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1 CIRURGIA GERAL 12 Marina Prietto DOENÇA DIVERTICULAR DOS CÓLON Diverticulose ou doença diverticular = presença de divertículo no colón; ≠ Diverticulite = processo inflamatório DOENÇA DIVERTICULAR; Possui uma frequência de 20% na população e aumenta para 50% na população idosa; Fisiopatologia: A formação do divertículo ocorre com um aumento da pressão intraluminal que vai gerar um processo de expulsão da mucosa pela parede; A herniação acontecerá em um local de fraqueza da parede = local em que a arteríola que irriga aquele segmento penetra na muscular - via borda mesentérica (na borda antimesentérica não há penetração de artérias). A mucosa hérnia através da muscular, encontra a serosa e forma o divertículo (saculação) - por isso ele é um pseudodiverticulo = porque não há a presença da camada muscular; Divertículos colônicos são falsos porque não possuem todas as camadas histológicas da parede intestinal (apenas mucosa e submucosa). Fatores de risco: » Idade; » Dieta ocidental (pobre em fibra e rica em gorduras e carne vermelha) » Constipastes crônicas » Obesidade (orifícios para as arteríolas maior) Localização dos divertículos: A presença do divertículo é provável em qualquer localização do colón; Cólon esquerdo e sigmoide; − Mais comum; − Apresenta um padrão de mais inflamatório − Maior o risco de diverticulite; Colón direito; − Apresenta um padrão mais sangrante; − Pode ocasionar quadros de hemorragia digestiva baixa. Apresentação clínica: É bastante variável, depende do padrão, dos fatores de risco e da localização; » Assintomáticos (maioria); » Diverticulite; » Hemorragia digestiva baixa » Outros MANEJO AOS ASSINTOMÁTICOS: ▪ Controla os fatores de risco. ▪ Aumenta a ingesta de água e fibras, promover mais atividades físicas; ▪ Orienta os possíveis sinais de alarme. ▪ Colonoscopia – apenas para aqueles acima dos 45 anos (rastreamento para câncer colorretal); 2 CIRURGIA GERAL 12 Marina Prietto DIVERTICULITE AGUDA: Fisiopatologia: Ela começa com a obstrução do lúmen do divertículo, esse divertículo obstruído fica sob pressão e acaba micro perfurando. Isso leva a um quadro discreto de dor hipogástrica; Com a manutenção dessa situação começa a ocorrer achados de: − Inflamação local (espessamento do colón acometido); − Alteração do trânsito – diarreia principalmente; − Dor em FIE; O avançar da doença também gera achados sistêmicas: Náuseas, vômitos; | Febre | Hiporexia | Alteração do leucograma; Com o avanço da história natural = avança para uma macro perfuração; Podendo se dar de duas formas clínicas: − Abcesso localizado (se conseguir bloquear a doença com um processo inflamatório); − Perfuração livre da cavidade; Independente da forma, seja ela localizada ou difusa (abdome em tábua) o paciente vai apresentar uma PERITONITE; Achados clínicos: Pode dividir os achados clínicos da diverticulite em duas formas: Não complicada − Abdome agudo inflamatório; − Na fossa ilíaca esquerda − Sem peritonite Complicada − Peritonite − Em um paciente séptico (grave); Diagnóstico É sempre importante se questionar: − A história desse paciente é típica? − Ele tem uma história pregressa de doença diverticular? − Ele apresenta peritonite ao exame físico? − Está estável? A diverticulite não complicada: − Se o paciente apresenta história típica + diagnóstico de doença diverticular prévio = pode fazer o diagnóstico clínico. − Caso não tem o diagnóstico de doença diverticular = indica-se um exame de imagem (comprovação diagnóstica); A diverticulite complicada: − O diagnóstico é feito por tomografia com contraste; − É feito apenas se o paciente estiver estável. − Esse exame é interessante pois vai auxiliar na classificação e na confirmação diagnóstica ACHADOS DA TOMOGRAFIA: ▪ Espessamento do colón com diverticulite (achado inflamatório); ▪ Borramento da gordura pericólica e mesentérica; ▪ Presença de líquido livre cavitário ao redor do processo inflamatório; ▪ Achados de complicações: abcessos,coleções, pneumoperitônio, peritonite difusa (liquido livre em toda cavidade, espessamento de diversas alças, etc) 3 CIRURGIA GERAL 12 Marina Prietto Se a diverticulite for complicada: Nesses casos, ela vai ser classificada na CLASSIFICAÇÃO DE HINCHEY A classificação de Hinchey é uma classificação que avalia a extensão da diverticulite pelos achados tomográficos. Classificação: Grau I: abcesso paracólico pequeno (localizado no mesmo local da diverticulite); Grau II: abcesso pélvico (abcesso a distância); Grau III: peritonite purulenta por ruptura de abcesso. Grau IV: peritonite fecal generalizada. OBS :Lembrar que a colonoscopia não deve ser realizada em vigência de diverticulite