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Qual o momento metabólico favorável ao catabolismo de aminoácidos? Necessidade metabólica de degradação desses aminoácidos atrelados à gênese dos marcadores de função renal. Existem 4 possíveis respostas à essa pergunta: 1. Dieta hiperproteica – uma vez que não ocorre estoque de proteínas corporais tem-se o favorecimento de uma estimulação desse catabolismo (degradação) de aminoácidos. 2. Dieta normoproteica – se caracteriza pela ocorrência do catabolismo de aminoácidos, onde tem-se um equilíbrio nitrogenado e por ocasião de não se estocar aminoácidos existe a tendência de favorecimento do catabolismo (de uma forma mais equilibrada). 3. Jejum – situação que merece atenção especial. Nessa situação ocorre uma intensa degradação de proteínas de modo a gerar aminoácidos livres e favorecer o catabolismo desses aminoácidos que cumprem diferentes destinos metabólicos. 4. Patologias – paciente em tratamento de câncer, a depender do estágio e tipo, similar a uma condição de desnutrição pela dificuldade de alimentação e efeito de terapias associadas. Pacientes com Diabetes Mellitus descompensada também apresentam quadro de desnutrição severa, favorecendo a degradação de proteínas. Com relação ao destino metabólico dos aminoácidos mediante estas condições citadas acimas há geração no meio celular a cadeia carbônica e os grupos amino (constituintes da estrutura geral dos aminoácidos proteicos). Na imagem, é possível observar o catabolismo de aminoácidos e marcadores de função renal. O pool de aminoácidos pode ser gerado a partir de fonte exógena, por meio da ingesta de proteínas da dieta, e pode ser gerado endogenamente por ocasião da degradação de proteínas teciduais. Uma vez gerado, há uma dinâmica de diferentes destinos desse pool de aminoácidos, como para síntese de e renovação das proteínas corporais, síntese de compostos nitrogenados, chamando atenção para o metabólito creatina (derivada de aminoácidos). Ainda, o pool de aminoácidos pode sofrer reações que resultam na liberação da cadeia carbônica e grupo amino, por meio da formação do íon amônio, com start para síntese de ureia que é um marcador também da função renal. A cadeia carbônica tem diferentes destinos, seja para aporto energético, liberando oxigênio e água, seja para síntese de glicose e glicogênio, favorecendo a síntese de corpos cetônicos e ácidos graxos. Quais as fontes de creatina? A síntese de creatina tem início nos rins, a partir dos aminoácidos arginina e glicina, com participação da enzima AGAT, com geração dos produtos L-ornitina e GAA. O metabólito GAA é alvo da enzima GAMT é metabolizado no fígado como um precursor da creatina, com geração de creatina. Cerca de 25% da creatina é endógena (no músculo) conferindo manutenção da massa muscular e aporte energético rápido para a fibra muscular esquelética por meio da enzima CPK (creatinafosfoquinase), gerando um pool de fosfocreatina. Essa creatina endógena é metabolizada e gera creatinina, que é um metabólito considerado inerte (não tem outros destinos que não seja a excreção) – um dos metabólitos considerados como importante marcador clínico de função renal. Filtração glomerular: Ideia de função global do rim; Medida do volume de plasma filtrado por minuto; Cerca de 20% do sangue que chega aos rins é filtrado (FRP = aprox.. 600 mL/min); Valores normais: 90-120 mL de filtrado por minuto por 1.73 m2 de área de superfície corporal. Como a taxa de filtração glomerular (TFG)? Conceito de clearance: Substância filtrada livremente pelo glomérulo; Não reabsorvida ou secretada Massa filtrada = massa excretada da urina. Medida da taxa de fluxo glomerular: Para o cálculo leva-se em consideração a creatinina urinária, a creatinina plasmática, o volume urinário em 24h e o tempo estimado neste período. Ao final o valor obtido é corrigido por 0,83 mL/min no caso de mulheres (massa muscular em mulheres é menor). Relação da creatinina com a TFG: No gráfico, a creatinina plasmática é estimada em mg/dL e no eixo X a TFG estimada em mL/min. O valor de referência estimado para creatinina plasmática de 1,3, como sendo o fator considerado de margem segura para uma estimativa de TGF segura. Os valores de referência variam entre homens e mulheres. 