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Arboviroses ✓ Conceito: • São infecções virais transmitidas por insetos • São RNA vírus que são mantidas na natureza pelas zoonoses • Principais famílias: o Togaviradae o Flaviviridae o Bunyaviridae o Reoviridae o Rhabdoviridae • Seus ciclos de vida complexos envolvem vetores artrópodes (principalmente mosquitos e carrapatos) que transmitem os vírus pela alimentação do sangue animal, geralmente mamíferos ou aves • Os arbovírus tem uma grande capacidade de adaptação, o que faz com que estes agentes tornem-se emergentes com frequência Dengue ✓ Epidemiologia • O dengue é uma arbovirose transmitida por mosquitos do gênero Aedes, especialmente pelo Aedes aegypti • Existem 4 tipos distintos de vírus dengue, DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 • A OMS (WHO) estima que 3 bilhões de pessoas encontram-se em área de risco para contrair dengue no mundo e que, anualmente, ocorram 50 milhões de infecções, com 500.000 casos de Dengue grave e 21.000 óbitos, principalmente em crianças ✓ Vetor – Aedes aegypti ✓ Patologia • Durante a infecção o vírus pode ser detectado em diversos tecidos, predominantemente no fígafo e sistema reticuloendotelial • A dengue grave distingue-se da forma clássica pela presença de permeabilidade vascular aumentada e não pela presença de hemorragia • As manifestações hemorrágicas estão mais relacionadas a plaquetopenia e coagulopatia de consumo do que a permeabilidade vascular – a medida que a doença se desenvolve, as plaquetas diminuem ✓ Evolução clínica: • Fase intermediária: ajuste entre vírus e sistema imune • 3ª- fase: quadros evoluem para resolução ou agravamento • Até 3º/4º- dia paciente tem febre, e pode desidratar • Elevação progressiva do hematócrito: a medida que doença evolui indivíduo desidrata • Produçao de IgM inicia no 4/5 dia • Entre 4-6 dia pode haver hipotensão arterial, com choque • Contagem plaquetária se reduz • Exames sorológicos reagentes na fase de recuperação ✓ Aspectos clínicos: • Na maioria das vezes, as pessoas infectadas pelos vírus não apresentam quaisquer manifestações clínicas • Quando sintomática, a infecção pode provocar amplo espectro de manifestações, desde formas frustras até apresentações graves, por vezes fatais • Crianças comumente apresentam uma doença febril indiferenciada com eritema maculopapular. Comprometimento do trato respiratório superior, sobretudo faringite, é habitual. ✓ Classificação WHO 2009: • • Sinais de alarme: pode indicar dengue grave; distribuição de líquidos no corpo prejudicada por conta de aumento da permeabilidade vascular, podendo evoluir com choque ✓ Manifestações: • Período de incubação de 3 a 14 dias • Forma assintomática • Forma clássica: febre alta de início abrupto, cefaleia frontal, mialgias, artralgias, náusea, anorexia, exantema maculopapular, podendo ocorrer hemorragias leves (epistaxe, hematúria ou aparecimento de petéquias) • As lesões cutâneas costumam ser confluentes, poupando determinadas áreas (“ilhas”); • Pode haver prurido pós-descamação das lesões; • Linfonodos são um achado comum; • Petéquias podem ser vistas após a redução na temperatura corporal. ✓ Aspectos clínicos na criança: • Na maioria das vezes apresenta-se como síndrome febril inespecífica: apatia, sonolência, recusa da alimentação, vômitos e diarreia • As formas graves sobrevêm habitualmente a partir do 3º dia de doença • O início da enfermidade pode passar desapercebido e o diagnóstico ser feito já com estado grave; • Os sinais de alarme de gravidade