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1 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 INTRODUÇÃO • Taxa anual de hospitalização para qualquer tipo de sangramento digestivo nos EUA: 350/100000. > 1.000.000 hospitalizados / ano. • Taxa de mortalidade: 2-10%; • Maior incidência entre homens e idosos. • 80% irá parar espontaneamente. • Ressangramento eleva em 10 vezes a mortalidade. CLASSIFICAÇÃO Tempo: aguda, crônica − Obscura: referia-se antigamente quando o paciente tinha uma endoscopia e colono normais. − Hoje em dia, a obscura ainda existe, mas é quando não conseguimos identificar a origem do sangramento após toda avaliação do TGI. Topografia: alta, média (delgado) e baixa Volume: − Leve: < 20% da volemia; − Moderada: 20-40%; − Maciça: > 40%. REPERCUSSÃO DA HEMORRAGIA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS – HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA Sangramento digestivo alto refere-se a perda sanguínea originária proximalmente ao ligamento de Treitz. Pode manifestar-se como: • Hematêmese; • Vômito em “borra de café”. • Extravasamento sanguíneo em SNG; • Melena; • Hematoquezia – em sangramentos maciços. • Sangue oculto +. ETIOLOGIAS DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA Engloba a úlcera gástrica e a úlcera duodenal. Fatores de risco: − AINH; − H. pylori; − Estresse físico – exemplo: pós cirúrgico, politraumatizados, queimaduras. Primeira imagem: úlcera na pequena curvatura do corpo; Segunda imagem: kissing úlceras – na parede duodenal: superior e anterossuperior; Terceira imagem: sangramento ativo em jato em uma úlcera gástrica. O sangramento é mais grave nos pacientes com úlcera duodenal. − Principalmente da parede posterior com correlação anatômica com a artéria gastroduodenal. 2 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 EROSÕES GASTRODUODENAIS Fatores de risco: − Etanol; − AINH; − Estresse físico; − AAS. ESOFAGITES / ÚLCERAS ESOFÁGICAS 2ª maior causa de HDA. Fatores de risco: − DRGE severo; − Distúrbios da motilidade – exemplo: acalásia; − Corpo estranho – por contato direto ou pela lesão que o corpo pode fazer na mucosa (exemplo: espinha de peixe). VARIZES ESOFÁGICAS − Hipertensão portal; − Estigmas de hepatopatia crônica. Cordões varicosos. Primeira imagem: cordões varicosos com estigmas de sangramento recente. Segunda imagem: Varizes tortuosas, calibrosas de coloração “arrocheada”. Terceira imagem: Varizes com sangramento ativo. Para ter varizes esofagogástricas, seja só esofágica, esofagogástrica ou gástrica isolada, o paciente precisa ter uma hipertensão portal. A hipertensão portal está muito relacionada com hepatopatia crônica. SÍNDROME DE MALLORY-WEISS − Laceração da mucosa do esôfago distal ou logo abaixo da junção esofagogástrica. − Mais comum em: • Alcoolistas e gestantes. Relacionado com o esforço repetitivo e vômitos. − 80 – 90% das vezes cessa espontaneamente. Não tendo necessidade de uma endoscopia terapêutica. Setas verdes: laceração superficial da mucosa. SÍNDROME DE DIEULAFOY − Variação congênita (má formação) de artéria calibrosa com um trajeto anômalo até a submucosa, geralmente, na parte alta do fundo gástrico. 3 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 − Lesão focal, com sangramento arterial. − Não há presença de lesão ulcerosa. − Hemorragia gástrica maciça. Não tem lesão ulcerada junto ao jato de sangue. ANGIECTASIAS / ECTASIAS VASCULARES − Malformações arteriovenosas (Rendu-Osler); − Rara causa de hemorragia digestiva aguda, mais comum crônica − Sangramento geralmente discreto. Primeira imagem: watermelon stomach. Segunda imagem: gastropatia. Terceira imagem: angiectasias. PÓLIPOS ESOFÁGICOS / GÁSTRICOS / DUODENAIS Os pólipos também podem gerar hemorragia. Imagem 1: pólipo esofágico junto da transição esofagogástrica. Pólipo inflamatório – pode fazer hemorragia em pequena quantidade. Imagem 2: pólipo gástrico. Imagem 3: pólipo duodenal pediculado (pedículo grosso). NEOPLASIAS Sangramento geralmente não é grave. Tumor do esôfago gerando estenose. Primeira imagem: tumor do fundo gástrico. Segunda imagem: tumor do corpo gástrico. Terceira imagem: tumor gástrico. ÚLCERAS ANASTOMÓTICAS Pós