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1 Gabriela Rodrigues INTRODUÇÃO É uma técnica de espectroscopia de emissão atômica. Se baseia na inserção de uma amostra contendo cátions metálicos em uma chama, sendo então analisada a quantidade de radiação emitida pelas espécies que atômicas que foram excitadas. É mais simples e também importante para determinação de íons como o Li+, Na+ e K+. Isso porque parte dos metais dos grupos 1 e 2 da tabela periódica são bastante solúveis o que dificulta a análise a partir de técnicas volumétricas. ABSORÇÃO DE RADIAÇÃO O analito encontra-se predominantemente em seu estado fundamental, estado esse de mais baixa energia. O estímulo leva algumas das espécies desse analito a sofrerem algumas transições para um estado de energia mais alto. É a partir disso que se pode obter informações sobre o analito, quando se mede a radiação eletromagnética emitida quando o mesmo retornar ao seu estado de origem. EMISSÃO DE RADIAÇÃO A espectroscopia emprega as interações da radiação com a matéria para obter informações sobre uma amostra. A fotometria de chama emprega então a utilização da chama para redução de íons metálicos a átomos livres. Alguns desses absorvem a energia proveniente da chama e se excitam. E quando retornam ao seu estado fundamental emitem radiação luminosa (emitem parte da energia que foi absorvida). A radiação eletromagnética é produzida quando partículas excitadas relaxam para níveis de energia mais baixos fornecendo como luz o excesso de energia na forma de fótons. A radiação de uma fonte excitada é caracterizada de forma conveniente por meio do espectro de emissão daquela espécie. O espectro O espectro de emissão é uma potência relativa da radiação emitida em função do comprimento de onda. A intensidade de uma linha de emissão em um espectro aumenta a medida que a proporção de átomos excitados, para aquela estado de energia específico de um determinado elemento, em relação à população total de átomos daquele mesmo elemento. Sobre a imagem: Na absorção: Ocorre um salto quântico, ou seja, a transição dos elétrons. E a medida que a energia aumento, os elétrons orbitam camadas mais externas, de maiores energias. Na emissão: O elétron volta para a camada de onde ele saiu. Na linha horizontal, do espectro de emissão exposto na imagem, E0 (átomo no estado fundamental), E1 e E2 (níveis eletrônicos de maior energia daquela espécie). 2 Gabriela Rodrigues Em E1: A energia do átomo quando seu elétron é promovido para o estado 3p, por absorção da energia térmica, elétrica ou radiante. Depois de 10-8 s o átomo retorna ao seu estado fundamental emitindo um fótons (luz) com um determinado comprimento de onda. Em E2: O estado mais energético é o 4p. A radiação emitida (2) aparece num comprimento de onda mais curto. A linha ao redor de 330 nm, por exemplo, resulta dessa transição. E a linha em torno de 590 nm da transição do elétron 3p para 3s. PRÍNCIPIO DE FUNCIONAMENTO Excitação Considerando um elétron orbital em volta de seu núcleo, esse elétron adquire uma forma de energia (luz ou chama). Esse elétron absorve essa energia e o mesmo se desprende da sua orbital original (estado fundamental) e passa a orbitar em uma orbita mais afastada do núcleo (estado de maior energia). Relaxamento A partir do momento em que a emissão para, ou seja a fonte energética acaba, o elétrons retornam a sua camada original emitindo alguma radiação (luz). FUNDAMENTOS DA TÉCNICA A fotometria de chama é baseada em métodos de análise dos elementos presentes numa amostra, geralmente, líquida, que é introduzida em uma chama, onde ocorrem fenômenos físicos e químicos (evaporação, vaporização e atomização) Esses processos ocorrem quando as amostras líquidas são convertidas em um aerossol líquido-gás com partículas finamente divididas para serem introduzidas na chama. Observando o fluxograma: Tem-se um ânion (X) com um metal (M) qualquer no estado aquoso. Há a dispersão em forma de um aerossol (microgotículas dispersas no ar), que entram em contato com a chama ocorrendo a evaporação do solvente, originando um sal dessolvatado (em sua forma sólida). Devido ao calor intenso da chama esse sólido vaporiza, formando um sal gasoso que continua absorvendo energia