não são tão claros quanto nos adultos • Exantema: • Manifestações hemorrágicas: geralmente são mais severas na forma grave; na forma clássica são menos ✓ Achados clínicos menos comuns • Vírus tem tropismo pelo fígado • Icterícia • Parotidite • Constipação • Cardiomiopatia • Neurite periférica • Mielite transversa • Síndrome de Guillain-Barré o Atenção: sintomas respiratórios inferiores não costumam ser frequentes; no trato superior pode acontecer ✓ Exames complementares: • Hematócrito: atenção com valores sugestivos de hemoconcetração (igual ou maior que 45% nas crianças, 48% nas mulheres adultas e 54% nos homens adultos) • Contagem de plaquetas: atenção com valores inferiores a 100.000/mm3 • Prova do laço – garrotear braço com esfigmo = aparecimento de petéquias elevadas em pacientes com dengue • Leucograma com linfocitose e neutropenia; não obrigatório, podendo haver variações • Enzimas hepáticas elevadas • ✓ Diagnóstico laboratorial: • Primeiros 4 dias: não há anticorpo detectável no sangue • Identificar presença do vírus: técnicas moleculares – PCR é mais usado, feito sob a forma RT- PCR por ser RNA vírus • Teste rápido: não detecta anticorpo mas detecta antígeno do vírus • IgG: geralmente a partir do 10º dia • ✓ Teste rápido (antígeno NS1): • Teste rápido, qualitativo, de detecção precoce – 1 a 3 dias de doença. • Pode estar presente até 9-10 dias do início dos sintomas, mas sua detecção é mais difícil após a soroconversão. A presença do antígeno NS1 é indicativo de doença aguda e ativa. • O uso da proteína NS1 tem uma alta especificidade (82 a 100%), mas tem moderada sensibilidade (mediana 64%, intervalo de 34-72%), de acordo com Guzman (2010). Portanto, um resultado negativo, diante de um quadro suspeito de dengue, não exclui o diagnóstico. • A sensibilidade diagnóstica dos testes rápidos aumenta quando a pesquisa do NS1 é utilizada em conjunto com a detecção dos anticorpos específicos IgG/IgM • Principalmente usado nos primeiros 5 dias, quando imunoglobulinas estão não reagentes • Se teste rápido der não reagente, deve repetir após alguns dias com teste de imunoglobulinas ✓ Classificação de risco: • • Suspeitou de dengue? • Procurar sinais de alarme e sinais de choque – se sim, doente hospital • Se paciente tem dengue, mas tem boas condições gerais, sem sinal de alarme, prova do laço negativo – doente ambulatorial (grupo A) ✓ Sinais de alarme na dengue: • ✓ Sinais de choque: ✓ Conduta no grupo A • Solicitar hemograma completo (a critério médico) e exame específico (IgM-ELISA) em gestantes, crianças, idosos, presença de comorbidades (DM, DPOC, imunodeficiências, etc.), dúvida diagnóstica e períodos não epidêmicos. • Atenção: na Dengue o hemograma é variável. • Hidratação oral: o Adultos: 60 a 80ml/Kg/dia, sendo 1/3 de solução salina e no início com volume maior. o Crianças: hidratação oral no domicílio com líquidos e soro de reidratação oral. • Antitérmicos: Dipirona ou Paracetamol. • Anti-histamínicos para o prurido. ✓ Grupo B – caracterização • Febre por até sete dias acompanhada de dois sinais e sintomas inespecíficos (cefaleia, prostração, dor retro-orbitária, exantema, mialgias ou artralgias) e história epidemiológica compatível. • Prova do laço positiva ou manifestações hemorrágicas sem repercussão hemodinâmica (petéquias, por exemplo). • Ausência de sinais de alarme. ✓ Grupo B – conduta • Manter o paciente sob observação • Exame específico (sorologia ou isolamento) e hemograma completo obrigatórios • Hidratação oral (conforme o grupo A) • Sintomáticos (conforme