Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
títulos de crédito • Instrumentos utilizados para que o empresário possa circular a riqueza produzida o Também podem ser utilizados pelos não empresários, mas foram criados para uso pelos empresários • Conceito técnico: documento representativo de uma obrigação pecuniária futura pautada na confiança. Decomposição dos elementos TÍTULO (documento representativo de uma relação ou situação jurídica) + CRÉDITO (troca de um bem presente por um bem futuro) • VIVANTE: título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele mencionado. • Características dos títulos de crédito: o Cartularidade → exigência de posse do original do título de crédito para o exercício dos direitos que ele emanam. Exceções: 1. perda ou extravio; 2. títulos eletrônicos; duplicata (no caso da duplicata: lei 5474/1968, art. 15, §2°). o Literalidade → prática dos atos jurídicos no próprio título para que eles produzam efeitos cambiais (plano da eficácia!!). ▪ A prática de ato fora do título produzem efeitos do instituto a ele equivalente no direito civil. ▪ Se o espaço do título acabar, é possível anexar uma folha ao título. Os atos praticados nessa folha anexada são considerados atos praticados no próprio título. o Autonomia → independência entre si das obrigações constantes no título de crédito. ▪ Direito cambiário surgiu com o objetivo de preservação e proteção do crédito para garantir sua maior circulação. ▪ Eventual nulidade de uma obrigação, ainda que da principal, não contaminará as demais → mas se for a nulidade do título como um todo, todas as obrigações contidas nele serão nulas. ▪ Subprincípios ▪ Abstrações → título independerá de sua causa. Depois que o título é posto em circulação, a causa que lhe deu origem não pode mais ser objeto de questionamento para eventual não cumprimento da obrigação constante no título. ▪ Inoponibilidade de exceções pessoais ao terceiro credor de boa fé → devedor não poderá opor ao terceiro credor de boa fé defesas que tenham como fundamento sua relação com o credor originário. Obs: se ao emitir o título, for colocada uma observação informando a origem daquela obrigação, o título nasce vinculado ao contrato subjacente, funcionando basicamente da mesma forma que no direito civil. • Classificação dos títulos de crédito o Quanto ao modelo ▪ Livre → forma não é determinada pela legislação. A inobservância de uma forma específica não traz qualquer sanção ao empresário. Se for colocado os elementos essenciais, o título é perfeitamente válido. (ex: letra de câmbio e nota promissória) ▪ Vinculado → forma é determinada pela legislação e a inobservância dessa forma acarreta a invalidação do título. (ex: cheque e duplicata) o Quanto à estrutura ▪ Ordem de pagamento → pressupõe três posições jurídicas distintas: quem emite a ordem (sacador), a quem se destina a ordem (sacado) e beneficiário (tomador). Obs: não necessariamente são três pessoas, mas sim três situações/posições jurídicas distintas, pois a mesma pessoa pode tomar duas posições concomitantemente. ▪ Sacador → quem emite a ordem ▪ Sacado → destinatário da ordem (devedor) ▪ Tomador → beneficiário (credor) Exemplos: letra de câmbio, cheque e duplicata. ▪ Promessa de pagamento → pressupõe duas posições jurídicas distintas: quem promete pagar (promitente ou sacador) e o beneficiário da promessa (promissário ou tomador). Exemplo: nota promissória o Quanto à circulação → identificação ou não do beneficiário ▪ Ao portador → não identifica o beneficiário, será credor quem tiver posse do título ▪ Nominativo → identifica o beneficiário, sendo credor quem constar no título, além da posse. ▪ Diferença é quanto ao ato de transferência do crédito. Se o título é ao portador, basta transferir a posse que se transfere o crédito; a simples tradição é suficiente para transferir o crédito. Já no título nominativo, a simples tradição não é suficiente para transferir o crédito, sendo necessário, além da tradição, de um ato de transferência do crédito (endosso ou cessão civil de crédito). ▪ Cláusula à ordem → permite a transferência do crédito mediante endosso. Pode ser expressa ou tácita. ▪ Cláusula não à ordem → proíbe a transferência do crédito mediante endosso. Tem que ser expressa, podendo ser expressada de duas maneiras: ▪ Se já há no título a cláusula “à ordem”, pode simplesmente se colocar o “não” na frente ou riscá-la. ▪ Se não houver no título, escreve-se o “não à ordem” ou um “à ordem” riscado. ▪ Nenhuma das cláusulas produz qualquer efeito com relação à cessão de crédito, porque a cessão de crédito não é um instituto de direito cambial, mas um instituto de direito civil. Assim, é possível