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Desenvolvendo a competência comunicativa em gêneros da escrita acadêmica

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Prévia do material em texto

Desenvolvendo a competência comunicativa 
em gêneros da escrita acadêmica
Sebastião J. Votre
Vinícius C. Pereira
José C. Gonçalves
Desenvolvendo a competência comunicativa 
em gêneros da escrita acadêmica
UFF/PROAC/NEAMI
Niterói, RJ - 2010
Copyright © 2009 by Sebastião J. Votre, Vinícius C. Pereira, José C. Gonçalves 
Direitos desta edição reservados à EdUFF - Editora da Universidade Federal Fluminense 
Rua Miguel de Frias, 9 - anexo - sobreloja - Icaraí - CEP 24220-900 - Niterói, RJ - Brasil 
Tel.: (21) 2629-5287 - Fax: (21) 2629- 5288 - http://www.editora.uff.br - E-mail: secretaria@editora.uff.br
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Editora.
Normalização: Danúzia da Rocha de Paula
Edição de texto e revisão: Icléia Freixinho
Capa: Felipe Ribeiro (Laboratório de livre Criação/IACS)
Projeto gráfico: Marcos Antonio de Jesus
Supervisão gráfica: Káthia M. P. Macedo
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP
V972 Votre, Sebastião J.; Pereira, Vinícius C.; Gonçalves, José C. 
 Desenvolvendo a competência comunicativa em gêneros da escrita acadêmica/Sebastião 
 Votre, Vinícius C. Pereira, José C. Gonçalves/Niterói: EdUFF, 2009.
 94 p.; il. 29,7 cm – (Apoio ao aluno calouro, livro-texto 1).
 inclui bibliografias. 
 ISBN 978-85-228-0531-0
 1. Manuais 2. Aprendizagem I. Título II. Série.
 CDD 808.02 
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
Reitor: Roberto de Souza Salles
Vice-Reitor: Emmanuel Paiva de Andrade
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Antonio Claudio Lucas da Nóbrega
Pró-Reitor de Assuntos Acadêmicos: Sidney Luiz de Matos Mello
Diretor da EdUFF: Mauro Romero Leal Passos
Diretor da Divisão de Editoração e Produção: Ricardo Borges
Diretora da Divisão de Desenvolvimento e Mercado: Luciene Pereira de Moraes
Assessora de Comunicação e Eventos: Ana Paula Campos
Comissão Editorial
Presidente: Mauro Romero Leal Passos
Ana Maria Martensen Roland Kaleff
Gizlene Neder
Heraldo Silva da Costa Mattos
Humberto Fernandes Machado
Juarez Duayer
Livia Reis
Luiz Sérgio de Oliveira
Marco Antonio Sloboda Cortez
Renato de Souza Bravo
Silvia Maria Baeta Cavalcanti
Tania de Vasconcellos
Editora filiada à
Sumário
Introdução ........................................................................7
Unidade 1 
Gêneros e tipos textuais – macro e microestruturas ....................... 9
Unidade 2 
Coesão textual ..................................................................21
Unidade 3 
Coerência textual ...............................................................32
Unidade 4 
Argumentação ...................................................................41
Unidade 5 
Fichamento, resumo e resenha ...............................................53
Unidade 6 
Relatório e projeto .............................................................63
Unidade 7 
Artigo científico e monografia de conclusão de curso .....................75
Unidade 8 
O domínio da norma-padrão ..................................................81
Introdução
Este manual tem a finalidade de ajudá-lo a conhecer e utilizar de modo adequado o estilo aca-
dêmico. Você pode estudar cada unidade na ordem em que aqui se encontra ou ir diretamente para 
a unidade que lhe interessa. Por exemplo, se estiver com alguma dificuldade de natureza gramatical, 
vá para a última unidade e veja o que lá oferecemos.
O manual contém oito unidades, voltadas para o domínio da escrita acadêmica, com ênfase 
nos gêneros textuais que a caracterizam. A primeira unidade apresenta os modos de organização 
textual e sua manifestação em cada gênero. Descreve e comenta, brevemente, o conteúdo, a forma 
e a função dos modos de organização textual. Apresenta também informações sobre os gêneros que 
escolhemos.
Seguem-se três unidades, sobre coesão, coerência e argumentação, com textos ilustrativos, 
atividades e reflexões, com vistas a ajudá-lo no desempenho intelectual. Estas unidades têm o ob-
jetivo de fazê-lo escrever de forma coerente, mantendo coesão entre as partes e, sobretudo, com 
argumentos capazes de convencer seu leitor do que você está propondo.
Vêm então as unidades específicas que escolhemos, organizadas em termos de utilização ime-
diata e em nível de complexidade. Portanto, você trabalhará, de imediato, com os gêneros fichamen-
to, resenha e resumo; em seguida, lidará com as características do projeto de pesquisa e do relatório, 
para, por fim, familiarizar-se com as propriedades da monografia e do artigo científico.
Optamos por incluir uma unidade de suporte geral para quem escreve, em que constam ques-
tões e problemas de escrita. É uma unidade inovadora, no sentido de que os problemas que aí se 
analisam são pontos controversos, com que nos defrontamos no dia a dia da produção de textos no 
meio universitário.
Em cada unidade, mostramos o que vamos fazer, o que propomos que você faça, para alcançar 
os objetivos da unidade e em seguida apresentamos o núcleo da unidade, com introdução, desenvol-
vimento e conclusão. As unidades são permeadas de atividades de reflexão e escrita, propostas para 
o domínio das habilidades acadêmicas. Oferecemos uma alternativa de resposta para cada atividade 
e concluímos a unidade com referências bibliográficas e on-line.
Por se tratar de um manual para escrita de textos, tomamos alguns cuidados na seleção dos 
textos com que trabalhamos. Esses textos representam bem o gênero que está sendo estudado, são 
coesos e coerentes e apresentam argumentação confiável. São escritos de forma clara e são breves.
Cuidamos também do nosso próprio estilo, em que procuramos interagir com você de forma 
cooperativa, com linguagem acessível e clara. Procuramos incluir atividades relevantes para você 
executar, à medida que trabalha cada unidade. Essas atividades têm respostas previsíveis, de modo 
que oferecemos uma alternativa de resposta para cada atividade.
Então? Mãos à obra?
Um abraço,
Os autores
Unidade 1 
Gêneros e tipos textuais – macro 
e microestruturas
Apresentando a unidade
Bem-vindo! Você está iniciando o seu curso de análise e produção de texto acadêmi-co. Neste curso você vai aprender primei-
ro a reconhecer e depois a produzir os diversos 
gêneros textuais da escrita acadêmica. Você vai 
aprender olhando, examinando, entendendo e 
depois redigindo os diversos textos que circu-
lam no mundo acadê-
mico. Como já dizia 
Confúcio (151 a.C.): 
“O que eu ouço, eu es-
queço. O que eu vejo, 
eu lembro. O que eu 
faço, eu entendo.”
Definindo os objetivos
Ao final desta unidade, você deverá ser 
capaz de:
1. compreender a noção de tipo 
textual e de gênero textual;
2. reconhecer os tipos textuais ex-
positivo e argumentativo;
3. identificar tipos e funções dos parágrafos;
4. redigir com clareza os diferentes tipos de pará-
grafos.
Conhecendo os 
gêneros textuais
De acordo com os Parâme-
tros Curriculares Nacionais – PCNs –, ensinar lín-
gua significa ensinar diferentes gêneros textuais. 
O gênero é uma unidade de linguagem em uso, na 
vida real, inserida numa moldura comunicativa 
de interlocutores e intenções. Assim, dependen-
do do tipo e do teor da informação que quere-
mos comunicar, utilizamos gêneros diferentes, 
geralmente convencionados em sociedade. 
Perceba, por exemplo, que a finalidade 
deste manual é diferente da de um jornal, em-
bora ambos sejam agrupados em uma categoria 
maior, de textos informativos. Tal diferença nos 
objetivos do locutor (quem escreve ou fala) e do 
interlocutor (quem ouve ou lê) implica também 
diferenças na estruturação do texto e na organi-
zação da informação. Veja que, por ser um mate-
rial didático, este texto que você está lendo tem 
características muito próprias, como uma lin-
guagem clara e direta, ilustrações e exemplifica-
ções. Já o jornal, por ser produzido diariamente 
e apresentar informações que são lidas e descar-
tadas muito rapidamente – pois no dia seguin-
te já há novas notícias–, tende a ser um texto 
muito mais breve. Além disso, a maior parte das 
reportagens de um jornal têm caráter narrativo, 
isto é, verbos que indicam ação, personagens, 
narrador etc. Já este manual tem caráter expo-
sitivo, pois, em vez de encadear ações, agrupa 
ideias abstratas de modo lógico. 
Como você pode perceber, existem inúme-
ros gêneros textuais com os quais convivemos, 
dentro e fora da universidade. Neste manual, 
você aprenderá a ler e escrever os gêneros típi-
cos do meio acadêmico. Antes, porém, observe 
a seguir os fatores que determinam as caracte-
rísticas de forma e conteúdo de cada um desses 
gêneros:
Tempo: Refere-se a diferenças cronológi-
cas, do ponto de vista cultural, social, político 
e econômico, bem como aos graus de conheci-
mento compartilhado entre o produtor e o re-
ceptor dos textos, no momento da produção e 
recepção. Diferentemente dos gêneros da intera-
ção oral face a face, nos textos de escrita aca-
dêmica o produtor e o leitor geralmente estão 
situados em diferentes momentos e é, portanto, 
necessário explicitar as informações básicas 
para contextualizar a informação.
Lugar: Designa o lugar físico da produção 
e recepção dos textos (escola, escritório, casa, 
empresa, mídia), bem como a posição social do 
produtor e do receptor na interação (aluno, em-
pregado, redator, jornalista, professor, cliente, 
amigo). Você, quando escrever um texto acadê-
mico, vai estar num lugar físico e ocupar um pa-
pel social diferentes dos lugares físicos e sociais 
dos seus possíveis leitores e/ou destinatários.
Objetivo da interação: Qual o efeito que 
o seu texto deve e espera produzir no recep-
tor, isto é, para que serve o texto? Quando você 
escreve um texto, quais são as suas intenções? 
Será que a sua intenção comunicativa vai ser 
igual à interpretação do seu possível leitor?