o grupo A); • Caso hemograma normal: tratamento ambulatorial, com reavaliação clínica diária (conforme grupo A) • Notificar o caso. • Caso Ht aumente até >10% do valor basal ou, na ausência deste, com as seguintes faixas: o Crianças > 42% o Mulheres > 44% o Homens > 50% • Tratamento sob observação: o Hidratação oral vigorosa: adultos com 80ml/Kg/dia e crianças com 50ml-100ml/Kg em 4 a 6 horas de soro oral. o Caso necessário, hidratação venosa com SF ou SRL. o Sintomáticos (conforme no grupo A) o Reavaliação clínica e do Ht em 4 horas. o Avaliação clínica sistemática para detecção precoce dos sinais dealarme. ✓ Grupos C e D – Caracterização: • Febre por até 7 dias acompanhada de 2 sinais e sintomas inespecíficos (cefaleia, prostação, dor retrorbitária, exantema, mialgias ou artralgias) e história epidemiológica compatível. • Presença de sinal de alarme (grupo C); • Choque (grupo D); • Manifestações hemorrágicas presentes ou ausentes. ✓ Grupos C e D – conduta diagnóstica • Exames específicos obrigatórios (isolamento do vírus ou sorologia) • Exames inespecíficos obrigatórios o Hemograma completo o Dosagem da albumina sérica e transaminases o Radiografia do tórax (PA, perfil e Laurell) o Ultrassonografia do abdômen • Outros exames conforme necessidade: glicemia, ureia, creatinina, eletrólitos, gasometria arterial, TAP e ecocardiograma ✓ Grupo C – Tratamento (adultos) • • Grupo C – Tratamento (crianças) • ✓ Grupo D – conduta • Paciente com hipotensão arterial ou choque • Internação em leito de terapia intensiva • Iniciar a hidratação parenteral com solução salina isotônica 20ml/Kg em ate 20 minutos, tanto adultos como crianças) imediatamente. Se necessário, repetir por ate três vezes.. • Sintomáticos. • Reavaliação clinica (cada 15-30 minutos) e Ht apos 2h. • Se houver melhora do choque (normalização da PA, em duas posições, débito urinário, pulso e respiração), tratar como paciente sem hipotensão (verificar hidratação venosa de manutenção com reposição de perdas). • Se a resposta for inadequada, avaliar a hemoconcentração • Hematócrito em ascensão e choque, após hidratação adequada: utilizar expansores plasmáticos: (albumina 0,5-1 g/kg); preparar solução de albumina a 5%: para cada 100 ml desta solução, usar 25 ml de albumina a 20% e 75 ml de SF a 0,9%); na falta desta, usar coloides sintéticos – 10 ml/kg/hora; Hematócrito em queda e choque: o Investigar hemorragias e transfundir o concentrado de hemácias, se necessário; o Investigar coagulopatias de consumo e avaliar necessidade de uso de plasma (10 ml/kg), vitamina K e crioprecipitado (1 U para cada 5-10 kg); • Notificar imediatamente o caso. ✓ Grupos C e D – considerações: • Oferecer O2 em todas as situações de choque • Hematócrito a cada 2 horas, durante o período de instabilidade hemodinâmica, e a cada 4 a 6 horas nas primeiras 12 horas após a estabilização do quadro • Plaquetas a cada 24 horas • Evitar procedimentos invasivos desnecessários • Monitoração com oximetria de pulso e,se necessário PAM e PVC • Choque com disfunção miocárdica pode necessitar de inotrópicos. ✓ Complicações durante o tratamento: • Alguns distúrbios eletrolíticos e metabólicos podem necessitar de correções durante a abordagem terapêutica da dengue: o Hiponatremia; o Hipocalemia; o Acidose metabólica; o Hemorragias e necessidade do uso de hemoderivados (hemácias e plaquetas). ✓ Indicações para internação hospitalar • Presença de sinais de alarme. • Recusa na ingestão de alimentos e líquidos. • Comprometimento respiratório: dor torácica, dificuldade