gastroplastias / gastrectomias parciais. Geralmente essas úlceras são de origem isquêmica. Terapêutica: hemostasia. Imagem 2: gastroplastia com uma grande ulceração e um sangramento ativo. HEMOBILIA Sangramento que ocorre das vias biliares (hemusucus pancreaticus). Papila duodenal com extravasamento de sangue: 4 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 HEMORRAGIA DIGESTIVA MÉDIA Sangramento digestivo médio (ou do intestino delgado) refere-se a perda sanguínea originária distalmente ao ligamento de Treitz e proximalmente à válvula ileocecal. Pode manifestar-se como: − Melena; − Enterorragia; − Hematoquezia; − Sangue oculto +; − Anemia ferropriva inexplicada. Representa 5% das hemorragias do TGI. ETIOLOGIAS HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA Sangramento digestivo baixo refere-se a perda sanguínea originária distalmente ao ligamento de Treitz. Ou, mais recentemente, abaixo da válvula ileocecal. Pode manifestar-se como: − Melena (cólon direito, principalmente); − Enterorragia; − Hematoquezia; − Sangue oculto +. 5 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 Divertículo com sangramento ativo. Foi realizado a hemostasia, paciente teve alta 2 dias depois sem intervenção cirúrgica. DIAGNÓSTICO História e exame físico: − Procedência, aspecto do sangue e quantidade. A procedência do paciente é importante, pois ele pode vir de uma área endêmica de esquistossomose, que aumenta a chance de hipertensão portal. Ou uma área endêmica de hepatite B ou C em que tem uma maior chance do paciente ter uma cirrose. Aspecto do sangue: com isso você consegue saber a probabilidade de ser um sangramento alto ou baixo. Quantidade: estimar a perda do paciente. − Episódios anteriores, sintomas prévios e uso de medicamentos (exemplo: AINES). Episódios anteriores: lembrar de causas que podem ter sangramento recorrente como úlcera péptica, varizes esofágicas, uso de anti-inflamatórios. Sintomas prévios: tentar identificar uma patologia de base. Exemplo: pirose e regurgitação sem o uso de IBP, as vezes, o paciente pode ter uma doença por refluxo erosivo severo com úlcera e teve sangramento. − Doenças e cirurgias prévias (gastrostomia, gastroplastia, bariátrica...). − História de endoscopia ou colonoscopia prévia (perguntas se estava tudo bem, se teve diagnóstico de alguma doença, por exemplo, Doença de Crohn). − Emagrecimento; − Pirose/regurgitação (lembrar de DRGE); − Vômitos prévios; − Etilismo / estigma de hepatopatia crônica; − Icterícia (hepatopatia crônica); anemia; estado nutricional; massa abdominal. − Diarreia associada (causas infecciosas e inflamatórias); − Dor anal; tenesmo (tumorações, doenças orificiais e parasitoses); − Toque retal (caracterizar o sangramento – melena, sangue vivo...). CUIDADOS Falsa hematêmese: ocorre quando o paciente com sangramento de vias aéreas superiores ou de boca, que é ingerido e acumulado no estômago, apresenta náuseas e vômitos com sangue vivo ou digerido. Hemoptise: ocorre quando o sangue eliminado pela boca é proveniente do aparelho respiratório. A hematêmese é precedida de náuseas, o que não acontece com a hemoptise, que, geralmente, é precedida por tosse. Quando o paciente com HDA aguda apresenta história de aneurisma de aorta ou de cirurgia com enxerto aórtico, deve-se considerar a possibilidade de a mesma ser devida a uma fístula aortoentérica até prova em contrário. Mimetização de hemorragia digestiva: epistaxes, sangramentos dentários e de amigdalas, bebidas ou alimentos vermelhos (por exemplo, beterraba), medicamentos contendobismuto ou ferro. − Sangramento vaginal e hematúria intensa podem confundir com sangramento vivo pelo reto. EXAMES COMPLEMENTARES − Hemograma, coagulograma, função hepática e renal, tipagem sanguínea (pensando em uma possível transfusão). − Anuscopia. − Endoscopia: EDA, CPRE (avaliação das vias biliares), enteroscopia (push e profunda), colonoscopia, cápsula endoscópica, retossigmoidosocpia, enterografia por TC ou RNM. 6 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 − Arteriografia (0,5 – 1,5 ml/min). − Cintilografia (0,2 ml/min). − Cirurgia. FATORES DE MAL PROGNÓSTICO CONDUTA CARDIM: • C = caracterização ou confirmação da