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aula 01 de Doeças Císticas e Litíase,Prof Julie, patologia-BBPM V

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Gabriela Bordignon – UFMS CPTL (T5) 
 
 PATOLOGIA, Prof. Julie – BBPM V 
 
 
É importante que se faça uma breve contextualização de 
alguns conceitos relacionados ao sistema urinário (SU) 
antes da abordagem das patologias propriamente ditas. 
Desse modo, sabe-se que o SU é composto por dois rins, 
dois ureteres, bexiga e uretra. 
FUNÇÕES DO SISTEMA URINÁRIO: 
1. Filtrar o sangue 
2. Reabsorver substâncias boas para o organismo 
3. Excretar substâncias nocivas ao organismo 
Além dessas funções, os 
rins desempenham outros 
importantes papéis, tais 
como: 
- Controle da pressão 
arterial, através da ativação 
do sistema renina-
angiotensina-aldosterona. 
- Manutenção do pH 
sanguíneo, ao passo que realizam a excreção de radicais 
ácidos e fazem uma tentativa de conservação dos 
componentes básicos, desse modo, nos túbulos renais há 
uma secreção tubular aumentada de hidrogênio e amônia, 
o que leva a uma tentativa de reabsorção do bicarbonato. 
- Regulação do balanço hidroeletrolítico, situação na qual 
os rins poderão reabsorver mais ou menos água de acordo 
com as necessidades do indivíduo, ou seja, se o indivíduo 
estiver desidratado, os rins irão reabsorver mais na 
tentativa de não perder mais líquido, já no caso de hiper-
hidratação, os rins irão eliminar muito mais líquido do que 
eliminariam em condições normais. 
- Papel endócrino, por meio da síntese de hormônios e 
substâncias vasoativas (como a renina, que ajuda no 
controle da pressão arterial, prostaglandinas, cininas, e da 
eritropoietina que irá auxiliar na produção das hemácias). 
Caso os rins percam sua função excretória por algum 
motivo, como uma falência, o paciente não consegue 
sobreviver a um período superior a 4-5 semanas. 
 
 
Esse período é tão curto pois, cada vez mais, haverá uma 
retenção no organismo de substâncias tóxicas que 
deveriam ser eliminadas pelos filtros do corpo, ou seja, os 
rins. 
Quando o papel endócrino e metabólico dos rins é 
comprometido, mas há uma manutenção no papel 
excretório desses órgãos, o paciente pode viver por muitos 
anos com a realização do processo de diálise. 
ESTRUTURA DO RIM: 
 
Apenas para título de revisão, tem-se que anatomicamente, 
o rim é um órgão capsular, sendo que logo abaixo da 
cápsula há a região cortical chamada de córtex, na qual 
encontram-se as estruturas filtrantes do rim (glomérulos e 
túbulos contorcidos). Existem também as pirâmides renais 
que configuram agrupamentos de ductos que coletam a 
urina formada nos néfrons, essa urina irá passar para os 
cálices menores que desembocarão na região da pelve 
renal. Uma vez que a pelve renal coleta essa urina irá fluir 
para o ureter, cair na bexiga e ser expelida para o meio 
externo através da uretra. 
Na imagem em sequência, pode-se observar um aumento 
da região entre córtex e medula. Na região de córtex 
representada pela cor laranja podem ser visualizados os 
néfrons corticais, sendo que na região de medula que 
compreende as pirâmides renais, há um agrupamento de 
ductos coletores. 
e litíase 
 
Gabriela Bordignon – UFMS CPTL (T5) 
 
 PATOLOGIA, Prof. Julie – BBPM V 
Os néfrons que estão localizados na região entre córtex e 
medula são chamados de justaglomerulares, enquanto que 
aqueles presentes apenas no córtex são chamados de 
corticais. 
 
Existem inúmeras patologias que podem acometer o 
sistema renal, dentre elas, existem aquelas que acometem 
componentes do rim, tais quais o glomérulo, os túbulos, 
interstício ou os vasos sanguíneos relacionados à irrigação 
local ou ao transporte de sangue que será filtrado para a 
formação da urina. 
 