respiratória, diminuição do murmúrio vesicular ou outros sinais de gravidade. • Plaquetas <20.000/mm3 , independentemente de manifestações hemorrágicas • Impossibilidade de seguimento ou retorno a unidade de saúde • Comorbidades descompensadas como diabetes mellitus, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, uso de anticoagulantes, crise asmática, etc • Outras situações a critério médico ✓ Prognóstico: • A maioria dos casos de dengue é habitualmente autolimitada e raramente fatal; • Não há sequelas permanentes da infecção; • A dengue grave tem a mortalidade compreendida entre 5 a 20%, conforme diferentes variáveis (recursos disponíveis, tempo de demora no atendimento, presença de comorbidades, etc.). ✓ Prevenção: • Controle do vetor o Eliminação dos criadouros o Combate às larvas o Uso de inseticidas para o inseto adulto em áreas mais críticas (resistência) o Uso de mosquitos machos geneticamente modificados o Controle biológico com Wolbachia pipientis • Educação da população • Vacina – Dengvaxia o Não deve ser administrada em quem nunca apresentou a doença o Garante 65,5% de proteção o Protege contra os 4 tipos, mas a eficácia contra o DENV-2 é de somente 47,1% o 3 doses com intervalos de 6 meses Chikungunya: ✓ Introdução: • É um vírus RNA que pertence ao gênero Alphavírus da família Togaviridae • Deriva de uma palavra em Makonde que significa “aqueles que se dobram” • Foi isolado do soro humano e de mosquitos a partir de uma epidemia na Tanzânia em 1952. • Desde então, surtos têm ocorrido na África e Ásia. • Introduzida no Brasil em 2010 (dois casos) ✓ Dinâmica de transmissão: • Vetores: Aedes aegypti e Aedes albopictus • Reservatórios: humanos, primatas, roedores, pássaros e outros pequenos animais • Período de incubação no mosquito: 10 dias • Período de incubação no homem: 3 a 7 dias ✓ CHIKV – Estrutura • ✓ CHIKV – Períodos de incubação: • ✓ Viremia e resposta imune: • 4º dia: surge IgM • 7º dia: surge IgG • Patologia: • Os alvos durante a fase aguda incluem o tecido linfoide, fígado, SNC, e articulações • As células primariamente infectadas são os macrófagos, células dendríticas e algumas células endotelias • O principal reservatório celular para a persistência é o macrófago • ✓ Patologia: • Os alvos durante a fase aguda incluem o tecido linfoide, fígado, SNC e articulações. • As células primariamente infectadas são os macrófagos, células dendríticas e algumas células endoteliais. • O principal reservatório celular para a persistência é o macrófago. • O RNA ainda é detectável nos órgãos linfoides por três meses, no fígado por quase dois meses e no líquido sinovial até um mês e meio após a infecção ✓ Quadro clínico: • Fase aguda: febre de início súbito (tipicamente maior que 39 graus celsius) e dor articular intensa o Outros sinais e sintomas: cefaleia, dor difusa nas costas, mialgia, náusea, vômito, poliartrite, erupção cutânea e conjuntivite. o A tríade de febre, artralgia e rash tem sensibilidade de 70,6% para o diagnóstico • Doença subaguda e crônica: o Poliartrite distal, exacerbação da dor em articulações e ossos previamente feridos e tenossinovite hipertrófica subaguda nos punhos e tornozelos, entre dois e três meses apos o inicio da doença. o Distúrbios vasculares periféricos (Raynaud), depressão, fadiga e fraqueza. o Maior frequência nos indivíduos com mais de 60 anos e com alta carga viral na fase aguda ✓ CHIKV - Sintomas na infecção aguda • ✓ CHIKV – Manifestações atípicas • ✓ CHIKV X Dengue ✓ CHIKV – Exames laboratoriais: • ✓ CHIKV – Linha