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Capitulo 1 – Lições preliminares de Direito Penal. · Conceitos sobre o Direito Penal, segundo Rogério Sanches Cunha, depende de vários aspectos: - Aspecto Formal (estático): É um conjunto de normas jurídicas que qualificam comportamentos humanos comissivos ou omissivos como delitos, cominam sanções e tratam de diversos aspectos ligados ao fenômeno delitivo. - Aspecto Material: o direito penal cuida de comportamentos considerados reprováveis pela sociedade porque são violadores de bens jurídicos, ou seja, violam bens indispensáveis à conservação e ao progresso do organismo social. O direito penal apenas tutela os bens jurídicos mais importantes à sociedade. - Assim, a última ratio é a expressão usada para se referir ao princípio da mínima intervenção do direito penal, pois apenas deve intervir quando os ramos do direito se mostrarem insuficientes. - Aspecto sociológico (dinâmico): o direito penal é o instrumento de controle social, que busca assegura a disciplina para uma boa convivência entre os membros da sociedade. 01. Criminologia e Política Criminal · A ciência penal estuda a delinquência como um fato social. - Criminologia: Ciência que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o controle social. Destacam-se as escolas: clássica, positiva (a função do direito é descobrir, através da análise dos fatos empiricamente verificáveis, as leis que regem as condutas humanas) e critica. - Política criminal: É o vetor que orienta a produção do direito penal (norma). A criminologia deve orientar a elaboração da política criminal, que, por sua vez, deve orientar o legislador na elaboração das leis penais. A política criminal possui a característica de vanguarda, porque a mudança da política criminal, por exemplo, conduz à reforma das leis. 02. Função do Direito Penal - O movimento do Funcionalismo Penal busca descobrir a função do direito penal. Existem assim, duas correntes: - Funcionalismo teleológico (moderado – Claus Roxinho) = Busca a finalidade do direito penal, e para ele a sua finalidade é proteger os bens jurídicos, assim, não havendo bem jurídico para ser protegido, não há que se falar em intervenção do direito penal. - Funcionalismo sistêmico (Gunther Jakob) = Para ele a função do direito penal é assegurar a vigência do sistema, garantindo a norma. Para ele, não é possível afirmar que o direito penal tem por finalidade proteger bens jurídicos (funcionalismo teleológico), porque, quando sua intervenção só se dá quando o bem jurídico já foi violado ou ameaçado por meio de ato executório. É um funcionalismo radical, porque, a cada descumprimento, tem-se uma punição. Sendo assim, a função do direito penal, é assegurar o respeito à norma. - Direito Penal do Inimigo = nasce da ideia de que o direito penal deve tratar de maneira diferenciada aqueles que se mostram infiéis ao sistema. 03. Classificações do Direito Penal - Direito penal substantivo = Está presente no código Penal. Define o crime e anuncia a pena. - Direito penal adjetivo = É o direito processual penal, presente no CPP. Cuida do processo e do procedimento. · Essa classificação perdeu a importância, visto que, o CPP passou a ter considerado um ramo autônomo do Direito. 3.2 Direito Penal objetivo e Direito Penal Subjetivo - Direito penal objetivo = Conjunto de leis penais em vigor no país. - Direito penal subjetivo = é o direito de punir, pertencente ao Estado ( ius puniendi). O direito punitivo estatal não é ilimitado. 3.3 Direito penal de emergência e Direito Penal Simbólico - Direito penal de emergência = é o Direito penal criado a partir de uma situação atípica. O legislador cria normas de repressão porque há uma anormalidade social que exige uma resposta legal e extraordinária. Busca-se com a produção de leis, devolver a sociedade a sensação de tranquilidade. Campo fértil para um direito penal meramente simbólico. - Direito penal simbólico = é o direito penal que vai ao encontro de desejos populares, pois o legislador atua pensando na opinião publica para devolver a sociedade uma ilusória sensação de tranquilidade. Logo, se a criação de lei não afeta a realidade, o Direito penal acaba cumprindo uma função simbólica, pois nasce sem qualquer eficácia social. 