transferir o crédito por cessão civil de crédito tanto na cláusula à ordem quanto na cláusula não à ordem. • Constituição do título → nascimento do título o Saque → ato de criação e emissão do título de crédito, quando se preenche o título, data, assina e entrega ao credor. Quem saca o título é o sacador. ▪ Vinculação da existência à solvência → quem reconhece a existência do crédito também se responsabiliza pela sua solvência. A existência do crédito é reconhecida através da assinatura no título. Quem assinou o título, reconheceu sua existência e portanto se tornou responsável pela solvência do crédito, virando um devedor. ▪ Assim, o saque vincula o sacador ao cumprimento da obrigação. Se o devedor primário não realizar o pagamento, naturalmente o credor poderá exigir o cumprimento da obrigação do sacador. o Aceite → ato pelo qual o sacado concorda com a ordem incorporada no título. Só cabe aceite nas ordens de pagamento. O aceitante é o principal devedor da obrigação cambial. ▪ O aceite é um ato de livre vontade, o sacado aceita se quiser. O sacado antes do aceite não integra a relação jurídica cambial, só passando a integrá-la a partir do aceite. ▪ O aceite pode ser total ou parcial, ou haver a recusa. ▪ Aceite parcial pode ser: ▪ Limitativo → sacado concorda com apenas parte do valor incorporado pelo título ▪ Modificativo → sacado concorda com um prazo maior do que o estabelecido pelo título ▪ A recusa do aceite gera a antecipação do vencimento de toda obrigação em relação ao sacador. Sacador passa a ser o devedor principal e o cumprimento da obrigação pode ser exigida pelo tomador imediatamente, não precisando esperar até o vencimento. ▪ A consequência do aceite parcial é a mesma da recusa total: gera a antecipação do vencimento de toda a obrigação em relação ao sacador. ▪ Para evitar a antecipação do vencimento de toda obrigação em relação ao sacador é necessário inserir no título a cláusula não aceitável. Essa cláusula impede a antecipação do vencimento de toda a obrigação em relação ao sacador. ▪ Aceite geralmente é dado no anverso (frente) do título. A simples assinatura do sacado no anverso do título já caracteriza aceite. Excepcionalmente, o aceite pode ser feito no verso (atrás) do título, mas para isso deve-se indicar que é o aceite. o Endosso → ato cambial de transferência do crédito cambiário ▪ Endossante/endossador → quem transfere o crédito ▪ Endossatário → beneficiário do crédito ▪ Só pode transferir quem é credor. ▪ O endosso é o ato de transferência do crédito cambiário constante de um título nominativo com cláusula à ordem. ▪ Dois tipos de endosso: ▪ Endosso em preto → endosso especial. Identifica quem é o endossatário. ▪ Endosso em branco → não identifica o endossatário, sendo este quem tiver a posse do título. Transforma um título nominativo em um título ao portador. ▪ Não é possível o endosso condicional → endosso não admite condição. Se houver condição, o endosso é válido e produzia efeitos independente do implemento da condição. ▪ Não é possível endosso parcial ▪ O endossante passa a ser devedor do título após o endosso. Para que o endossante não se vincule ao cumprimento da obrigação, deve praticaro endosso com cláusula sem garantia, não se responsabilizando pela solvência do crédito. ▪ Endosso é, em regra, praticado no verso (atrás) do título. A simples assinatura do credor no verso do título já caracteriza o endosso. Excepcionalmente, o endosso pode ser feito no anverso (frente) do título, mas para isso deve-se indicar que é o endosso. o Aval → ato de garantia do crédito cambiário. ▪ É uma garantia fiduciária/fidejussória, pautada na confiança ▪ Quem garante a obrigação é chamado de avalista; quem tem a sua obrigação garantida é chamado de avalizado ▪ O aval é uma obrigação autônoma: depois de praticado, independentemente do destino dado à obrigação do avalizado, o avalista é garantidor da obrigação. ▪ No aval não existe benefício de ordem, o avalista é solidariamente responsável pela obrigação do avalizado (solidariedade civil) ▪ Aval geralmente é dado no anverso (frente) do título. A simples assinatura de terceiro no anverso do título já caracteriza o aval. Excepcionalmente, o aval pode ser feito no verso (atrás) do título, mas para isso deve-se indicar que é o aval. ▪ Aval Fiança Garantia fidejussória Garantia fidejussória Exige a outorga conjugal* Exceto na separação total de bens Exige a outorga conjugal* Exceto na separação total de bens Instituto de Direito Empresarial Instituto de Direito Civil Não existe benefício de ordem Benefício de ordem como regra Obrigação autônoma Nulidade da obrigação principal não contamina o aval Obrigação acessória Nulidade