do Tempo: • ✓ Tratamento: • Doença aguda: tratamento sintomático ou de suporte. o Paracetamol para a febre (evitar AAS) o NSAID para a dor articular • Doença subaguda e crônica: o NSAID, esteroides orais e intra-articulares e metotrexato para os casos refratários. o Fisioterapia graduada. o Ribavirina e Interferon-α mostraram apresentar atividade sinergística contra o vírus em cultura de tecidos e animais de experimentação. • A imunidade parece ser permanente. • Raramente é fatal. ✓ Prevenção: • 1. Controle do vetor: o Eliminação dos criadouros; o Combate às larvas; o Uso de inseticidas para o inseto adulto em áreas mais críticas (resistência); o Uso de mosquitos machos geneticamente modificados. • 2. Educação da população; VÍRUS ZIKA: ✓ Infecção por vírus Zika: • Flaviviridae/Flavivirus • ARN de fita simples • Duas linhagens: tipo africano e tipo asiático ✓ Reservatórios • Macacos • Orangotangos • Zebras • Búfalos • Elefantes • Ovinos • Roedores ✓ Vetores • Mosquitos do gênero Aedes: o Aedes aegypti - vetor domiciliar, que se encontra nos grandes centros urbanos o Aedes africanuso Aedes hensilli o Aedes polynesiensis o Aedes albopictus o Aedes rotumae o Aedes luteocephalus ✓ Outras formas de transmissão: • Sexual • Transfusional • Acidental • Perinatal • Vertical • Saliva? Urina? Leite materno? • Zika pode ser responsável por malformações genéticas em recém nascidos • Transmissão transplacentária: relacionada a microcefalia ✓ Quadro Clínico • Período de Incubação – 3 a 12 dias • Período de estado – 4 a 7 dias • Não há evolução para doença crônica • Assintomáticos são reservatórios do vírus • 20% de sintomáticos; 80% de assintomáticos ✓ Sintomas: • Conjuntivite característica (hiperemia conjuntival) • Rash cutâneo • Dor de cabeça • Febre – não tão elevada • Dor articular • Dor muscular ✓ Microcefalia • No feto causa principalmente microcefalia – causa de morte fetal ✓ Zika x malformações: • Artrogripose (deformidade das articulações) • Lesões oculares • Surdez ✓ Lesões oculares: • Lesão macular – atrofia macular • Lesão da coroide • Lesão da retina • Lesão do nervo óptico ✓ Diagnóstico diferencial • ✓ Diagnóstico laboratorial: • Detecção do RNA viral até o 5º dia de doença (viremia) pela técnica de RT-PCR (Laboratórios de referência) • Alternativa: detecção na urina (virúria), até o 8º dia. • Sorologia → método de ELISA (CDC) pouco utilizado em Saúde Pública – problema – reação cruzada com outros Flavivírus (disponível para diagnóstico em gestante e RN com microcefalia) • Confirmação com ensaio de soroneutralização para determinar a especificidade do Ac encontrado (Plaque Reduction Neutralization Test) • Detecção do RNA viral até o 5º dia de doença (não há anticorpos ainda) • ELISA – com frequencia ocorre reações cruzadas; logo o feito com frequencia é o PRNT ✓ Medidas preventivas • Uso de repelentes nas gestantes: icandina, IR3535 (etilbutilacetilaminopropionato) e DEET. • Combate aos criadouros de Aedes aegypti. FEBRE AMARELA ✓ Epidemiologia • Historicamente é a arbovirose mais importante da região Amazônica. • Originária da África, foi importada para a América do Sul pelo tráfico de escravos. • Pode causar surtos em áreas urbanas quando transmitida pelo Aedes aegypti e desenvolver um bem adaptado ciclo silvestre que envolve mosquitos do gênero Haemagogus (H. janthinomys e H. albomaculatus) e Sabethes (S. chloropterus) além de macacos dos gêneros Allouata (macaco guariba), Cebus (macaco prego), Atelles e Callithrix • • Mosquito se alimenta do sangue do macaco e pode adquirir