ocorrendo a dissociação das espécies na sua forma gasosa (M(g) + X(g)). O metal na sua forma metálica absorve radiação e no momento do relaxamento emite radiação. E quando acontecer desse metal absorver um determinado comprimento de onda na região do infravermelho e emitir em outro na região do ultravioleta, pode-se observar essa emissão a partir da fluorescência. No estágio de atomização, ocorre a redução do cátion ate a sua forma elementar. Em seguida, o átomo metálico no estado fundamental recebe energia da chama e seu elétron é excitado. Quando este retorna ao estado fundamental emite radiação num determinado comprimento de onda. 3 Gabriela Rodrigues Em resumo: Algumas considerações a respeito da técnica: A energia eletrônica é quantizada, isto é apenas certos valores de energia eletrônica são possíveis. Os elétrons só podem ocupar determinados níveis de energia discretos que eles absorvem ou emitem em quantidade discretas quando se movem de um orbital para outro. Uma vez que um átomo de um determinado elemento origina um espectro característico, conclui-se que existem diferentes níveis energéticos, e que esses são característicos para cada elemento. O espectro de emissão de um dado elemento é associado às transições entre o estado fundamento e os estados de energia mais elevados. Átomos na fase gasosa podem ser excitados pela própria chama ou por uma fonte externa. Se forem excitados pela chama, ao retornarem ao estado fundamental liberam energia na forma de radiação eletromagnética em comprimentos de onda específicos. A relação entre a população das espécies no estado fundamental (No) e um estado excitado (Ne) é dada pela equação de Maxwell- Boltzmam: Onde: Ne = número de átomos excitados; No = números de átomos no estado fundamental; ge/go = número de estados disponíveis em cada nível de energia (degeneração do nível); Ee e Eo = energia dos dois estados (E = hv); k = constante de boltzmam (1,3805 x 10-23 JK-1) e T = temperatura (K). Graças a essa fórmula é possível prever algumas coisas, T nunca vai ser 0. O expoente de e sempre vai ser negativo, isso porque o nível de energia do estado excitado é sempre maior que o do fundamental. Conforme T aumenta o expoente se aproximo de zero, quando isso ocorre, Ne/No se aproxima do número de estados disponíveis e da degeneração desses níveis. Sendo possível enxergar o fenômeno de excitação, no entanto, alguns elementos precisam de temperaturas muito elevadas, de forma que não há quantidade suficiente de átomos para que ocorra o efeito de luminescência. Alguns átomos precisam de tanta energia que métodos convencionais de combustão não são possíveis se obter em laboratório. Então a fotometria de chama só é aconselhável para átomos em que a energia necessária seja menor. INSTRUMENTAÇÃO O instrumento utilizado é o fotômetro de chama: 4 Gabriela Rodrigues Reguladores de pressão e medidores de vazão dos gases Deve-se assegurar a entrada dos gases combustíveis e comburentes em quantidades constantes, usando-se reguladores de pressão e medidores de vazão adequados que devem ser ajustados sempre que o instrumento for usado. Muitos são comercializados com uma pequena bomba para fornecimento de ar. Câmara de mistura É também conhecida como atomizador ou nebulizador. É fundamental ao funcionamento do fotômetro.Sua função é permitir que a amostra em solução chegue à chama, sob a forma de névoa, em partículas finamente divididas para que ocorra o aumento da área superficial de contato do analito com a chama. Nessa câmara, gotas maiores da solução aspirada chocam-se em anteparos, sendo então drenadas para descarte. Assim, chega a chama apenas um pequeno percentual da solução aspirada, contendo os componentes da amostra. Então o objetivo é transferir para o sistema de atomização uma porção reprodutível e representativa da amostra, e esse fator depende fortemente do estado físico do analito e também da matriz da amostra. A viscosidade da solução tem efeito sobre a velocidade de aspiração e a extensão da nebulização. Álcoois de baixo peso molecular, cetonas e ésteres, isoladamente ou em mistura com água, por exemplo, aumentam o sinal de emissão na chama (melhoram a sensibilidade), uma vez que diminuem a tensão superficial do