Voltar ao sumário
10
Voltar ao sumário
Canal: Que canal é utilizado para a intera-
ção entre o produtor e o receptor do texto: pa-
pel, vídeo, e-mail, livro, revista, chat, videocon-
ferência, telefone, telegrama, carta? Em outras 
palavras, qual o meio que você vai utilizar para 
a transmissão da mensagem?
Grau de formalidade da situação: A conju-
gação dos quatro fatores acima vai determinar o 
grau de formalidade da situação. Numa interação 
face a face entre amigos, num bate-papo, o nível 
de formalidade é bem baixo. Uma interação face 
a face num julgamento no tribunal vai ser muito 
mais formal. Igualmente, um gênero de escrita 
acadêmica, como o ensaio, é muito mais formal 
do que um bilhete ou um e-mail informal, trocado 
entre colegas de trabalho.
Exercitando 
Antes de avançar para um novo assunto, 
que tal pôr em prática o que você acabou de ver 
na unidade? Se você encontrar dificuldades para 
realizar a tarefa a seguir, retome o conteúdo aqui 
estudado.
Atividade 1
Leia atentamente o texto abaixo e respon-
da às seguintes perguntas:
1. Que informações sobre a realidade brasileira 
esse texto recupera?
2. A quem se destina o texto? Quais são as carac-
terísticas que evidenciam o destinatário?
3. Que conhecimentos são necessários para que 
o leitor compreenda as informações subentendi-
das no texto?
4. A que gênero esse texto pertence? Quais são 
as características principais da composição des-
se gênero? 
“É a pior calamidade ambiental que 
já enfrentamos”, diz Lula, em SC
O presidente Luiz 
Inácio Lula da Silva deu 
uma entrevista coletiva 
na tarde desta quarta-
-feira (26) no aeropor-
to de Navegantes, em 
Santa Catarina, após sobrevoar a região afetada 
pela chuva nos últimos dias. “É a pior calamida-
de ambiental que já enfrentamos”, afirmou. Ele 
retornou a Brasília por volta das 17h15.
O presidente sobrevoou as cidades de Ita-
jaí, Luiz Alves e Navegantes. “Sou de uma região 
em que as pessoas passam mais da metade do 
ano pedindo para que chova. Em Santa Catarina, 
temos que pedir a Deus para parar de chover.”
Lula assinou, nesta quarta, uma medi-
da provisória liberando R$ 1,6 bilhão para aju-
dar na recuperação de estradas, casas e para 
ações da Defesa Civil e das Forças Armadas. 
O dinheiro será usado para ajudar não só Santa Ca-
tarina, mas também outros estados que venham a 
sofrer com as fortes chuvas previstas para o ve-
rão.
Luciana Rossetto
Conhecendo os 
tipos textuais 
Os diferentes tipos textuais não são mutuamente 
exclusivos. De forma geral, um gênero textual é 
composto de vários tipos textuais, dependendo 
das diferentes funções que o autor quer atingir. 
No exemplo usado na Atividade 1, pode-se no-
tar que o gênero notícia utiliza-se de estruturas 
narrativas, para contar o que foi feito pelo pre-
sidente Lula, e de estruturas descritivas, para 
descrever a situação das cidades nas enchentes 
e algumas medidas implementadas para tentar 
resolver o problema. Como vários tipos de or-
ganização textual podem ocorrer em um mesmo 
gênero, busca-se caracterizar o seu modo de or-
ganização predominante. Assim, no exemplo aci-
ma, o modo de organização textual predominan-
te é o narrativo, com verbos usados geralmente 
no pretérito perfeito, como se vê no seguinte tre-
cho da notícia:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu 
uma entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira 
(26) no aeroporto de Navegantes, em Santa Cata-
rina, após sobrevoar a região afetada pela chuva 
nos últimos dias. “É a pior calamidade ambiental 
que já enfrentamos”, afirmou. Ele retornou a 
Brasília por volta das 17h15.
No restante do texto, vários verbos na 
terceira pessoa do pretérito perfeito também 
ocorrem, como: sobrevoou e assinou. Pode-se 
afirmar então que o gênero notícia utiliza-se pre-
dominantemente do modo de organização narra-
tivo para relatar os fatos ocorridos.
Os tipos textuais são caracterizados pelas 
sequências linguísticas predominantes (esco-
11
Voltar ao sumário
lhas de palavras, estruturas gramaticais, tempos 
verbais, relações lógicas).
Portanto, os gêneros textuais podem se 
constituir em diversos tipos textuais, que pos-
suem finalidades específicas, conforme vemos 
abaixo:
TIPOS TEXTUAIS FINALIDADE
Descritivo Caracterizar a paisagem, o ambiente, as pessoas e os objetos.
Narrativo Contar fatos reais ou imaginários ou relatar acontecimentos que ocorreram 
em determinado lugar e tempo, envolvendo os participantes em ação e movi-
mento no transcorrer do tempo.
Expositivo Apresentar informações sobre assuntos, idealmente de forma isenta e impes-
soal. Expor ideias, pensamentos, doutrinas, teses, argumentos e contra-argu-
mentos. Envolve refletir, explicar, avaliar, conceituar, analisar, informar.
Argumentativo Convencer, influenciar, persuadir as pessoas para realizar ações e alcançar 
objetivos. Consiste no emprego de provas, justificativas, com o objetivo de 
apoiar ou refutar teses. Envolve raciocínio para provar ou negar proposições. 
Injuntivo Dizer como fazer ou realizar ações; descrever e prescrever regras, normas 
para uso e regulação de comportamentos.
Dialogal Interagir, por meio de troca interpessoal de ideias, sentimentos e informações 
sobre diferentes temas.
No meio acadêmico, podem ser encontra-
dos todos os tipos textuais, concretizados em 
gêneros textuais diferentes. Um relatório, por 
exemplo, utiliza-se de características descriti-
vas, para avaliar algo. A metodologia encontra-
da em um artigo, por sua vez, é predominan-
temente narrativa, pois apresenta a sucessão 
dos passos adotados por um pesquisador na 
condução de seu estudo. Um resumo é um texto 
expositivo, em que se apresentam, de forma im-
pessoal, as informações presentes em um outro 
texto. Um ensaio, no entanto, por conter uma 
tese defendida acerca de determinado assun-
to, possui características predominantemente 
argumentativas. Este manual, como os demais 
materiais didáticos, além do caráter obviamen-
te expositivo, tem também uma feição injunti-
va, na medida em que ensina como proceder na 
escrita acadêmica. Por fim, os gêneros orais da 
vida universitária, como a arguição, por exem-
plo, estão intimamente ligados ao tipotextual 
chamado dialogal, em que a interação locutor-
-interlocutor é primordial.
Veja a seguir outros gêneros discursivos do 
domínio acadêmico, tanto na modalidade escrita 
quanto na modalidade oral da comunicação.
 
Modalidade escrita: temos artigos cien-
tíficos, relatórios científicos, notas de aula, di-
ários de campo, teses, dissertações, monogra-
fias, artigos de divulgação científica, resumos 
de artigos, de livros, de conferências, resenhas, 
comentários, projetos, manuais de ensino, bi-
bliografias, fichas catalográficas, currículos vi-
tae, memoriais, pareceres técnicos, sumários, 
bibliografias comentadas, índices remissivos, 
glossários etc. 
Modalidade oral: palestras, conferências, 
debates, entrevistas, seminários, apresentações 
em congressos, arguições etc. 
Exercitando 
Antes de avançar para um novo assunto, 
que tal pôr em prática o que você acabou de ver 
na unidade? Se você encontrar dificuldades para 
realizar a tarefa a seguir, retome o conteúdo aqui 
estudado.
Atividade 2
Leia atentamente o texto abaixo, “Dimen-
são e horizonte de investimento em carteiras 
imunizadas: uma análise sob a perspectiva das 
entidades de previdência complementar”, retira-
do da READ – Revista Eletrônica de Administra-
ção. A que gênero textual ele pertence? Qual é o 
modo de organização textual nele predominan-
te? Justifique suas respostas.
12
Voltar ao sumário
Dimensão e horizonte de investimento 
em carteiras imunizadas: uma análise 
sob a perspectiva das entidades de 
previdência complementar
O termo imunização denota a construção de 
uma carteira de títulos de forma a torná-la imune 
a variações nas taxas de juros. No caso das entida-
des de previdência complementar, o objetivo da 
imunização é distribuir os recebimentos interme-
diários e finais dos ativos de acordo com o fluxo 
de pagamentos dos benefícios. Em geral, quanto 
maior a classe de alterações na estrutura a termo 
das taxas de juros, mais restritivo se torna o mo-
delo. O artigo busca comparar o desempenho de 
modelos de gestão de risco de taxa de juros que, 
baseados em alternativas distintas de programa-
ção matemática, objetivam garantir o pagamento 
do fluxo futuro de benefícios. Embora exista uma 
vasta literatura sobre o aspecto estatístico e so-
bre o significado econômico dos modelos de imu-
nização, o artigo inova ao prover uma análise de-
talhada do desempenho comparado dos modelos, 
sob três perspectivas complementares: o método 
escolhido, a dimensionalidade e, ainda, o hori-
zonte de investimento. A análise permite concluir 
que os modelos de imunização tradicional, quan-
do examinados sob a ótica conjunta da redução 
do risco, das restrições impostas à formatação 
da carteira e dos custos de transação associados, 
são mais eficientes, no médio e longo prazo, que 
os modelos multidimensionais de gestão do risco 
de taxa de juros, os quais se mostram superiores 
apenas na gestão restrita ao curto prazo.
Sérgio Jurandyr Machado - IBMEC-SP
Antonio Carlos Figueiredo Pinto - PUC-RJ
Conhecendo a estrutu-
ra do parágrafo
Na primeira parte desta unida-
de, você aprendeu a diferenciar tipos e gêneros tex-
-tuais, e como essas categorias se combinam na hora 
de produzir um texto. Assim, nossa preocupação ini-
cial era a macroestrutura textual, isto é, a compreen- 
são da estruturação geral dos textos acadêmicos.
A partir de agora, voltamos nossas aten-
ções para a microestrutura textual, ou seja, as 
partes menores que compõem um texto. Para 
efeitos didáticos, vamos trabalhar com uma uni-
dade conhecida por todos os alunos: o parágrafo.