aguda pelo risco de perfuração intestinal. A sua realização é reservada para 4-6 semanas após agudização do quadro. TRATAMENTO: É sempre importante se questionar: − Complicada ou não complicada? − Se complicada, qual o estágio de Hinchey? − Estável? − Peritonite difusa? DIVERTICULITE NÃO COMPLICADA: É um tratamento clínico. Indica-se uma: ▪ Terapia de suporte + Antibioticoterapia Gram negativo (Ceftriaxona, ciprofloxacino ou gentamicina) + Anaeróbios (metronidazol); A abordagem cirúrgica pode ser indicada: ▪ Em casos de refratariedade do tratamento (indicando uma cirurgia de urgência); ▪ Eletiva – em casos de paciente com diverticulite de repetição; ▪ Qual o tipo de cirurgia? Retossigmodectomia; DIVERTICULITE COMPLICADA: HINCHEY I ▪ Igual a diverticulite não complicada (suporte + ATB) e cirurgia em algumas ocasiões (recorrência ou refratariedade); 4 CIRURGIA GERAL 12 Marina Prietto HINCHEY II ▪ Nesses casos, indica-se primeiro a conduta com o abcesso e posteriormente com a diverticulite; ▪ Necessidade de drenagem do abcesso (via percutânea ou transvaginal) Resolvido o abcesso, indica-se: ▪ Terapia clínica para diverticulite (terapia de suporte + ATB) e cirurgia em algumas ocasiões (recorrência ou refratariedade); HINCHEY III e IV ▪ Indica sempre a terapia cirúrgica de urgência; ▪ Necessidade de retirar o colón acometido com urgência, em uma RETOSSIGMOIDECTOMIA à Hartmann; ▪ Limpeza da cavidade abdominal ▪ ATB + suporte em ambiente intensivo. IMPORTANTE! ▪ Em algumas questões ela já pode apresentar um paciente com um quadro de abdome agudo perfurativo; ▪ Achados como: peritonite difusa, abdome em taboa, grave, pneumoperitônio etc.; Conduta: ▪ Levar o paciente para uma laparotomia exploradora – direto!! ▪ Se durante a cirurgia encontra-se uma diverticulite complicada – já realiza uma RETOSSIGMOIDECTOMIA à Hartmann (colostomia terminal e fechamento do coto retal) PÓS CIRURGICO: Após 3 a 4 semanas; ▪ Inicia uma terapia “anti constipante” ▪ Aumenta a ingesta hídrica e de fibras; ▪ E uma colonoscopia depois (o tumor de colorretal pode simular ou se camuflar em um quadro de diverticulite) ▪ Orientado sobre as principais complicações tardias (estonose pós diverticulite e fistula); RESUMINDO... A CIRURGIA DE HARTMANN: É uma retossigmoidectomia (Ou seja, quando há uma ressecção entre sigmóide e reto); Com isso, haverá dois cotos (“as duas pontas do intestino”); A conduta para eles pode ser de dois tipos: ▪ Anastomose primária colorretal ▪ Derivação para uma colonostomia terminal (HARTMANN) 5 CIRURGIA GERAL 12 Marina Prietto ANASTOMOSE PRIMÁRIA COLORRETAL É feita do colón descente com o reto alto; Realizado somente em situações favoráveis: ▪ Pacientes com uma diverticulite não complicada; ▪ Ou pacientes com uma diverticulite complicado, porém ou hinchey I ou II ▪ Pacientes estáveis. DERIVAÇÃOPARA UMA COLONOSTOMIA TERMINAL ▪ É feita como forma de garantir uma segurança ao paciente; ▪ Indicada em casos graves (Hinchey III ou IV) ▪ A cirurgia de Hartmann é muito realizada nas urgências colorretais (ex: diverticulite aguda, neoplasia obstrutiva) em que se realiza a ressecção do segmento retossigmóide, fechamento (sepultamento) do coto retal e uma colostomia terminal do cólon descendente; ▪ A reconstrução do trânsito varia de acordo com o serviço e com a causa básica que levou a indicação da cirurgia, variando de 3-6 meses geralmente. COMPLICAÇÕES: ESTENOSE PÓS DIVERTICULITE; É uma estenose cicatricial (mais comum em cólon sigmoide); Diagnóstico: − Colonoscopia – é importante para exclusão de causas malignas de estenose; − Tomografia – visualiza a estenose − Contrastado (Enema opaco) – visualiza a estenose Tratamento: − Aos assintomáticos: orientações; − Suboclusões: tratamento conservador (mais provavelmente deve necessitar uma terapia cirúrgica); − Oclusão total: tratamento cirúrgico; − Casos seletos (é possível que por via endoscópica, realiza-se uma dilatação da estenose) – risco de perfuração; FÍSTULAS PÓS DIVERTICULITE; Quando ocorre uma drenagem espontânea de um abcesso só que para outra víscera; A fístula mais frequente, pós diverticulite, é justamente à bexiga (colovesical) Outros tipos de fístula (colovaginal, colouterina) – com descarga patológica pela vagina (+infecção ginecológica de repetição); Achados da fistula colovesical: − Infecções urinárias de repetição; − Presença de ar na urina (pneumatúria) Na investigação, os exames mais importantes são tomografia computadorizada com contraste e um cistoscopia Tratamento: Pode cogitar um tratamento conservador inicial; Porém é muito provável que exista a necessidade de uma cirurgia eletiva sem urgência.
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