 
De acordo com o exposto no esquema acima, tem-se que 
quando os glomérulos são afetados, normalmente, irá 
ocorrer uma patogênese imunologicamente mediada. São 
exemplos, nesse caso, as glomerulonefrites, a síndrome 
nefrítica (maior presença de hemácias na urina) e a 
síndrome nefrótica (maior presença de proteínas na urina). 
Já as lesões observadas nos túbulos e no interstício 
costumam aparecer em conjunto, motivo pelo qual algumas 
referências utilizam o termo “tubulointersticial” descrevendo 
as patologias que acometem a essas estruturas como 
distúrbios tubulointersticiais. Os principais agentes 
causadores de danos nessa região do rim são os agentes 
tóxicos ou infecciosos, os quais podem levar ao 
desenvolvimento de quadros como lesão tubular isquêmica 
ou tóxica e nefrites tubulointersticiais. 
Há também, em algumas situações, o comprometimento 
dos vasos sanguíneos, como em casos de nefrosclerose, 
estenose de artéria renal (o “estrangulamento” da artéria 
renal, além de causar um processo isquêmico no órgão, 
também afetará a filtração, sendo esta diminuída e podendo 
acarretar em outras patologias renais de caráter secundário 
a esse processo) e microangiopatias trombóticas (a 
formação de trombos pode levar a obstrução total ou parcial 
de determinados locais, o que por sua vez também pode 
comprometer a função renal). 
 
Além do acometimento dessas estruturas renais, podem 
ocorrer anomalias congênitas que atingem cerca de 10% da 
população e normalmente são anomalias estruturais, como 
agenesia do rim (o indivíduo nasce sem um dos rins, sendo 
o outro capaz de manter a vida por muito tempo, ele terá 
uma hipertrofia compensatória em decorrência de uma 
questão de adaptação desse órgão para filtrar uma grande 
quantidade de sangue), hipoplasia (ocorre quando no 
processo embrionário o rim não consegue se desenvolver 
no tamanho ideal, logo, fica menor, o que acaba interferindo 
na filtração, prejudicando a função renal, sendo que, em 
casos de hipoplasia bilateral, há uma evolução do quadro 
para uma insuficiência renal ainda na infância, em 
contrapartida, uma hipoplasia unilateral não apresenta risco 
a sobrevivência do paciente), rins ectópicos e rim em 
ferradura. 
Ademais, existem as doenças císticas renais e a obstrução 
do trato urinário (uropatia obstrutiva), temas que configuram 
o enfoque dessa aula – parte 01 e 02. Além dessas 
patologias supracitadas, deve-se lembrar que, pensando 
em doenças ligadas ao SU, também pode haver a 
incidência de neoplasias que acometam os rins. 
 
Gabriela Bordignon – UFMS CPTL (T5) 
 
 PATOLOGIA, Prof. Julie – BBPM V 
As doenças císticas são caracterizadas como distúrbios 
heterogêneos, já que compreendem tanto as formas 
hereditárias, quanto desenvolvimentais e adquiridas. Sendo 
importantes objeto de estudo ao passo que são muito 
comuns e, algumas dessas doenças císticas, podem 
acarretar em doença renal crônica, que por sua vez, pode 
levar a um quadro de falência do órgão que põe em risco a 
vida do indivíduo. 
 
Uma vez que esses cistos surgem nos rins, devem ser 
investigados, pois podem ser confundidos com tumores. 
Do ponto de vista anatomopatológico, as doenças císticas 
são consideradas DISPLASIAS, porém, do ponto de vista 
prático, elas podem ter DIAGNÓSTICO, TERAPIA e 
PROGNÓSTICOS variados. 
Por que? Dependendo do cisto e do agente causal para a 
sua respectiva formação, existem diferentes manifestações 
e complicações, e isso leva a necessidade de tratamentos 
diferentes que sejam adequados a cada caso. Além disso, 
o prognóstico também varia, já que, por exemplo, em 
quadros de cistos simples, o indivíduo não terá 
repercussões sérias, já em casos hereditários que podem 
acometer uma criança ou um neonato, dependendo da 
doença, a gravidade clínica é tamanha que pode ser fatal. 
Em suma, pode-se destacar as doenças císticas sendo 
comuns, apresentando problemas diagnósticos (clínicos, 
radiologistas e patologistas), também o fato de algumas 
formas causarem doença renal crônica e a possibilidade de 
serem, ocasionalmente, confundidas com tumores 
malignos. 
Dentre as doenças definidas como císticas podem ser 
englobados casos de cistos renais simples, cistos renais, 
complexos, doença renal policística (tem um carátergenético, pois é hereditária, podendo ser encontrada tanto 
em adultos, quanto em crianças, apesar dos genes 
desencadeantes serem distintos em cada caso), no adulto 
pode ser chamada de doença policística autonômica 
dominante (DRPAD) e na criança, doença policística 
autonômica recessiva. É importante enfatizar que apesar de 
ambas as doenças possuírem a característica de causar 
cistos múltiplos, essa diferenciação é necessária em vista 
de que seus agentes causais são divergentes, o que 
impacta em diagnósticos, tratamentos e prognósticos 
também variáveis. 
Ainda dentro desse contexto, encontram-se as doenças 
císticas medulares, classificadas em rim em esponja 
medular e nefronoftise, e a displasia renal multicística que 
possui um envolvimento congênito. 
Dito isso, dentre as doenças citadas buscou-se abordar os 
cistos renais simples, a doença renal policística em sua 
forma adulta e infantil e a displasia renal multicística. 
Contemplando assim, respectivamente, uma doença 
comum que não gera grandes problemas para o indivíduo, 
doenças císticas de envolvimento genético e, portanto, um 
caráter hereditário, e uma doença envolvida ao processo de 
desenvolvimento e consequentemente cursa com 
anomalias congênitas. 
- Cistos Renais Simples 
- Cistos Renais Complexos 
- Doença Renal Policística 
Adulto (Policística Autossômica Dominante) 
Infantil (Policística Autossômica Recessiva) 
- Doença cística medular 
Rim em esponja medular 
Nefronoftise 
- Displasia Renal Multicística 
 TABELA SUMÁRIO DE DOENÇAS CÍSTICAS 
ANEXADA AO FIM DO RESUMO! 
Visualizar no quadro as doenças com envolvimento 
genético ou não, observando que as várias doenças 
classificadas como císticas possuem manifestações 
clinicas distintas, portanto, os sinais e sintomas observados 
e a forma com a qual o rim se apresenta em indivíduos com 
cada patologia em questão também irá diferir. 
 