É preciso que compreendamos cada pará-
grafo como um pequeno texto, o qual deve ter 
sua estrutura reconhecida. Inicialmente, vamos 
observar alguns exemplos de parágrafos bem 
construídos e proceder a sua análise: 
Lula repassa terras da União a Roraima 
e diz que está pagando dívida
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva as-
sinou, nesta quarta-feira (28), um decreto e uma 
medida provisória repassando 6 milhões de hec-
tares (60 mil quilômetros quadrados) de terras 
da União para Roraima. O repasse equivale a 
25% da área total do estado e é 50% maior que a 
Suíça (41,2 mil quilômetros quadrados). 
Segundo Lula, o governo está pagando 
uma “dívida” que tem com Roraima desde a 
“celeuma da reserva indígena Raposa Serra do 
Sol”. O governador do estado, José de Anchieta 
Júnior, negou que esteja recebendo uma espé-
cie de recompensa por ter perdido parte do seu 
território por causa da demarcação da reserva 
indígena. 
[...] 
(Jeferson Ribeiro Do G1, em Brasília) 
O trecho acima, retirado de uma notícia, 
é composto por dois parágrafos. Analisando-se 
cada um deles, vemos que são compostos por 
mais de uma frase. Tal fato nos sugere não escre-
ver parágrafos de uma única frase enorme, pois 
isso dificulta a compreensão do leitor. Para que 
a leitura seja fácil e agradável, os sinais de pon-
tuação devem estar devidamente empregados e 
as frases devem ter um tamanho razoável. 
Atente para a seleção das frases empre-
gadas em cada parágrafo. No primeiro deles há 
uma frase principal, que o resume e apresenta a 
ideia central: “O presidente Luiz Inácio Lula da 
Silva assinou, nesta quarta-feira (28), um decreto 
e uma medida provisória repassando 6 milhões 
de hectares (60 mil quilômetros quadrados) de 
terras da União para Roraima”. A essa frase ini-
cial, chamamos de frase-tópico.
A frase-tópico é, geralmente, a primeira 
frase do parágrafo. Sua função é expor de forma 
resumida a ideia geral, que será desenvolvida 
nas outras frases. Observe agora o segundo pe-
ríodo do parágrafo: “O repasse equivale a 25% 
da área total do estado e é 50% maior que a Suí-
ça (41,2 mil quilômetros quadrados)”. Essa frase 
13
Voltar ao sumário
desenvolve a frase-tópico na medida em que dá 
informações complementares acerca do repasse 
mencionado na frase anterior. 
Analisemos agora o segundo parágrafo, 
cuja frase-tópico é: “Segundo Lula, o governo 
está pagando uma ‘dívida’ que tem com Rorai-
ma desde a ‘celeuma da reserva indígena Rapo-
sa Serra do Sol’”. Tal frase apresenta como ideia 
principal do parágrafo a opinião do presidente 
diante da questão da reserva indígena. Porém, 
é bom complementar a frase-tópico, para que o 
texto se torne mais coeso e informativo. O au-
tor desenvolveu essa frase principal com uma 
relação de oposição, ao escrever: “O governador 
do estado, José de Anchieta Júnior, negou que 
esteja recebendo uma espécie de recompensa 
por ter perdido parte do seu território por cau-
sa da demarcação da reserva indígena”. O autor 
do texto poderia inclusive iniciar esse segundo 
período por um conectivo que expressasse opo-
sição, como porém, contudo, todavia etc. 
Veja ainda que há muitas formas de desen-
volver a ideia central fixada e exposta na frase-
-tópico: definições, enumerações, comparações, 
contrastes, razões, análise, exemplos, fatos, 
estatísticas, citações, ilustrações, evidências e 
contraevidências da ideia apresentada na frase-
-tópico. As frases de suporte fornecem as dife-
rentes especificações que explicam, delimitam, 
reforçam, contradizem ou expandem a ideia cen-
tral exposta na frase-tópico.
Exercitando 
Antes de avançar para um novo assunto, 
que tal pôr em prática o que você acabou de ver 
na unidade? Se você encontrar dificuldades para 
realizar a tarefa a seguir, retome o conteúdo aqui 
estudado.
Atividade 3
Algumas das frases-tópico seguintes di-
zem respeito a conhecimento compartilhado na 
cultura local e nacional, de modo que podem ser 
desenvolvidas imediatamente após a leitura das 
mesmas. Outras supõem conhecimento especia-
lizado e só podem ser aprofundadas após con-
sulta a fontes de informação. Comecemos pelo 
primeiro grupo. Leia-as e escreva parágrafos que 
com elas se iniciem, acrescentando frases de su-
porte/desenvolvimento.
1. Meus dois professores são totalmente 
diferentes em aparência, comportamento e per-
sonalidade.
2. O futebol está se tornando popular nos 
Estados Unidos graças à simplicidadedo equipa-
mento, das regras e das habilidades envolvidas.
3. A paisagem, as praias, e o carnaval tor-
nam o Rio de Janeiro uma cidade maravilhosa.
Já as frases-tópico seguintes fazem afirma-
ções acerca de assuntos mais especializados, de 
modo que você deve buscar algumas informa-
ções sobre eles antes de tentar desenvolvê-las.
4. Astronomia é uma ciência fascinante.
5. A adaptação animal é imprescindível 
para a sobrevivência das espécies.
6. A intensa miscigenação teve importan-
tes consequências para a formação do povo 
brasileiro.
Na seção anterior, vimos como um pará-
grafo se constitui em linhas gerais: uma frase-
-tópico e frases de suporte, podendo ainda ha-
ver uma frase de conclusão. Da mesma forma, 
um ensaio, uma redação, um artigo científico ou 
um texto expositivo ou argumentativo também 
têm essa estrutura de três partes: um parágrafo 
introdutório, parágrafos de suporte e um pará-
grafo de conclusão.
O parágrafo de introdução 
A principal característica de um parágrafo 
de introdução é a presença da tese, ideia central 
do texto. Em um texto expositivo, a tese é uma 
informação principal, ampla, dentro da qual há 
uma série de outras informações que serão apre-
sentadas nos parágrafos subsequentes. Em um 
texto argumentativo, a tese é o ponto de vista 
que o autor defende, inserido em um tema mais 
amplo, o qual também deve ficar claro logo no 
primeiro parágrafo.
É de suma importância que a tese seja 
apresentada com clareza, pois isso facilita a lei-
tura do texto, bem como sua escrita, visto que 
impede que você fuja ao tema. Ao longo do texto, 
tente sempre que possível remeter o que escreve 
nos demais parágrafos à tese, afinal tal estratégia 
garante unidade, coesão e coerência ao texto. 
Há mais de uma maneira de redigir um pa-
rágrafo introdutório, embora este deva sempre 
situar o tema geral do texto e a tese. A seguir, va-
mos analisar diferentes parágrafos de introdução 
redigidos acerca do mesmo tema: o crescimento 
14
Voltar ao sumário
da violência na contemporaneidade. Atente para 
os diferentes recursos usados em cada parágra-
fo e perceba que uma mesma temática pode ser 
introduzida de diferentes maneiras. Com a práti-
ca, você logo selecionará as estratégias com que 
se sente mais à vontade. 
1. Abordagem-padrão – Neste tipo de in-
trodução, apresenta-se primeiramente 
a tese e logo a seguir enumeram-se os 
argumentos que serão desenvolvidos 
ao longo do texto (cada um desses ar-
gumentos corresponderá a cada um dos 
parágrafos de desenvolvimento subse-
quentes). Veja o exemplo abaixo: 
É indiscutível que a violência cresce de 
forma exponencial nos dias de hoje, como não 
cessam de informar os meios de comunicação. 
Tal fato acarreta mudanças drásticas na arqui-
tetura urbana, como a construção de grades por 
toda a parte, em uma tentativa de prender a si, 
já que o assustador Outro não cabe por inteiro na 
cadeia. Mudam também as ofertas de emprego, 
com a popularização do ofício de “segurança” e 
a quase extinção de profissões que exigem con-
fiança em pessoas desconhecidas, como o antigo 
vendedor de porta em porta, que hoje não ganha 
mais do que um grito repelente por trás do “olho-
-mágico”. Esses são apenas alguns entre muitos 
outros fenômenos que nos escapam na discussão 
da violência, geralmente suscitada por tragédias 
veiculadas na mídia.
Nesse caso, a primeira frase do parágrafo 
é também a tese do texto (ponto de vista princi-
pal defendido na redação). Seguem-se a ela dois 
exemplos que serão explorados em detalhe nos 
próximos dois parágrafos de desenvolvimento. 
Por fim, veja que a frase de conclusão (última 
do parágrafo) serviu para retomar e resumir as 
ideias anteriormente apresentadas, às quais se 
somou um dado novo: a predominância de tra-
gédias no discurso midiático sobre violência. 
Tenha sempre em mente que uma frase de con-
clusão, mesmo que sirva para encapsular tudo o 
que foi dito antes, deve conter alguma informa-
ção nova, que justifique sua existência. Do con-
trário, o texto torna-se repetitivo. 
2. Definição – Nesse tipo de introdução, 
antes de se apresentar a tese, faz-se 
uma ambientação, isto é, uma afirmação 
inicial que situa a tese no tema geral ao 
qual pertence. Como no exemplo abai-
xo, a ambientação pode ser a definição 
de um conceito-chave para a argumen-
tação acerca do tema proposto. 
Segundo Houaiss (2008), violência é “cons-
trangimento físico ou moral exercido sobre al-
guém, para obrigá-lo a submeter-se à vontade 
de outrem; coação”. Tal definição explicita uma 
faceta da violência por vezes esquecida: a dimen-
são moral. Do mesmo modo como a agressão fí-
sica pode causar danos irreparáveis, a ofensa e 
a injúria deixam sequelas para sempre, devendo 
haver, portanto, preocupação social no combate 
a esse problema. 
3. Questionamento(s) – A ambientação 
pode também ser composta por per-
guntas que convidem o leitor à reflexão 
acerca do tema. No entanto, tome o cui-
dado de, após essas perguntas, afirmar 
sua tese. Não deixe também de respon-
der a todas as perguntas ao longo de 
seu texto. 
Medidas punitivas são o suficiente para 
coibir o aumento da violência? A história já pro-
vou que não. Assim como o senso comum tem 
cristalizada a máxima de que “prevenir é melhor 
do que remediar”, estudos provam que países 
que investiram em educação tiveram reduções 
mais significativas de índices de violência do que 
aqueles que destinaram sua verba à construção 
de presídios. 
4. Citação – A ambientação também 
pode apresentar uma citação de alguém 
famoso. Nesse caso, lembre-se de pôr 
entre aspas uma fala que não é propria-
mente sua. Tal recurso tem a vantagem 
de se valer da autoridade do discurso 
alheio, que pode ser posto em diálogo 
com o seu.