sistema. A intensificação do sinal de emissão é resultado da combinação de alguns fatores: - Maiores vazões - Menores gostas do aerossol - Amostras mais voláteis O esfriamento produzido por solventes orgânicos é menor em relação à água, e pode chegar a baixar a temperatura em torno de 200ºC Queimador Uma vez alimentado pelos gases combustíveis e comburentes com pressão constante, deve produzir uma chama estável para assegurar resultados reprodutíveis. Circundando a chama, há uma chaminé com pequeno orifício que além de permitir visualizá-la, impede a interferência de correntes de ar, protegendo o operador e evitando que as demais partes do instrumento se aqueçam demais. Chama A chama é a principal responsável pelo processo de excitação da amostra, sendo então responsável pelo fornecimento de energia. Em geral, suas características oxidantes e/ou redutores determinadas principalmente pela sua composição e estequiometria são tão relevantes quanto a temperatura. A temperatura da chama deve ser capaz de: - A conversão dos contribuintes da amostra líquida ao estado gasoso; - Decomposição dos constituintes em átomos ou moléculas mais simples; - E excitação eletrônica de apenas uma fração das espécies atômicas. Seletor de radiação A função do sistema óptico é isolar determinados comprimentos de onda da radiação emitida pela chama. O feixe de luz emitido é então focalizado sobre um seletor, geralmente, filtros que isolam linhas e bandas espectrais. 5 Gabriela Rodrigues Instrumentos com filtros são limitados, e normalmente só permitem a detecção de lítio, sódio, potássio e cálcio. Embora cada elemento possua seu espectro de emissão, nem todos podem ser convenientemente utilizados na análise. Para que a radiação emitida seja tanto quanto possível a única a sensibilizar o detector, usam-se filtros ópticos denominados interferenciais. Os filtros são adequados para determinação de elementos que possuam espectros de linhas simples, como os metais alcalinos. Para espectros mais complexos, alguns instrumentos dispõem de monocromadores que possibilitam trabalhos em diferentes comprimentos de onda. Sistema de detector e registro Consiste em meios de detecção (células fotoelétricas, fotocubos, tubos fotomultiplicadores, e etc) nos conjuntos eletrônicos de amplificação e nos aparelhos elétricos de medição e registro direto disponíveis para leituras experimentais. Os tubos fotomultiplicadores são os mais empregados. Sua sensibilidade permite o uso de fendas menores, resultando numa melhor seleção de energia radiante. Como a intensidade da radiação emitida é função do número de átomos na chama e o sinal é diretamente proporcional à concentração do elemento emissor, pode-se usar a medida para determinar quantitativamente a concentração do analito. ANÁLISE QUANTITATIVA Processo de calibração 1. Preparam-se soluções padrões de concentração conhecidas do analito; 2. Ajusta-se o zero de emissão com água deionizada e o 100% de emissão em com a solução padrão mais concentrada; 3. As outras soluções padrão são introduzidas no equipamento e, com os dados da intensidade de emissão, é construída uma curva de calibração; 4. A leitura da amostra é feito e o valor obtido é interpolado na curva de calibração e obtêm-se o valor da concentração do analito pela equação da reta; 5. Caso a matriz seja complexa, aplica-se o método da adição de padrão. Fotômetros de chama apresentam um elevado índice de exatidão e uma boa sensibilidade para determinação de alguns metais. Interferências A interferência na análise da emissão atômica pode ocorrer devido a alguns motivos dentre os quais tem-se: - Interferência espectral: São devidas à emissão de linhas ou bandas adjacentes quando o analito e o interferente possuem comprimentos de onda de emissão muito próximos ou sobrepostos. - Interferência química: Esse tipo de interferência provoca diminuição da intensidade de emissão devido à formação de compostos pouco voláteis, chamados de compostos refratários, reduzindo a velocidade de atomização. São ocasionadas, principalmente, por ânions capazes de impedir a excitação de cátions. Para evita-la, pode-se adicionar um agente complexante que forma um composto estável e volátil com o analito, como EDTA. 6 Gabriela