Gabriela Bordignon – UFMS CPTL (T5) 
 
 PATOLOGIA, Prof. Julie – BBPM V 
Dito isso, o indivíduo com doença renal policística do adulto, 
que é autossômica dominante, normalmente apresentarão 
rins grandes, multicísticos (os cistos aparecem em todas as 
regiões do rim, inclusive com protuberâncias na cápsula, 
comprometendo a morfologia externa do órgão), com 
associação de cistos extra-renais (mais comumente 
encontrados no fígado, mas também mais raramente no 
sistema nervoso). As principais complicações nessa 
patologia são a hematúria (eliminação de hemácias na 
urina), dor no flanco, infecção no trato urinário, cálculos 
renais e hipertensão. 
Vale ressaltar ainda que essa doença possui alta 
penetrância, ou seja, conforme há um avanço na idade, a 
probabilidade da evolução da doença também cresce. 
Logo, por volta da quarta, quinta e sexta década de vida, os 
indivíduos tendem a evoluir para uma insuficiência renal 
crônica. 
Desse modo, apesar da doença ser hereditária e o paciente 
já nascer com esse defeito genético dominante, ele pode 
sobreviver por muito tempo, sendo que apenas no fim da 
vida pode evoluir para insuficiência renal. 
Na doença renal policística infantil, ou autossômica 
recessiva, o indivíduo tem um rim aumentado com a 
possível presença de cistos desde o nascimento, com a 
diferença, quando comparado a forma adulta, de que não 
há comprometimento da morfologia externa do rim, pois os 
cistos se manifestam de forma enfileirada, acometendo 
tanto a região cortical, quanto a medular. 
No quadro do rim em esponja medular os cistos 
apresentam-se, predominantemente, na região da medula, 
o que pode comprometer a função excretora. Já na 
nefronoftíase serão vistos cistos tanto no córtex, quanto na 
medula, e diferentes dos quadros expostos anteriormente, 
o rim se apresenta diminuído, caracterizando altas chances 
de desenvolvimento de uma insuficiência renal ainda na 
infância. 
Pensando na doença cística no adulto, o rim pode ter 
alterações de tamanho pequenas (pode estar normal, um 
pouco aumentado, ou um pouco diminuído), porem, ao 
comprometer a parte medular que é excretória, também 
pode levar a um quadro de insuficiência renal. 
A displasia renal multicística, por sua vez, apresenta um rim 
disforme, que quando manifestado unilateralmente pode 
ser compatível com a vida, mas ao passo que a doença 
acomete os dois rins, ou seja, é bilateral, tende a cursar com 
óbito. 
Comumente, há o cisto simples, que deve ser investigado a 
título de diferenciação com tumores, podendo ser 
encontrado um cisto isolado, ou diversos, sendo estes 
cistos de caráter proeminente. Lembrando que essa 
patologia não tem uma relevância clínica significante já que 
não causa danos ao indivíduo. 
Dito isso, pode-se observar na representação abaixo o que 
foi dito acerca da forma com a qual algumas dessas 
doenças afetam os rins. 
 