50% de pacientes que apresentam TFG menor que 80 (o limite representado no gráfico) tem-se que esses pacientes apresentam também oligúria (volume urinário reduzido) em até 3x que o normal (< 400 mL/dia de urina). Até 50% dos indivíduos com baixa TFG têm creatinina dentro dos valores de referência, no qual uma TFG de 30mL/min pode apresentar creatinina sérica inferior a 2 mg/dL. A creatinina é o produto de degradação da creatina e em grande parte da fosfocreatina – é produzida constantemente e sua taxa corresponde à massa muscular do indivíduo. É importante destacar algumas diferenças comparando a creatinina com outro marcador de função renal, a cistatina. A creatinina depende da massa muscular, pois esse metabólito é gerado no músculo esquelético pela degradação da creatina/fosfocreatina muscular. A idade pode resultar de variação significativa. Quanto ao sexo a creatinina pode variar entre homens e mulheres. Com relação à alimentação, para a creatinina existe a fonte exógena de creatina, podendo criar a creatinina endógena e, por isso, a alimentação pode interferir nos níveis desse marcador e na TFG. Apesar dessas variantes, ela ainda é um dos marcadores mais utilizados para se analisar a TFG (mais barato quando comparado a dosagem de cistatina C, por exemplo). A cistatina não tem influência da massa muscular, nem idade. Vantagens da creatinina: Detecção bioquímica simples e barata; Produção endógena é constante em um mesmo indivíduo: metabolismo da creatina pelo músculo; Valores normais de 0,6 a 1,3 mg/dL. Inconvenientes da creatinina: Variações na produção (desnutrição ou perda de massa muscular, envelhecimento); Não apresenta relação linear com a TFG; Fontes de ferro. Classificação da disfunção renal: Risco – injúria – falência – perda – estágio final. Fazendo-se uma relação dos parâmetros para classificação da disfunção renal considerando creatinina e TFG a literatura descreve a classificação acima. Ela leva em consideração a sigla RIFLE. Dentro desta classificação é importante considerar que os fatores que avaliam risco, injúria e falência são fatores de alta sensibilidade e estão relacionados ao aumento de creatinina sérica (gradual), que é acompanhado com uma diminuição da TFG. Já os fatores que avaliam perda e estágio final são fatores de alta especificidade, no fator perda tem-se um acompanhamento da perda total das funções renais (situações mais graves) em um período superior a 4 semanas. A doença renal terminal é um estágio mais avançado que perdura por um período superior que 3 meses. Marcadores da injúria renal: Destaca-se a creatinina sérica elevada (SCr); Os fatores que interferem no aumento de creatinina sérica são: peso corporal, idade, gênero, atividade física, ingesta proteica, medicamentos, níveis de CK. A creatinina é um importante marcador da TFG. Cistatina C: Membro de uma família de serinoproteinases, chamando atenção o fato de ser uma proteinase de baixo peso molecular, sendo importante marcador por conta do seu tamanho quando comparado a outras proteínas; Importante biomarcador para injúria renal; Produção diária e constante pelas células em geral; Importante marcador para filtração glomerular; Não sofre influência de fatores extrarrenais, como a creatinina; Proteína (cisteinoproteinase) de baixo peso molecular (13.3 kDa); Livremente filtrada pelo glomérulo – completamente metabolizadapelo túbulo proximal e não é reabsorvida nos túbulos renais (não aumenta na hipovolemia); Importante para estimativa do declínio da função renal em pacientes diabéticos – há aumento da cistatina C com pequenas diminuições de TFG (muitas vezes em associação com a creatinina). Representação dos valores de referência de cistatina C de 0,5 a 1,0 mg/dL em uma taxa considerada mínima tolerável de até 90 mL/min de TFG. Classificação da disfunção renal: Classificação da disfunção renal a partir de um estudo com 121 pacientes, com idade média de 50 anos, sexo masculino, raça branca, que apresentavam comorbidades (DM e HAS). Esses pacientes foram monitorados em uma situação pós-operatória cardíaca. A função renal predominantemente foi normal nas primeiras 24h, foi avaliada pela classificação RIFLE pela creatinina plasmática, pela TFG e pelos níveis de cistacina C. A função renal dos pacientes deteriorou