarial ou Fundo de Empresa.
O trespasse consiste na venda do estabelecimento empresarial. Não podemos confundi-lo com a 
venda do ponto empresarial. 
No trespasse há alienação de todo o complexo de bens.
Na venda do ponto, subentende-se que a empresa somente mudará o local de exercício da sua 
atividade empresarial.
os elementos do estabelecimento empresarial.
Marcas dos Produtos
Nome Empresarial
Ponto e Locação Empresarial
Bens Incorpóreos
Bens Corpóreos.
Direito Societário
A grande relevância no estudo do Direito Societário é a personificação da sociedade que, ao 
invés dos sócios, atua nas relações jurídicas negociais. Isso faz com que a própria sociedade 
assuma e honre com as obrigações decorrentes da atividade empresarial.
atividade empresarial poderá ser exercida de duas formas:
Pelo empresário, individualmente.
Apresenta a tranquilidade na lucratividade individual, porém, tem-se o fantasma da 
responsabilidade ilimitada do empresário, que exerce sua atividade em nome próprio, 
respondendo com todo o seu patrimônio pelas dívidas contraídas.
Pela constituição de uma sociedade. 
É uma pessoa jurídica do direito privado que atende aos interesses de seus membros, atuando 
com objetivo de lucro, exercendo atividade economicamente organizada.
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AULA 04 – ATO CONSTITUTIVO DA SOCIEDADE E AGENTES SOCIETÁRIOS 
(04/03/2012)
O contrato social é o elemento constitutivo das normas estabelecidas entre os sócios e o 
documento que será levado ao Registro Público de Empresas Mercantis.
Sua elaboração deve obedecer as normas legais, contendo cláusulas que são essenciais para seu 
arquivamento na Junta Comercial como, por exemplo, o nome da sociedade, qualificação dos 
sócios, indicação da sede, dentre outros.
A doutrina estabelece elementos de validade para o contrato social e os classifica em elementos 
gerais e elementos específicos.
elementos comuns a qualquer ato jurídico
– Capacidade.
– Objeto Lícito
– Forma prescrita ou não defesa em lei.
elementos específicos do contrato social
– pluralidade dos socios
– participação nos resultados
– capital social
– afeectius societatis
os direitos e as obrigações dos agentes societários atuantes na sociedade.
DIREITOS DEVERES
participação nos lucros integralização do Capital inicial
Assumir a função de sócio administrador Participar das perdas. 
Fiscalizar os administradores das sociedades. Respeitas as cláusulas pactuadas no Contrato 
Social. 
Ter acesso aos dados contábeis. Prestar contas quando assumir a função de 
sócio 
Ter direito de retirada. administrador.
Deixam de ser sócios quando (resolução de um sócio perante à sociedade)
Já que o vocábulo “resolução” consiste na quebra do pacto estabelecido no contrato social por 
um dos sócios.
– morte
– forma voluntária
– cessão de cotas à terceiros
– exclusão
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AULA 05 – TIPOS SOCIETÁRIOS NO SISTEMA JURÍDICO BRASILEIRO
os tipos de sociedade
Sociedades Simples - Exercem uma atividade econômica ou não, porém, não organizada e 
adquirem personalidade jurídica quando fazem inscrição no Cartório de Registro Civil de 
Pessoas Jurídicas de sua sede.
Sociedades Empresárias - Têm por objeto o exercício da empresa e adquirem personalidade 
jurídica com o registro de seus atos constitutivos na Junta Comercial.
As sociedades não personificadas são divididas em dois grupos.
Sociedade em comum
- Não tem seus atos constitutivos inscritos no registro competente.
- Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em 
comum, ainda que irregular. 
- A responsabilidade dos sócios será solidária e ilimitada pelas obrigações sociais.
Sociedade em conta de participação
- Não tem personalidade jurídica, não possui firma social, nem se revela publicamente a 
terceiros. 
- Nela, figuram duas categorias de sócio: ostensivo e participante.
Sociedade Personificada Simples
A Sociedade Simples será constituída mediante contrato por escrito, devendo conter, além das 
cláusulas livremente pactuadas entre os sócios, alguns itens.
 Sociedade Personificada Empresária
Quanto à Responsabilidade dos Sócios – ilimitada, limitada e mista...
Quanto à Forma de Constituição e Dissolução – contratual (regulamentos) e institucional 
(estatuto social)
Sociedade em Nome Coletivo - é uma típica sociedade de pessoas, na qual todos os sócios têm 
responsabilidade, solidária e ilimitada, pelas obrigações sociais. Somente pessoas físicas podem 
participar, sejam empresárias ou não. 
Na Sociedade em Comandita Simples há duas categorias de sócios:
os comanditados – pessoa física com responsabilidade ilimitada...
e os comanditários – pessoa física ou jurídica com responsabilidade limitada...
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Aula 06 – Sociedade Limitada e Sociedade Anônima 
A Sociedade Limitada é considerada uma das sociedades mais usuais no Direito Brasileiro, já 
que a responsabilidade dos sócios está restrita ao valor de suas quotas, estabelecendo nítida 
separação entre o patrimônio pessoal dos sócios, que não podem seratingidos pelas obrigações.
Seu capital social é a contribuição inicial dos sócios para a formação da sociedade. 
O ato inicial para a contribuição do capital social representa uma manifestação de vontade em 
tornar-se sócio da sociedade, podendo a subscrição ocorrer de imediato ou em até 180 dias.
Limitada
Cada sócio responde pelo valor de sua quota-parte, mas todos são solidários pela integralização 
total do capital social.
Ilimitada 
O patrimônio dos sócios não pode se alcançado por dívidas contraídas pela sociedade.
Subsidiária 
Enquanto não esgotado o patrimônio social, não pode a execução recair sobre bens particulares 
dos sócios.
DIREITOS DEVERES
Participar no resultado social Integralização do capital social.
Contribuir para as deliberações sociais. Sigilo
Contribuir para as deliberações sociais. Lealdade
Retirar-se da sociedade. Informação
A Administração da Sociedade Limitada compete aos sócios determinados pelo contrato social 
ou a terceiros estranhos à sociedade. Assim, o administrador da sociedade limitada poderá ser 
sócio ou não, nomeado em contrato ou ato separado.
As deliberações dos sócios serão computadas conforme a participação destes na sociedade, 
podendo ser realizadas em assembléia ou reunião de sócios.
Sociedade Anônima
É regida pela Lei 6.404/76, usualmente utilizada para constituição de sociedade que necessita de 
grandes investimentos. Por disposição legal, será sempre mercantil, independentemente de seu 
objeto social. 
Seu Capital Social divide-se em ações, as quais representam valores mobiliários, que limitam a 
responsabilidade do acionista. O limite desta é o preço de emissão (subscrição).
Na Sociedade anônima aberta, os valores mobiliários estão em negociação no mercado de 
valores mobiliários, a cargo do mercado de balcão ou das bolsas de valores. Já na fechada, seus 
valores mobiliários não estão em negociação nesses mercados.
Bolsa de Valores - Pessoa jurídica de direito privado cuja função é ampliar o volume de negócios 
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nos mercados de capitais, operando a compra e venda de ações ou de outros valores mobiliários.
Mercado de Balcão - Opera emissão de valores mobiliários de companhia aberta, perante 
terceiros, por meio de um banco. Integra tanto o mercado primário como o secundário. 
Mercado Secundário - Opera a compra e venda de ações por intermédio das bolsas de valores. 
Mercado Primário - Opera a subscrição de valores mobiliários emitidos pela companhia.
A Sociedade Anônima poderá ser constituída por escritura pública ou particular, devendo em 
ambos os casos atender a certos requisitos
– Subscrição, de pelo menos, duas pessoas de todas as ações em que se divide o capital social.
– Realização inicial de 10%, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro.