As doenças renais policísticas incluem cinco anomalias 
renais com segmentos cheios de líquidos, que se originam 
das estruturas tubulares do rim. (fonte: Rubin R., Strayer 
D.S., 2011). 
 
Acerca dos cistos renais, tem-se que eles podem ser 
divididos em simples ou complexos. 
 
Gabriela Bordignon – UFMS CPTL (T5) 
 
 PATOLOGIA, Prof. Julie – BBPM V 
Os simples podem aparecer em qualquer região dos rins, 
podem ser solitários (únicos) ou múltiplos, grandes ou 
pequenos e ter uma parede grossa ou fina, dependendo da 
quantidade de líquido acumulada nesses cistos. 
Normalmente possuem 1-5cm de diâmetro (os cistos 
grandes podem chegar a ter até +10cm de diâmetro) e, 
mesmo podendo acometer qualquer parte dos rins, 
costumam envolver o córtex com mais recorrência. 
Os cistos têm uma parede lisa com uma membrana 
brilhante (mais fina que a cápsula). Essa membrana, por 
sua vez, é preenchida por um fluido claro, o qual seria o 
conteúdo da formação da urina. Possuem importância 
clínica visto que é preciso diferenciá-los de tumores renais. 
Quando o conteúdo do cisto é um líquido claro, ele é 
caracterizado como simples. No entanto, quando há um 
conteúdo interno que vai além do líquido claro que 
corresponderia a urina, podendo ser: sangue ou coágulos, 
septações e vegetações, classifica-se o cisto como 
complexo. 
 
CLASSIFICAÇÃO DE BOSNIAK 
Na análise de imagem encontram-se importantes 
informações para diferenciar os cistos dos tumores. Ao ver 
um cisto simples, por exemplo, haverá apenas líquido em 
seu interior. Contudo, a partir do momento em que se 
observam calcificações, septações, etc., há um indicativo 
de malignidade. 
Pela classificação de Bosniak, sabe-se que dentro das 
possíveis alterações, poucas septações e 
microcalcificações, possuem um risco de malignidade 
baixo. À medida que o número de microcalcificações e 
septações aumenta, a chance de malignidade também 
cresce. Então, no caso III segundo essa classificação, 
existe um risco de 30% a 50% de ser um tumor maligno. Já 
em casos que se pode observar estruturas sólidas na 
composição do cisto, o risco de malignidade chega a 90%. 
 
A doença policística é 
importante pois pode levar 
a um quadro de 
insuficiência renal crônica, 
principalmente em adultos. 
Essa doença pode 
acometer crianças ou 
adultos, sendo que nas crianças é mais rara e incompatível 
com a vida, levando à morte ainda no primeiro mês de vida. 
No entanto, variantes que acometem juvenis permitem um 
período de sobrevivência maior. Nos adultos ela é muito 
mais comum e manifesta vários cistos de diferentes 
tamanhos, sendo seu tratamento realizado conforme o 
aparecimento dos sintomas. 
Infantil: rara, hereditária e provoca morte no primeiro mês 
de vida; 
Adulto: mais comum, hereditária, apresenta cistos de 
diferentes tamanhos e o tratamento é feito à medida que os 
sintomas aparecem. 
 
A doença policística renal dominante, também chamada de 
doença policística autossômica dominante. Essa doença é 
autossômica pois envolve cromossomos que não são 
responsáveis pela determinaçãodo sexo da criança, logo, 
fala-se de cromossomos que desenvolverão a parte 
somática do indivíduo. O termo policístico deve-se ao fato 
de a doença produzir muitos cistos no rim. 
 
Gabriela Bordignon – UFMS CPTL (T5) 
 
 PATOLOGIA, Prof. Julie – BBPM V 
Apesar da denominação de dominante, o indivíduo com 
essa doença recebe um alelo mutado, enquanto que o outro 
alelo irá se mutando ao longo da vida do paciente, o que 
explica o fato dos cistos aparecerem, por vezes, em forma 
difusa. 
Ademais, se diz que essa doença tem alta penetrância 
devido ao aumento da probabilidade de manifestação da 
doença ocorrer conforme o indivíduo envelhece. 
Nesses quadros, são encontrados múltiplos cistos 
expandidos acometendo ambos os rins, o que se deve ao 
caráter hereditário da doença, já que os dois rins irão conter 
o alelo mutado. 
Com o decorrer do tempo, o surgimento de múltiplos cistos 
expansivos nos rins pode levar à destruição do parênquima 
renal (parte funcional do órgão) e, consequentemente, 
cursar com um quadro de insuficiência renal. 
Ela acomete cerca de 5 a 10% dos casos de doenças renais 
e, normalmente, leva à necessidade de transplante ou 
diálise, para combater a insuficiência renal que pode ser 
desenvolvida em estágios mais avançados de 
acometimento da patologia. 
MÚLTIPLOS CISTOS EXPANSIVOS EM AMBOS OS RINS 
DESTRUIÇÃO PARÊNQUIMA RENAL -> INSUFICIÊNCIA 
RENAL 
 
