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Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária Sistema Digestório Cavidade Oral: É importante avaliar bem a cavidade oral, pois os problemas podem estar relacionados aos dentes, partes moles da cavidade oral. Depois vamos ver o segmento esofágico suas divisões e principais alterações, vamos fazer a avaliação da cavidade gástrica e dos segmentos intestinais. Aqui eu tenho a topográfia do fígado, do estômago do baço do lado esquerdo, tem os segmentos intestinais de uma forma uniforme, com características muito importante na hora de determinar se eu tenho ou não uma alteração nesse segmento intestinal. Tanto nas projeções lateral e ventro dorsal. Nessa imagem na região epigástrica, tem a cavidade gástrica vemos o baço, fígado, segmentos intestinais. É importante saber como cada um aparece na sua forma normal. Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária É muito importante na hora de avaliar o sistema digestório que a boca também faz parte. Então vamos ter alterações relacionadas ao dente, tecidos moles como língua, palato e gengiva que pode comprometer a forma da alimentação do animal. Eu posso ter na cavidade oral, fraturas de acordo com processos traumáticos, eu posso ter abscessos peri apicais são áreas infecciosas que acometem as raízes dos dentes, é comum na raiz do 4 pré molar superior onde causam fístulas infraorbitárias, eu posso ter área de lise e destruição das regiões de inserção dos dentes, tornando esses dentes moles principalmente em animais mais idosos que apresentam complexo de gengivite. O exame radiográfico é muito bom para avaliar, além da inspeção. Também posso ter fratura nos dentes, no qual temos uma exposição do canal pulpar onde leva a exposição de sinais dolorosos, com isso o animal deixa de se alimentar e pode levar a um processo de emagrecimento. E nos seios nasais também posso ter processos inflamatórios e infecciosos, também posso ter processos neoplásicos, muitas vezes temos um sangramento unilateral ou bilateral e não acha a causa, ou seja, muitas vezes temos uma destruição óssea e tendo a necessidade de se fazer tomografia computadorizada. Devemos sempre avaliar todo o crânio de um animal. Nessa imagem vemos um dorso ventral e a outra lateral, o exame radiográfico da cavidade oral precisa de um detalhamento, pois vemos muita sobreposição dos dentes. Agora quando ele está na posição lateral ele sobrepõe o lado esquerdo com o lado direito, na hora da realização do exame tem que Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária ter a ciência de qual detalhamento queremos para que eu possa fazer imagens oblíquos na tentativa de isolar a estrutura comprometida. 1 imagem – temos uma infecção no seio nasal, onde essa infecção pode levar a um acúmulo de conteúdo seja liquido, purulento ou hemorrágico que vai levar a uma opacificação do seio nasal. Ele tem que ser radiotransparente, porque ali tem a presença de entrada de ar, pelo nariz. Mas nessa imagem vemos um seio nasal mais opacificado significando que ele tem um processo inflamatório no seio nasal esquerdo. Se ele tivesse com inflamação nos dois, os dois estariam opacificados. 2 imagem – já consigo associar a clínica e ver também, porque essa inflamação do seio pode alterar a parte alimentar também do animal. Mas a projeção lateral não permite mostrar qual seio está acometido se é o esquerdo ou direito. Agora se fosse uma lesão chamada de abscesso peri apical, ele forma na região das raízes dentárias principalmente no quarto pré molar só que o superior forma através de um alo uma área radiotrasparente, sendo escura caracterizando um abscesso peri apical. É muitas das vezes pela topográfia do quarto pré molar e esse abscesso forma uma fístula infraorbitária. Pode acometer qualquer dente e ter reabsorção da parte ´óssea e ficar uma estrutura bastatnet eamolecida e ver edemaciação da gengiva, sangramento, cálculos dentários, fraturas. Aqui eu tenho uma imagem de neoplasia, no terço rostral da mandíbula, vemos inexistente e um seio bonito, cor ar e suas trabéculas. Mas no terço final da mandíbula destruído com áreas osteolitícas e osteoporóticas com ausência dos dentes e aumento de volume de partes moles. Caracterizando uma neoplasia em mandíbula, então o animal vai ter ter muita dificuldade na hora da apreensão e mastigação devido ao processo básico. Imagem maior que mostra que os dentes que eram pra estar inseridos na mandíbula já estão soltos, fáceis de serem arrancados por não tem mais tecido ósseo para ser inserido. Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária Aqui temos uma imagem mostrando qual o lado está mais acometido, lado direito está mais acometido e um pouco no esquerdo, o comprometimento está no osso zigomático, onde vemos uma neoplasia bastante evoluído na face, tudo isso pode dar interferência na hora da alimentação desse animal. Esôfago: Ele normalmente não é visível no exame radiográfico e o exame ultrassonográfico não compõe o exame de eleição para avaliar o esôfago. Mas o radiográfico é importante na avaliação do esôfago. A função do esôfago única e exclusiva é condução de um conteúdo líquido, sólido ou misto da cavidade oral até a cavidade gástrica. Ele não tem função de trituração, nem absorção. Ele é apenas um tubo membranoso, que se abre que vai desde a região da faringe da epiglote até o estômago e ele consegue levar esse conteúdo através de movimentos peristálticos que esse conteúdo consegue chegar da cavidade oral até a cavidade gástrica. Em situação normal eu não vejo o esôfago. Eu posso dividir o esôfago em 3 partes: região cervical, região torácica e região abdominal. Então na região cervical no pescoço, o esôfago passa dorsal a traqueia depois que ele vai entrar na saída do cervical para a entrada do tórax ele se desloca para a esquerda que é onde ele se encontra e caminhando próximo a base e ao coração ele volta a ser dorsal permanecendo dorsal até o hiato esofágico, ou seja, a transição ali do diafragma do tórax e abdômen e quando ele passa para a região abdominal e ele volta a ser a esquerda. O esôfago apresenta alterações no seu trajeto e isso vamos levar em consideração principalmente na hora de corpos estranhos. Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária Na radiografia simples, eu sempre tenho que fazer as projeções lateral e ventro dorsal mas principalmente a lateral e não conseguindo um resultado na avaliação eu tenho que fazer um exame contrastado, esse exame contrastado se chama esôfagograma ou esôfagografia traz muitas informações em relação ao esôfago, eu posso utilizar sempre dois meios de contraste: o principal deles que é o mais radiopaco e é exclusivo para o sistema digestório que é o sulfato de bário ou o iodo, é um meio de contraste um pouco menos radiopaco e que tem maior aplicabilidade, não apenas para um sistema. E quando eu tenho presença de ar dentro do esôfago eu já consigo observar e ter algumas informações, então nesse caso a presença de ar se torna um meio de contraste negativo, para que eu possa fazer essa avaliação. Essa técnica contrastada se chama esôfagograma ou esôfagografia. No cão, a hora que eu administro o contraste intraoral pode ficar resquícios desse contraste. É muito rápido quando eu administro da cerca de 7 ou 8 segundos esse meio contraste já está na cavidade gástrica se tudo ocorrer normalmente, mas esse contraste pode deixar resquícios dentro do lúmen esofágico chamamos de pregas esofágicas e esse resquício de meio de contrastevai aparecer como linhas longitudinais. Isso é um fator normal observar no cão. No caso do gato, ¾ se a gente pegar todo o segmento esofágico nos ¾ iniciais as pregas são longitudinais no caso do ¼ final essas pregas se apresentam oblíquos, dando característica de espinha de peixe, então quase toda a porção do gato elas se apresentam longitudinais e no último quarto final elas se apresentam obliquadas e com característica de espinha de peixe. Isso é normal, para que eu posso verificar. Então após o esôfagograma pode ficar restos de contraste e mostrar essas pregas longitudinais e oblíquas. Cão: Vemos as pregas longitudinais em todo o segmento esofágico, isso é normal visualizar, ele apresenta mudança no seu trajeto de acordo com o que já foi falado, ele se apresenta dorsal depois ele vem para a esquerda depois volta a ser dorsal e por fim a esquerda. Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária Felino: Vemos as pregas longitudinais e do último terço do esôfago começa a ter formação das pregas obliquadas, caracterizando uma espinha de peixe, essa visualização é normal, mas muitas das vezes eu tenho que observar essa retenção do meio de contraste. Essa técnica radiográfica, do esôfagograma ela é fácil de realizar. Primeiramente sempre antes de qualquer técnica contrastada eu devo fazer as projeções simples (LL – latero- lateral) e (VD – ventro dorsal) e radiografar toda a extensão desde a região da epiglote até a região chegando na cavidade gástrica (eu não posso cortar esse esôfago). Faço a radiografia simples e com contraste. O sulfato de bário é um líquido gostoso de sabor de frutas ele é em forma pastosa e pode diluir um pouco em água para facilitar a extração e a dosagem é em torno de 10 a 30ml de uma forma única, via oral e administrar devagar. Tenho que ter paciência e administrar devagar para o animal não fazer uma falsa via por conta do contraste e ter pneumonia por aspiração. Eu posso utilizar também o iodo ou compostos iodados de 10 a 20ml. Quando eu devo usar um ou outro ? - Toda vez que tiver uma suspeita de perfuração, ruptura desse esôfago eu não devo utilizar o sulfato de bário em todo o segmento do trato digestório, esôfago, estômago, segmentos intestinais porque o extravasamento desse sulfato de bário com contato com vísceras da cavidade torácica e cavidade abdominal ele pode provocar processos de aderência dando granulomas, então toda vez que tiver suspeita de ruptura ou trauma que pode levar a uma perfuração do esôfago eu devo utilizar os compostos iodados. Tirando isso o exame de eleição é o sulfato de bário. Eu vou suspeitar de uma doença esofágica: Quando o animal tiver uma regurgitação, perda de peso, no qual ele Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária tem a vontade de se alimentar mais por algum motivo acontece a volta desse alimento, tosse, dispneia porque muitas vezes nessa regurgitação ele pode fazer uma falsa via e o alimento ser aspirado e ele tem uma pneumonia por aspiração, onde vamos observar uma opacificação de padrão alveolar principalmente nos lobos craniais ventrais, e também de acordo com essa pneumonia eu posso ter também corrimento nasal. Então quando for um animal magro, com regurgitação, as vezes vômito, perda de peso, tosse eu não posso deixar de descartar uma doença esofágica. Megaesôfago: É conhecido como uma dilatação total esofágica, o megaesôfago em si, ele acomete principalmente pastor alemão, dogue alemão, setter irlândes na faixa de 2 a 3 anos de idade. Onde eles começam os primeiros sintomas de regurgitação, tosse, perda de peso, e apetite voraz principalmente na transição do alimento líquido (leite) e o início do alimento mais sólido, isso faz com que ele tenha uma perda do peristaltismo se tornando um órgão flácido, e sem o peristaltismo tem a dificuldade da chegada do alimento até a cavidade gástrica, então esse alimento fica parado dentro do esôfago. Isso é de origem congênita, então ele já nasce com isso, essas raças tem a predisposição de ter esse megaesôfago de origem congênita ou ele pode adquirir durante sua vida na fase adulta, então as causas seriam diferentes como uma doença chamada de miastenia grave, intoxicação ou envenenamento pode levar a uma alteração esofágica eu posso ter traumas na região cervical que pode levar ao megaesôfago. Além disso, posso ter doenças virais como a cinomose, como causa adquirida que pode levar ao megaesôfago uma dilatação total esofágica devido a uma falha no peristaltismo. Lembrando que a adquirida e a congênita pode aparecer em qualquer raça. Em felinos são mais raros acontecer. Vamos observar em uma radiografia simples: O esôfago aumentado de tamanho, (vai estar aparecendo). Muitas vezes com presença de gás, que vai ajudar a delimitar o esôfago, então ele aparece com facilidade no exame radiográfico. E se ele está aumentado de tamanho, com presença de gás o outro conteúdo vai deslocar a traqueia ventralmente e também a silhueta cardíaca, em alguns casos mais avançado podemos encontrar a opacificação pulmonar de padrão alveolar nos lobos cranial e ventral que Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária caracteriza uma pneumonia por aspiração. E se eu não consigo chegar na conclusão que está tendo um megaesôfago u faço o exame contrastado (esôfagograma) no exame eu vou ter principalmente uma retenção intra-luminal do meio de contraste então todo o contraste oferecido ele não vai conseguir chegar na cavidade gástrica porque tudo o que foi fornecido está com uma diminuição do defleti do peristaltismo. É bom fazer para ter um complemento dessa avaliação esofágica. Nós temos uma radiografia simples lateral, na primeira imagem vemos a traqueia passando, temos a silhueta cardíaca, vemos a veia cava e a artéria aorta e sabemos que o esôfago passa ali, mas eu não estou conseguindo observá-lo. Na segunda imagem, vemos o diafragma, silhueta cardíaca, traqueia, vertebras torácicas e na região das setas eu tenho uma área de hiper transparência, essa área de hiper transparência, significa que tem presença de gás nesse esôfago, mas é necessário mais informações, que seria a realização do esôfagograma. 