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MANEJO DE PACIENTES USUÁRIOS DE MEDICAMENTOS ANTIRREABSORTIVOS EM CIRURGIA ORAL

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As drogas antirreabsortivas são atribuídas para 
reduzir a remodelação óssea, em vez da deposição 
óssea. Dessa forma, esse fármaco age impedindo a 
ação osteoclástica causando, assim, um desequilíbrio 
no processo de remodelação óssea (STARLNG, 2018). 
Além disso, os osteoclastos têm um papel 
importantíssimo para o turn-over ósseo, 
principalmente na cicatrização óssea. Logo, diante do 
fato dos maxilares possuírem uma taxa de 
remodelação óssea superior à maioria dos outros 
ossos, isso explica o porque de uma maior 
predisposição local nos maxilares para desenvolver 
Osteonecrose dos Maxilares comparativamente com 
outros osso (DUARTE, 2016). 
As drogas antirreabsortivas iincluem os 
Bifosfonatos, a denosumab e o romozumab. Os 
bisfosfonatos são compostos obtidos por síntese, 
análogos do pirofosfato inorgânico um potente 
inibidor natural da reabsorção óssea mediada pelos 
osteoclastos. Já a denosumab trata-se de um anticorpo 
(IgG2) monoclonal humano em que o seu mecanismo 
de ação define- se como um anticorpo contra o 
RANK-L (receptor activator for nuclear factor-Kappa 
B ligand), uma citocina chave na forma, ̧̃o, função e 
sobrevivência 
dos osteoclastos. E, por fim, o romozumab é um 
anticorpo monoclonal que se liga à 
esclerostina bloqueando a sua inibição da via de 
sinalização Wnt, o que resulta na duplicação dos 
níveis de marcadores da osteogénese e uma redução da 
reabsorção óssea (SILVA, 2018). 
As drogas antirreabsortivas são usadas 
principalmente no controle da osteoporose e no 
tratamento de patologias ósseas, como doença de 
Paget, mieloma múltiplo e metástases ósseas 
(STARLNG, 2018). 
O impacto que o uso de drogas 
antirreabsortivas gera é a ocorrência de Osteonecrose 
dos Maxilares, também conhecida como Medication-
Related Osteonecrosis of the Jaw (MRONJ). A qual se 
caracteriza por ser uma séria complicação que 
apresenta osso necrótico exposto na região 
maxilofacial, de difícil manejo pelo profissional 
(STARLNG, 2018). 
A osteonecrose é definida como uma 
destruição óssea progressiva com exposição óssea há 
mais de 8 semanas, que pode ser sondada através de 
uma fístula intra-oral ou extraoral, na região 
maxilofacial de um paciente com histórico de 
tratamento atual ou prévio com agentes 
antirreabsortivos ou antiangiogênicos e sem história 
de radioterapia na região orofacial (DA SILVA et al, 
2019). 
Embora haja uma porcentagem de pacientes 
que utilizam drogas antirreabsortivas desenvolva 
MRONJ espontaneamente, uma grande parcela 
 
 
desses pacientes apresenta essa complicação 
após serem submetidos a procedimentos cirúrgicos 
orais (ARRUDA, 2019). 
Clinicamente, como por exemplo, isso se dá ao 
se executar uma extração e diante da ação inadequada 
dos osteoclastos, não haverá uma formação e um 
crescimento correto e saudável do osso alveolar, 
gerando-se desta forma osso necrótico (DUARTE, 
2016). Além de gerar sérias consequências e 
diminuição da qualidade de vida dos pacientes 
(STARLNG, 2018). 
Sendo assim, avaliando a ocorrência da 
MRONJ nas aplicações clínicas de drogas 
antirreabsortivas, a incidência desta doença em 
doentes oncológicos medicados com antirreabsortivos 
por via endovenosa varia entre 0,8% e os 12%. Já, nos 
doentes osteoporóticos ou com doença de Paget, a 
incidência de osteonecrose varia entre 0.001% e 
0.01% (SILVA, 2018). 
Para o atendimento a esse grupo de pacientes 
recomenda-se uma abordagem multidisciplinar. Tal 
abordagem incluiria a consulta com um cirurgião-
dentista apropriado no qual ele realize medidas 
preventivas antes do início da terapia antirreabsortiva. 
Sendo assim, pacientes submetidos a essa terapia 
devem passar inicialmente por uma avaliação clínica e 
radiográfica da saúde bucal identificando e tratando 
qualquer doença presente, além de realizar uma 
orientação de saúde bucal ao paciente. Pois, essa 
consulta previa ao uso de drogas antirreabsortivas 
permite que o paciente esteja ciente ao risco dessa 
terapia se não adotar medidas preventivas 
(RUGGERIO, 2014). 
Logo, o início da terapia com bisfofonatos 
deve ser adiada até todos os tratamentos orais 
invasivos estarem concluídos e todos os possíveis 
focos de infeção eliminados (DUARTE, 2016). 
Entretanto, caso o paciente já esteja utilizando drogas 
antirreabsortivas e que necessite de uma intervenção 
cirúrgica, deve se, antes do procedimento, realizar 
uma profilaxia antibiótica em que a penicilina é o 
composto preferencial, caso o indivíduo apresente 
alergia deve ser prescrito quinolonas e metronidazol 
ou eritromicina e metronidazol. Já quanto a 
clindamicina, ela é contraindicada, pois apresenta 
ineficácia contra a actinomyces, Eikenella corrodens e 
espécies semelhantes que foram encontrados para 
colonizar com frequência este osso exposto 
(DUARTE, 2016). 
Além disso, é recomendado a realização de 
uma limpeza antecedente a fim de minimizar o risco 
de infecção durante a cirurgia. Já, posterior ao 
procedimento, deve ser realizado o desbridamento da 
zona e limpeza com clorexidina duas vezes por dia por 
um período de 2 meses, de modo a evitar infecções no 
pós-operatório (DUARTE, 2016). 
Manejo de pacientes usuários de medicamentos 
antirreabsortivos em cirurgia oral 
 