Quando se fala do alelo mutado na doença policística renal 
dominante, remete-se ao gene PKD1 ou o gene PKD2, 
localizados respectivamente no cromossomo 16 e no 
cromossomo 4. 
O gene PKD1 produz uma proteína chamada de policistina-
1 (representada em verde na imagem). Já o gene PKD2 
codifica uma proteína chamada de policistina-2 
(representada em cinza na imagem). Essa policistina-2 
influencia no funcionamento de um canal de cálcio e, 
portanto, no influxo desse íon na célula. 
É IMPORTANTE LEMBRAR QUE: o indivíduo com traço 
hereditário da Doença Policística Renal Dominante não 
terá alteração em ambos os genes. Ele possuirá 
mutação no gene PKD1 OU no gene PKD2. 
Dentre esses genes, o PDK1 é o mais comum e o mais 
grave. 
Observa-se, como na figura anterior, que a policistina-1 e a 
policistina-2 são encontradas lado a lado na membrana, 
dessa forma, essas proteínas em conjunto formam o que se 
denomina de complexo policistina1-policistina2 (PC1/PC2). 
É necessário que ambas estejam funcionando para evitar a 
formação de cistos. A partir do momento em que há 
mutação em uma delas, a formação do cisto acaba por ser 
evidente. 
A título de contextualização, tem-se a policistina-1 expressa 
em todas as células epiteliais tubulares, já a policistina-2 
além dos túbulos renais, possui expressões em tecidos 
extra-renais, o que significa que a mutação dessa 
policistina-2 leva à formação de cistos em outros tecidos 
além do renal. 
Ademais, prova da maior gravidade do acometimento da 
forma da doença com modificações na expressão do gene 
PKD1, é que indivíduos acometidos possuem cerca de mais 
de 70% de chance de ter uma insuficiência renal crônica 
aos 60 anos de idade, e aos 70 anos, essa probabilidade 
sobe para mais de 95%, em contraponto, as doenças 
decorrentes de mutações no gene PKD2 possuem um fator 
de 45% de chance de desenvolver insuficiência renal aos 
70 anos. 
Atualmente ainda não é reconhecido o papel específico da 
policistina-1, contundo, acredita-se que sua funcionalidade 
esteja ligada a um envolvimento nas interações célula-
célula ou célula-matriz. Quanto a função da policistina-2, há 
uma influência dessa proteína nos canais de cálcio. 
 
Gabriela Bordignon – UFMS CPTL (T5) 
 
 PATOLOGIA, Prof. Julie – BBPM V 
 
O complexo PC1/PC2 está localizado nos cílios apicais das 
células tubulares (cada célula tubular possui um único cílio 
imóvel projetado em direção ao lúmen tubular, ou seja, 
voltado para a passagem do ultrafiltrado/urina). 
 
Esses cílios são importantes em decorrência da sua 
atuação como mecanosensores. Essa característica se 
deve à mudança de posição desses cílios que naturalmente 
são imóveis para um movimento de flexão que ocorre em 
direção ao fluxo. Ao fazer isso, há a ativação do complexo 
PC1/PC2, o que leva à abertura dos canais de cálcio e a um 
maior influxo de cálcio para o interior da célula tubular. Esse 
íon, uma vez no interior celular, irá garantir o controle das 
vias de proliferação celular (por esse motivo, quando há 
uma mutação esse mecanismo de controle da proliferação 
é perdido, acarretando na formação dos cistos). 
 