1 imagem: radiografia simples, eu observo um conteúdo intratorácico, um acentuado deslocamento de traqueia e um deslocamento ventral da silhueta cardíaca. Provavelmente é o esôfago, porque é o órgão que mostra esses detalhes. 2 imagem: foi realizado o esôfagograma, e podemos ver todo o esôfago dilatado, com presença da retenção intra-luminal do meio de contraste, caracterizando uma dilatação total esofágica. Outra imagem mostrando a retenção do meio de contraste, ao lado provavelmente é um material de conteúdo alimentar impedindo que o líquido preencha totalmente. Mas a traqueia está deslocada ventralmente e também a silhueta cardíaca esse Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária deslocamento da traqueia vai causar tosse também no animal. Normalmente o tratamento o alimento deve ser mais pastoso, para que facilite até chegar na cavidade gástrica. Existem cirurgias que tentar diminuir e corrigir esse lúmen. Corpos Estranhos: Os corpos estranhos é tudo aquilo que não é natural na alimentação. (moeda, pedaços de ossos, anzol, plástico, etc). Então a gente divide os corpos estranhos em radiopacos que a radiação tem dificuldade de ultrapassar, eles aparecem muito bem dentro do esôfago, pode ser moeda, metal, osso, brinquedo. Tudo isso tem uma radiopacidade elevada. Os radiotransparentes é aqueles que não aparecem, elesnão barram a radiação. Podemos citar: plástico, pedaços de carne, esponja, tecidos, meia calça. E com eles temos mais dificuldade em chegar a uma conclusão. Esses corpos estranhos, devido a anatomia topográfica do esôfago e apresentar mudanças no seu trajeto, existem alguns pontos que eles podem parar o corpo estranho: - Esfíncter esofágico cranial, ali no inicio do esôfago. - Na entrada do tórax, onde tem as mudanças de trajeto. - Base do coração - Hiato esofágico, ou seja, na transição do tórax e abdômen. Então devido ao tamanho do corpo estranho, eles podem parar principalmente nessas regiões. Por isso é importante avaliar toda a extensão do esôfago, sem pular nenhuma parte. São chamados de pontos de parada, porque há mudança no seu trajeto. Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária Vamos observar na radiografia simples: se ele for um corpo estranho radiopaco vai ter uma estrutura de densidade aumentada dentro do lúmen esofágico, e também posso observar que vai ter graus diferentes de aumento desse esôfago, principalmente cranial próximo ao ponto de obstrução, tudo que está para trás sendo cranial a ele, ou seja, todo esse segmento esofágico vai dilatar. E com aumento do lúmen esofágico eu vou ter um desvio da traqueia também. Se caso não observar essa densidade elevada eu devo fazer um exame contrastado. Temos os corpos estranhos radiotransparentes, e utilizamos a técnica contrastada que é esôfagograma. Vamos observar falha de preenchimento (são casos bem comum), porque o contraste deveria passar pelo esôfago, e ele passa desviando dessa estrutura, considerado um corpo estranho radiotransparente e também vai ter uma dilatação cranial ou proximal ao corpo estranho. Dependendo do corpo estranho é necessário fazer a endoscopia para realizar o fechamento do diagnóstico. 1 imagem: temos um acentuado deslocamento da traqueia, vemos uma imagem intra-luminal com a densidade um pouco elevada compatível com corpo estranho, chegando próximo a base do coração. 2 imagem: vemos uma estrutura radiopaca, parece ser osso entre o coração e o diafragma, ou seja, próximo ao esfíncter esofágico caudal ou hiato esofágico. Nesse caso eu tenho um corpo estranho pontiagudo “geralmente a gente observa a linha de anzol abaixo da língua, não devemos puxá-la”, outra coisa nesse caso não devo utilizar o sulfato de bário por ser um corpo estranho perfurante, mas podemos utilizar os compostos iodados, se ele extravasar não tem problema. Nas setas pretas apontam para gás que nos indica um processo infeccioso e inflamatório, devido a perfuração do corpo estranho. Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária 1 imagem: temos outra imagem de anzol, ele fica parado, mas não dá pra saber se tem um comprometimento de ruptura, então nesse caso tem a necessidade de fazer o esôfagograma para observar se tem uma ruptura ou não. 2 imagem: temos a imagem do tórax, uma estrutura radiopaca no esôfago, demostrando um corpo estranho, então os corpos estranhos podem parar principalmente nos quatro pontos citados na onde tem uma mudança n seu trajeto. Dilatação Segmentar: Dilatação parcial do esôfago principalmente pela anomalia dos anéis vasculares. São as vascularizações que o feto apresenta e uma delas pode deixar um resquício no tecido. Que é a persistência do quarto arco aórtico direito. Ele vai passar por cima abraçando o segmento esofágico, causando alterações esofágicas. O problema não está no esôfago em si, e sim na persistência desse quarto arco aórtico direito. Temos também a subclávia aberrante são vasos que são malformados que ficam grandes e que também podem levar a um ponto de constrição levando a uma obliteração do esôfago. A partir do momento que descobriu é necessário fazer a correção cirúrgica. É mais comum em pastores e setters e costuma aparecer com 3 meses. Na radiografia simples principalmente do quarto arco aórtico direito, acontece a dilatação esofágica por conteúdo, vai comendo. Comendo e não passa pela constrição é uma dilatação esofágica até a base do coração, o restante do segmento esofágico continua normalmente. Posso ter também nesses casos a pneumonia por aspiração e desvio da traqueia a direita na projeção ventro dorsal. E se for necessário o exame contrastado vemos um esôfago dilatado cranialmente a estenose provocada pela persistência do quarto arco aórtico direito que vai se localizar até a base do coração, a imagem é clássica formando uma saculação, muitas vezes com conteúdo alimentar. Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária Nessa imagem vemos um desvio ventral da traqueia e conteúdo alimentar um pouco mais denso. Temos conteúdo gasoso e toda essa saculação até a base do coração. Não vemos nada na parte caudal que mostre que é uma lesão esofágica. Só vemos a parede ventral e dorsal do esôfago formando uma saculação e presença de conteúdo intra-luminal e um pouco do deslocamento da traqueia na região cervical. Pode ser uma persistência do quarto arco aórtico direito, então devo realizar o esôfagograma para ter certeza. No esôfagograma vamos ter essa imagem, uma retenção do meio de contraste formando uma saculação até próxima a base do coração, vemos o esôfago muito dilatado e observamos pelas estruturas ósseas que é um animal pequeno, ou seja jovem, e ele apresenta uma dilatação parcial porque ele consegue passar uma pequena quantidade de conteúdo mais líquido, ele apresenta uma estenose num grau mais fechado e quando se passa essa pequena quantidade de contraste chamamos de aspecto de filete, caracterizando através dessa imagem uma dilatação parcial esofágica, levada pela persistência do quarto arco aórtico direito. Então quando temos esse tipo de imagem no esôfago com retenção intra- luminal, aspecto filete, passagem de pouco contraste formando uma saculação no animal jovem, caracteriza uma persistência do quarto arco aórtico direito. Nessa imagem vemos uma subclávia berrante, tem o coração e um grande vaso muito aumentado que é a aorta, e no abdômen ela tem um aumento de volume e ela tem uma comunicação. Isso são vasos aberrantes ou mal formados, e ela tem um vaso que liga a região do arco aórtico com a região dos vasos abdominais. São formações anômalas que podem comprometer o esôfago. Observamos que ele tem uma hepatomegalia, vemos segmentos intestinais, a bexiga. Massas: Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária São formações esofágicas conhecida como massa ou crescimento de tecido. Pode estar associado a esse parasita chamado de SpirocercaLupi, então através do esôfago passando pela traqueia, próximo ao vaso ele consegue encistar na parede desse esôfago e formar uma massa. Acomete principalmente pastores, setters, hounds, pointers com idade entre 6 a 8 meses. Essa maça ela pode se localizar intra- luminal ela invade o lúmen provocando um processo parcial ou total obstrutivo ou intra-mural ele sai apenas da parede e vai levar a uma diminuição do lúmen esofágico. E também podemos ter massas de origem neoplásicas ou inflamatória, se for de origem neoplásica podemos citar o firossarcoma ou osteossarcoma com metástases. Essas massas tem uma característica de se formar em determinada região. Na radiografia simples, eu vou observar uma imagem com uma estrutura de conteúdo delineado principalmente entre a base do coração e o diafragma, na região caudal dorsal, vou ter uma estrutura de densidade elevada semelhante a tecidos moles mais que tem essa localização entre o coração e o diafragma, podendo ser uma massade spirocercalupi, pode ser uma neoplasia ou um processo inflamatório infeccioso, quando também se tem uma infecção dessa massa concomitante eu posso ter infecções nas margens ventrais dos corpos vertebrais ou eu posso encontrar as últimas vértebras torácicas com formato irregular e muitas vezes áreas osteolíticas, proveniente de uma infecção que se acende dessa massa intra esofágica chamada de espondilite. Então na radiografia simples eu vou ter uma densidade aumentada entre a base do coração e o diafragma e em alguns casos que observarmos infecção pode estar ligada a essa massa causada por uma espondilite nas margens ventrais das últimas vértebras torácicas. O exame contrastado eu vou ter uma falha de preenchimento luminal, ou seja, o contraste ele vai passar ao lado, desviar o seu trajeto onde essa massa está invadindo, por isso a gente está radiografando um animal com Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária dificuldade na sua alimentação, regurgitação, ou seja, sintomas esofágicos. Vamos ter alterações no trajeto esofágico onde ele muda o trajeto principalmente onde passa o contraste e teremos também irregularidade no diâmetro, podendo ter diâmetros uniformes no segmento esofágico. O exame contrastado é super importante. Imagem A: desenho esquemático, mostrando uma lesão intra-mural e intra-luminal. Ele começa no muro, ou seja, mural é parede aí ele invade a região do lúmen esofágico, observamos que ele muda o trajeto, as vezes é uma estrutura de contorno irregular, podendo levar a uma alteração do tamanho do esôfago dependendo do grau de obliteração. Imagem B: desenho esquemático de uma formação de uma estrutura que invade o lúmen, mas a parede é delicada, mas tem a formação intra- luminal. Os dois casos acima vão obliterar a passagem parcialmente do conteúdo alimentar. O esôfagograma é muito importante nesse caso e depois pode complementar com uma endoscopia para a coleta de material e chegar à conclusão do que está acontecendo antes de partir para um processo cirúrgico. Perfuração: Devemos tomar muito cuidado com as perfurações, tem que ser uma anamnese rápida e exame clínico rápido, para chegar a conclusão do que está acontecendo. Essas perfurações todo o conteúdo que passa no esôfago pode levar a um processo infeccioso no mediastino, na pleura e também acúmulo de gás dentro do tórax chamado de pneumotórax. Então nos exames de aspectos radiográficos simples, ele pode ter a presença de gás em tecidos moles saindo do esôfago, isso é mais Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária observado na região cervical, se observar ruptura pode ser esse gás saindo do esôfago. Vamos observar também na radiografia simples, pneumomediastino, pneumotórax no local e ter uma efusão pleural, mão é fácil chegar a esse diagnóstico. Ainda na radiografia simples para que eu possa concluir tudo isso, eu vou observar um corpo estranho, na maioria das vezes ele fica perfurado, não deve usar o sulfato de bário nos casos de perfuração, consequentemente para ter uma melhor resolução, fazemos o exame contrastado utilizando o contraste iodado, oque eu espero se ele tiver uma perfuração ou laceração mediante a movimentação desse corpo estranho, eu vou observar o extravasamento do meio de contraste. Não tem problema o animal ingerir