3.4 Direito Penal promocional/político/demagogo - É uma distorção do direito penal. É um direito penal político, eis que visa a promoção do próprio Estado. E acabando sendo um direito penal demagogo, pois engana e cria a ideia de que o direito penal pode promover a alteração da sociedade. 3.5 Direito penal de intervenção - Windfried Hassemer - O direito penal não deve ser alargado - Devendo se preocupar apenas com os bens jurídicos individuais (vida, patrimônio, a propriedade), bem como infrações penais que causem perigo concreto. - Critica: Como separar direito de intervenção do direito penal e do direito adm. 3.6 Direito penal como proteção de contextos da vida em sociedade. - Ideia oposta à de Hassemer. - Segundo Gunter Stratenwerth, para ele o direito penal deve enforcar nos interesses difusos e da coletividade, eis que estes são os mais importantes para a sociedade, por exemplo, quando há tipificação de crimes ambientais. 3.7 Direito penal Garantista - Luigi Ferrajoli - A constituição traz garantias fundamentais: · Garantias primarias = Diz: “não será feito”. Impõe limites. · Garantias secundarias = Diz “se o que era para não ser feito for feito, então pode acionar esse instrumento de proteção” 3.8 – Tipos de axiomas ou implicações deônticas (FERRAJOLI ) - Nulla poena sine crimine (Não há pena sem crime) = Principio da retribuitividade ou da consequencialidade da pena em relação ao delito. - Nullum crimen sine lege (Não há crime sem lei) = Principio da legalidade, no sentido lato ou no sentido estrito. - Nulla lex (poenalis) sine necessitate (Não há lei penal sem necessidade) = Principio da necessidade ou da economia do direito penal, decorrem do princípio da intervenção mínima. - Nulla necessitas sine injuria (Não há necessidade sem ofensa a bem juridico) = Os tipos penais devem descrever condutas que ofendam bens jurídicos de terceiros. - Nulla injuria sine actione (Não há ofensa ao bem juridico sem ação) = Principio da materialidade ou da exterioridade da ação. - Nulla actio sine culpa (Não há ação sem culpa) = Principio da culpabilidade ou da responsabilidade pessoa. - Nulla sine judicio (Não há culpa sem processo) = Principio da jurisdicionalidade no sentido lato ou estrito. - Nulla accusatio sine probatione (Não há acusação sem prova) = Principio do ônus da prova ou da verificação. - Nulla probatio sine defensione (Não há prova sem defesa) = Principio da defesa ou da falseabilidade. 3.9 – Direito penal secularizado - Separar o direito penal da igreja - Segundo Ferrajoli, é a ideia de que inexiste uma conexão entre o direito e a moral. - Ruptura entre a cultura eclesiástica e as doutrinas filosóficas, especialmente entre a moral do clero e a forma de produção da ciência. 3.10 – Direito penal subterrâneo e direito penal paralelo (ZAFFARONI) - Direito penal paralelo = Um direito penal que é paralelo ao direito penal oficial. · É como se no âmbito particular surgisse um direito penal paralelo extra estatal. · O sistema penal formal do Estado não exerce grande parte do poder punitivo, de forma que outras agencias acabam se apropriando desse espaço e passam a exercer o poder punitivo paralelamente ao Estado. Ex: Médicos aprisionado doentes mentais. - Direito penal subterrâneo = Ocorre quando as instituições oficiais atuam com o poder punitivo ilegal, acarretando abuso de poder. Os próprios agentes do Estado passam a atuar ilegalmente. Ex: desaparecimentos de indivíduos pela polícia. 3.11 – Direito penal quântico - Ele limita quando exige critérios objetivos para se imputar a alguém a pratica de um crime, nem sempre quando tiver uma causalidade física se imputará a alguém um crime. - Outro critério que se admite no direito penal quântico é a tipicidade material (se não houver a efetiva lesão ao bem jurídico tutelado, o direito penal não deve intervir.