Já no indivíduo com DRPAD e mutação em algum desses 
genes, haverá uma redução da quantidade desses 
complexos, ou se eles existirem, não serão completamente 
funcionais (sem PC1 ou PC2 o mecanismo não funciona 
adequadamente, é preciso que as duas proteínas estejam 
atuantes no complexo para que o canal de cálcio funcione 
adequadamente). 
Uma vez que a entrada de cálcio é prejudicada, há um 
desequilíbrio homeostático no interior da célula tubular, pois 
com a redução do aporte desse íon há uma desregulação 
das vias de controle proliferativo, o que acaba afetando a 
dinâmica celular. Isso ocorre, pois, esse desequilíbrio de 
cálcio faz com que haja um aumento de alguns 
mensageiros químicos dentro do túbulo, como o AMPc. O 
aumento do AMPc estimula alguns fatores de transcrição, e 
isso faz com que haja a indução de proliferação celular. Em 
outras palavras, o fato de haver mutação leva a perda do 
controle proliferativo das células tubulares renais. 
Na imagem em sequência, pode-se observar o esquema do 
que acontece no interior de uma célula tubular renal, ficando 
claro a imensidão de funções as quais o cálcio regula e 
desencadeia no meio intracelular. Quando não há um 
influxo de cálcio adequando, essa quantidade de cálcio 
intracelular, que chega através da atuação do complexo 
PC1/PC2, acaba sendo insuficiente e, por esse motivo, há 
uma retirada do cálcio de reservas de organelas, como o 
REL. 
Nesse sentido, o fato de o cálcio intracelular ser insuficiente 
para controlar as vias de sinalização leva ao aumento do 
AMPc. Esse AMPc irá estimular várias vias celulares, 
resultando em mais secreção pelo transepitelial do fluido 
por cloreto, o que vai contribuir para o início da formação e 
crescimento do cisto. 
 
Gabriela Bordignon – UFMS CPTL (T5) 
 
 PATOLOGIA, Prof. Julie – BBPM V 
Além disso, no caso de o indivíduo que já possuí alelo 
mutado, acabar sofrendo mutação do remanescente, essa 
célula renal não conseguirá funcionar adequadamente, 
acarretando em um prejuízo de todas os processos citados 
anteriormente. Haverá, também, certas estimulações que 
levarão a um estímulo maior ainda de proliferação, assim, 
essa célula danificada vai se multiplicar cada vez mais e 
acabará se depositando em direção ao lúmen. 
Simplificando, o fato de haver o desbalanço de todas essas 
vias de sinalização afeta o canal de cloreto que controla a 
saída e entrada de cloreto. Então, na DRPAD, esse PKA é 
uma das vias que está aumentada e faz com que haja a 
perda de cloreto para o lúmen, o que irá contribuir para a 
formação do cisto. 
Na imagem a seguir há uma representação dos túbulos 
renais em diferentes indivíduos. Em A, tem-se o túbulo renal 
de um indivíduo normal, sem mutação de PKD1 ou 2, 
portanto, a proliferação celular, a secreção, o fluxo de 
líquido e os demais processos fisiológicos dessa região 
estarão funcionando normalmente. 
Já no paciente com DRPAD, a mutação germinativa em um 
dos alelos PKD, faz com que o túbulo renal esteja como na 
imagem B. Ou seja, se esse indivíduo receber o alelo PKD 
e o outro estiver normal ele irá produzir policistina-1 e 
policistina-2 e por esse motivo, o complexo PC1/PC2 
também irá funcionar por vários anos, permitindo a 
sobrevivência por um tempo. 
Com o passar do tempo, esse indivíduo com DRPAD pode, 
a partir de processosque ocorrem durante a vida e 
características do estilo de vida próprio do paciente, tais 
quais exposição à radiação, hábitos alimentares com 
muitos industrializados, doença de base que estimule a 
mutação, etc., ter uma mutação somática no alelo 
anteriormente normal de algumas células tubulares. 
Logo, nesses casos, o alelo que antes estava funcionante e 
compensava a mutação herdada passa a não exercer mais 
esse papel, por esse motivo o complexo PC1/PC2 não irá 
funcionar adequadamente como antes, levando a um 
descontrole das vias de proliferação celular. 
 Por exemplo, eu tenho uma célula tubular que sofreu esse 
processo de mutação e ela não foi corrigida, logo, essa 
célula está incapacitada de fazer a regulação da sua 
proliferação, por esse motivo ela passa a sofrer diversas 
divisões e a formar várias cópias dela mesma. Com esse 
processo há uma concentração de células que se 
“amontoam” na região. Esse concentrado de células, 
conforme recebe secreção em seu interior forma um cisto. 
Mas, de onde vem essa secreção? 
Como já foi dito, o distúrbio de cálcio prejudica as vias 
intracelulares, uma delas é a via da PKA que está estimula 
diretamente o canal de cloreto, ou seja, ela promove a sua 
abertura e consequentemente a saída do cloreto. Com a 
grande saída do cloreto para o lúmen, inicia-se um acúmulo, 
gerando a secreção transepitelial de fluido. 
Logicamente, todo esse processo demora anos para 
ocorrer, então, no início não há tanta significância clínica, 
mas a partir do momento em que há um crescimento em 
número e tamanho de cistos, há um comprometimento do 
parênquima renal. 
Lembrando que os cistos aparecem de forma difusa devido 
ao fato de as células mutadas não possuírem um padrão 
 
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específico, ou seja, a mutação no segundo alelo, antes 
normal, acontece de forma aleatória. 
 