esses compostos iodados eles serão absorvidos e secretados pelos rins. Muito importante quando você tem a suspeita de um corpo estranho pontiagudo, é correto realizar o esôfagograma e observar se tem extravasamento do meio de contraste. Estômago: Quando eu não devo utilizar o ultrassom para avaliar a cavidade gástrica? Principalmente quando estiver repleto de conteúdo alimentar e gasoso, com isso temos o impedimento da avaliação do estômago. Esse conteúdo vai provocar artefatos, mas o exame radiográfico é muito bom e indicado na avaliação da cavidade gástrica. Na radiografia simples, ele pode aparecer ou não dependendo do que tiver dentro do lúmen, aí a gente consegue observar com facilidade. O estômago possui sua divisão: temos a porção do fundo, corpo e pilório e por fim o antro e o canal. O pilório é um local muito importante para avaliarmos principalmente quando o animal apresenta suspeita de corpos estranhos. Olhando o desenho esquemático vemos que é como se fosse o jogo dos 7 erros. Então do lado esquerdo eu tenho cão e do lado direito eu tenho o gato. Cão: Na projeção lateral temos o F fundo, B corpo, A canal do antro e pilório um pouco mais a frente, e depois o início do duodeno. Então se eu fizer um exame contrastado um exame preenchido por contraste vai ficar neste formato. Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária Felino: Na projeção lateral temos o F fundo, B corpo, A canal do antro e P pilório que fica numa região mais central do que no cão que é mais alongado, sendo a única diferença e também temos a região do início do duodeno. Cão: Agora na ventro dorsal, temos o C cárdia, esse local existe receptores pro décimo par dos nervos cranianos chamado de nervo vago, onde tem estimulação vagal, e onde está o C se chama ângulo de hiss, continuando temos o F fundo, B corpo, A canal do antro, P pilório mas o pilório na projeção ventro dorsal ele se encontra a direita e por fim o início do duodeno. Felino: Temos C cárdia, F fundo, B corpo, A canal do antro e o P pilório sobrepõe as vértebras do animal e por fim o duodeno. Essas são as pequenas diferenças de topográfia em relação ao exame radiográfico. Aqui temos uma imagem mostrando o estomago na sua projeção ventro dorsal, não muito repleto, sabemos que tem o fundo, corpo, canal do antro, pilório e o início do duodeno. Na onde está a seta chamamos de pseudoulceras, normalmente encontrado no exame contrastado. Muitas vezes eu tenho a necessidade de fazer uma técnica radiológica chamada de transitogastrointestinal para avaliar o trato gástrico intestinal, no qual eu vou ter que administrar o sulfato de bário na quantidade de 7 a 12ml/kg, então animal grande vamos ter dificuldade na hora da administração. O iodo vai ser utilizado quando tiver suspeita de ruptura da cavidade gástrica ou segmentos intestinais. Então antes de qualquer técnica radiográfica, devemos fazer uma radiografia simples, porque muitas vezes na simples na aparece estruturas como corpos estranhos e aí não há necessidade da técnica contrastada. O problema da técnica contrastada do TGI é que pode levar a um processo obstrutivo e isso que queremos descobrir se tem ou não um processo obstrutivo seja qual for a causa. Então antes de qualquer exame contrastado eu faço uma radiografia na projeção (LL) e (VD), aí mediante ao preparo o animal tem que estar em jejum se não pode ter uma falha na interpretação dessa técnica, o animal não pode ter gases, fezes e nem alimento mediante a isto vai administrar o sulfato de bário ou iodo se tiver perfuração, faço com muito cuidado para o animal não aspirar, mas depois que administra não pode demorar muito tempo se não vai perder a primeira fase do exame conhecida como gastrograma, nem muito rápido e nem muito lento e depois que fez a administração devemos fazer Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária radiografias como se fosse uma sequência de um filme: 5 min, 30 min, 1 hora e depois de hora em hora nas projeções (LL e VD) fazer as duas projeções em todas as sequencias. O exame do TGI o próprio nome fala se for um trânsito normal ele tem que andar, agora se ele não anda tem algo levando a parada desse trânsito. A primeira fase é o gastrograma, leva uns 40 minutos que chamamosde tempo de esvaziamento gástrico, então todo esse líquido tem que sair em 40 minutos se ele não sair devemos ver a retenção e analisar de forma diferente. Em cães grandes há situações de TGI demorar até 24 horas. Deixar sempre o tutor ciente que vai demorar. Tem outra forma de administrar o contraste, vamos supor que este animal está com dificuldade na defecação ou sangramento anal, eu posso fazer uma radiografia via retrógrada ao invés de eu oferecer o contraste via oral e esperar ele chegar na porção do colón transverso, descente e reto eu posso através uma sonda injetar diretamente no anus do animal e tentar observar se ele tem falha de preenchimento, parede espessa, áreas de estenose, áreas de intussuscepção. Então o exame contrastado é muito importante. Dependendo do que a radiografia mostrar posso partir para uma colonoscopia para retirada de material já observado no exame radiográfico. As principais alterações são corpos estranhos muito comum no dia a dia. São considerados radiopacos e radiotransparentes, os radiopacos são mais fáceis de serem visualizados. Os corpos estranhos a gente também pode utilizar o ultrassom na tentativa de observar e vão formar aquele artefato conhecido como sombreamento acústico. No radio-x sempre faço a radiografia simples para observar o corpo estranho radiopaco se ele não estiver vou fazer o contrastado que é transitogastrointestinal para observar principalmente os corpos estranhos radiotransparentes no qual ele vai formar um artefato chamado de falha de preenchimento, o ultrassom também pode ajudar a observar a parede do estomago pra ver se tem espessamento da parede estomacal como o caso de gastrites e úlceras. Posso ter também processos de dilatação e também torção, quando a pessoa não faz o que foi recomendado. Corpos estranhos: Os corpos estranhos podem ser radiopacos ou radiotransparentes. O raio-x vai mostrar onde está, vai demostrar o tamanho e superfície e ver se é necessária uma endoscopia. Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária Os radiotransparentes é pano, saquinho plástico, espuma é tudo o que não aparece no exame radiográfico simples. Os principais aspectos radiográficos, se for corpo estranho ele vai ter uma falha de preenchimento ou seja, onde ele está o contraste não consegue adentrar e ele impede a passagem do meio de contraste então o tempo de esvaziamento gástrico vai ser maior que 40 minutos ou ausente, então muitas das vezes o contraste não sai do estomago e o animal já tem um vômito automático, porque a gente dilata esse estômago com líquido de contraste e esse líquido não consegue sair e o animal tem a regurgitação. Essa falha de preenchimento também vai ser encontrada nos tumores gástricos. Se for um corpo estranho como pedaço de meia ou espuma espera-se um corpo estranho que vai absorver o meio de contraste, ele absorvendo o meio de contraste vai deixar esse local impregnado, ou seja, retido esse contraste. E esperamos que todo o excedente de contraste saia e fique apenas o corpo estranho radiotransparente e fique apenas a espuma contendo o meio de contraste. Imagem 1 – é cavidade gástrica pouco visível, porque ela não tem conteúdo delimitando ela “alimento”, mas eu vejo uma estrutura compatível com corpo estranho (setas apontando) em topográfia de antro pilório, que é o local onde é mais comum ter o processo obstrutivo por causa do esfíncter do pilório, nesse caso devemos fazer uma gastrografia, para melhor visualização e ter a certeza que está dentro do estômago. Imagem 2 – é um felino, vemos uma agulha em topografia de estômago, nesse caso já é indicado a laparotomia para a retirada desse corpo estranho. É um corpo estranho radiopaco perfurante. Imagem radiográfica no qual eu tenho a presença de gás lacrimogênio no estômago e presença de corpos estranhos radiopacos “ossos do churrasco”, nesse caso eu passo diagnóstico. Dilatação/Torção: Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária O processo de dilatação e torção, muitas vezes acontece em cães de grande porte, decorrente de uma alimentação única “de frequência única em grande quantidade”. Esse cão na idade de 8 a 9 anos ele apresenta relaxamento dos ligamentos gástricos, ele pode terminar a sua alimentação e correr para algum local e esse estômago faz um giro sobre seu próprio eixo podendo ser de 90º, 180º, 360º.... Com esse giro ele vai impedir o funcionamento desse estômago, não sai e não entra nada. E devido a topográfia desses ligamentos ele vai levar o baço junto, tendo a torção dos vasos e levando a uma esplenomegalia. Geralmente quando o animal sofre uma torção é necessário tirar o baço também. E se deixar o baço pode ter a síndrome da reperfusão. Costuma acontecer em animais de sitio, logo após comer e correr por volta de 21:00 ou 22:00 da noite. No caso da dilatação eu vou ter um estômago muito repleto de gás, quando o estômago está totalmente retido de gás o animal perde a estimulação vagal porque muda o ângulo de hiss, com isso ele não consegue ter uma eructação e o gás vai acumulando até dilatar, porque ele não e também não volta. Na radiografia eu consigo identificar e passar uma sonda para retirar toda essa ingesta para que ele volte ao normal. Mas se ele tiver processo de dilatação com torção essa lavagem não é suficiente. O animal vai ter uma acentuada dilatação por gás, líquido ou sólido. Ou seja, um conteúdo heterogêneo, e esse estômago muito dilatado desloca todos os órgãos da cavidade abdominal principalmente no sentido caudal. E se ele tiver o processo de torção vai apresentar a característica que se chama linha de compartimentalização, esses animais com essa característica é como você imaginar uma bexiga de aniversário que você gira e ele forma duas bexigas, ou seja, dois compartimentos e no local onde eu girei vai formar uma área mais espessa da parede. Essa linha mais espessa onde ele girou, vai aparecer como uma linha mais radiopaca, chamada de compartimentalização. Quando forma os dois compartimentos tudo o que está ali não consegue sair e começa a fermentação e ter acúmulo de gás. Além disso, vamos ter um deslocamento do pilório para a esquerda, mas sua localização normal é na direita. E também ter a esplenomegalia. Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária Nessa imagem esquemática vemos uma acentuada dilatação gástrica, se o animal tem só a dilatação eu posso passar uma sonda gástrica ou entrar com um trocânter e perfurar para ajudar e amenizar a dor que o animal está sentindo. Se ele tiver um processo de dilatação torção, ele vai ter um estômago muito aumentado de tamanho, na percussão um processo timpânico intenso e apresenta a linha de compartimentalização. Se estiver em dúvida da torção oferecer o sulfato de bário. Imagem 1 – desenho esquemático mostrando o estômago dilatado e torcido. Na onde tem a torção a parede vai se tornar um pouco mais espessa e vemos a linha de compartimentalização. Nessa imagem vemos os dois compartimentos. Se eu der contraste, fica apenas em um compartimento não vai para o outro. Imagem 2 – Mostra a dilatação do estômago e o pilório deslocado para a esquerda devido a torção. Imagem 1 – radiográfica mostrando o processo da linha de compartimentalização e estômago muito dilatado, (projeção lateral, eu vejo a linha de compartimentalização). Imagem 2 – mostra o estômago dilatado e o pilório deslocado a esquerda, (projeção ventro dorsal eu vejo o Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária deslocamento do pilório para o lado esquerdo). Intestinos:O intestino no exame radiográfico ele normalmente vai estra preenchido por conteúdo gasoso e fecal. Localizado na região mesogástrica e podemos dividir o intestino em algumas partes anatômicas já conhecidas: Intestino delgado: - duodeno - jejuno - ílio Intestino grosso: - ceco - colón (temos o ascendente, transverso e descendente) - reto Sabemos que o intestino ao longo da sua extensão, apresenta diversas funções: o intestino delgado é absorção de nutrientes provenientes da quebra do estômago e também de enzimas do suco gástrico depois vai para o duodeno, jejuno e ílio para ser reabsorvido e depois na forma que não vai ser absorvido é formado o bolo fecal passado pelo ceco, colón ascendente, transverso, descendente e reto e por fim sua excreção, através de movimentos peristálticos. No exame radiográfico a presença de conteúdo gasoso e fecal até ajuda em algumas situações as interpretações. Já no exame ultrassonográfico quando eu quero avaliar os intestinos tanto a presença de gás quanto a presença de fezes atrapalham e muito a interpretação. Então eu tenho a necessidade de ter um intestino vazio e limpo para que eu possa