“A não-violência absoluta é a ausência 
absoluta de danos provocados a todo ser vivo. A 
não-violência, na sua forma ativa, é uma boa dis-
posição para tudo o que vive. É o amor na sua 
perfeição”. Essa célebre citação de Gandhi, ao 
referir-se a uma “não-violência ativa”, mostra ser 
possível optar pela paz e praticá-la de forma ativa 
15
Voltar ao sumário
e consciente, o que deve se dar em todas as situa-
ções da vida. Tal princípio da não-violência é hoje 
símbolo da possibilidade de um mundo pacífico, a 
despeito das evidentes dificuldades para que isso 
se efetive. 
5. Sequência de frases nominais – Um 
recurso interessante para iniciar um 
texto é fazer uma enumeração de frases 
nominais (sem verbo), separando-as 
por ponto final. Por ser um recurso di-
ferente, isso chama a atenção do leitor. 
Como sempre, a presença da tese logo 
após essa ambientação é fundamental.
Bala perdida. Sequestro-relâmpago. Falsa 
blitz. Basta abrir o jornal ou ligar a televisão para 
se ouvir mais uma notícia de crime no país. A me-
nos que medidas conscienciosas sejam tomadas 
para o combate dessa realidade hostil, o quadro 
tende a se tornar cada vez pior.
6. Exposição do ponto de vista oposto 
– Você pode também iniciar seu texto 
enunciando um ponto de vista contrá-
rio ao seu, na ambientação. Em segui-
da, você deve usar um conectivo que 
expresse oposição de ideias (PORÉM, 
NO ENTANTO, CONTUDO, TODAVIA 
etc.) e apresentar sua própria tese, 
provando ser ela mais acertada do que 
o posicionamento anteriormente men-
cionado.
Há quem diga que basta instituir a pena 
de morte para que haja reduções bruscas nos 
índices da violência. No entanto, esse é um po-
sicionamento por demais simplista, que acredita 
na solução de um problema de dimensões eco-
nômicas, sociais e políticas, que assola todo o 
país, por meio de uma simples resolução jurídi-
ca. Na verdade, alteração alguma na lei é sufi-
ciente sem que medidas preventivas, as quais 
culminem na redução das desigualdades sociais, 
sejam tomadas. 
7. Alusão histórica – Antes de apresen-
tar sua tese, você pode lançar mão de 
uma ambientação que a situe historica-
mente, apresentando, brevemente, os 
antecedentes históricos que confirmam 
seuponto de vista. 
Ao falarmos sobre violência, alguns discur-
sos apontam-na como sendo uma problemática 
contemporânea. Porém, a história do descobri-
mento e da colonização do Brasil é marcada por 
uma violência que muitas vezes esquecemos: o 
massacre dos indígenas. Ao estudarmos de forma 
profunda e atenta essa mortandade que está no 
início da história escrita sobre o país, podemos 
não só compreender o passado da nossa forma-
ção, mas entender também a violência presente, 
em suas semelhanças e diferenças com a pretéri-
ta, e pensar em intervenções que combatam esse 
problema nos dias de hoje. 
Exercitando 
Antes de avançar para um novo assunto, 
que tal pôr em prática o que você acabou de ver 
na unidade? Se você encontrar dificuldades para 
realizar a tarefa a seguir, retome o conteúdo aqui 
estudado.
Atividade 4
Do texto a seguir, retirou-se o primeiro 
parágrafo. Com base nos demais parágrafos, re-
dija pelo menos três versões para a introdução, 
utilizando diferentes técnicas estudadas nesta 
unidade:
Crítico de cinema: 
profissão em extinção?
[...]
O “New York Times” dedica-se a tentar en-
tender a perda de importância dos jornais – e o 
crescimento da influência dos blogs – no proces-
so de divulgação dos filmes pelos grandes estú-
dios. O sinal mais aparente deste fenômeno – im-
portante pelo volume de recursos que Hollywood 
movimenta em marketing – é que os jornais con-
tribuem cada vez menos com aquelas publicida-
des repletas de frases retiradas de críticas.
Uma das mais antigas ferramentas de marke-
ting de um filme, a citação tirada de uma crítica 
de cinema (coisas como “eletrizante” “imperdí-
vel”, “muito engraçado”, “ri do início ao fim”) já 
foi motivo de muita polêmica. Há alguns anos, 
descobriu-se que um estúdio, a Sony, havia publi-
cado um anúncio com uma frase inventada, dita 
por um crítico que não existia. Também é comum 
tirar palavras ou frases de contexto, mudando 
16
Voltar ao sumário
o sentido do que o crítico quis dizer para realçar 
qualidades inexistentes de um filme.
O que inquieta o “New York Times” agora é 
o fato de que os grandes estúdios de Hollywood 
preferem recorrer a críticas publicadas em blogs 
do que em jornais. Escreve o diário:
“Os seis grandes estúdios gostam de ir à 
Internet em busca de frases para usar em publi-
cidade porque há uma variedade muito grande 
de sites de onde tirar a palavra ou a frase certa. 
Alguns sites, é claro, são sérios. Outros, incluindo 
sites como Ain’t It Cool News, não fazem segredo 
do seu olhar de ‘animador de torcida’ em relação 
a alguns gêneros de filmes”.
Em outras palavras, raciocina o “New York 
Times”, os estúdios preferem recorrer a sites e 
blogs porque eles tratam os filmes de forma mais 
generosa e complacente que os jornais. O gran-
de diário americano está, evidentemente, fazen-
do uma generalização injusta, já que há também 
muitos críticos em jornais que funcionam mais 
como “animadores de torcida” do que, propria-
mente, como analistas sérios e isentos.
Em todo caso, dois entrevistados do jor-
nal reforçam a tendência de recorrer a sites e 
blogs no lugar dos jornais na leitura das críticas 
de cinema. Um vice-presidente da Universal, Mi-
chael Moss, diz ao jornal: “Alguns dos melhores 
críticos de cinema e a maioria das boas críticas 
são encontradas online”.
Já Mike Vollman, presidente de marketing 
da MGM e United Artists, afirma que vai prefe-
rir se basear mais em blogs do que na revista 
“Time” para promover o remake do filme “Fama”. 
“A realidade, e lamento dizer isso para você, é 
que os jovens que vão ao cinema são mais in-
fluenciáveis por um blog do que por um crítico 
de jornal”.
A reportagem, em resumo, confirma as 
previsões mais pessimistas dos que enxergam 
na revolução promovida pela nova mídia um si-
nal de empobrecimento e decadência cultural. 
Ainda assim, o próprio “New York Times” reco-
nhece que há sites “sérios”, publicando textos 
sobre cinema com o mesmo grau de rigor que os 
jornais ditos de prestígio.
E o Brasil? – algum leitor perguntará. O 
problema, ainda que em grau menor, até porque 
a indústria de cinema nacional é minúscula, se 
comparada a Hollywood, já aparece por aqui. Ain-
da estamos, pelo que observo, numa etapa ante-
rior. Há um crescimento impressionante de sites e 
blogs dedicados ao cinema, mas o mercado ainda 
observa com desconfiança, procurando enten-
der – e separar o joio do trigo de toda essa movi-
mentação. Em todo caso, é possível observar que 
alguns produtores já utilizam frases retiradas de 
sites e blogs para divulgação de seus filmes.
Maurício Stycer
Parágrafos de desenvolvimento
Como quaisquer outros parágrafos, os de 
desenvolvimento apresentam frases-tópico, fra-
ses de suporte e, às vezes, frases de conclusão. 
O que os difere dos parágrafos de introdução 
e conclusão é seu caráter menos abrangente e 
mais específico: enquanto no início e no final 
do texto dá-se preferência por apresentar ideias 
gerais, o desenvolvimento de um texto deve ser 
marcado por parágrafos de caráter mais deta-
lhado, os quais apresentem, de forma pormeno-
rizada, as informações que sustentam a tese do 
texto. Desse modo, é importante que você evite 
parágrafos de desenvolvimento extremamente 
curtos, os quais contenham apenas a apresen-
tação de uma ideia. Como o próprio nome já 
indica, é preciso desenvolver essas ideias, apre-
sentando causas, consequências, contrastes etc. 
Para isso, você aprenderá neste curso, na uni-
dade sobre Coesão, como estabelecer relações 
desse tipo entre as frases e as orações. 
O parágrafo de conclusão
O parágrafo final é a conclusão, uma parte 
muito importante do seu texto. Concluir um tex-
to envolve sintetizar, reformular e/ou comentar 
o assunto abordado ao longo dele. Na síntese, 
você escreve um resumo dos principais assun-
tos ou argumentos discutidos no corpo do texto. 
Outra forma de concluir é reformulando a ideia 
principal do seu texto em outras palavras. No co-
mentário, você externa seu(s) ponto(s) de vista 
sobre o problema enfocado no texto. Como esse 
comentário é a última coisa que o leitor vai ver, é 
essencial que você redija uma mensagem impor-
tante e impactante, que o leitor vá lembrar.
Para que seu texto seja bem-sucedido, 
não basta que você comece bem e explique com 
clareza suas ideias. Caso a conclusão não seja 
satisfatória, a impressão final do leitor não será 
boa, o que revela a importância de caprichar na 
elaboração do último parágrafo. 
17
Voltar ao sumário
Lembre-se de que, caso você tenha inicia-
do seu texto com uma analogia, é interessante 
que essa mesma analogia seja revisitada na con-
clusão. Do mesmo modo, se seu texto se inicia 
com uma pergunta, é interessante que a respos-
ta a ela esteja clara na conclusão. Veja a seguir 
um exemplo de texto dissertativo em que a con-
clusão e a introdução completam-se mutuamen-
te, reiterando a tese do autor: 
Homem Virtual
A história do homem é marcada por gran-
des invenções e acontecimentos que modificam 
as relações familiares, sociais e internacionais. 
Transformações essas que não se prendem ex-
clusivamente ao passado dos homens descobri-
dores do fogo, criadores da roda, aventureiros 
dos mares, pilares do Renascimento... Os revo-
lucionários do século XX inserem-se na História 
com ferramentas virtuais e o poder da tecla enter. 