– Efetivação do depósito da parte do capital em dinheiro no Banco do Brasil ou em outro 
estabelecimento bancário autorizado pela CVM. 
As ações representam uma parcela do capital social da companhia. 
Aquele que adquirir uma ação será considerado acionista. 
As ações possuem valores mobiliários, emitidos pela própria companhia com a finalidade de 
captar investidores. 
Ações 
Classificação quanto à natureza 
Ordinárias – Atribuem a seu titular os direitos comuns de um acionista, isto é, o direito a voto 
na assembleia geral. 
Preferenciais – Atribuem a seu titular certa vantagem, como o direito a dividendos mínimos de 
10% acima dos atribuídos às ações ordinárias. 
De fruição – São utilizadas para a amortização das ordinárias ou das preferenciais. A 
amortização consiste na distribuição aos acionistas, a título de antecipação e sem redução do 
capital social, dos direitos a que fazem jus, em caso de liquidação da companhia. 
Classificação quanto à forma 
Nominativas – Ações em que se declara o nome de seu proprietário em livro de registro de 
ações nominativas. 
Escriturais – Nelas não há emissão de certificado. São mantidas em conta de depósito, em nome 
de seus titulares, junto a uma instituição financeira. 
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Principais valores mobiliários 
Partes beneficiárias – Sem valor nominal e estranhas ao capital social, dão direito de crédito 
eventual contra a companhia na participação nos lucros, não podendo ser superior a 10%. 
Debêntures – Conferem a seu titular direito de crédito contra a companhia emissora, podendo 
ser conversíveis em ações. 
Bônus de subscrição – Conferem o direito de preferência em subscrever novas ações. 
Commercial papers – São idênticos às debêntures, diferenciando-se pelo vencimento: o 
commercial paper vence em 30 a 180 dias; a debênture, em 8 a 10 anos, em geral. 
Acionista 
É o titular de ação de uma companhia emissora. Seu dever principal é o de pagar o preço de 
emissão das ações que subscrever.
 
Direitos essenciais dos acionistas 
✔ participação nos lucros sociais; 
✔ participação no acervo da companhia, em caso de liquidação; 
✔ fiscalização da gestão dos negócios sociais; 
✔ direito de preferência na subscrição de novas ações ou valores mobiliários; 
✔ direito de retirada ou recesso. 
Órgãos da sociedade anônima 
Assembléia geral – Constitui um órgão deliberativo dos acionistas, podendo ser: 
• ordinária: realizada nos quatro primeiros meses do exercício seguinte, consiste 
basicamente em aprovar as contas relativas ao exercício social, encerrado em 31 de 
dezembro do ano anterior (art. 132, CC); 
• extraordinária: realizada a qualquer momento, conforme o quorum de instalação (art. 
135, CC). 
Quorum – O quorum de instalação da assembleia em primeira convocação será de 1/4 do capital 
votante, ou de 2/3 no caso de constar da ordem do dia a reforma do estatuto social, e em 
segunda, qualquer número. O quorum de deliberação é a maioria, exceto quando a lei determina 
quorum qualificado (arts. 136 e 129, LSA). 
Diretoria – É um órgão executivo composto, no mínimo, por dois membros, acionistas ou não, 
eleitos pelo conselho de administração ou pela assembleia geral, cuja finalidade, de modo geral, 
é representar legalmente a sociedade. 
Conselho de administração – É um órgão deliberativo composto, no mínimo, por três membros 
acionistas, eleitos pela assembleia geral com a finalidade de agilizar a tomada de decisões (art. 
140, LSA). É obrigatório nas sociedades anônimas abertas, de capital autorizado ou de economia 
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mista (arts. 138, § 2º, e 235, LSA). 
Administradores – Nessa condição inserem-se os membros da diretoria e do conselho fiscal 
(art. 145, LSA), e devem ser pessoas físicas residentes no país, desde que legalmente não 
impedidas (art. 146, LSA). Assim, são deveres dos administradores:
✔ diligência ou cuidado com os negócios da sociedade; 
✔ lealdade; 
✔ informação; 
✔ sigilo. 
Conselho fiscal – É composto por, no mínimo, três membros e, no máximo, cinco, acionistas ou 
não (arts. 161 e 162, LSA). Sua função é convocar, fiscalizar, denunciar e examinar os 
documentos da administração. 
Demonstrações financeiras 
Ao fim de cada exercício, compete à diretoria elaborar: 
✔ balanço patrimonial; 
✔ demonstração dos resultados; 
✔ demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; 
✔ demonstração das origens e aplicaçõesde recursos. 
Dissolução 
A dissolução da companhia poderá ocorrer: 
✔ de pleno direito; 
✔ por decisão judicial; 
✔ por decisão de autoridade administrativa competente. 
Liquidação 
A liquidação da companhia pode ser: 
✔ extrajudicial: determinada pelos órgãos da sociedade; 
✔ judicial: determinada por decisão judicial. 
Extinção 
A sociedade se extingue: 
✔ pelo encerramento da liquidação que se segue à dissolução; 
✔ pela incorporação; 
✔ pela fusão; 
✔ pela cisão com versão de todo o patrimônio para outras sociedades; 
✔ após a sentença declaratória de encerramento da falência. 
Modificação na estrutura da S/A 
Transformação – Ocorre quando a sociedade passa de um tipo societário para outro (art. 220, 
LSA). 
Incorporação – Ato pelo qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede 
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em todos os direitos e obrigações (art. 227, LSA). 
Fusão – Operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar uma nova, que lhe 
sucede em todos os direitos e obrigações (art. 228, LSA). 
Cisão – Ato em que a companhia transfere parcelas de seu patrimônio para uma ou mais 
sociedades (constituídas para esse fim ou já existentes), extinguindo-se a primeira cindida, se 
houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se seu capital, se parcial (art. 229, LSA). 
Deliberações dos sócios 
Assembléia – As decisões que comprometerem o funcionamento da sociedade limitada só 
podem ser tomadas em assembléia, regularmente convocada (art. 1.071, CC). 
Esta é obrigatória quando o número de sócios for superior a 10; quando inferior ou igual a 10, os 
sócios poderão pactuar o contrato que matérias serão deliberadas em reunião de sócios. Tanto a 
assembléia como a reunião poderão ser substituídas por um documento firmado entre os sócios. 
A assembléia instala-se em primeira convocação com o quorum de 3/4 do capital social e em 
segunda, com qualquer número. Assembléia geral pode ser: 
• ordinária: realizada nos quatro primeiros meses ao término de cada exercício anterior; 
• extraordinária: (arts. 1.071 e 1.076, CC): realizada sempre que houver necessidade, para 
deliberar assuntos de interesse da sociedade. 
Instalada a assembléia, os sócios deverão observar o quorum de deliberação: 
✔ para designação de administrador não-sócio, enquanto não integralizado o capital social: 
aprovação unânime; após sua integralização: no mínimo 2/3; 
✔ para destituição de sócio administrador: 2/3; 
✔ para modificação do contrato social, incorporação, fusão, dissolução: no mínimo 3/4; 
✔ nomeação de administrador extra, bem como sua remuneração ou destituição e pedido de 
concordata: 50% + 1 do capital; 
✔ nos demais casos, na forma da lei: 50% + 1 dos presentes. 
Conselho fiscal – Composto, no mínimo, por três membros e respectivos suplentes, sócios ou 
não, eleitos em assembléia ordinária para apreciar as contas dos administradores e deliberar 
sobre o balanço patrimonial e o resultado econômico. Constitui órgão facultativo. 