Em algum momento, esse crescimento celular será tão 
grande que o cisto irá se desprender do túbulo de origem, 
já com o conteúdo de fluido retido em seu interior, bem 
como pode ser visualizado na imagem acima. Quanto as 
células que restaram e não tiveram seu funcionamento 
afetado haverá a tentativa da manutenção da função do 
complexo PC1/PC2. 
 
Existe uma teoria, na qual em algumas situações as quais 
o indivíduo pode ser exposto, como por exemplo, a 
hipertensão e a isquemia, que culminam na aceleração do 
processo de formação dos cistos no parênquima renal. 
A explicação de como isso acontece ainda não é definida, 
porém, isso foi observado em modelos experimentais in-
vitro e in-vivo que mostraram que a isquemia, por exemplo, 
acelera o processo de expansão cística, gerando uma 
variabilidade clínica com diferenças de tamanhos entre os 
cistos, já que são fatores que variam conforme o 
contexto/ambiente no qual ocorreu a cistogênese. 
Lembrando que, além do rim com cistos ficar maior em 
questão de tamanho, o seu peso também aumenta, em 
decorrência do acúmulo de líquido no interior dos cistos. 
Nesse contexto, já foram diagnosticados pacientes 
portadores da DRPAD com rins de até 4 kg. 
 
O esquema acima representa um resumo da patogênese 
da DRPADC. 
Nesse sentido, a patogênese se baseia em mutações na 
policistina1,2, o que faz com que a sensibilidade dos rins 
referente a mecanossensação, feita através da flexão dos 
cílios tubulares e que atua como sinalizador das vias 
intracelulares, seja modificada, alterando, por 
consequência, o fluxo de cálcio fica alterado, pois a 
sensibilidade do complexo PC1/PC2 fica comprometida. 
Isso, por sua vez, acarreta na diferenciação e crescimento 
epiteliais tubulares alterados (lembrando que esse 
processo se dá apenas nas células que apresentam 
mutação do segundo alelo, ou seja, isso não ocorre em 
todas as células do epitélio de uma só vez, o processo tem 
um desenrolar difuso e que acontece conforme ocorrem as 
mutações no alelo), como resultado disso há maior 
proliferação celular, matriz extracelular anormal e secreção 
de fluido que culminam na formação do cisto. 
Lembrando que, essa é apenas uma hipótese de 
patogênese que, apesar de fazer muito sentido, ainda não 
foi comprovada, visto que existem muitos mecanismos 
dessa doença que ainda são desconhecidos. 
 
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Na imagem acima é possível observar a representação do 
rim de um indivíduo que possui a DRPAD, no qual os cistos 
formados acabam sendo bem visíveis na superfície do 
órgão que, vale ressaltar, encontra-se aumentado. 
Além disso, pode-se ver no esquema A a formação do 
lúmen de forma controlada (tubulogênense) devido a 
policistina funcionante. Já quando há cistogênese 
(formação do lúmen descontrolada) isso se deve ao fato de 
que em algumas das células desse epitélio haverá mutação 
em ambos os alelos responsáveis pela expressão de 
policistina. 
Destaca-se também que a DRPAD é caracterizada pela 
formação extrarrenal de cistos, portanto, esses cistos 
podem estar presentes fígado (mais comum), pâncreas, 
coração, ovários, pulmão, baço, cérebro (principalmente em 
aneurismas) e em divertículos. 
Clinicamente, essa informação é muito importante, visto 
que um indivíduo que apresente DRPAD com cisto 
extrarrenal, por exemplo, no coração, pode vir a óbito em 
decorrência do desenvolvimento de uma doença 
coronariana cardíaca e não necessariamente do cisto. Pois, 
pensando nos cistos formados nos rins, a insuficiência renal 
irá se estabelecer em meados da sexta ou sétima década 
de vida, e por meio da diálise, esse paciente conseguirá 
prolongar a sua sobrevivência, enquanto que o 
acometimento grave de outros órgãos por vezes não 
possuem tratamentos que permitam prolongar a vida do 
paciente. 
Lembrando que, muitos pacientes só descobrirão que tem 
a DRPAD quando houver uma insuficiência renal, já que os 
cistos, de modo geral, não geram um processo doloroso, 
por exemplo. Obviamente, com o avanço da doença há um 
comprometimento da filtração glomerular e a manifestação 
de alguns sinais e sintomas. 
Ou seja, pacientes acometidos pela DRPAD costumam ser 
assintomáticos até o momento em que o parênquima renal 
se encontra muito comprometido, caracterizando o início de 
um quadro de insuficiência renal. Os sintomas inicias que 
podem anunciar essa doença são hematúria, proteinúria e 
azotemia. 
 