A atual Revolução Tecnológica é uma 
transformação sem qualquer precedente na his-
tória da humanidade. Enquanto, no passado, as 
revoluções limitavam-se no espaço e no tempo, 
ou mesmo nas diferenças culturais, o mundo 
globalizado de hoje lhes permite percorrer rapi-
damente quilômetros de distância sem que mes-
mo haja tempo para resistências ideológicas. É 
dessa facilidade que se extrai a explicação para 
as repentinas e profundas mudanças nas rela-
ções humanas no século XX e especialmente na 
década de 90. 
O computador é a perfeita materializa-
ção da Revolução do século XX. Através dele, 
o homem conecta-se ao mundo, percorre paí-
ses, acessa diferentes informaçõesou diferen-
tes ângulos de uma mesma informação, agiliza 
trabalhos, melhora imagens, cria recursos... 
transformações desse nível foram muitas vezes 
vivenciadas pelo homem. Nunca, porém, elas 
conseguiram atingi-lo paralelamente em sua es-
sência, visões, ideologia, prioridades. O mundo 
tecnológico trouxe também novas fontes de la-
zer, menos convivência pessoal, busca incessan-
te de novos conhecimentos, necessidade de al-
cançá-los rapidamente. Criou um homem quase 
digital com emoções contidas, experiências vir-
tuais, convivência cibernética, família matricial. 
A velha conversa no botequim deu lugar às salas 
de bate-papo, a visita vespertina agora é um e-
-mail, o amigo é o computador. 
É inegável que a tecnologia trouxe vanta-
gens ao dia-a-dia. É lamentável, porém, que o ho-
mem a tenha manipulado de tal forma a perder 
o controle sobre sua criação. Os heróis digitais 
confundem-se com os vilões, que deletam aos 
poucos o sentido de humanidade de nossa so-
ciedade. 
(retirado de http://www.puc-rio.br/vesti-
bular/repositorio/redacoes/redacao18.html)
Exercitando 
Antes de avançar para um novo assunto, 
que tal pôr em prática o que você acabou de ver 
na unidade? Se você encontrar dificuldades para 
realizar a tarefa a seguir, retome o conteúdo aqui 
estudado.
Atividade 5
Do texto a seguir, retirou-se a conclusão. 
Com base nos demais parágrafos, redija, pelo 
menos, duas versões para a conclusão, utilizan-
do diferentes técnicas estudadas nesta unidade.
Novos desafios para o planeta 
(adaptado)
Por Marcelo Barros – Agência de Informa-
ção Frei Tito para a América Latina – de São Paulo
Em torno ao dia 05 de junho que a ONU 
consagra como “dia internacional do meio am-
biente”, o mundo inteiro promove uma série 
de discussões e eventos que durarão toda a 
semana. De fato, os problemas ambientais se 
agravam. Hoje, não há quem não se assuste 
com a frequência e a intensidade de inunda-
ções e secas, assim como, em algumas regiões 
do mundo, terremotos e furacões ganham fúria 
nunca vista.
Como disse Leonardo Boff na assembleia 
geral da ONU: “se a crise econômica é preocu-
pante, a crise da não-sustentabilidade da Terra 
se manifesta cada dia mais ameaçadora. Os cien-
tistas que seguem o estado do Planeta, especial-
mente a Global Foot Print Network, haviam falado 
do Earth Overshoot Day, isto é, do dia em que se 
ultrapassarão os limites da Terra. Infelizmente, 
os dados revelam que, exatamente no dia 23 de 
setembro de 2008, a Terra ultrapassou em 30% 
sua capacidade de reposição dos recursos ne-
cessários para as demandas humanas.
18
Voltar ao sumário
No momento atual, precisamos de mais 
de uma Terra para atender à nossa subsistência. 
Como garantir ainda a sustentabilidade da Ter-
ra, já que esta é a premissa para resolver as de-
mais crises: a social, a alimentar, a energética e a 
climática? Agora, não temos uma “arca de Noé” 
que salve alguns e deixe perecer a todos os de-
mais. Como asseverou recentemente, com muita 
propriedade, o Secretário Geral desta casa, Ban 
Ki-Moon: “não podemos deixar que o urgente 
comprometa o essencial”. O urgente é resolver 
o caos econômico, mas o essencial é garantir a 
vitalidade e a integridade da Terra.
É importante superar a crise financeira, 
mas o imprescindível e essencial é como vamos 
salvar a Casa Comum e a humanidade que é par-
te dela. Esta foi a razão pela qual a ONU adotou 
a resolução sobre o Dia internacional da Mãe 
Terra (International Mother Earth Day), a ser ce-
lebrado no dia 22 de abril de cada ano. Dado o 
agravamento da situação ambiental da Terra, 
especialmente o aquecimento global, temos de 
atuar juntos e rápido. Caso contrário, há o risco 
de que a Terra possa continuar, mas sem nós” 
(discurso na ONU – abril de 2009).
Infelizmente, governos e instituições in-
ternacionais continuam insistindo no modelo 
capitalista depredador. Somente o governo ame-
ricano destinou este ano mais de US$ 4 trilhões 
a salvar bancos e multinacionais irresponsáveis 
que perderam dinheiro no cassino financeiro da 
imprevisibilidade. Este dinheiro do povo, dado 
aos ricos, “é um valor 40 vezes maior do que os 
recursos destinados a combater as mudanças 
climáticas no mundo e a pobreza” (Le Monde Di-
plomatique Brasil, maio de 2009, p. 3). O próprio 
governo brasileiro advoga que, contra a crise 
econômica que assola o planeta e também atin-
ge o Brasil, a solução será consumir e comprar, 
porque isso gera empregos e receitas. As conse-
quências ecológicas desta escolha não se colo-
cam. Menos ainda a questão ética fundamental. 
Quantos brasileiros podem viver esta febre do 
consumo? O PNUD do ano passado confirma: 
20% das pessoas mais ricas absorvem 82% das 
riquezas mundiais, enquanto 20% dos mais po-
bres têm de se contentar apenas com 1,6% des-
ta riqueza que deveria ser comum. Uma ínfima 
minoria monopoliza o consumo e controla os 
processos econômicos que implicam a devasta-
ção da natureza e uma imensa injustiça social.
[...]
Respostas às atividades
Atividade 1 
1. O texto fala das enchentes que destruí-
ram cidades no estado de Santa Catarina, no ano 
de 2009.
2. O texto se destina aos brasileiros em ge-
ral, dada a abrangência do assunto e a linguagem 
simples, clara e direta.
3. O leitor tem de saber que as chuvas 
causaram enchentes, o que o texto não explicita. 
Além disso, a construção “para ajudar na recu-
peração de estradas, casas” apresenta um pres-
suposto, isto é, se é preciso recuperar, é porque 
houve destruição.
4. Trata-se do gênero notícia, que, no pla-
no do conteúdo, caracteriza-se por trazer infor-
mações recentes e que se tornam datadas em 
poucos dias. No plano da forma, a linguagem é 
direta e clara, misturando traços narrativos e ex-
positivos.
Atividade 2 – Trata-se de um resumo, 
como se pode ver pela densidade de informa-
ções, causada pela quase inexistência de frases 
com baixa informatividade. Nesse gênero, pre-
domina a exposição, pois os fatos são apresen-
tados de forma imparcial.
Atividade 3 – Esta atividade tem muitas 
possíveis respostas. Apresentamos, a seguir, al-
gumas:
1. Meus dois professores são totalmente 
diferentes em aparência, comportamento e per-
sonalidade. Um é alto e magro, com nariz aquili-
no e modos distintos. O outro é baixo, gordinho 
e tem um jeito alegre de falar. Ambos, porém, são 
muito dedicados e dão, cada um a seu modo, óti-
mas aulas.
2. O futebol está se tornando popular nos 
Estados Unidos graças à simplicidade do equipa-
mento, das regras e das habilidades envolvidas. 
Enquanto beisebol e basquete, tradicionais no 
país, exigem alguns equipamentos caros, como 
luvas, tacos ou cestas, o futebol não pede mais 
do que uma bola de meia e um pouco de ginga 
nos pés. Esse acaba sendo o fator que atrai po-
pulações de baixa renda.
3. A paisagem, as praias, e o carnaval tor-
nam o Rio de Janeiro uma cidade maravilhosa. 
Turistas do mundo inteiro deixam cidades com 
fama internacional por sua beleza e ordenação 
19
Voltar ao sumário
social para reverenciar a terra dos cariocas, 
pois, apesar de notórios problemas de seguran-
ça pública, “o Rio de Janeiro continua lindo”.
4. A astronomia é uma ciência fascinante. 
Desenvolvida a partir da astrologia, segundo a 
qual os astros influenciariam o destino humano, 
a astronomia hoje pouco se parece com essa mo-
dalidade adivinhatória. Em lugar de mapas as-
trais, telescópios de alta potência e cálculos ma-
temáticos muito precisos analisam o movimento 
dos corpos celestes, deixando aos corpos huma-
nos que cuidem eles mesmos de seus destinos.
5. A adaptação animal é imprescindível 
para a sobrevivência das espécies. Darwin per-
cebera isso quando postulou sua teoria da Se-
leção Natural, segundo a qual apenas o mais 
adaptado sobreviveria. O homem, por exemplo, 
fisicamente frágil, teve de se adaptar para sobre-
viver às intempéries e ao hostil ambiente, desen-
volvendo a tecnologia.
6. A intensa miscigenação teve importan-
tes consequências para a formação do povo bra-
sileiro. Porém, quando falamosem miscigenação, 
muitos reduzem a exemplos simplistas o fenôme-
no de hibridação cultural, como a diferentes re-
ceitas culinárias ou às origens distintas de vocá-
bulos de nossa língua. Tal visão apaga o quanto 
da visão de mundo que os brasileiros têm, em to-
das as esferas da vida pública e privada, é fruto 
da mistura de uma série de culturas.
Atividade 4 – Segue abaixo a introdução 
do texto original.
“Levantamento do jornal The Salt Lake 
Tribune indica que ao menos 55 críticos de cine-
ma foram demitidos ou mudaram de área na im-
prensa americana desde 2006. O dado, citado em 
reportagem na edição dominical do ‘New York 
Times’, ilumina um aspecto da crise que afeta 
os jornais americanos e, em particular, ajuda a 
compreender uma mudança significativa que 
vem ocorrendo na relação de Hollywood com a 
imprensa”.
Atividade 5 – Segue abaixo a conclusão 
do texto original.
“Para quem vive uma busca espiritual, o 
cuidado amoroso com a Mãe Terra, com a água e 
com todo ser vivo fazem parte do testemunho de 
que Deus é amor, está presente e atuante no uni-
verso. Apesar de todas as agressões e crimes co-
metidos contra o Planeta, ainda podemos salvá-lo. 