Dissolução da sociedade limitada 
A sociedade limitada pode ser dissolvida: 
✔ vencido o prazo de duração, salvo se, vencido este, e sem oposição de sócio, não entrar a 
sociedade em liquidação, caso em que será prorrogada por prazo indeterminado; 
✔ por consenso unânime dos sócios; 
✔ por deliberação por maioria absoluta dos sócios, na sociedade por prazo indeterminado; 
✔ por falta de pluralidade de sócios não reconstituída no prazo de 180 dias; 
✔ por extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar (art. 1.087, CC). 
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Aula 07 – Empresa e Relação com Consumidor
Consumidor – É toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como 
destinatário final.
Consumidor por Equiparação – A lei o equipara ao conceito de consumidor, podendo com isso 
o agente se valer das proteções das regras consumeristas. 
Fornecedor – É toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira e os 
entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, 
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos 
ou prestação de serviços. 
Produto – É qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
Serviço – É qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, 
inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária.
A relação de consumo é constituída pela relação jurídica composta pelos dois agentes atuantes 
nas relações de consumo: de um lado o consumidor e do outro a figura do fornecedor. 
Se um grande fornecedor no mercado demite o seu funcionário e não honra o pagamento das 
obrigações trabalhistas, temos uma relação jurídica entre os dois agentes (entendam: uma relação 
protegida pelo direito), mas as normas jurídicas aplicadas nesta questão não são de proteção ao 
consumidor, e sim da CLT que disciplina as relações trabalhistas. 
Dessa forma, até se tem na presença de um dos polos a figura do fornecedor, mas falta – para ser 
uma relação de consumo – a sua interação com o consumidor. 
A Política Nacional de Relações de Consumo está lastreada em determinados princípios.
 
Vulnerabilidade do consumidor. 
É a espinha dorsal da proteção ao consumidor, sobre o qual se assenta toda a linha filosófica do 
movimento. É induvidoso que o consumidor é a parte mais fraca das relações de consumo; 
apresenta ele sinais de fragilidade e impotência diante do poder econômico. Há reconhecimento 
universal no que tange a essa vulnerabilidade. Nesse sentido já se manifestou a ONU e sob esse 
enfoque o tema é tratado em todos os países ocidentais. No Brasil, a Constituição Federal 
reconhece claramente essa situação de hipossuficiência, ao declarar que o Estado promoverá a 
defesa do consumidor, de um lado assumindo a postura de garantidor, e, de outro, outorgando 
tutela a quem, filosoficamente, reconhece carecedor de proteção. 
Boa –fé . Espera-se das duas partes envolvidas na relação de consumo a boa fé no pacto firmado 
entre elas, ou seja, que não se negocie utilizando de torpeza e engano consciente em relação à 
outra parte. A má-fé vicia o negócio realizado e acarreta as indenizações pertinentes pelos danos 
causados as partes prejudicadas. 
Transparência. Os contratos devem ser firmados entre o consumidor e o fornecedor de forma 
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mais clara e direta possível, sem entrelinhas que conduzam à confusão de uma das partes. O 
Código de Defesa do Consumidor estabelece, nesses casos, a condução de entendimentos sempre 
favorável ao consumidor. 
Presença do Estado. O princípio da presença do Estado nas relações de consumo é, de certa 
forma, corolário do princípio da vulnerabilidade do consumidor, pois, se há reconhecimento da 
situação de hipossuficiência, de fragilidade e desigualdade de uma parte em relação à outra, está 
claro que o Estado deve ser chamado para proteger a parte mais fraca, por meio legislativo e 
administrativo, de sorte a garantir o respeito aos seus interesses. 
Harmonização de interesses. Interessa às partes, ou seja, aos consumidores e fornecedores, o 
implemento das relações de consumo, com o atendimento das necessidades dos primeirose o 
cumprimento do objeto principal que justifica a existência do fornecedor: fornecer bens e 
serviços. Colima-se, assim, o equilíbrio entre as partes. Por outro lado, a proteção ao consumidor 
deve ser compatibilizada com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, em 
face da dinâmica própria das relações de consumo, que não podem ficar obsoletas e entravadas, 
em nome da defesa do consumidor. Novos produtos e novas tecnologias são bem-vindos, desde 
que seguros e eficientes. 
Coibição de abusos. Deve-se garantir não só a repressão aos atos abusivos, como a punição de 
seus autores e o respectivo ressarcimento, mas também a atuação preventiva tendente a evitar a 
ocorrência de novas práticas abusivas, afastando-se aquelas que podem causar prejuízos aos 
consumidores, como a concorrência desleal e a utilização indevida de inventos e criações 
industriais. A coibição preventiva e eficiente dessas práticas representará o desestímulo dos 
potenciais fraudadores. A contrario sensu, a ausência de repressão, ou mesmo o afrouxamento, 
representará impunidade, e, pois, estímulo. 
Incentivo ao autocontrole. Apesar do Estado interpor-se como mediador nas relações de 
consumo, procurando evitar e solucionar os conflitos de consumo, não deve, por outro lado, 
deixar de incentivar que tais providências sejam tomadas pelos próprios fornecedores, mediante 
a utilização de mecanismos alternativos por eles próprios criados e custeados. Essa é a solução 
ideal e significa modernização das relações de consumo. De três maneiras pode-se dar o 
autocontrole. Em primeiro lugar, pelo eficiente controle da qualidade e segurança de produtos 
defeituosos no mercado, o que refletirá na diminuição ou eliminação de atritos com o 
consumidor. Em segundo lugar, a prática de recall, ou seja, a convocação dos consumidores de 
bens produzidos em série e que contenham defeitos de fabricação que possam atentar contra a 
vida e a segurança dos usuários, arcando o fornecedor com as despesas de substituição das peças 
defeituosas. Há o reconhecimento do defeito, mas ao mesmo tempo ele é sanado pelo próprio 
fabricante, sem prejuízo ou custo para o consumidor1. E, em terceiro lugar, pela criação, pelas 
empresas, de centros ou serviços de atendimento ao consumidor, resolvendo diretamente a 
reclamação ou queixa apresentada contra seu produto ou serviço. 
stica utilizou-se largamente do recall, notando-se que a partir de 1991, cresceu enormemente no 
País o número de convocações dirigidas aos consumidores, por montadoras nacionais e 
estrangeiras, o que pode ter ocorrido tanto pela conscientização do fabricante como pelo efeito 
da vigência do CDC. 
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Conscientização do consumidor e do fornecedor. Se o que se busca é o equilíbrio nas relações 
de consumo, para que se atendam às necessidades do consumidor e o interesse do fornecedor, 
sem grande conflituosidade, é natural que a maior conscientização das partes no que toca aos 
seus direitos e deveres conduzirá fatalmente a esse objetivo. Pode-se adiantar que, quanto maior 
for o grau de conscientização das partes envolvidas, menor será o índice de conflito nas relações 
de consumo. Por conscientização entende-se a educação, formal e informal, para o consumo, 
bem como a informação do consumidor e do fornecedor. 
Responsabilidade Fato e Vício do Produto ou Serviço
Ao diferenciar obrigação de responsabilidade, constatamos que, em toda obrigação há um dever 
jurídico originário; já na responsabilidade há um dever jurídico sucessivo.
O Código de Defesa do Consumidor estabeleceu obrigações para o justo equilíbrio na relação de 
consumo, imputando responsabilidades na hipótese de descumprimento das obrigações 
consignadas na legislação consumerista. Atribui a quem fornece um produto ou serviço 
defeituoso a obrigação de reparação dos danos causados aos consumidores. (É a chamada 
responsabilidade objetiva, que o art.12 e art.14 do CDC. expressam o dever do fornecedor em 
indenizar “independentemente da existência de culpa”).
O Contrato nas Relações de Consumo.
Apesar do Código de Defesa do Consumidor não tipificar os contratos, norteia princípios para a 
boa condução de um contrato entre consumidor e o fornecedor. 
O termo cláusulas abusivas do contrato concretiza as interpretações dos Tribunais acerca das 
cláusulas leoninas.