o vírus do reservatório, podendo transmitir novamente para o macaco ou transmitir para o humano • Forma urbana da febre amarela não acontece no Brasil ✓ Patogenia • • Mosquito se alimenta de sangue humano e introduz vírus da febre amarela; vírus acomete células dendríticas a princípio e dali para linfócitos; no primeiro dia se instala no parênquima hepático, depois provoca degeneração das células, que leva a necrose, e paciente tem insuficiência hepática severa – lesão hepática progressiva • Vírus pode estabelecer lesões endoteliais em outros tecidos: como miocardiopatia, insuficiência renal aguda, choque cardiogênico • Favorece fenômenos hemorrágicos • Falência hepática, falência renal, IC, lesão endotelial, choque, sangramento, acidose metabólica – 10/12 dias ✓ Evolução clínica • • Evolução clínica: viremia + achados clínicos + hiperemia conjuntival + fraqueza o Apesar da TE se elevar, era esperado que a FC se elevasse, mas ocorre bradicardia relativa por conta da lesão miocárdica o Após 24 horas, aparentemente paciente apresenta melhora ✓ Quadro Clínico • Em 90% dos casos o quadro clínico é assintomático (principalmente em áreas endêmicas) ou oligossintomático. • Nas áreas endêmicas as manifestações são geralmente leves a moderadas. • A forma leve é autolimitada com febre e cefaleia com duração de dois dias. • Na forma moderada o paciente apresenta, por dois a quatro dias, febre, cefaleia, mialgia, artralgia, congestão conjuntival, náuseas, astenia e alguns fenômenos hemorrágicos, como epistaxe. Habitualmente evolui sem complicações. • Formas graves e malignas: o Período de incubação de cinco a seis dias; o Início dos sintomas de forma abrupta; o Febre alta por quatro a cinco dias, com bradicardia relativa (sinal de Faget), cefaleia intensa, mialgia acentuada, icterícia, epistaxe, dor epigástrica, hematêmese e melena. o Complicações: encefalopatia, insuficiência hepatorrenal e lesões cardíacas tardias. o Na forma maligna todos estes sinais e sintomas estão intensificados e há coagulação intravascular disseminada. ✓ Sinais de Alerta • ✓ Diagnóstico • Diagnóstico inespecífico: o Nas formas leves o hemograma completo pode ser normal; o Formas graves e malignas: o Leucopenia, linfocitose e plaquetopenia; o Importante aumento de AST e ALT o Elevação da ureia e creatinina séricas o Urina: Bilirrubinúria, hematúria, proteinúria. • ✓ Tratamento • Não existem medicamentos específicos contra o vírus da febre amarela; • Não devem ser utilizados salicilatos (AAS) e antiinflamatórios não esteroides. • Os casos graves devem ser tratados em UTIs com medidas de suporte de vida (diálise, transfusões de hemoderivados, suporte respiratório e hemodinâmico, etc.). ✓ Proteção Individual • Usar camisas de mangas compridas e calças; • Permanecer em lugares fechados com ar condicionado ou que tenham janelas e portas com telas; • Dormir embaixo de mosquiteiros; • Não usar perfumes (atraem os mosquitos); • Usar repelentes registrados oficialmente; • Se for usar protetor solar, aplicá-lo antes do repelente. ✓ Imunização • FEBRE MAYARO (MAYV) • O vírus Mayaro (MAYV) é um Togavírus do gênero Alphavírus. • O ciclo epidemiológico do vírus Mayaro (MAYV) se dá com a participação de mosquitos silvestres, principalmente do gênero Haemagogus • Nesse ciclo, os primatas são os principais hospedeiros do vírus e o homem é considerado um hospedeiro acidental • É causa de surtos febris agudos na região Norte. • Pesquisa sorológica realizada na população vivendo às margens do Rio Negro mostrou que 41,5% dos