Quanto a interrupção das drogas 
antirreabsortivas nos pacientes com 
osteoporose/osteopenia que necessitam de 
procedimentos cirúrgicos orais, há controvérsia 
quanto a sua cessação para a realização da cirurgia. 
Inicialmente era recomendado a descontinuidade da 
terapia por 3 meses antes da cirurgia e por 3 meses 
após a mesma. Entretanto, atualmente foi verificado 
que não há evidencia quanto a diminuição do risco ao 
adotar essa medida (RUGGERIO, 2014). 
Em relação a realização de procedimentos 
cirúrgicos orais em pacientes que utilizam drogas 
antirreabsortivas é indicado que se realize a técnica 
que apresente o mínimo dano ósseo possível e que 
sejam adotadas medidas preventivas para o controle 
de infecção (PINGUINHAS, 2015). 
Logo, caso haja necessidade de cirurgia 
odontológica nesses pacientes, como alternativa, pode 
ser realizado o teste do CTx (telopeptídeo 
carboxiterminal do colágenotipo I, ou ICTP) sérico 
para avaliar o grau de reabsorção ósseo e, assim, 
verificar a possibilidade da realização do 
procedimento cirúrgico (ARRUDA, 2019). 
 
Valores laboratoriais normais de CTX são de 
300-600 pg/ml. Já os Valores de CTX menores do que 
100 pg/ml apontam para um alto risco de OIB, valores 
entre 100 e 150 pg/ml sinalizam risco moderado e 
valores acima de 150 pg/ml representam baixo risco. 
Logo, a realização de procedimento cirúrgico oral só 
deve ser indicada aos pacientes com valores séricos 
maiores que 150 pg/ml (DEMORAES et al, 2014). 
 
Portanto, A decisão de realizar 
procedimentos cirúrgicos orais em um paciente sob 
terapêutica com medicação antirreabsortiva, devem ser 
ponderados possíveis fatores de risco inerentes à 
terapêutica como o tipo de medicação, a duração da 
exposição, mas também outros fatores que possam 
contribuir para o aumento do risco do 
desenvolvimento de lesões de MRONJ 
(PINGUINHAS, 2015). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
ARRUDA, Jéssica Aparecida Santana de. 
Osteonecrose de maxilares associada ao uso de 
bifosfonatos. 2019. Monografia (especialização). 
DA SILVA, Francisco Willame et al. Cuidados 
odontológicos previamente e durante a terapia 
antirreabsortiva/antiangiogenica frente à necessidade 
de realização de exodontias. CONEXÃO 
UNIFAMETRO 2019: DIVERSIDADES 
TECNOLÓGICAS E SEUS IMPACTOS 
SUSTENTÁVEIS. 
DE MORAES, Sylvio Luiz Costa et al. Riscos e 
complicações para os ossos da face decorrentes do uso 
de bisfosfonatos. Revista Brasileira de Odontologia, 
v. 70, n. 2, p. 114, 2014. 
DUARTE, Rafael Martins. Fatores desencadeantes 
de osteonecrose na consulta de cirurgia oral: gestão 
do pacientee abordagens terapêuticas. 2016. Tese 
de Doutorado. 
PINGUINHAS, Rita Sofia Ezequiel Passareco 
Ribeiro. Terapêutica anti-reabsortiva, 
implantologia e osteonecrose dos maxilares. 2015. 
Tese de Doutorado. 
RUGGERIO, S. L. et al. Medication‐related 
osteonecrosis of the jaw–2014 Update. American 
Association of Oral and Maxillofacial Surgeons 
position paper. J Oral Maxilliofac Surg, v. 72, p. 
1938-56, 2014. 
SILVA, Maria Inês Cabeceiro Fernandes da. 
Osteonecrose dos maxilares associada a 
medicamentos: além dos bifosfonatos. 2018. Tese 
de Doutorado. 
STARLING, Isabela Rizel Nogueira. Tratamento de 
osteonecrose extensa associada ao uso de anti 
reabsortivos: relato de caso e revisão de literatura. 
2018.

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