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1 CIRURGIA GERAL 9 Marina Prietto HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA DEFINIÇÃO: Ocorre acima do ângulo de Treitz, ou seja, podendo ser em decorrência de 3 órgãos: esôfago, estômago e duodeno. Quadro clínico: Exteriorização do sangramento » Hematêmese – vômitos sanguinolentos » Melema (Fezes enegrecidas, sangue digerido, cor de borra de café; » Enterorragia (diarreia sanguinolenta, quantidade tão grande que o sangue sai de forma mais intensa – não é digerido); Repercussão do sangramento: » Anemia | Palidez cutâneo mucosa | Sinais vitais alterados (taquicardia, hipotensão) | Choque hemorrágico; PRIMEIRA ABORDAGEM: 1º COMPENSAÇÃO DO PACIENTE; ▪ Monitorização ▪ Infusão de volume (hidratação venosa_ - reposição do intravascular; ▪ IBP – Sempre suspeitar de etiologia péptica, por isso, indica-se logo de início, para todos os pacientes. ▪ Exames laboratoriais (anemia? Plaquetopenia? Alargamento do RNI?) ▪ Suporte avançado de vida (se necessário – IOT, drogas vasoativas); ▪ Corrigir os possíveis distúrbios hidroeletrolíticos. 2º ESTABILIZADO: ▪ Indica-se uma endoscopia digestiva alta (EDA) – Com fins terapêuticos e diagnóstico. CAUSAS: Esôfago − Varizes esofágicas (Devido a hipertensão portal); − Síndrome de Mallory Weiss (laceração esofágica); − Úlceras de Cameron – que são relacionadas as hérnias hiatais; Estômago − Úlceras pépticas − Dieulafoy – alteração anatômica; − Angiodisplasias alteração vascular Duodeno − Úlceras pépticas − Fistula aortoentérica − Hemobilia DOENÇA ÚLCEROSA PÉPTICA − É a causa mais comum de HDB; − Ela pode ser de uma causa: Gástrica = o sangramento advém da própria parede gástrica; Duodenal = acometimento de 2 artérias (gastroduodenal e pancreatoduodenal) 2 CIRURGIA GERAL 9 Marina Prietto PERFIL DO PACIENTE: − Uso crônico de AINES; − Tabagista de longa data; − Histórico de gastrite (uso de IBP); − História pregressa de doença péptica + h. pylori; DIAGNÓSTICO: Endoscopia digestiva alta: Fundamental para o diagnóstico devido a: ▪ Visualização da úlcera (gástrica e duodenal) ▪ Achados sugestivos de sangramento (antigo ou recente); CLASSIFICAÇÃO DE FORREST: Tabela utilizada para graduar o tipo de sangramento durante a endoscopia; Além disso, avalia o risco de sangramento; Risco alto: 1 A = Arterial (em jato) 1 B = Babação venoso; 2 A = Vaso visível. Risco intermediário: 2 B = Presença de coágulo; Risco baixo: 2 C = 3 = base limpa; CONDUTA: BAIXO RISCO: − A EDA não terá função terapêutica, apenas diagnóstica; − Indica um tratamento medicamentoso; RISCO INTERMEDIÁRIO: − Remove o coágulo e após isso, reclassifica o paciente (analisa o padrão da lesão abaixo do coagulo); ALTO RISCO: − Indica-se a dupla terapia endoscópica. − Primeiro método: Injetar adrenalina na região; − Segundo método: Clip metálico; Eletrocautelização 3 CIRURGIA GERAL 9 Marina Prietto Terapia medicamentosa (IBP): Ataque: dose dobrada. Manutenção: uso por 4 semanas de dose plena; Terapia cirúrgica: É indicado em poucos pacientes (terapia de exceção); Possuem indicação, aqueles pacientes que: − Não estabilizam; − São refratários a terapia por EDA VARIZES ESOFÁGICAS OU GÁSTRICAS Está relacionado com paciente que apresenta uma hemorragia portal, causando a formação de varizes esofágicas ou no fundo gástrico; PERFIL DO PACIENTE: − É clássica a apresentação de um paciente hepatopata; − Etilistas crônico − Histórico de hepatites virais (tipo B ou C); Paciente com achados cirróticos: » Telangectasias; » Pilificação » Ginecomastia; Achados de hipertensão portal. » Circulação colateral. » Ascite » Varizes prévias. CONDUTA: Sempre a mesma = Estabilização hemodinâmica + EDA posterior; Nesses pacientes, os achados na EDA são mais simples, podendo apresentar alguns sinais de sangramento, por exemplo: » Red spots – Pontos avermelhados nas varizes; » Coágulos associados a elas. Tratamento endoscópico; Depende da topografia para estabelecer a conduta endoscópica; ▪ Esôfago = ligadura elástica; ▪ Fundo gástrico = escleroterapia (cianoacrilato); Terapia medicamentosa: Uso de uma medicação que vaso uma vasoconstricção no território esplênico e mesentérico (intuito de reduzir o fluxo arterial e consequentemente uma redução no fluxo venoso – aliviando a pressão no sistema porta) Drogas de escolha: OCTREOTIDE, TERLIPRESSINA; Intuito: redução de sangramento e do risco da síndrome hepatorrenal associada. CASOS REFRATÁRIOS: » Paciente que não consegue estabilizar hemodinamicamente; » Não foi capaz de controlar o sangramento via endoscópica; » Ou ressangrou mesmo após a cirurgia endoscópica. 4 CIRURGIA GERAL 9 Marina Prietto NESSES CASOS, INDICA-SE: Balão de Sengstaken-Blakemore: Só serve para sangramentos de origem esofágica; A técnica consiste na passagem de um balão até a câmera gástrica, lá, o balão é insuflado e tracionado, promovendo um tamponamento na origem do sangramento; Esse procedimento é ideal para auxiliar na terapêutica de estabilização e controle da lesão; O balão deve ficar até 24h inflado = risco de ruptura de esôfago! TIPS É um outro método indicado na terapia de pacientes refratários; É um método de radiologia intervencionista; O TIPS se caracteriza por um shunt portossistêmico obtido através da união da veia porta à veia hepática vis trans jugular. Isso alivia a pressão portal e consequentemente melhora o sangramento; Shunt cirúrgico Faz uma anastomose vascular entre o sistema porta e a veia cava; Problema: risco de encefalopatias, trombosa etc; (não é o mais ideal); PRVENÇÃO DE RESANGRAMENTO: PRIMÁRIA: Nunca sangrou, porém possui varizes; − Conduta: ligadura elástica SECUNDÁRIA: Já sangrou, porém evita-se um novo episódio; − Conduta: ligadura elástica E a terapia com Propranolol (BB); COMPLICAÇÕES: Peritonite bacteriana espontânea; − HDA é um fator de risco para o surgimento de PBE; − Por conta disso, indica-se uma profilaxia com ATB em pacientes asciticos, hepatopatas etc: Norfloxacino OUTRAS CAUSAS: Síndrome de Mallory Weiss É sangramento digestivo alto que ocorre por laceração da transição esôfago gástrica após vômitos de repetição; Perfil desse paciente: Etilista Histórico de hérnia hiatal (fator de risco); Idosos Diagnóstico é feito via EDA; Conduta: Em maioria, a laceração ocorre superficialmente e por conta disso a conduta é conservadora; − Em exceções, pode ser indicado uma EDA terapêutica (ex: eletrocautrização); Lesão de Dieulafoy É uma alteração anatômica vascular (presença de um vaso extasiado no estomago) – artéria tortuosa no estômago que erode e sangra; Perfil desses pacientes é os aqueles que apresentam uma doença renal crônica; A endoscopia nesses pacientes é tanto diagnóstica quanto tanto terapêutica (clipagem, injeção de adrenalina...); 5 CIRURGIA GERAL 9 Marina Prietto Fístula aortoentérica − Quando existe uma fistula levando o conteúdo da aorta para o esôfago / duodeno. − Extremamente grave com uma HDA maciça; − Perfil desses pacientes: ▪ Pacientes que possuem aneurismas abdominais ▪ Ou pacientes operados de aneurismas com a colocação de prótese vascular (pode acabar ulcerando); − Conduta: apresenta uma alta mortalidade, nesses casos chega se impossível realizar uma EDA devido ao sangramento e acaba fazendo o diagnóstico por uma TC; − O manejo desse paciente seria por meio de uma cirurgia aberta. Hemobilia Hemorragia direcionada ao arvore biliar - a bile é liberada na papila duodenal (acima do ângulo de treitz), que causa os sintomas da HDA; Perfil do paciente comessa condição: − Lesão devido a uma instrumentação cirúrgica na região − Ou um trauma hepático, que sangrou pra dentro da via biliar. − Pode ocorrer devido a tumores ou fístulas e por lesão das vias biliares por cálculos biliares A tríade desses casos é: HDA + dor em hipocôndrio direito + ictérica Diagnóstico é feito pela EDA ou uma TC com contraste; Conduta é ideal é conservadora – Expectante –, porém, caso não haja melhora a indicação é a embolização por arteriografia.
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