Veja as práticas empresariais de consumo
Oferta - A evolução das relações de consumo conduziu à necessidade de novo tratamento 
atinente à oferta e publicidade. (Os requisitos da oferta estão elencados no art. 31. Sendo a oferta 
o momento antecedente da conclusão do ato de consumo, deve ser precisa e transparente o 
suficiente para que o consumidor, devidamente informado, possa exercer o seu direito de livre 
escolha).
A escassa regulamentação pressupunha a igualdade das partes e tinha presente o entendimento de 
que a oferta se dava entre pessoas determinadas: proponente e aceitante. 
Fruto dessa insuficiência normativa e da constatação de que a oferta nas relações de consumo 
poderia dar-se entre pessoas indeterminadas, alcançando tanto o consumidor efetivo (aquele que 
atua adquirindo produtos ou serviços), como o potencial (aquele que está propenso a consumir 
ou exposto às práticas de consumo, como oferta, publicidade e práticas abusivas), verificou-se 
que este último também merecia proteção especial da lei. 
Requisitos da Oferta 
As informações devem ser verdadeiras e corretas, guardando correlação fática com as 
características do produto ou serviço, redigidas em linguagem clara, lançadas em lugar e forma 
visíveis. Além disso, devem ser escritas em língua portuguesa. 
Em caso de oferta por telefone ou reembolso postal há um requisito extra: para possibilitar a 
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responsabilização, o nome do fabricante e seu endereço deverão constar obrigatoriamente da 
embalagem, publicidade e impressos utilizados na transação comercial (art. 33).
Propaganda Enganosa - leva o consumidor ao erro ou ao engano na aquisição do produto ou do 
serviço.
Propaganda Abusiva – Anuncia o produto por meios de ferramentas que venham a agredir os 
bons costumes ou incitam a discriminação racial, a violência, a inocência das crianças, dentre 
outros mecanismos.
Os Publicitários diferenciam a propaganda da publicidade, estabelecendo que a propaganda 
possui caráter ideológico e a publicidade o caráter negocial-comercial, sendo que a publicidade 
possui sentido mais estreito (mais comercial). As regras que proíbem a propaganda enganosa 
estão previstas no art. 36, p. único e art. 37 §§ ambos do CDC. 
O conceito de publicidade enganosa ou abusiva está expresso na lei , nos §§ 1º e 2º do art. 37 do 
CDC.
Defesa do Consumidor em Juízo 
Na defesa do consumidor em juízo, pretende-se aplicar medidas eficazes para efetivar os direitos 
instituídos no Código. Era preciso fortalecer o consumidor não apenas na celebração do contrato, 
como também em juízo. A palavra defesa não trás apenas seu sentido restrito, de contestação, 
resposta, trata de defesa lato sensu. 
No que concerne a defesa do consumidor, o código assegura tanto a defesa individual como 
coletiva, portanto, tudo aplicável no individual cabe também ao coletivo. O tempo mostra que as 
lesões não são pulverizadas e sim massificadas, sendo assim, não se faz possível julgar essas 
macro lesões, lesões emmassa como micro lesões. Cada vez mais a demanda átomo, como é 
chamada à defesa individual, é substituída pela demanda molécula, defesa coletiva. 
Em regra a relação processual atua em três áreas : acesso ao judiciário( justiça gratuita); defesa 
de direitos coletivos ( predominância das ações coletivas sobre as individuais), como fenômeno 
da massificação das lesões e o ressarcimento pelo dano sofrido. 
No que se refere à defesa individual, o legislador dispôs algumas regras para fortalecê-lo: 
a. Competência das ações (Art. 101, I). A ação tem que ser proposta no domicílio do Autor. Ou 
seja, entre as cláusulas abusivas está aquela em que o contratado designa um foro distante do 
domicílio do contratante para dirimir dúvidas ( foro de eleição), com o evidente propósito de 
dificultar seu acesso à justiça. 
b. Vedação da denunciação da lide (Arts. 88 e 101,II). Pois tem-se que esta tumultua o processo, 
por inserir um outro gerando o embate entre o lidedenunciante e o lidedenunciado, sendo assim 
tardaria a ação. O regresso, quando cabível, procederá em ação autônoma. 
c. Assegurar o uso de toda e qualquer ação (Art. 83). Não há no C.D.C um rol de ações 
especificas à relação de consumo, ou seja, qualquer ação presente no direito positivo pode ser 
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movida, ampliando assim os horizontes do consumidor. 
d. Execução específica da obrigação de fazer ou não fazer (art 84, §4 C.D.C, transpassado do 
art.461 do CC). Essas execuções específicas derivam de um caso que tornou-se corriqueiro em 
nosso direito. Até a promulgação do presente código, o fornecedor que se negasse a fazer, 
sofreria conseqüentemente ação de perdas e danos desprendendo mais tempo para o fornecedor 
executar o serviço ou entregar o produto tão necessário ao consumidor. O diploma, no referido 
artigo inovou ao delegar poderes ao juiz, podendo hoje, aplicar multas diárias compelindo o 
fornecedor a fazer o que lhe compete. Sendo assim, a regra de converter ação de obrigação de 
fazer ou de não fazer em perdas e danos deixa de ser regra e torna-se exceção, e a culminação de 
astreinte (multa diária) não impede essa conversão. 
e. Inversão do ônus da prova. Que opera: ope judice, (art.6,VIII) ou ope legis, determinada por 
lei, quanto à publicidade (art.38). 
f. Desaguar as demandas de consumo nos J.E.C.s (art. 5º IV) . Atualmente noventa por cento das 
causas nos Juizados Especiais Cíveis, dizem respeito à relação consumerista. 
g. Assistência Jurídica (art. 5º,I) . E esta se faz integral e gratuita, para o consumidor carente de 
recursos financeiros, como já era garantido pela Lei 1.060/50. 
h. Garantia do Hábeas Data (art.43, §4.º) . A segurança constitucional ( art. 5º , LXXII e 
LXXVIII da CF) se repete, é um direito que assiste ao consumidor, ir a cadastros e bancos de 
dados, ver tudo que consta a seu respeito. 
i. Ação coletiva erga omnes (art.103). A extensão das ações coletivas, quando procede, 
estendem-se às ações individuais. 
j. Defesa coletiva (demanda molecular) (art.81). Esta sim, a grande novidade deste inovador 
código, em prol do princípio da igualdade entre as partes. A demanda molecular aumenta a força 
política do lado mais fraco, que geralmente é o consumidor. O C.D.C. não foi o pioneiro desta 
idéia de defesa coletiva, surgiu com a ação civil pública, porém o que o Código defensor dos 
consumidores faz é abrir o leque, implantando mais órgãos capacitando-os a moverem tais ações. 
Mais sobre Contratos nas Relações de Consumo
Em regra, os pactos estão consubstanciados num contrato escrito, mas a rotina do dia-a-dia, por 
vezes, banaliza contratos realizados entre os consumidores e fornecedores sem a devida 
formalização, como por exemplo, a compra de um pão na padaria pela manhã, ou então, a 
locação de um vídeo na locadora do bairro, são da mesma forma que ou contratos escritos, 
protegidos pelas leis consumeristas. 
O grande vilão, no entanto, desses instrumentos de acordo, chama-se clausula abusiva, onde pelo 
poderio econômico, financeiro e jurídico de muitos fornecedores, os contratos incluem nos seus 
textos cláusulas que violam a igualdade de tratamento entre as partes, causando com isso, um 
desequilíbrio econômico a ponto de causar um dano patrimonial ao bolso do consumidor.
Já se foi a época de que o jargão “contrato é lei entre as partes” era absoluto e sinônimo da 
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assinatura da sentença de morte de um dos contratantes, a figura da função social dos contratos , 
operante no século XIX, nos traz a possibilidade da sua revisão quando um fato inesperado , 
irreversível e imprevisível causar onerosidade extrema a uma das partes. É a conhecida teoria da 
imprevisão aplicada nas relações contratuais.