ao longo do período pós-operatório com redução dos pacientes caracterizados como normais e elevação dos pacientes que apresentaram lesão pelo sistema RIFLE e cistatina C. Nesses pacientes, a cistatina C demonstrou ter um melhor poder discriminatório para função renal do que a creatinina plasmática (mais fidedigno durante o período das análises em pacientes com comorbidades, que apresentam muitas variáveis). Insuficiência Renal Aguda: O paciente apresenta redução da TFG inferior a 50 mL/min, abaixo da taxa normal; As consequências são o acúmulo desses metabólitos nitrogenados com a ureia e creatinina fora de valores desejáveis – o acúmulo de ureia pode resultar em uma condição de encefalopatia hepática, uma vez que ocorre comprometimento da função renal. Outra consequência é a redução do volume urinário para níveis inferiores a 400 mL/dia. Catabolismo de aminoácidos e produção de ureia: Alanina: é a principal forma de transporte de grupo amino do músculo para o fígado. Uma vez que a ureia é um composto nitrogenado o grupamento amino dos aminoácidos é bastante importante para compreensão da síntese de ureia; Uma vez que o pool de aminoácidos pode ser gerado tanto por fonte exógena, quanto endógena, tem-se que o deslocamento de equilíbrio dessa reação tende a ocorrer da esquerda para a direita. É uma reação reversível e catalisada por um grupo de enzimas conhecidas como transaminases ou aminotransferases, que fazem transferência do grupamento amino para o alfa-cetoglutarato que sempre vai ser o aceptor (em todas as reações celulares de trasaminação o alfa- cetoglutarato sempre vai ser o aceptor do grupamento amino, independente de qual seja o L-aminoácido). Como produtos dessa reação enzimática tem-se a cadeia carbônica designada na figura genericamente como alfa- cetoácido e glutamato, que é o alfa-cetoglutarato aminado. Na figura, os componentes marcados em amarelo na reação sempre participam da reação, em todos os ambientes celulares, majoritariamente no citosol de todas as células (independente do aminoácido e da transaminase na reação). As figuras ilustram uma mini-integração metabólica relacionada à produção de ureia. No músculo, por exemplo, existe uma transaminase denominada TGP (transaminase glutâmico-pirúvica), no qual a conversão do piruvato que representa o alfa-cetoácido da reação, o equilíbrio dessa reação é deslocado para a formação de um aminoácido, justamente por que o piruvato é gerado comumente no m. esquelético por ocasião do metabolismo energético, ou até mesmo aeróbico. Dessa forma, por reação da TGP ocorre a formação da alanina (principal aminoácido gerado no músculo e é o principal componente de transporte de grupamento amino para o fígado). O glutamato no fígado passa por um processo de desaminação (uma das rotas) e esse processo libera o íon amônio (não fica livre), processo que ocorre na mitocôndria hepática por uma enzima chamada glutamato desidrogenase, que favorece o início das reações do ciclo da ureia mediante o consumo de ATP, sendo gerada a ureia (produto de excreção renal). Importância do transporte de íon amônio: O transporte de íon amônio dos tecidos extra-hepáticos para o fígado que não seja músculo-esquelético (que no caso é a alanina); No caso de outros tecidos e órgãos que realizam as reações de transaminação gerando aminoácidos, tem-se que para qualquer reação é gerado o glutamato. O glutamato é alvo de uma reação enzimática, no qual a glutamina sintetase mediante a disponibilidade de ATP sintetiza a glutamina (aminoácido neutro e mais facilmente translocada na corrente sanguínea). O alvo da glutamina é o fígado, que neste local sofre desdobramento em glutamato e íon amônio, ocorrendo geração suficiente de íons amônios para estimular as reações do ciclo da ureia (uma maneira de transportar o excedente de íons amônios e aminoácidos extra- hepáticos que não serão utilizados para nenhuma via e, como não são armazenados, são destinados hora pela alanina, ora pela glutamina, para o fígado para estimular a produção de ureia – produto de excreta pelos rins). Testes para avaliar Doença Glomerular: Rastreamentos corriqueiros na prática médica para monitorar o dano glomerular (causas do doença glomerular).
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