perda. • A = avaliação da perda sanguínea. • R = reanimação do paciente. • DI = diagnóstico etiológico. • M = medidas terapêuticas específicas. CARACTERIZAÇÃO OU CONFIRMAÇÃO − Lavagem gástrica; − Lavagem intestinal; − Teste com H2O2. − Toque retal. − Visualização direta. AVALIAÇÃO DA PERDA Classificar: leve, moderada ou maciça. Critérios: − Clínicos: • Palidez, cianose, astenia, lipotimia, choque. • Pulso, pressão arterial. − Laboratoriais: • Contagem de hemácias; • Dosagem da hemoglobina; • Determinação do hematócrito. AVALIAÇÃO DO VOLUME PERDIDO CLASSIFICAÇÃO DA INTENSIDADE REANIMAÇÃO DO PACIENTE A: Vias aéreas; B: Respiração; C: Circulação. Acessos venosos calibrosos e/ou profundos (subclávia) ou dissecção de artéria. Reposição volêmica: soro fisiológico, coloides, transfusão sanguínea (após tipagem): • Concentrado de hemácias: ▪ Hb < 9: idosos / comorbidades. ▪ Hb < 7: jovens. • PFC: TAP > 1,5. • Plaquetas: < 50000. SNG para lavagem gástrica na HDA – controverso. 7 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 REANIMAÇÃO DO PACIENTE Indicação de UTI: − Hipovolemia severa; − Choque; − Hematêmese / melena persistente; − Coagulopatia; − Insuficiência renal; − Idosos / múltiplas comorbidades; Exames laboratoriais – acompanhamento do paciente: (hemograma, TAP, Ur, Cr, Na, K, glicose) e controle Ht/Hb. Realização de escores de risco de ressangramento e mortalidade. ESCORE DE ROCKALL • ≥ 8 = ressangramento de 53,1%. ▪ Mortalidade de 41,1%; • ≤ 2 = baixo risco para desenvolver efeitos adversos. ▪ 4,3% ressangramento / 0,1% mortalidade. DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO PRECOCE Exame de primeira escolha: endoscópico. MEDIDAS TERAPÊUTICAS ESPECÍFICAS EDA: nas primeiras 24h, após admissão hospitalar, SEMPRE, preferencialmente nas primeiras doze horas. Se tiver uma úlcera péptica realizar a classificação de Forrest. − Importância: determina a necessidade de terapêutica endoscópica ou não naquele momento. Forest IA-IIB: Omeprazol 80mg EV em bôlus + 40mg EV 12/12h por 72h. OU Omeprazol 80mg EV em bôlus + 6-8mg/h BIC (bomba de infusão contínua) EV por 72h. Forest IIC-III: Omeprazol 40mg VO 12/12h. Alta precoce. TERAPÊUTICA ENDOSCÓPICA 8 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 Se o paciente tiver varizes esofágicas: • Ocreotide: reduz ressangramento (vasoconstrição esplâncnica). • Ocreotide 50 g/h por 72h. • Existe ainda: terlepressina ou vasopressina. Como medidas endoscópicas temos a: − Esclerose: injeta substâncias nas varizes para cessas o sangramento. − Ligadura elástica: anéis elásticos que são acoplados no dispositivo, aspira-se a varizes para dentro do aparelho e dispara uma borrachinha que estrangula o cordão varicoso. BALÃO DE SENGSTAKEN-BLAKEMORE Medida extrema – arcaica. Se você tentou fazer um EDA e não conseguiu ver nada, pois estava cheio de sangue. Você passa pelo nariz do paciente vai até o estômago, insufla o estomago e traciona para ele prender no fundo gástrico. Depois insufla a parte esofágica para caso seja uma variz do esôfago distal vai fazer compressão. Método mecânico, não pode ficar mais de 12 horas, pois pode fazer isquemia. SINAIS DE RESSANGRAMENTO − Palidez/sudorese; − Aumento da FC; − Queda da PVC – pressão venosa central; − Queda da PA sistólica; − Hematêmese. TERAPÊUTICA CIRURGICA − Indicações: − Falha de retratamento endoscópico (paciente sangrou, fez hemostasia e paciente teve um novo sangramento). − Não disponibilidade de embolização arterial. − Persistência da hemorragia com dificuldade de manutenção da estabilidade hemodinâmica e/ou úlcera maior que 2cm na primeira endoscopia. − Necessidade de hemotransfusão de metade ou mais da volemia estimada nas primeiras 24h. 9 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 FLUXOGRAMA DO MANEJO DA HDA Os guidelines recomendam a associação de 2 métodos, para diminuir o ressangramento. FLUXOGRAMA DO MANEJO HDB E HDM 10 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 EDA TERAPÊUTICA - HEMOSTASIA Úlcera sangrando – Forest IA. EDA TERAPÊUTICA – PLASMA ARGÔNIO Angiectasia. EDA TERAPÊUTICA - HEMOCLIP Coto vascular visível. EDA TERAPÊUTICA - LIGADURA
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