O Código do Consumidor prevê no art. 6, IV, como direito básico do consumidor, a proteção 
contra cláusulas contratuais abusivas, assegurando assim o equilíbrio entre as partes num 
determinado contrato de consumo. 
Verifica-se assim, a necessidade de tutelar a parte mais fraca na relação de consumo, em 
decorrência dos inúmeros abusos praticados em detrimento do consumidor. 
Dentro do contexto de sempre clarear as convenções entre o consumidor e o fornecedor, 
recentemente o Código de Defesa do Consumidor foi alterado pela lei 11.785 de 20 de setembro 
de 2008, do sentido de conferir o tamanho 12, no mínimo, das letras digitadas nos contratos 
escritos. 
Outra novidade , fica por conta a nova lei que disciplina os serviços de call centers, em vigor 
desde 1º de Dezembro de 2008 o Decreto de nº 6.523/08, que regulamenta a Nova Lei dos call 
centers, que dentre outras mudanças disciplina que as empresas de telefonia, planos de saúde e 
até as televisões por assinatura terão - no máximo - 1 minuto para atender um cliente. As 
instituições bancárias, porém, terão limite de 45 segundos de espera. 
Princípios da Relação de Consumo 
Vulnerabilidade do consumidor. É a espinha dorsal da proteção ao consumidor, sobre o qual se 
assenta toda a linha filosófica do movimento. É induvidoso que o consumidor é a parte mais 
fraca das relações de consumo; apresenta ele sinais de fragilidade e impotência diante do poder 
econômico. Há reconhecimento universal no que tange a essa vulnerabilidade. Nesse sentido já 
se manifestou a ONU e sob esse enfoque o tema é tratado em todos os países ocidentais. No 
Brasil, a Constituição Federal reconhece claramente essa situação de hipossuficiência, ao 
declarar que o Estado promoverá a defesa do consumidor, de um lado assumindo a postura de 
garantidor, e, de outro, outorgando tutela a quem, filosoficamente, reconhece carecedor de 
proteção. 
Boa –fé . Espera-se das duas partes envolvidas na relação de consumo a boa fé no pacto firmado 
entre elas, ou seja, que não se negocie utilizando de torpeza e engano consciente em relação à 
outra parte. A má-fé vicia o negócio realizado e acarreta as indenizações pertinentes pelos danos 
causados as partes prejudicadas. 
Transparência. Os contratos devem ser firmados entre o consumidor e o fornecedor de forma 
mais clara e direta possível, sem entrelinhas que conduzam à confusão de uma das partes. O 
Código de Defesa do Consumidor estabelece, nesses casos, a condução de entendimentos sempre 
favorável ao consumidor. 
Presença do Estado. O princípio da presença do Estado nas relações de consumo é, de certa 
forma, corolário do princípioda vulnerabilidade do consumidor, pois, se há reconhecimento da 
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situação de hipossuficiência, de fragilidade e desigualdade de uma parte em relação à outra, está 
claro que o Estado deve ser chamado para proteger a parte mais fraca, por meio legislativo e 
administrativo, de sorte a garantir o respeito aos seus interesses. 
Harmonização de interesses. Interessa às partes, ou seja, aos consumidores e fornecedores, o 
implemento das relações de consumo, com o atendimento das necessidades dos primeiros e o 
cumprimento do objeto principal que justifica a existência do fornecedor: fornecer bens e 
serviços. Colima-se, assim, o equilíbrio entre as partes. Por outro lado, a proteção ao consumidor 
deve ser compatibilizada com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, em 
face da dinâmica própria das relações de consumo, que não podem ficar obsoletas e entravadas, 
em nome da defesa do consumidor. Novos produtos e novas tecnologias são bem-vindos, desde 
que seguros e eficientes. 
Coibição de abusos. Deve-se garantir não só a repressão aos atos abusivos, como a punição de 
seus autores e o respectivo ressarcimento, mas também a atuação preventiva tendente a evitar a 
ocorrência de novas práticas abusivas, afastando-se aquelas que podem causar prejuízos aos 
consumidores, como a concorrência desleal e a utilização indevida de inventos e criações 
industriais. A coibição preventiva e eficiente dessas práticas representará o desestímulo dos 
potenciais fraudadores. A contrario sensu, a ausência de repressão, ou mesmo o afrouxamento, 
representará impunidade, e, pois, estímulo. 
Incentivo ao autocontrole. Apesar do Estado interpor-se como mediador nas relações de 
consumo, procurando evitar e solucionar os conflitos de consumo, não deve, por outro lado, 
deixar de incentivar que tais providências sejam tomadas pelos próprios fornecedores, mediante 
a utilização de mecanismos alternativos por eles próprios criados e custeados. Essa é a solução 
ideal e significa modernização das relações de consumo. De três maneiras pode-se dar o 
autocontrole. Em primeiro lugar, pelo eficiente controle da qualidade e segurança de produtos 
defeituosos no mercado, o que refletirá na diminuição ou eliminação de atritos com o 
consumidor. Em segundo lugar, a prática de recall, ou seja, a convocação dos consumidores de 
bens produzidos em série e que contenham defeitos de fabricação que possam atentar contra a 
vida e a segurança dos usuários, arcando o fornecedor com as despesas de substituição das peças 
defeituosas. Há o reconhecimento do defeito, mas ao mesmo tempo ele é sanado pelo próprio 
fabricante, sem prejuízo ou custo para o consumidor1. E, em terceiro lugar, pela criação, pelas 
empresas, de centros ou serviços de atendimento ao consumidor, resolvendo diretamente a 
reclamação ou queixa apresentada contra seu produto ou serviço. 
Conscientização do consumidor e do fornecedor. Se o que se busca é o equilíbrio nas relações 
de consumo, para que se atendam às necessidades do consumidor e o interesse do fornecedor, 
sem grande conflituosidade, é natural que a maior conscientização das partes no que toca aos 
seus direitos e deveres conduzirá fatalmente a esse objetivo. Pode-se adiantar que, quanto maior 
for o grau de conscientização das partes envolvidas, menor será o índice de conflito nas relações 
de consumo. Por conscientização entende-se a educação, formal e informal, para o consumo, 
bem como a informação do consumidor e do fornecedor. 
 
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Responsabilidade Fato e Vício do Produto ou Serviço 
Responsabilidade Civil Objetiva e Subjetiva do Fornecedor 
Leciona Sérgio Cavalieri filho a respeito da distinção entre obrigação e responsabilidade, 
afirmando que a “Obrigação é sempre um dever jurídico originário; responsabilidade é um dever 
jurídico sucessivo, consequência à violação do primeiro”. Ilustra o jurista Cavalieri, que “Se 
alguém se compromete a prestar serviços profissionais a outrem, assume uma obrigação, um 
dever jurídico originário. Se não cumprir a obrigação(deixar de prestar os serviços), violará o 
dever jurídico originário, surgindo daí a responsabilidade, o dever de compor o prejuízo causado 
pelo não cumprimento da obrigação. 
O Código do Consumidor chegou a elencar causas de exclusão de responsabilidades em numerus 
clausus(art.12,§ 3º e art. 14 § 3º), buscando assim não permitir que a parte obrigada ao dever 
jurídico, pudesse eximir da sua responsabilidade, aventurando outras causas de exclusão. 
Consigna o CDC. a responsabilidade civil objetiva do fornecedor pelo fato do produto/ serviço, 
no qual o fabricante, contrutor, o produtor, importador e os prestadores de serviços respondem 
independentemente da existência de culpa pela reparação dos danos causados ao consumidores 
por defeitos nos produtos/serviços ofertados ao mercado de consumo(art.12, art. 14 do CDC). 