participantes possuíam anticorpos para o MAYV. • Quadro clínico: febre, cefaleia, artralgia, mialgia e dor ocular. • Rash cutâneo ocorre em 25% dos casos e fenômenos hemorrágicos são vistos em 12%. • A maioria dos pacientes se recupera sem sequelas. FEBRE OROPOUCHE (OROV) • O vírus Oropouche é membro da família Bunyaviridae, gênero Orthobunyavirus. • Foi detectado no Brasil primeiramente em 1961. Desde então dezenas de surtos foram descritos na região Norte e no Planalto Central. • Possui ciclos urbanos (Aedes aegypti e Culicoides paraensis) e silvestres (Culex). • Causa doença febril aguda semelhante à Dengue: febre, cefaleia, mialgia, artralgia, rash cutâneo e fenômenos hemorrágicos (petequias, epistaxe e sangramento gengival). • Meningoencefalite é uma apresentação clínica menos frequente. HANTAVÍRUS • Não é arbovírus, mas é causador de febre hemorrágica • Transmissão: inalação de aerossóis • Constituem o gênero Hantavirus na família Bunyaviridae. • São RNA-vírus com o material genético dividido em três segmentos. • A distribuição peculiar das espécies de roedores levou a padrões geográficos específicos de hantaviroses. • Transmissão: inalação de aerossóis • Na Eurasia os Hantavírus causam febre hemorrágica e síndrome renal (HFRS). • Nas Américas estão associados à síndrome cardiopulmonar (HCPS). • Atualmente, 23 espécies distintas de Hantavírus foram reconhecidas, havendo mais 30 consideradas “provisórias”. ✓ Transmissão • A infecção humana por hantavirose ocorre mais frequentemente pela inalação de aerossóis, formados a partir da urina, fezes e saliva dos roedores infectados.• Outras formas de infecção são: o Percutânea; o Contato do vírus com mucosa por mãos contaminadas; o Pessoa a pessoa (esporádica). • O período de incubação é, em média, de 1 a 5 dias, variando de 30 a 60 dias. • o Pode acometer diversas espécies de roedores – funcionam como reservatório o Roedor infectado cronicamente transmite para homem, principalmente por inalação ✓ Aspectos clínicos • Tanto HCPS quanto HFRS são caracterizadas pelo início súbito de febre, cefaleia, dor abdominal e náusea. • Segue-se uma fase hipotensiva, com trombocitopenia grave e aumento da permeabilidade vascular. • Há leucocitose, elevação da LDH sérica e proteína C reativa. • Após esta fase: o HCPS apresenta predomínio de sintomas cardiopulmonares, com insuficiência respiratória e choque cardiogênico. o HFES afeta predominantemente a função renal, com elevação da creatinina sérica, oligúria, hematúria e albuminúria (IRA). o ✓ Diagnóstico laboratorial • Elisa-IgM – 95% dos pacientes com HCPS têm este exame reagente em amostra de soro detectável no início dos sintomas. • RT-PCR – Útil para identificar o vírus e seu genótipo. • Elisa-IgG – Utilizado nas investigações epidemiológicas para detectar infecção viral anterior em roedores e seres humanos. ✓ Tratamento • Não há tratamento específico. • As medidas terapêuticas são aquelas de suporte: o Estabilidade hemodinâmica o Parâmetros ventilatórios adequados com oxigenioterapia o Acesso venoso, sem administração excessiva de líquidos o Controle cardiovascular com uso de aminas vasoativas o Mobilização apenas quando necessária e sem desgaste físico do paciente. ✓ Normas de biossegurança • É enfermidade de notificação compulsória. • Estão indicados para os profissionais de saúde que atuem na assistência a estes pacientes os seguintes equipamentos de proteção individual: o Máscaras Pff3 (N95) o Luvas o Avental o Óculos de proteção
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