Em 2003, a UNESCO assumiu a ‘Carta da Terra’ 
como instrumento educativo e referência ética 
para o desenvolvimento sustentável. Participa-
ram ativamente de sua concepção humanista 
pensadores do mundo inteiro. É preciso que 
a ONU assuma este documento que qualquer 
pessoa pode ler e comentar na Internet (basta 
consultar: ‘carta da terra’). É o esboço de uma 
‘declaração dos direitos da Terra’ e toda a hu-
manidade é chamada a conhecê-la e praticá-la”.
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Unidade 2 
Coesão textual
Apresentando a unidade
Nesta unidade, identificamos, ilustramos e comentamos os recursos mais eficazes para aumentar a coesão entre as partes 
dos parágrafos e dos textos.
Antes de iniciarmos propriamen-te o tema 
desta unidade, observe a letra de música abai-
xo, que muito se relaciona com o assunto desta 
unidade. 
A linha e o linho
(Gilberto Gil)
É a sua vida que eu quero bordar na minha
Como se eu fosse o pano e você fosse a linha
E a agulha do real nas mãos da fantasia
Fosse bordando ponto a ponto nosso dia-a-dia
E fosse aparecendo aos poucos nosso amor
Os nossos sentimentos loucos, nosso amor
O ziguezague do tormento, as cores da alegria
A curva generosa da compreensão
Formando a pétala da rosa, da paixão
A sua vida, o meu caminho, nosso amor
Você a linha e eu o linho, nosso amor
Nossa colcha de cama, nossa toalha de mesa
Reproduzidos no bordado
A casa, a estrada, a correnteza
O sol, a ave, a árvore, o ninho da beleza
O texto acima revela a intimidade entre a li-
nha e o linho, não só no plano da forma (por cau-
sa da estrutura parecida das duas palavras do 
título), mas também no plano do significado (de-
vido a ambas as palavras pertencerem ao campo 
da costura). Observe que o conteúdo dialoga di-
retamente com a noção de coesão textual, que es-
tudaremos nesta unidade, afinal é o fenômeno da 
coesão que “costura” as partes de um texto, ga-
rantindo-lhe coerência e clareza. Nas próximas 
seções, você estudará os mecanismos que deve 
empregar em seus textos, para que sejam sem-
pre coesos e bem articulados.
Definindo os objetivos
Ao final desta unidade, você deverá ser 
capaz de:
1. compreender a noção de coesão textual e sua 
importância para uma boa legibilidade dos textos;
2. identificar as estratégias textuais que assegu-
ram coesão ao discurso;
3. reconhecer e corrigir falhas textuais que com-
prometam a coesão do discurso;
4. produzir textos mais coesos.
Conhecendo a 
coesão textual
Muitas vezes, ao escrever-
mos, temos boas ideias, mas sentimos dificul-
dades para relacioná-las. Se não tomarmos cui-
dado, podemos acabar por lançar no papel uma 
série de frases gramaticalmente corretas, mas 
que não se relacionam de forma clara entre si. 
Para que um conjunto de frases se torne um tex-
to, é preciso que haja coesão: que as ideias se 
entrelacem, completando-se e retomando-se, de 
modo que as frases sigam um fluxo lógico e con-
tínuo, não parecendo blocos isolados. Quando 
um texto está coeso, temos a sensação de que 
sua leitura “flui” com facilidade.
A origem do termo texto remete a tecido: 
um texto, como um tecido, deve entretecer seus 
fios de ideias, de modo que, nos pontos em que 
essas ideias se tocam, se estabeleça a coesão tex-
tual. Para entender isso melhor, observe o con-
to abaixo, escrito por Clarice Lispector. Em sua 
composição, a autora, para encadear as partes do 
texto de forma clara e criativa, utiliza-se de uma 
série de estratégias linguísticas, de modo a evitar 
a repetição sistemática de palavras e a ligar de 
forma lógica as ideias. Para fins didáticos, desta-
camos apenas alguns dos mecanismos de coesão 
que aparecem nesse texto, os quais serão explo-
rados mais aprofundadamente ao longo da unida-
de. Por enquanto, reflita sobre a importância das 
palavras em destaque na composição do conto.
Uma esperança
Aqui em casa pousou uma esperança. Não 
a clássica, que tantas vezes verifica-se ser ilusó-
ria, embora mesmo assim nos sustente sempre. 
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22
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Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto. 
Houve um grito abafado de um de meus 
filhos: 
– Uma esperança! e na parede, bem em 
cima de sua cadeira! Emoção dele também que 
unia em uma só as duas esperanças, já tem ida-
de para isso. Antes surpresa minha: esperança é 
coisa secreta e costuma pousar diretamente em 
mim, sem ninguém saber, e não acima de minha 
cabeça numa parede. Pequeno rebuliço: mas era 
indubitável, lá estava ela, e mais magra e verde 
não poderia ser. 
– Ela quase não tem corpo, queixei-me. 
– Ela só tem alma, explicou meu filho e, 
como filhos são uma surpresa para nós, desco-
bri com surpresa que ele falava das duas espe-
ranças. 
[...]
Foi então que farejando o mundo que é 
comível, saiu de trás de um quadro uma aranha. 
Não uma aranha, mas me parecia “a” aranha. An-
dando pela sua teia invisível, parecia transladar-
-se maciamente no ar. Ela queria a esperança. 
Mas nós também queríamos e, oh!Deus, quería-
mos menos que comê-la. Meu filho foi buscar 
a vassoura. Eu disse fracamente, confusa, sem 
saber se chegara infelizmente a hora certa de 
perder a esperança: 
– É que não se mata aranha, me disseram 
que traz sorte... 
– Mas ela vai esmigalhar a esperança! res-
pondeu o menino com ferocidade. 
[...]
Para encadear os aconteci-
mentos da narrativa, mos-
trando que todos estão re-
lacionados ao animal chamado esperança, a 
autora utilizou uma série de palavras e expres-
sões que remetem à criatura que dá título ao 
conto: uma esperança, a clássica, que, a outra, 
o inseto, ela, entre outras. Assim, o texto não 
peca pela repetição desnecessária de palavras.
O encadeamento dos fatos referentes a 
essa criatura também é garantido por outras 
palavras, que estabelecem relações de senti-
do entre os acontecimentos da narrativa; entre 
elas, destacam-se e, mas, e então. No trecho 
“Pequeno rebuliço: mas era indubitável”, a pa-
lavra mas estabelece uma oposição entre as ca-
racterísticas atribuídas ao rebuliço: pequeno, 
porém indubitável. 
Antes de avançar para um novo assunto, 
que tal pôr em prática o que você acabou de ver 
na unidade? Se você encontrar dificuldades para 
realizar a tarefa a seguir, retome o conteúdo aqui 
estudado.
Atividade 1
Observe o resumo abaixo, referente ao 
artigo “Pedagogia de projetos”, de Lúcia He-
lena Alvarez Leite. Após uma primeira leitura 
para tomar ciência do sentido global do texto, 
destaque, em uma segunda leitura, algumas 
das expressões que estabelecem coesão entre 
as ideias apresentadas no resumo. Proceda de 
maneira semelhante à apresentada na análise do 
conto de Clarice Lispector.
RESUMO: A discussão sobre Pedagogia de 
Projetos não é nova. Ela surge no início do século, 
com John Dewey e outros pensadores da chamada 
“Pedagogia Ativa”. Já nessa época, a discussão es-
tava embasada numa concepção de que “educação 
é um processo de vida e não uma preparação para 
a vida futura e a escola deve representar a vida pre-
sente – tão real e vital para o aluno como o que ele 
vive em casa, no bairro ou no pátio” (DEWEY, 1897).
Os tempos mudaram, quase um século se 
passou e essa afirmação continua ainda atual. A 
discussão da função social da escola, do signi-
ficado das experiências escolares para os que 
dela participam foi e continua a ser um dos as-
suntos mais polêmicos entre nós, educadores. 
As recentes mudanças na conjuntura mundial, 
com a globalização da economia e a informatiza-
ção dos meios de comunicação, têm trazido uma 
série de reflexões sobre o papel da escola dentro 
do novo modelo de sociedade, desenhado nesse 
final de século.
É nesse contexto e dentro dessa polêmi-
ca que a discussão sobre Pedagogia de Projetos, 
hoje, se coloca. Isso significa que é uma discussão 
sobre uma postura pedagógica e não sobre uma 
técnica de ensino mais atrativa para os alunos.
Conhecendo os recursos 
de coesão textual
Para conectar e relacionar as 
partes de um texto, vários mecanismos podem 
ser adotados. A seguir, encontram-se os dois 
principais tipos de recursos de que você pode 
se valer para garantir coesão e legibilidade àqui-
lo que escreve: 
23
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1. Coesão referencial
A coesão referencial é estabelecida por 
meio de expressões que retomam ou antecipam 
ideias. Esse tipo de coesão serve para evitar a re-
petição desnecessária de termos, além de garan-
tir que uma informação nova esteja conectada a 
outra que já havia sido mencionada. Tal articu-
lação pode se dar basicamente de duas formas, 
como estudaremos a seguir:
1.1. Emprego dos pronomes na coesão 
referencial 
Observe o trecho abaixo, retirado do arti-
go “Esporte e saúde”, de Selva Maria Guimarães 
Barreto. Preste atenção ao papel dos pronomes 
(em negrito) na articulação do texto.
Esporte e Saúde
Nos cursos de Educação Física está ocor-
rendo uma revolução, que vem provocando 
questionamentos sobre alguns conceitos: o que 
se tenta expor criticamente hoje é a relação 
entre “Esporte e Saúde”. Esta vinculação, infe-
lizmente, não é a mais usual, pois geralmente é 
substituída por “Esporte é Saúde” pelo conhe-
cimento popular, uma relação que aparenta ser 
uma verdade absoluta, quando não, obrigato-
riamente, é. Os novos conceitos trabalhados 
relacionam Esporte, Saúde e Qualidade de Vida, 
de maneira a levantar o debate para refletirmos 
sobre os mesmos. 