É preciso que se analise se o bem jurídico tutelado foi efetivamente lesado ou não. 3.11 – A escola de Kiel – Direito Penal da Alemanha Nacional-Socialista - As concepções de tal direito reproduzem a ideia de formação de um povo de uma só raça, a germânica, com um só são sentimento. - A lei é parte do direito, mas não limita a sua atuação. Atrás de cada tipo penal, há um tipo de autor que o legislador quer punir. - O papel do juiz passa a ser demasiadamente criativo na função de punir e preceitos como da legalidade cedem ante a busca da construção de uma sociedade completamente harmônica, o que só seria possível com uma única raça, pura. 3.12 – O direito penal comunista - O direito não possui mais a ideia de um instrumento de transformação social, mas de manutenção da realidade em que uma classe exerce domínio sobre outro. - O direito penal passa a servir aos interesses da revolução. 4.0 – Privatização do Direito penal - Destaca a crescente participação da vítima, ou da importância dada a vítima, no âmbito criminal. - Nasce a ideia de justiça restaurativa e da pena cumprindo uma terceira função: restaurar a situação que a vitima tinha antes do crime. - Haverá a extinção da punibilidade, desde que tenha havido a reparação dos danos à vítima. - Campo fértil para a teoria da justiça restaurativa. - A função da pena possui: Prevenção especial – fazer com que o indivíduo não volte a praticar crimes. Prevenção geral - Mostrar aos outros indivíduos a punição, e assim, eles não optem por não cometer crimes. · As duas vias da função da pena | RETRIBUIÇÃO E PREVENÇÃO. E agora com a terceira via: A REPARAÇAO DO DANO CAUSADO. 5 – Velocidades do Direito penal (Jesus-María Silva Sánchez) · Direito penal de 1° velocidade: Infrações penais mais graves, que podem ser punidas com penas privativas de liberdade. Ex: Homicídio · Direito penal de 2° Velocidade: Infrações penais menos graves, eis que se aplicam penas não privativas de liberdade, mas penas alternativas, busca ser um direito mais célere. · Direito penal de 3° Velocidade: Existe uma flexibilização de direitos e garantias fundamentais, mistura da 1° e 2° velocidade. Pode haver pena privativa de liberdade. Ex: Lei dos Crimes Hediondos. Aqui se encontra o Direito Penal do Inimigo. · Fala-se de uma 4° velocidade, não citada por Sanchez, esta relacionada com o Direito internacional sendo aplicada especialmente a chefes de Estado que violaram tratados internacionais de direitos humanos. 6 – Espiritualização, dinamização ou desmaterialização do Bem jurídico - Punem-se crimes ambientais porque a proteção do meio ambiente traz benefícios as pessoas em geral. - Parcela da doutrina critica a inadequada expansão da tutela penal na proteção de bens jurídicos de caráter difuso ou coletivo, pois argumentam ser tratados de modo vago ou impreciso, ensejando a denominada desmaterialização, espiritualização, ou liquefação do bem jurídico. 7. Garantismo Hiperbólico Monocular (FERRAJOLI) - Garantismo é a visão do direito constitucional aplicada no direito penal e direito processual penal. - É hiperbólico porque é aplicado de uma forma ampliada, desproporcional e é monocular porque só enxerga os direitos fundamentais do réu (só um lado do processo). - Contrapõe-se ao garantismo penal integral, que visa resguardar os direitos fundamentais não só dos réus, mas também das vítimas. - Tese adotada pelas defensorias públicas. 8. Ecocídio - Reconhecido no final de 2016 pelo Tribunal penal internacional, como crime contra a humanidade. - Destruição em larga escala do meio ambiente. As vítimas terão a possibilidade de entrar com recurso internacional para obrigar os autores do crime, seja empresas, chefes de Estado ou autoridade, a pagar por danos morais ou econômicos. - A responsabilidade direta e pena de prisão podem ser emitidas, no caso de países signatários do TPI. - A sentença deve ser votada no mínimo por um terço dos seus membros. - Brasil é signatário do Tratado de Roma, que aceita a jurisdição do TPI.
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