Na responsabilidade objetiva não é necessário a demonstração subjetiva da culpa, em outras 
palavras: mesmo não tendo agido com culpa, o fornecedor deve indenizar os danos que seus 
produtos e serviços venham causar ao consumidor. 
Destarte, a responsabilidade do fornecedor do produto e do serviço é objetiva, significando que o 
fornecedor será responsabilizado pelo dano provocado pelo produto ou serviço, mesmo que não 
tenha agido com negligência, imprudência ou imperícia, (culpa). 
É relevante consignar, que a responsabilidade dos profissionais liberais o Código do Consumidor 
não atribuiu a responsabilidade objetiva e sim a responsabilidade subjetiva, ou seja: a 
responsabilidade com culpa, expressando a norma jurídica do consumidor no art. 14, § 4 do 
CDC: 
“art. 14. A responsabilidade pessoal do profissionais liberais será apurada mediante a verificação 
de culpa.” 
A Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço 
O CDC distingue as responsabilidades por danos causados aos consumidores pelo fato do 
produto ou serviço, denominados acidentes de consumo da responsabilidade pelos vícios de 
qualidade ou quantidade dos produtos ou serviços. 
A responsabilidade pelo fato do produto acarreta um dano ao consumidor ou terceiros como, por 
exemplo, o refrigerante que explode nas mãos de consumidor, ocasionando uma lesão nas mãos. 
Neste caso a responsabilidade é daquele fabricante, o produtor, o construtor, nacional / 
estrangeiro ou importador do produto será direita e independentemente da existência de culpa, 
pela reparação dos danos causados ao consumidor por defeitos decorrentes de projeto, 
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fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento 
de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e 
riscos. 
O fabricante, o construtor, o produtor ou importador, no entanto, não será responsabilizado 
quando provar: 
I - que não colocou o produto no mercado; 
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; 
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
O intermediador do produto, ou seja, o empresário que atua noramo do varejo, agindo com o 
repasse da mercadoria, a princípio não será responsável pelo dano causado ao consumidor, isso 
porque a responsabilidade sobre o fato do produto/serviço atua no campo da produção do bem. 
No entanto, há casos em que o intermediador apresentará responsabilidade pelos danos causados 
ao consumidor, dispõe o artigo 13 do CDC: 
“Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: 
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser 
identificados; 
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, 
construtor ou importador; 
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.” 
Já as hipóteses de responsabilidade pelo vício de qualidade produto e serviço bem como do vício 
de quantidade estão previstas nos art. 18 usque 20 do CDC., considerados vícios de qualidade 
por inadequação do produto/serviço. 
Não se pode deixar de considerar que os vícios de adequação, previstos nos arts. 18 e segs. do 
Código de Defesa do Consumidor, suscitam uma desvantagem econômica para o consumidor, 
mas a perda patrimonial não ultrapassa os limites valorativos do produto ou serviço defeituoso, 
na exata medida da sua inversibilidade ou imprestabilidade. 
Nas duas modalidades – responsabilidade sobre o fato/vício do produto - basta o consumidor 
provar a existência do fato(produto ou serviço com vício) e do nexo causal(que o dano foi 
provocado em decorrência do produto ou serviço). 
Contrato de Adesão 
Verificamos no conceito de contrato de adesão, que o consumidor não possui o direito de 
liberdade de escolha das cláusulas contratuais, sendo estas pré-redigidas e impostas pelo 
fornecedor de produtos ou serviços. Nessa linha de entendimento é correta a premissa que nos 
contratos de adesão há a liberdade de contratar, todavia inexiste a liberdade contratual, razão da 
tutela da norma consumerista, buscando mitigar cláusulas abusivas. 
O Direito do Consumidor de Proteção contra Cláusulas Abusivas 
Na relação de consumo, limitações vão surgir no tocante ao contrato firmado entre as partes. 
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Obrigatoriamente deverão observar, sob pena de nulidade da cláusula, os princípios mencionados 
e, principalmente, o da transparência que permite ao consumidor, inclusive, amplo e pleno 
conhecimento das condições reguladoras do negócio. 
Diante dos conflitos de consumo, que surgem a cada dia entre o fornecedor e o consumidor, 
verifica-se o desequilíbrio entre as partes, em face da submissão, por exemplo, a uma cláusula 
abusiva (dado o princípio da imutabilidade do contrato); ou mesmo a uma prática comercial 
abusiva ditada pela parte mais forte, demonstrando a manifesta vantagem excessiva. Surge assim 
a necessidade do intervencionismo estatal, permitindo inclusive a revisão das cláusulas 
contratuais pactuadas em razão do abuso, que implica lesão ao direito do consumidor. 
Os contratos de adesão são muitas vezes contratos de consumo, nos quais os fornecedores 
impõem cláusulas abusivas aos consumidores. 
AULA 08 – TÍTULOS DE CRÉDITO
Título de Crédito é todo documento que o portador necessita ter em mãos para poder exigir ou 
provar o seu direito de crédito contra aquele que assinou o título, dentro dos limites dos valores, 
datas e segurança de vícios contidos nesse título.
Os atributos do Título de Crédito são: 
✔ literalidade - Somente será considerado o que nele estiver escrito.
✔ Cartularidade - É o documento por uma cártula (papel). Para o possuidor exercitar os 
direitos decorrentes do crédito, é necessária sua apresentação. 
✔ Autonomia - Representa uma independência nas relações obrigacionais que se firmam 
no próprio título. 
A inserção do papel nas relações entre empresários e empresários e consumidores se deu na 
idade média como uma das formas de viabilizar o mercado de compra e venda de mercadoria nas 
grandes feiras da época bem como, amenizar a prática de saques àqueles que trafegavam entre as 
cidades para aquisição de mercadoria fora do seu município. 
Daquele período até os dias atuais, pode-se afirmar que o mundo não vive sem as relações 
cambiárias. 
A presença de documentos que venham temporariamente substituir o dinheiro em espécie 
propicia a realização do negócio atendendo assim, interesses das partes envolvidas. 
Veja como os Títulos de Crédito são classificados.
Ele têm características:
✔ negociabilidade;
✔ força executiva;
✔ formalismo.
Quanto ao modelo:
Livres: não existe um padrão definido para sua confecção, podendo ser emitidos de forma livre, 
observados os requisitos da lei. Exemplos: nota promissória e letra de câmbio.
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Vinculados: a lei atribuiu um padrão específico, não permitindo sua livre confecção. Exemplos: 
cheque e duplicata.
Quanto a Estrutura:
Promessa de Pagamento: o título apresenta duas relações jurídicas, o emitente – sacador – e o 
beneficiário – tomador. Exemplo: nota promissória.
Ordem de Pagamento: título em que há três relações jurídicas: a do sacador – que dá a ordem; a 
do sacado – destinatário da ordem; e a do tomador – beneficiário da ordem. Exemplos: cheque e 
duplicata.
Quanto a Circulação
Ao portador: títulos em que o emitente não identifica seu beneficiário. Estão praticamente 
abolidos desde o início dos anos 90.
Nominativos: títulos em que o emitente identifica o beneficiário, registrando-o em livro próprio. 
Exemplo: ações nominativas das S/A.
À ordem: títulos passíveis de endosso, em branco (lança-se a assinatura sem indicar a favor de 
quem se endossa) ou em preto (endosso com indicação do nome do beneficiário).
Quanto à Emissão:
Não causais: títulos cuja criação independe de uma origem específica. Exemplos: nota 
promissória e cheque.
Causais: necessitam de uma origem para sua criação. Exemplo: duplicata mercantil.
Vamos estudar agora os Agentes Cambiários.
Agentes Cambiários são as pessoas envolvidas nas relações cambiárias que, de acordo com a 
sua posição, apresentam direitos e obrigações diferenciadas.