O Esporte, como conceito, é conside-
rado uma atividade metódica e regular, que 
associa resultados concretos referentes à 
anatomia dos gestos e à mobilidade dos indi-
víduos. Esta é a conotação que podemos cha-
mar de “Esporte de alto nível”, veiculada nas 
mídias em geral, representada por pessoas 
executando gestos extremamente mecaniza-
dos, uniformes, com um certo gasto de energia 
para produzir um determinado tipo de movi-
mento repetidas vezes. São gestos plásticos, 
muito organizados, moldados e com muitas re-
gras, para que se possa obter algum resultado 
prático. O Esporte pode ser encarado, dentro 
de outras ópticas, tanto como o Esporte vei-
culado nas mídias, como uma atividade dentro 
de um grupo de amigos (na escola, na rua ou 
qualquer local).
[...]
Você já deve ter passado por problemas 
enquanto escrevia, porque não queria repetir 
desnecessariamente uma palavra. Evitar a reu-
tilização excessiva de determinada expressão 
garante elegância ao seu texto, revelando uma 
elaboração cuidadosa. Os pronomes, como você 
viu, são bastante úteis para esse fim, pois per-
mitem o encadeamento de ideias e podem subs-
tituir os termos a que se remetem. Observe a 
seguir como tal recurso foi empregado no artigo 
“Esporte e saúde”.
“Nos cursos de Educação Física está ocor-
rendo uma revolução, que vem provocando 
questionamentos sobre alguns conceitos [...]”
No trecho acima, o pronome que evitou a 
repetição de revolução. Assim, a autora ganhou 
em coesão, pois o trecho, sem o pronome, ficaria 
da seguinte forma:
Nos cursos de Educação Física está ocorren-
do uma revolução. A revolução vem provocan-
do questionamentos sobre alguns conceitos. 
De maneira semelhante, o texto apresenta 
o período abaixo:
“O Esporte, como conceito, é considera-
do uma atividade metódica e regular, que asso-
cia resultados concretos referentes à anatomia 
dos gestos e à mobilidade dos indivíduos”.
Tal frase poderia ser desdobrada em duas 
outras, mas isso atrapalharia uma leitura fluente 
do texto, tornando-o repetitivo. Observe:
O Esporte, como conceito, é considerado 
uma atividade metódica e regular. A ativida-
de metódica e regular associa resultados con-
cretos referentes à anatomia dos gestos e à mobi-
lidade dos indivíduos.
Há outros pronomes como esses (prono-
mes relativos), que ligam duas orações e evitam 
a repetição de termos, como você verá a seguir:
l ONDE – Esse pronome relativo, embora 
empregado com frequência nos textos veicu-
lados pela mídia, tem um uso bastante restri-
to: segundo a gramática tradicional, tal pro-
nome pode apenas indicar a noção de “lugar”.
24
Voltar ao sumário
Exemplos:
O Brasil é um país onde o incentivo à edu-
cação é primordial.
A frase está correta de acordo com a nor-
ma dita culta, pois o pronome onde retoma a pa-
lavra país, que indica a noção de “lugar em que”. 
l CUJO – Tal pronome estabelece, geral-
mente, relação de posse entre dois substantivos. 
Observe que ele deve concordar com o termo 
que o sucede, o qual não pode vir acompanhado 
por um artigo.
Exemplos:
(a) Machado de Assis é um autor cujas 
obras são estudadas até hoje.
A frase (a) está de acordo com a norma 
culta, pois cujo está conectando dois substan-
tivos (autor e obras), estabelecendo entre eles 
uma relação de posse, pois as obras pertencem 
ao autor. Veja agora:
(b) Animais cujos os filhos são amamenta-
dos são chamados de mamíferos.
A frase (b) estabelece uma relação de 
posse entre dois substantivos (animais e filhos), 
mas erra ao pôr o artigo os entre cujos e filhos.
l O QUE – Essa expressão não substitui, 
como os pronomes relativos anteriormente men-
cionados,uma palavra, mas sim uma oração in-
teira. Observe:
Exemplo: A democracia eletrônica permi-
te uma eficaz articulação entre cidadão e gover-
no, o que facilita processos de consulta pública, 
como referendos via Internet.
Na frase acima, o que evita a repetição não 
de uma palavra, mas de toda a oração que o antece-
de, funcionando como o sujeito do verbo facilitar.
Além dessas, há outras estratégias no uso 
do pronome que estabelecem coesão entre as 
partes de um texto. Observe o exemplo retirado 
do texto de “Esporte e saúde”:
“Nos cursos de Educação Física está ocor-
rendo uma revolução, que vem provocando 
questionamentos sobre alguns conceitos: o que 
se tenta expor criticamente hoje é a relação entre 
‘Esporte e Saúde’. Esta vinculação, infelizmente, 
não é a mais usual, pois geralmente é substituída 
por ‘Esporte é Saúde’ pelo conhecimento popu-
lar, uma relação que aparenta ser uma verdade 
absoluta, quando não, obrigatoriamente, é”.
Veja que, dessa vez, o pronome não co-
nectou duas orações em uma mesma frase, mas 
duas frases diferentes. Geralmente, isso é fei-
to por um pronome como “esse(a)”, “este(a)”, 
“isso” ou “isto”. Tais palavras, chamadas pro-
nomes demonstrativos, costumam apontar para 
outra ideia no texto, que já tenha sido menciona-
da ou que ainda será expressa. No exemplo ana-
lisado, o pronome “esta”, ligado a “vinculação”, 
refere-se à ideia vinculada em “Esporte e Saúde”, 
expressão que já havia sido mencionada na frase 
anterior. No entanto, é preciso observar que a 
maioria dos gramáticos tradicionais preferem o 
uso de “esse”, “essa” e “isso”, quando o pronome 
se refere a algo que já foi dito. Assim, uma me-
lhor redação do trecho seria:
Nos cursos de Educação Física está ocorren-
do uma revolução, que vem provocando questio-
namentos sobre alguns conceitos: o que se tenta 
expor criticamente hoje é a relação entre “Espor-
te e Saúde”. Essa vinculação, infelizmente, não 
é a mais usual, pois geralmente é substituída por 
“Esporte é Saúde” pelo conhecimento popular, 
uma relação que aparenta ser uma verdade abso-
luta, quando não, obrigatoriamente, é.
Situação semelhante ocorre no trecho 
abaixo, extraído do mesmo artigo:
“O Esporte, como conceito, é considera-
do uma atividade metódica e regular, que asso-
cia resultados concretos referentes à anatomia 
dos gestos e à mobilidade dos indivíduos. Esta 
é a conotação que podemos chamar de “Espor-
te de alto nível”, veiculada nas mídias em geral, 
representada por pessoas executando gestos 
extremamente mecanizados, uniformes, com um 
certo gasto de energia para produzir um deter-
minado tipo de movimento repetidas vezes”.
O pronome “esta” retoma o conteúdo de 
toda a frase anterior, atribuindo-lhe os novos 
sentidos da segunda frase. No entanto, como se 
trata de remissão a algo que já havia sido dito, 
seria mais adequado o uso de “essa”.
Geralmente, os pronomes “este”, “esta” e 
“isto” referem-se a algo que ainda será mencio-
nado. Observe a frase abaixo como modelo, pois 
o pronome “isto” aponta não para uma informa-
ção anterior, mas para algo que se apresenta de-
pois dele: a palavra violência.
Exemplo: O que me assusta no Brasil é 
isto: a violência.
É importante atentar, além disso, para 
uma construção muito comum em textos acadê-
25
Voltar ao sumário
micos, em que há duas referências consecutivas 
a termos que foram mencionados.
Exemplo: O Brasil exporta cacau e soja. 
Esta é plantada na região Sul; aquele, no Nordeste.
Embora ambos os pronomes em destaque re-
firam-se a palavras já mencionadas, não se usam os 
pronomes “esse”, “essa” e “isso” nesse caso. Conven-
cionou-se que, em situações como essa, devem-se 
usar “este”/“esta”/”isto” para apontar para a palavra 
mais próxima (“soja”) e “aquele”/“aquela”/“aquilo” 
para a palavra mais distante (“cacau”).
Exercitando 
Antes de avançar para um novo assunto, que 
tal pôr em prática o que você acabou de ver na uni-
dade? Se você encontrar dificuldades para realizar 
a tarefa a seguir, retome o conteúdo aqui estudado.
Atividade 2
Os trechos abaixo poderiam se tornar 
mais coesos, caso fosse empregado o recurso da 
coesão referencial. Aplique tal estratégia coesi-
va, unindo as informações em uma única frase.
1. Este é o país. Moro no país.
2. Este é o país. O país se chama Brasil.
3. Não se sabe onde está o livro. Dependo 
do livro para fazer um trabalho.
4. Perguntei-lhe o nome. Baseou-se no 
nome para tomar sua decisão.
5. Os Estados Unidos conduziram uma in-
cursão destruidora no Iraque. Os soldados dos 
Estados Unidos alegavam defender sua pátria.
6. O corpo humano é percorrido por um 
sistema circulatório. Pelo sistema circulatório 
são conduzidos os nutrientes às células.
7. O verbo concorda com o sujeito. O nú-
cleo do sujeito não pode ser uma preposição.
8. O Brasil foi descoberto pelos portugue-
ses. Nos navios dos portugueses foi transporta-
do pau-brasil. 
Exercitando 
Antes de avançar para um novo assunto, 
que tal pôr em prática o que você acabou de 
ver na unidade? Se você encontrar dificuldades 
para realizar a tarefa a seguir, retome o conteú-
do aqui estudado.
Atividade 3
Observe os parágrafos abaixo e identifi-
que neles problemas decorrentes do mau uso 
das estratégias de coesão referencial.
1. Giddens descreve o surgimento da Teo-
ria da estruturação a partir do encontro de várias 
correntes teóricas com as quais foi se familiarizan-
do nos anos 60, como o Marxismo. Pontua o seu 
princípio na continuidade da vida social, em que 
as estruturas dependem das ações dos indivíduos 
e só existem na medida em que as pessoas agem 
no contexto a partir de seu referencial interno.
2 . “As feias que me perdoem, mas beleza 
é fundamental”. Essa citação do poeta brasileiro 
Vinícius de Moraes mostra-se não só politica-
mente incorreta, mas também caduca nos dias 
de hoje. A atualidade enxerga a mulher sob uma 
nova perspectiva, não mais atrelada à sua cons-
tituição física, como um objeto, mas voltada 
para aspectos como força de trabalho, produção 
intelectual e igualdade de direitos. Ela revela, as-
sim, mudanças profundas em sua constituição.