da obrigação principal acarreta a nulidade da fiança • Exigibilidade do título → exercício dos direitos que dele emanam o Os devedores de um título de crédito podem ser divididos em duas categorias: ▪ Devedor principal → em regra, é o aceitante. Se não houver aceitante, é o sacador. ▪ Coobrigados → o sacador (se não for o devedor principal) e os endossantes. ▪ O avalista entra na mesma categoria do avalizado (a quem ele prestou o aval). Se foi avalista do aceitante, é devedor principal também, respondendo solidariamente. Se foi avalista de algum coobrigado, entra na categoria dos coobrigados. o O requisito de exigibilidade do crédito cambiário do devedor principal é apenas o vencimento. Agora para os coobrigados, além do vencimento é imprescindível um ato formal que comprove a negativa de pagamento por parte do devedor principal, sendo esse ato formal chamado de protesto. o Formação da cadeia de devedores: 1 – Devedor principal (aceitante) + avalista, se houver 2 – Sacador + avalista, se houver 3 – Endossantes em ordem cronológica e seus respectivos avalistas, se houver ▪ Credor deve primeiro exigir o cumprimento da obrigação do credor principal. Só poderá exigir dos coobrigados se a ordem for respeitada, demonstrando que exigiu do devedor principal através do protesto. ▪ A relação entre o devedor principal e os coobrigados antes do protesto é uma relação de subsidiariedade. Depois do protesto, se torna uma relação de solidariedade empresarial. ▪ Solidariedade empresarial → credor pode cobrar de qualquer devedor após o protesto e aquele que pagar extingue sua obrigação e a de quem está depois na cadeia de devedores, surgindo o direito de regresso apenas contra quem está antes na cadeia de devedores. o Institutos da exigibilidade ▪ Vencimento → ato ou fato jurídico determinado em lei como necessário a tornar o crédito cambiário exigível. Pode ser: ▪ Ordinário ▪ A prazo → ocorre com o decurso do tempo ▪ À vista → ocorre quando da apresentação do título ao devedor para pagamento ▪ Extraordinário ▪ Recusa do aceite → sacado recusa o aceite, vencimento é antecipado ▪ Falência do aceitante → falência do devedor gera a antecipação do vencimento de todas as suas obrigações ▪ Se o vencimento cai em dia não útil, pode ser realizado até o primeiro dia útil subsequente. ▪ O prazo é contado na mesma unidade em que foi estabelecido (ano-ano, mês-mês). Prazo não se converte, a não ser que a unidade não esteja inteira. ▪ Meio mês ≠ no meio do mês. Meio mês = 15 dias; no meio do mês = dia 15 do respectivo mês. ▪ Pagamento → forma natural de extinção das obrigações. Adimplemento obrigacional, cumprimento da obrigação. Regras para realizar o pagamento: ▪ Regras de direito obrigacional em geral (pagar a credor capaz e legítimo, exigir quitação mediante recibo, etc). ▪ Regras específicas: ▪ Quitação deve ser dada no próprio título (literalidade) ▪ O título deve ser entregue ao devedor (cartularidade) ▪ Protesto → ato formal para a comprovação de três situações jurídicas: ▪ Falta de aceite ▪ Falta de data do aceite ▪ Falta de pagamento → tem a função de conservar o direito de crédito contra os coobrigados. ▪ Possível dispensar o protesto se houver no título a cláusula sem protesto ou sem despesas. ▪ Ação cambial ▪ Na verdade, não existe uma ação chamada especificamente de ação cambial. ▪ O que se chama de ação cambial é o conjunto de medidas para exercer os direitos que emanam os títulos de crédito. ▪ Ação de execução → como os títulos de crédito são títulos executivos, naturalmente a primeira medida para exercer os direitos que emanam do título é a execução. ▪ Prazo para exigir o cumprimento da obrigação do devedor principal → 3 anos a partir do vencimento. ▪ Prazo para exigir o cumprimento da obrigação dos coobrigados → 1 ano a partir do protesto. ▪ Se houver no título a cláusula sem protesto, o prazo de 1 ano é contado a partir do vencimento. ▪ Prazo para o exercício do direito do regresso → 6 meses a partir do pagamento. ▪ Se perder os prazos para ajuizar ação de execução, é possível propor ação monitória. ▪ Prazo para propor ação monitória → 5 anos a partir do vencimento. Súmulas 504, STJ. ▪ Se o prazo para ajuizamento da ação monitória for perdido, é possível propor ação ordinária de cobrança com base no fato que deu origem ao título (não é mais ação cambial, é ação civil). Prazos para propor a ação ordinária de cobrança: art. 204 e 206, CC. • Espécies de título de crédito o Letra de câmbio e nota promissória: decreto 57.663/1966 o Cheque: lei 7.357/1985 o Duplicata: lei 5.474/1968 * Código civil – arts. 887 e ss Súmula 504, STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título.
Compartilhar