Rodrigues Pode-se realizar também a separação prévia dos elementos interferentes. Ou ainda, usar uma chama com temperatura mais elevada. - Interferência de matriz: Pode ocorrer quando a composição da matriz da amostra apresenta constituição bem diferente dos padrões. Para evita-la usa-se método da adição de padrão para determinação da concentração do analito no meio. - Interferência devido à ionização: Para elementos com baixo potencial de ionização, chamas com temperaturas muito altas podem diminuir a sensibilidade. A temperatura elevada diminui a emissão espectral de metais alcalinos e aumenta a sensibilidade para alcalinos-terrosos, isso provavelmente, porque nas temperaturas usadas para determinação destes metais por fotometria a ionização é pequena. Assim faz com que a concentração do metal no estado fundamental na chama diminua. Para evita-la faz-se a adição de um supressor de ionização, que é uma espécie química que apresenta um potencial de ionização mais baixo em relação ao analito e que produz uma concentração elevada de elétrons para a chama. - Interferência de auto-absorção: Ocorre quando a concentração do analito é elevada. Desenvolve-se quando um fóton emitido por um átomo do analito é absorvido por outro átomo vizinho do analito na chama. Esse fenômeno é minimizado através da diluição da amostra e dos padrões. APLICAÇÃO Determinação de Na e K em água Os íons sódio estão presentes nas águas naturais em concentrações que podem varias de menos 1 mg/L a mais de 500 mg/L. Já os íons potássio podem ocorrer naturalmente nas águas, no entanto, sua concentração raramente excedo 20 mg/L. As quantidades de potássio e sódio podem ser determinas pela fotometria de chama que vai se basear na emissão de chama desses elementos. O sódio emitindo luz no comprimento de onda de 589 nm e o potássio em 766,5 nm. Parte experimental - FOTOMETRIA DE CHAMA A amostra é aspirada e dispersa numa chama de gás na forma de spray e a excitação é conduzida sob condições controladas e reprodutíveis. A linha espectral de interesse é isolada com o uso de filtros ou sistema óptico adequado. A intensidade da luz a 589 nm e 766,5 nm é proporcional à concentração de íons sódio ou de potássio presentes na amostra. O equipamento pode analisar simultaneamente os dois elementos de interesse. - CURVA DE CALIBRAÇÃO Preparação dospadrões de Na+ e K+ 7 Gabriela Rodrigues Preparar 100 mL de cada solução padrão a partir da diluição de uma solução estoque de 100 mg/L em Na+ e K+. As soluções diluídas preparadas foram: Solução Alíquota da sol. estoque (mL) Concentração Final Na+ e K+ (mg L-1) 1 80 80 2 60 60 3 40 40 4 20 20 5 10 10 6 5 5 7 1 1 Leitura dos padrões Com os padrões preparados, realiza-se a leitura desses. Primeiro realiza-se a calibração do equipamento com água purificada e o padrão de 100 mg L-1 (escala: 0 a 100). Em seguida, realiza-se a leitura dos padrões. Entre cada uma das leituras é preciso limpar o sistema com água purificada, retornando o sinal a zero. A partir das leituras de todos os padrões, os seguintes resultados foram obtidos: Concentração de Na/K (mg L-1) Intensidade Emissão (Na+) Intensidade Emissão (K+) 5 6 5 10 11 10 20 22 20 40 46 42 60 73 71 80 98 98 Em seguida, analisou-se uma amostra de água natural, obtendo-se os seguintes dados: Amostra Sódio Potássio ÁGUA 42 7 A partir dos dados obtidos, plota-se a curva de calibração para o potássio e também para o sódio, sendo possível a determinação da concentração de ambos na amostra de água natural. REFERÊNCIAS Teórica: Resumos e anotações próprias. Vídeo aula 1 : CLIQUE Vídeo aula 2: CLIQUE Vídeo aula 3: CLIQUE Experimental: Determinação Na e K em água: CLIQUE Equação da reta: I = 1,2418 conc. - 3,4995 Substituindo-se o valor de emissão (I) encontrado para a amostra de água natural: 7 = 1,2418 conc. - 3,4995 Conc. = 8,45 mgL-1 Equação da reta: I = 1,2366 conc. - 1,6437 Substituindo o valor da emissão (I) encontrado para a amostra de água natural: 42 = 1,2366 conc. -1,6437 Conc. = 35,29 mgL-1 https://www.youtube.com/watch?v=kMNVuCWtvc4 https://www.youtube.com/watch?v=cBqbCG-lFXM https://www.youtube.com/watch?v=Bdyl280hBH0 https://www.youtube.com/watch?v=3vGyKMY-oww
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