1.2. Emprego de itens do léxico 
na coesão referencial
Quando você escreve um texto, interrom-
pe mais de uma vez o processo de composição, 
em busca de expressão que substitua alguma 
palavra que você já utilizou. A coesão lexical co-
necta as partes do texto e evita a repetição voca-
bular, por meio do uso de substantivos, verbos 
e adjetivos, o que exige um vocabulário amplo, 
adquirido com a leitura constante e frequentes 
consultas ao dicionário. Para entender melhor 
esse tipo de estratégia coesiva, observe o trecho 
abaixo, retirado do artigo “Análise da publicidade 
de medicamentos veiculada em Goiás – Brasil”, 
de Johnathan S. de Freitas et alii:
A propaganda/publicidade é um conjunto 
de técnicas utilizadas com o objetivo de divulgar 
conhecimentos e/ou promover adesão a princí-
pios, ideias ou teorias, visando exercer influên-
cia sobre o público através de ações que objeti-
vem promover determinado medicamento com 
fins comerciais (BRASIL, 2000). Quando tais téc-
nicas são utilizadas apenas com a finalidade de 
ampliar lucros em detrimento da qualidade da 
informação veiculada, ocultando ou diminuin-
do os aspectos negativos e superestimando os 
benefícios do produto medicamentoso, surgem 
questões de cunho ético, uma vez que, podem 
promover o uso irracional de medicamentos e, 
26
Voltar ao sumário
consequentemente, danos à saúde e à economia. [...]
Existem diversos casos em que a propaganda e 
publicidade de medicamentos têm apresenta-
do estes produtos como soluções rápidas para 
diversos problemas de saúde que acometem a 
população, sem levar em consideração o risco 
sanitário intrínseco que todo produto medica-
mentoso possui.
Para evitar a repetição desnecessária de pala-
vras, o autor usou expressões 
como “produto medicamentoso” 
e simplesmente “produto” para 
se referir a medicamento, garan-
tindo a coesão textual. Veja a seguir algumas es-
tratégiaspara o bom uso de itens do léxico a fim 
de tornar seus textos mais coesos.
1.2.1. Uso de sinônimos
Essa é a estratégia a que mais recorremos 
enquanto escrevemos, embora nem sempre seja 
fácil encontrar um sinônimo. Dificilmente um 
par de sinônimos pode ser considerado perfeito, 
isto é, com um elemento podendo ser trocado 
pelo outro em qualquer contexto. Quando você 
leu o texto acima, deve ter se perguntado por 
que o autor não usou a palavra “remédio” para 
se referir a “medicamento”. Tal substituição não 
foi feita, pois, como acabamos de ver, esse não 
é um par de sinônimos perfeitos. Segundo o 
Grande Dicionário Português ou Tesouro da Lín-
gua Portuguesa, de Domingos Vieira, “Remédio 
tem um sentido mais amplo que medicamento. 
O remédio compreende tudo o que é emprega-
do para a cura de uma doença. [...] O exercício 
pode ser um remédio, porém nunca é um medi-
camento”. 
Assim, é preciso ter cuidado no uso de 
sinônimos, especialmente no texto acadêmico, 
do qual se espera grande precisão. No texto que 
estamos analisando, o autor preferiu utilizar 
“produtos medicamentosos” como sinônimo de 
“medicamentos”.
1.2.2. Uso de hiperônimos
Um hiperônimo é uma palavra com sentido 
mais genérico do que uma outra, chamada de hipôni-
mo. O significado de um hiperônimo contém o signifi-
cado de vários hipônimos ao mesmo tempo, como no 
caso de “produtos” (hiperônimo) e “medicamentos” 
(hipônimo), palavras retiradas do artigo aqui anali-
sado. Ao se referir a “produtos”, o autor nos remete 
diretamente a “medicamentos”, único produto que 
já havia sido citado. No entanto, se o texto também 
falasse de cosméticos, seria necessário buscar ou-
tra forma de estabelecer coesão, pois “produtos” en-
globa tanto “medicamentos” quanto “cosméticos”. 
Tal relação pode ser definida da seguinte forma:
Essa estratégia garante que o leitor recu-
pere a relação entre as partes do texto sem que 
o autor precise repetir desnecessariamente pala-
vras. Você deve tomar cuidado, porém, para não 
usar um hiperônimo vago demais, como “coisa”, 
por exemplo. Tal palavra poderia ser interpretada 
como se referindo a praticamente qualquer item 
mencionado no texto, gerando grave ambiguidade.
1.2.3. Uso de perífrases
A perífrase é uma construção complexa 
para designar algo para o qual há uma expressão 
mais simples. No caso do texto analisado, o au-
tor poderia ter empregado uma perífrase para re-
meter a “medicamentos”, escrevendo, por exem-
plo, “substâncias empregadas no tratamento de 
uma afecção ou de uma manifestação mórbida”. 
Para isso, o uso de dicionários e de boas fontes 
de consulta é imprescindível, de modo que você 
possa apresentar informações precisas.
A perífrase permite que você acrescente 
novos dados ao tópico sobre o qual você está 
escrevendo, como propusemos ao criar a perí-
frase “substâncias empregadas no tratamento 
de uma afecção ou de uma manifestação mórbi-
da”. Nesse caso, tal construção acrescentaria ao 
texto uma informação sobre a função do medi-
camento.
O uso das perífrases pode ser útil para 
você reforçar seu ponto de vista ao longo de um 
texto dissertativo. Veja a seguir dois exemplos:
Exemplos:
(a) Deve ser permitido o porte de armas 
a civis, pois a sociedade está cada vez mais vio-
lenta. É impensável a vida em uma grande socie-
dade sem esses instrumentos que garantem a 
27
Voltar ao sumário
autodefesa do cidadão.
(b) Apesar da crescente onda de violência 
nas grandes capitais, deveria ser proibido a civis 
o porte de armas. É absurdo haver cidadãos co-
muns portando esses instrumentos de ameaça 
à vida e à integridade física do outro.
Em (a), sendo o autor favorável ao porte 
de armas, valeu-se de uma perífrase (em negri-
to) que reforça essa ideia, valorizando as vanta-
gens trazidas por esses instrumentos. Por outro 
lado, como em (b) o autor é contrário ao porte 
de armas, utilizou uma perífrase que reafirma tal 
ponto de vista, destacando as consequências ne-
gativas do uso desses objetos.
Exercitando 
Antes de avançar para um novo assunto, 
que tal pôr em prática o que você acabou de ver 
na unidade? Se você encontrar dificuldades para 
realizar a tarefa a seguir, retome o conteúdo aqui 
estudado.
Atividade 4
 Observe o trecho abaixo, retirado do ar-
tigo “Edifícios ecológicos”, de Francisco Maia 
Neto. Identifique, no texto, os itens lexicais que 
retomam a palavra em destaque, estabelecendo 
com ela coesão referencial:
Criticada mundialmente pela pouca preo-
cupação com o meio ambiente, a China anun-
ciou recentemente que está investindo em cons-
truções ambientalmente responsáveis, tendo 
sido lançado seu primeiro edifício ecológico, 
com uma economia de até 70% de energia e 60% 
de água, o que lhe valeu uma certificação inter-
nacional. 
Concebida por profissionais americanos 
e chineses, esta construção destinada a escri-
tórios constitui-se no primeiro edifício no país 
a receber o “LEED”, sigla em inglês de Liderança 
em Energia e Design Ambiental, que é um certi-
ficado criado por um grupo de empresários da 
construção nos Estados Unidos, preocupados 
com a preservação do meio ambiente. 
Para imaginarmos a dimensão da iniciati-
va, foi feita uma projeção sobre o impacto que 
resultaria se esta tecnologia fosse aplicada em 
todos os edifícios comerciais na China. A econo-
mia energética obtida anualmente seria equiva-
lente à Usina Hidrelétrica de Três Gargantas, o 
megaprojeto chinês do Rio Yangtse, com capa-
cidade de 18.200 megawatts, que fará com que 
supere Itaipu, transformando-se na maior usina 
do mundo. 
O projeto contempla iniciativas que come-
çam pelo telhado, cujo terraço acumula 70% da 
água da chuva e filtra os agentes poluentes, utili-
zando espécies naturais de Pequim, além de pai-
néis solares, que fornecem 10% de toda a energia 
consumida no edifício. 
2. Coesão sequencial
Para que um texto seja coeso, não basta 
evitar a repetição desnecessária de palavras, re-
tomando, pelos mecanismos que vimos acima, 
termos que já haviam sido mencionados. É pre-
ciso também estabelecer relações lógicas entre 
as ideias expressas, o que é especialmente im-
portante em gêneros de escrita acadêmica.
Para estabelecer relações lógicas entre as 
ideias, utilizamos conectivos, como preposições 
e conjunções. Observe o trecho abaixo, retira-
do do artigo “Mensuração da glicemia em cães 
mediante a utilização do glicosímetro portátil: 
comparação entre amostras de sangue capilar e 
venoso”, de G. A. S. Aleixo. Atente para os conec-
tivos em negrito e sua função no encadeamento 
das ideias:
A glicose é constantemente aproveitada 
pelas células do corpo como fonte de energia, 
por isso é necessário manter sua concentração 
no sangue em equilíbrio (BUSH, 2004). Níveis gli-
cêmicos alterados (elevação ou redução) trazem 
consequências negativas para o corpo e a manei-
ra mais adequada de reduzir essas complicações 
é tentando manter o equilíbrio. Para isso se faz 
necessário realizar medições da glicemia (PICA 
et al., 2003).
As diferentes técnicas de monitoramento 
da glicose no sangue podem ser classificadas em 
laboratorial e portátil. A primeira opção é mais 
confiável, entretanto, por gerar maiores custos, 
seu uso fica restrito aos laboratórios de análises 
clínicas e hospitais (PICA et al., 2003). Outra des-
vantagem observada é a necessidade de maiores 
volumes de sangue (três mililitros) para realizar 
o teste (GROSS et al., 2002).
Além disso, é preciso muito cuidado e agi-
lidade ao manipular uma amostra que será sub-
metida à dosagem de glicose no laboratório, pois 
o consumo desse carboidrato pelos eritrócitos 
no sangue ocorre na taxa de aproximadamente 
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10% por hora em temperatura ambiente. Esse 
consumo pode ser ainda mais acelerado se a 
amostra estiver contaminada com microrganis-
mos ou em ambientes quentes (COLES, 1984; 
KANEKO, 1997).
Logo na primeira frase, 
as duas principais ideias (o 
aproveitamento da glicose e 
a necessidade de manter sua 
concentração equilibrada são 
ligadas pelo conectivo

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