✔ Sacador – aquele titular que emite o título de crédito.
✔ Sacado - quem é indicado a pagar o título.
✔ Aceitante – o sacado que aceita a indicação de pagar o título.
✔ Avalista – terceiro que garante o pagamento daquele obrigado a pagar o título.
✔ Endossante – aquele que transfere os direitos contidos no título para um endossatário.
✔ Beneficiário – aquele que recebe a quantia estabelecida no título.
Conheça os Institutos Cambiários.
Aceite – A letra de câmbio é uma ordem de pagamento dada pelo sacador em face no sacado. E 
este não é obrigado a obedecer à ordem contra sua vontade; somente após o ato do aceite o 
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sacado estará vinculado ao cumprimento da obrigação cambial. 
Endosso – É o ato cambial pelo qual o credor de um título de crédito com cláusula “à ordem” 
transfere seus direitos a uma terceira pessoa. Dessa forma, produzem-se dois efeitos: 
transferência e coobrigação. O endosso pode ser em branco ou em preto, devendo ser puro e 
simples, sendo nulo o endosso parcial (art. 12, LU). 
Cessão de crédito – O portador do título cambial pode não permitirsua circulação por endosso, 
inserindo, assim, cláusula “não à ordem”. Com tudo, o título ainda poderá circular, utilizando-se 
da cessão civil, em que o cedente transfere o crédito a um terceiro, o cessionário. 
Aval – É o ato cambial pelo qual o avalista se compromete a garantir o pagamento do título de 
crédito em favor do avalizado. Ao contrário do endosso o aval pode ser total ou parcial, isto é, o 
avalista garante o pagamento de toda a importância avalizada ou apenas de uma parte. 
Vencimento – É o ato cambial pelo qual se opera a exigibilidade da letra, podendo ocorre: à 
vista – quando o sacado recebe o título, devendo honrar, imediatamente a obrigação; a certo 
termo da data – o vencimento começará a ser contado da emissão da letra; a certo termo da vista 
– o prazo para contagem do vencimento ocorrerá somente a partir do visto ou do aceite do 
sacado; a dia certo – quando as partes estipulam um dia certo e determinado para seu 
vencimento. 
A falta ou recusa de aceite, a falência do sacado ou a falência do aceitante poderão ensejar seu 
vencimento por antecipação. 
Protesto – É o ato solene e formal pelo qual se comprova o descumprimento de uma obrigação. 
Encontra-se regulado pela Lei 9.492/97. Os prazos para protesto da letra de câmbio poderão 
variar conforme a obrigação assumida pelo devedor: por falta de aceite – a letra deve ser 
entregue a protesto findo o prazo de apresentação para aceite, ou no dia seguinte, se o sacado a 
recebeu para aceite; por falta de pagamento – a letra deve ser apresentada a protesto no prazo de 
dois dias úteis após seu vencimento.
Veja agora as modalidades de títulos de Crédito.
Letra de Câmbio – É uma ordem de pagamento à vista ou a prazo pela qual o sacador dirige-se 
ao sacado para que este pague determinada importância a uma terceira pessoa.
É regulada pela Lei 57.663/66 e parcialmente pelo Decreto 2.044/08 (Lei Uniforme). 
São partes da letra de câmbio: o sacador – aquele que dá a ordem para pagamento; o sacado – a 
quem a ordem é dirigida; o tomador – o beneficiário da ordem. 
Nota Promissória – É uma promessa direta de pagamento dada pelo devedor em favor do 
credor.
Quando emitida, enseja duas relações jurídicas: emitente ou sacador – aquele que se compromete 
a pagar; beneficiário ou tomador – aquele a quem assiste o direito de receber. Aplica-se à nota 
promissória a legislação da letra de câmbio no que couber. 
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Prazos para a apresentação – A letra deve ser apresentada a protesto no prazo de 
dois dias úteis após seu vencimento. A inobservância do prazo acarretará a perda do direito 
contra os coobrigados, endossantes e seus avalistas. 
Ação cambial e prescrição – O prazo prescricional para a propositura da a ação 
cambial da nota promissória será: contra o emitente e seu avalista, de três ano, a contar do 
vencimento; contra os endossante e seus avalistas de um ano, a contar do protesto; dos 
endossante, uns contra aos outros, e contra o emitente, de seis meses, a contar do dia em que o 
endossante pagou a nota. 
Cheque – É uma ordem de pagamento à vista, emitida contra um banco, mediante fundos 
disponíveis do emitente, em poder do sacado, proveniente de depósito ou de contrato de abertura 
de crédito. 
Previsto na Lei 7.357/85 (Lei do Cheque), estabelece as seguintes relações jurídicas: sacador ou 
emitente – aquele que dá a ordem; sacado ou banco – a quem a ordem é dirigida; tomador ou 
portador – o beneficiário da ordem. 
Aceite – O cheque não admite aceite, apesar de uma ordem de pagamento, uma vez 
que o banco (sacado) não é o devedor da relação jurídica. 
Endosso – Assim como na letra de câmbio e na nota promissória, o cheque admite 
endosso e produz os mesmos efeitos já vistos. Aval – O pagamento do cheque pode ser garantido 
no todo ou em parte, por aval prestado por terceiro exceto o sacado ou o mesmo pelo signatário 
do título. 
Modalidades:
Cheque visado – O sacado, a pedido do emitente ou do portador legitimado, lança e 
assina, no verso do título, visto, certificado ou declaração de suficiência de fundos para fins de 
liquidação (só pode ser emitido de forma nominativa e não endossável – art. 7º, LC); 
Cheque Administrativo - é emitido pelo próprio sacado para liquidação em uma de 
sua agências; 
Cheque Cruzado – tem dois traços transversais e paralelos no anverso do título ( art. 
44, LC); 
Cheque para se levar em conta – o emitente ou portador legitimado proíbe o 
pagamento do título em dinheiro, mediante inscrição transversal, no verso do título da cláusula 
“para se creditado em conta”, ou outra equivalente. 
Prazo para apresentação - O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar 
do dia da emissão, no prazo de trinta dias, quando emitido na mesma praça, e sessenta dias, 
quando emitido em praça diversa no exterior. 
Prazos para protesto – O cheque deverá ser apresentado para protesto a cartório no 
prazo de 30 dias, a contar da emissão, quando emitido na mesma praça, e 60 dias, em praça 
diversa. 
Ação cambial e prescrição – A ação de execução do cheque prescreve em seis 
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meses, contados da expiração do prazo de apresentação (art. 59, LC). Por sua vez, a ação de 
regresso de um obrigado ao pagamento do cheque contra o outro prescreve em seis meses, 
contados do dia em que o obrigado efetuou o pagamento ou do dia em que foi acionado. 
Duplicata – é um título de crédito de origem brasileira que tem a finalidade de documentar as 
operações mercantis. 
Regulada pela Lei 5.474/68 (Lei das Duplicatas), é um título causal, pois só pode ser emitida 
para documentar uma compra e venda mercantil ou uma prestação de serviço. Representa uma 
ordem de pagamento que estabelece as seguintes relações jurídicas: sacador ou vendedor; sacado 
ou comprador; tomador ou vendedor. 
Aceite – A duplicata deverá ser enviada ao sacado para aceite, reconhecendo a 
exatidão das informações e da obrigação de pagar. O aceite é obrigatório; o devedor se obriga ao 
pagamento ainda que não assine a letra. O prazo para remessa da duplicata será de 30 dias, 
contados da emissão, quando emitida pelo próprio sacador. O comprador poderá liberar-se da 
obrigação de aceitar somente nas hipóteses previstas no art. 8º da LD: avaria ou não recebimento 
das mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por sua conta e risco; vícios, defeitos e 
diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, devidamente comprovados; 
divergência nos prazos ou nos preços ajustados. 