avaliar. (Obstrução) As principais alterações que eu vou observar no intestino são corpos estranhos que podem ser ingeridos e podem parar tanto no segmento esofágico, cavidade gástrica ou alguma parte do intestino. Principalmente o intestino delgado que se apresenta de uma forma tubular, fina e pequeno em relação ao intestino grosso. Podemos ter corpos estranhos radiopacos como pedra, metal, ossos, brinquedos, sendo todos corpos estranhos que podem obstruir. Temos também os corpos estranhos radiotransparentes como pano, saquinho, espuma, plástico. Além disso, temos outra classificação de corpos estranhos que são lineares ou não lineares. Que são presenças de linhas, barbantes esses corpos estranhos normalmente provocam um Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária tipo de reação no intestino chamado de pregueamento, ou seja, o intestino fica preguiado, muito fácil de ser enxergado no exame radiográfico esse aspecto de preguiamento. Eles são radiotransparentes o que torna difícil a avaliação se o tutor não souber o que o animal ingeriu. E após o meio de contraste ele não absorve por ser estruturas muito pequenas. Intussuscepção, uma alça entra dentro de outro segmento e vai provocar processos obstrutivos. Dependo da obstrução sendo um processo parcial ou total. Aderências pós cirúrgicas, principalmente as castrações, ali nos cotos ovarianos pode desenvolver aderências que vão atingir principalmente segmentos intestinais, podendo levar também aos processos obstrutivos. E temos aumento de volumes abdominais ou as hérnias inguinais, no qual tem a abertura e pode ter a passagem de um segmento, e esse segmento vazio penetra dentro do saco herniário e depois com a chegada de conteúdo vai ocupando e não consegue sair e esse encarceramento pode levar a alterações como uma necrose da parede devido a uma falha na vascularização. Quando eu tenho um problema no intestino de modo geral eu vou ter sempre esses aspectos. Aqui eu vejo segmentos intestinais dilatados e desproporcionais, nesse caso por conteúdo gasoso. Vemos uma desproporção nas alças intestinais e ocupa um grande espaço na cavidade abdominal, deslocando órgãos e contendo muita presença de gás. Quando eu tenho uma imagem com muita presença de gás isso é anormal, porque o gás tem que ser eliminado de duas formas, na eructação (arroto) ou na flatulência (pum). Quando eu vejo essa imagem radiográfica sabemos que indica um processo obstrutivo, não sendo normal porque o animal não está evacuando. O trânsito está sendo obliterado, tem segmentos de propensão maior e menor, muito conteúdo gasoso. Indicativo de um processo obstrutivo. Eu posso fazer o exame transitogastrointestinal, e vou encontrar dilatação desproporcional do lúmen as alças vão se encontrar mal distribuídas, não vão estar uniformes e eu também posso ter alterações na radiopacidade desse lúmen o que significa que são variados conteúdos gasoso, fecal e até mesmo corpos estranhos dentro do segmento intestinal. Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária Quando eu pego a alça intestinal eu observo que após o contraste, ele não vai sair, ele não consegue progredir porque o trânsito está parado, então se esse gás não consegue sair o meio de contraste. Nessa imagem observamos uma retenção no meio de contraste. Então aquele transito que a gente espera de uma ou três horas não vai acontecer aqui, porque observamos gás, contraste, as alças muito dilatada já ocupando uma grande área, segmentos intestinais mal distribuído. Aqui temos uma alça de um tamanho aceitável, mas o segmento intestinal está muito dilatado e isso é um indicativo muito grande de um processo obstrutivo. Muitas vezes não chegamos a uma conclusão se é aderência, tumor ou corpo estranho. A partir do momento que observou essas alterações das imagens acima, sugerir fazer uma laparotomia exploratória. Imagem ventro dorsal, com segmentos intestinais muito dilatado, vemos o delgado preenchido por conteúdo misto, radiopaco e o contraste. Quando vemos essa imagem temos certeza que se trata de um processo obstrutivo. Só que é difícil descobrir a causa do que está levando, muitas vezes não conseguimos chegar. Agora no exame contrastado observamos alteração na progressão do meio de contraste, ele não progride porque tem algo parando no sistema digestório, podemos ter falha de preenchimento luminal e principalmente de corpos estranhos Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária radiotransparentes, ele passa e acaba formando essa falha de preenchimento, sendo difíceis de ser detectados. Nos casos de intussuscepção o exame radiográfico não é tão simples de se chegar à uma conclusão. E vamos ter alteração na coluna de contraste, tendo áreas com mais contraste e outras áreas com menos contraste por causa da diferença do lúmen e pode estar ocorrendo o processo obstrutivo. Nessa primeira imagem observamos áreas dilatadas com conteúdo gasoso de tamanho desproporcional, não sendo uma alça normal. Na segunda imagem vemos um estômago com presença de gás, vamos a parede estomacal o duodeno e seus segmentos intestinais dilatados, por causa de uma estrutura de contorno regular radiopaca aparentemente lembra uma bolinha ou moeda que está obstruindo esse intestino. Não havendo necessidade de um exame contrastado, porque já vemos no abdômen esquerdo na região mesogástrica uma estrutura fazendo uma radiopacidade aumentada compatível com um corpo estranho. Impedindo o trânsito. Se eu quisesse fazer exame ultrassonográfico nesse caso de um corpo estranho radiotransparente, vamos ter segmentos intestinais dilatados com conteúdo misto, não vai haver um peristaltismo, as alças vão estar parada sem sair do local “como uma máquina de lavar com roupa de molho”, e desproporcionalidade de tamanho, então se eu encontrar o corpo estranho vou ver um sombreamento acústico, sendo válido para o estômago e para o intestino. O ultrassom é complicado por causa de muita presença de gás sendo muito ruim por causa das ondas ultrassónicas. O ultrassom é um método mais rápido, pode ser feito de uma maneira mais tranquila, mas ele tem detalhes que podem prejudicar por exemplo, se ele tiver um conteúdo fecal muito denso e seco ele pode imitar um corpo estranho, sendo uma pegadinha. Devemos ficar muito atento então e utilizar os 2 métodos se for necessário, para confirmar o diagnóstico “radiografia e ultrassom”. Nessa imagemvemos desproporção, muito conteúdo gasoso nesse segmento. Então o raio-x já mostra que pode ter um processo obstrutivo, se eu tentar fazer um ultrassom aqui vamos ter muita dificuldade na avaliação desse órgão, sendo o menos indicado nesse caso, por causa da acentuada presença de conteúdo gasoso. Aqui eu tenho uma imagem onde o paciente tinha um vômito anterógrado com aspecto de fezes, muito fétido Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária “aparentemente com coloração e odor de fezes”, estava emagrecendo e não se alimentava direito. Observamos nessa imagem das alças intestinais distribuídas de uma maneira uniforme com discreta presença de gás e conteúdo, e aqui eu vejo uma estrutura de contorno regular levemente radiopaca e região mesogástrica, caracteriza como uma massa, aí fizemos uma outra radiografia. Observamos alguns segmentos intestinais com gás e um pouco de fezes e vemos a estrutura de contorno regular levemente radiopaca em região mesogástrica direita, novamente não conseguimos ter certeza do que era então realizamos o ultrassom e foi observado mas não dava para ver muitas características e foi sugerido uma laparotomia exploratória e na laparotomia foi retirado um pedaço de grande parte de um tecido (pano) por volta de 5 meses já ali. Intussuscepção: É um processo que ocorre principalmente nas enterites ou gastroenterites que podem levar ao aumento do peristaltismo que faz com que o segmento intestinal penetre outro segmento intestinal e com isso acontecerá um processo obstrutivo. Pode ser provocado em animais jovens por uma verminose “ascaridiose” e os animais mais idosos são os casos de neoplasias intestinais que também levam a processos obstrutivos. Frequentemente esse problema está na região íliocecocólica sendo a região mais fácil de acontecer, mas devemos estar sempre atendo em qualquer parte. No exame radiográfico simples, é difícil e no contrastado também, ele apresenta um aspecto chamado de aspecto de dedo “como se enfiasse um plástico no dedão”, além de ser conhecido também como aspecto de salsicha. O ultrassom é mais fidedigno que a radiografia nos casos de intussuscepção. Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária Nessa imagem vemos uma enterite, temos preguiamento da peça e áreas de intussuscepção, além disso, temos áreas mais escuras com vasos bem engorgitados. Nesta primeira imagem eu vejo uma área mais opaca e ao redor dela um pouco de gás sendo característico de um aspecto de intussuscepção “vemos pelas setas” parece como se fosse um dedo dentro de um recipiente. Vemos que não está normal e há segmentos intestinais de uma forma desproporcional, ou seja, com dilatação desproporcional e radiopacidade no caso por conteúdo gasoso. Aí eu faço o exame ultrassonográfico e muitas vezes dependendo do tamanho do animal eu consigo sentir uma massa e no ultrassom através de um corte transversal. Temos que imaginar que um intestino normal apresenta estratificação ou camadas intestinais (então eu tenho a mucosa, submucosa, lúmen, muscular) e elas aparecem muito bem. Então no exame ultrassonográfico ela aparece hiper e hipo bem divididas. Nesse caso vemos essas camadas de hiper e hipo, O hipo sempre vai ser a mucosa intestinal. Observamos essa estrutura que apresenta camadas multicêntricas lembrando um alvo, ou também chamado de aspecto de cebola. No raio-x é difícil observar. O aspecto de cebola é devido ele entrar dentro de outro segmento e conseguimos ver as camadas multicêntricas de forma clara e escura. Sendo compatível com uma intussuscepção, e se tem uma intussuscepção tem um processo obstrutivo (sendo indicado cirurgia). Novamente o aspecto de cebola, nessa imagem, onde vemos várias camadas caracterizando um processo de obstrução por intussuscepção. Os tumores intestinais não são tão comuns, mas os felinos podem levar a linfoma intestinais, no qual ele vai ter um processo obstrutivo devido ao Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária espessamento da parede intestinal. Eu posso ter um aumento apenas por um processo inflamatório como enterites e gastroenterites, mas muitas vezes eu tenho o espessamento exagerado que pode ser de origem tumoral. Aí o exame ultrassonográfico após um jejum prévio consigo analisar muitíssimo bem. O abdômen ele pode ficar homogêneo quando ele apresenta liquido livre, mais conhecido como ascite, podemos encontrar em animais traumatizados e politraumatizados que tenham hemorragias, insuficiências cardíacas congestivas direita, em tumores. Basicamente vamos ter o extravasamento do líquido dos vasos para fora e esse líquido vai aparecer muito bem no raio-x. Então o animal chega com o abdômen abaulado e observa-se uma homogeneidade, ou seja, uma dificuldade na visualização de todos os órgãos, porque o líquido também é de densidade homogênea, sendo a mesma coisa que o baço, o fígado, rins e bexiga e tendo essa homogeneidade não conseguimos observar absolutamente nada, chamado de efeito de somação, só iremos observar algumas alças flutuando se tiver presença de gás vamos ter o efeito da subtração, então identificamos se tiver uma quantidade moderada. No ultrassom é muito mais rápido e sensível, existem pontos importantes para observar se tem presença de líquidos livres, principalmente próximo a bexiga sendo o local ideal, os rins e fígado também. O ultrassom também consegue observar o aspecto desse líquido, se ele é ecoico ou anecoico, ou muitos pontos brilhantes podendo caracterizar uma peritonite. O ultrassom é muito importante se tem um abdômen abaulado e suspeita de líquido livre conhecido como ascite, e além disso, o ultrassom vai guiar para o local correto para fazer a punção sem lesionar nenhum tipo de órgão e ter certeza que é líquido livre. Já no raio-x podemos ter uma homogeneidade, como um processo que o animal está passando por uma diarreia com conteúdo líquido. Nesta imagem observamos uma radiografia com um abdômen muito abaulado e pouca observação de órgãos (vemos só algumas alças intestinais e estômago), nesse caso temos a necessidade de fazer a punção para que os órgãos voltem para a sua topográfia normal, tendo a necessidade do esvaziamento dessa cavidade gástrica para que se possa observar cada órgão de maneira correta, sem nenhum artefato que possa atrapalhar. Assim podemos concluir se há uma patologia no fígado, baço, intestino que Naara Caneschi Zeferino – Medicina Veterinária pode estar levando ao acúmulo de líquido livre na cavidade abdominal.
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