Endosso – A duplicata circula livremente, isto é, admite endosso e produz os 
mesmos efeitos da legislação cambiária. 
Aval – O pagamento da duplicata poderá ser assegurado por aval, sendo avalista 
equiparado àquele cujo nome indicar. 
Prazo para protesto – A duplicata será entregue a cartório para protesto dentro de 
30 dias, a contar de seu vencimento. A duplicata é protestável por: falta de aceite; falta de 
devolução; falta de pagamento. O protesto será tirado conforme o caso, mediante apresentação 
da duplicata, da triplicata ou por simples indicações do portador, na falta de devolução. Caso o 
portador não tire o protesto da duplicata em forma regular e dentro de 30 dias, contados da data 
de seu vencimento, perderá o direito de regresso contra os endossantes e seus avalistas (art. 13, § 
4º, LD). 
Duplicata de prestação de serviço – Os prestadores de serviços poderão emitirfatura e duplicata para documentar as obrigações assumidas entre o sacador e o sacado. 
Ação cambial e prescrição – A ação cambial é um meio processual pelo o qual o credor visa a 
satisfazer os direitos decorrentes de um título. O portador da letra deverá ingressar com a ação 
cambial em tempo hábil, sob pena de supressão do direito pelo decurso do tempo. Assim, o prazo 
prescricional será: contra o aceitante e seu avalista, de três anos a contar do vencimento; contra 
os endossantes e seus avalistas e contra o sacador, de um ano, a contar do protesto; dos 
endossantes, uns contra os outros, e contra o sacador, de seis meses, a contar do dia em que o 
endossante pagou a letra ou em que ele próprio foi acionado. 
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AULA 09 – CONTRATOS EMPRESARIAIS
Os contratos empresariais, como o próprio nome sugere, referem-se a contratos que envolvem 
relação entre empresários. 
Os contratos entre particulares, exceto os do trabalho, se submetem a dois regimes: civil e de 
tutela de consumidores. Os contratos empresariais especificamente formam a relação jurídica dos 
empresários entre si, haja vista as demais relações apresentarem dispositivos legais próprios 
como as normas de consumidor, trabalhistas e tributárias.
Eles possuem as características de acordo com o seu tipo de pacto.
Algumas características próprias do contrato de compra e venda não se aplicam, por exemplo, 
aos de locação. 
No entanto, algumas características são comuns a todos os contratos, tais como: ser realizado 
entre - no mínimo – duas pessoas diferentes, o pacto contratual vincular as partes contratantes a 
um elenco de direitos e deveres, o contrato dispor sobre um objeto que pode se traduzir numa 
obrigação de dar, fazer ou não fazer. 
Os contratos são norteados por vários princípios.
Por meio deles, conseguimos atuar no mundo jurídico sem que nenhuma das partes seja 
lesionada pelo pacto firmado. Conheça os princípios dos contratos.
Princípio da Liberdade de Contratar
Princípio da Relatividade Contratual
Princípio da Força do Contrato
Princípio da Boa Fé
Principio da Igualdade entre as Partes
classificação dos contratos
 
unilateral: apenas uma das partes possui obrigações (ex.: contrato de mútuo); 
bilateral: ambas as partes possuem obrigações (ex.: compra e venda mercantil); 
consensual: nasce da simples manifestação de vontade dos contratantes (ex.: o contrato de 
compra e venda mercantil, o qual estará perfeito e acabado logo que as partes acordem no preço, 
na coisa e nas condições); 
real: além da simples manifestação de vontade, é necessária a entrega da coisa (ex.: contrato de 
mútuo bancário); 
solene: firma-se a partir da emissão de um documento; 
comutativo: as partes conseguem prever como será executado (ex.: contrato de representação 
comercial); 
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aleatório: as partes não conseguem prever, no início da contratação, como será executado (ex.: 
contrato de dívida de jogo); 
típico: os direitos e deveres dos contratantes estão previstos em lei; 
atípico: os direitos e deveres dos contratantes não estão previstos em lei. 
modalidades de Contratos
Compra e Venda
Principais obrigações do vendedor: 
✔ transferir o domínio da coisa; 
✔ responder por vícios; 
✔ responder por evicção. 
Principais obrigações do comprador: 
✔ pagar o preço; 
✔ receber a coisa. 
Espécies de Compra e Venda Mercantil 
Compra e venda pura e simples – É a que produz seus efeitos mediante o consentimento das 
partes, as quais não se subordinam a qualquer evento posterior. 
Compra e venda por atacado – O comprador adquire mercadoria em grande escala, não a 
revendendo em pequenas quantidades. 
Compra e venda por varejo – O comprador adquire a mercadoria, mesmo que em grande 
quantidade, distribuindo-a em pequenas parcelas. 
Contrato de escambo – É a mais antiga modalidade de compra e venda. As partes trocam 
mercadorias entre si. 
Contrato de consignação ou estimatório – O consignante entrega bens móveis ao 
consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando ao consignante o preço ajustado no 
prazo estabelecido, ou pode restituir a coisa consignada. 
Contrato Mútuo
Uma das partes empresta à outra coisa fungível, com a obrigação de restituí-la, quando 
reclamada, ao mesmo gênero, quantidade e qualidade. O contrato assume o caráter mercantil 
quando o mutuário for empresário e a coisa mutuada derive de causa mercantil. 
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Mandato Empresarial 
Contrato em que um empresário (mandante) confia à determinada pessoa (mandatário), a gestão 
de um ou mais negócios. A procuração é o instrumento do mandato. 
Responsabilidades do mandante e do mandatário – O mandante será responsável pelos atos 
praticados pelo mandatário se estes estiverem em conformidade com os poderes a ele atribuídos. 
O mandatário responderá perante o mandante se exceder os poderes do mandato, causar 
prejuízos a terceiros ou incorrer em culpa, dolo, simulação e negligência. 
Extinção do mandato mercantil – O mandato mercantil extingue-se: 
✔ pela revogação ou pela renúncia; 
✔ pela morte ou interdição de uma das partes; 
✔ pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes ou o mandatário a 
exercê-los; 
✔ pelo término do prazo; 
✔ pela conclusão do negócio. 
Comissão Mercantil 
Contrato em que uma das partes (comissário) se obriga a praticar atos em nome próprio, por 
conta de outra (comitente) 
Responsabilidade do comissário – O comissário não responde pela insolvência das partes com 
quem contratou, exceto nos casos de culpa ou se do contrato constar a cláusula “del credere”, 
pela qual o risco do descumprimento das obrigações transfere-se do comitente para o comissário. 
Extinção – A comissão mercantil extingue-se: 
✔ pela revogação ou pela renúncia; 
✔ pela morte ou interdição de uma das partes; 
✔ pela mudança de estado que inabilite o comitente a conferir os poderes ou o comissário a 
exercê-los; 
✔ pelo término do prazo; 
✔ pela conclusão do negócio. 
Representação Comercial 
Segundo Frans Martins, “entende-se por contrato de representação comercial aquele em que uma 
parte se obriga, mediante remuneração, a realizar negócios mercantis, em caráter não eventual, 
em favor de outra. A pessoa que se obriga a agenciar propostas ou pedidos em favor da outra tem 
o nome de representante comercial; aquela em favor de quem os negócios são agenciados é o 
representado”. 
Rescisão do contrato – Quando firmado por prazo indeterminado, pode ser denunciado por 
qualquer uma das partes. Se existe há menos de seis meses, não cabe nenhuma indenização. Se 
vigora há mais tempo, só pode ser rescindido sem culpa das partes, mediante aviso prévio de 30 
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dias pelo interessado ou pagamento da indenização correspondente, devidamente calculada pela 
média das comissões recebidas nos três últimos meses. Havendo culpa do representado, o valor 
mínimo devido ao representante

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