Na imagem anterior podem ser observados exemplos de 
imagens de órgãos acometidos em indivíduos com DRPAD, 
sendo A uma vista superficial que evidencia a presença de 
cistos visíveis exteriormente, em B vista corte que mostra a 
formação de cistos tanto na região cortical, quanto medular 
do rim, comprometendo de forma progressiva a função 
renal, em C há uma DRPAD recessiva jovem (cistos são 
menores e os canais são dilatados em ângulo reto em 
relação à superfície cortical) – essa doença será explicada 
posteriormente, e, por último, cistos no fígado da DRPAD 
em um adulto. 
Abaixo pode-se ter uma noção do tamanho que o rim de um 
indivíduo com DRPAD pode atingir, sendo, inclusive, 
comparado à dimensão de uma bola de futebol americano. 
 
 
 
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Partindo para a doença policística renal recessiva, tem-se 
que ela depende muito da época a qual acomete a criança. 
Lembrando que essa doença, assim como a DRPAD, 
possui caráter hereditário. Pode acometer crianças tanto no 
período perinatal, quanto neonatal, infantil e até mesmo 
juvenil. 
 
A perinatal configura-se por uma manifestação que ocorre, 
aproximadamente, a partir 22 semana de gestação até a 
primeira semana pós-parto. 
Quando a doença se manifesta até os 28 dias de vida extra-
uterina, ou seja, 28 dias após o nascimento, ela será 
classificada como doença policística renal recessiva 
neonatal. 
Já nos casos nos quais a doença é manifestadamais 
tardiamente, configuram-se quadros infantis ou juvenis, nos 
quais a criança consegue sobreviver por mais tempo. 
Lembrando que, felizmente, essa doença é rara, mas 
quando manifestada, geralmente engloba as formas 
perinatal e neonatal, aparecendo muito cedo, na gestação 
ou logo que o bebê nasce. As manifestações costumam ser 
muito graves, tanto que a criança chega a ter insuficiência 
renal rapidamente e, por esse motivo, logo acaba 
sucumbindo. 
O gene envolvido nessa doença é diferente do autossômico 
dominante policistina 1 e 2, observado na DRPAD, nesse 
caso, o gene é autossômico recessivo e corresponde ao 
gene PKHD1. 
O gene PKHD1 é o responsável pela formação de uma 
proteína denominada de fibrocistina, que se encontra lado 
a lado do complexo PC1/PC2. Ou seja, no que compete os 
cílios tubulares, há a presença tanto de policistina 1 e 2 
quanto da fibrocistina. 
Essa fibrocistina não apresenta uma função clara 
determinada, só é de conhecimento que é parte integrante 
da membrana tubular, bem como a policistina 1 e 2, e que 
está localizada no cílio primário das células tubulares. A 
literatura acredita que a fibrocistina possa ter um papel na 
diferenciação dos ductos coletores e biliares, isto é, se o 
seu funcionamento é comprometido, não haverá formação 
dos ductos coletores e biliares, o que por sua vez, faz com 
que a urina formada não tenha para onde ir, acarretando 
assim em um quadro de insuficiência renal. 
 
O gene PKHD1 está no cromossomo 6 e é expressa tanto 
no rim, quanto no fígado e no pâncreas. Em outras palavras, 
se esse gene está expresso em outros órgãos além dos 
renais, quando existir a formação de cistos renais, haverá 
grande probabilidade de serem encontrados cistos no 
fígado e no pâncreas também, o que aumenta a gravidade 
da patologia e pode explicar o fato da existência da doença 
ser incompatível com a vida, pois há um comprometimento 
na eliminação de substâncias tóxicas ao organismo. 
Tanto é, que os portadores da doença apresentam tamanha 
baixa produção de urina, que durante a gestação pode-se 
observar o oligodrâmnio (sabe-se que o líquido amniótico é 
importante na aspiração e desenvolvimento dos pulmões, 
com a formação de urina reduzida por conta da inexistência 
ou mal funcionamento dos ductos coletores, prejudicando o 
desenvolvimento do feto e afetando a viabilidade de vida do 
bebê). 
 
 
 
 
 
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A displasia renal multicística é 
uma doença esporádica, isto é, 
não possui uma causa 
específica e ocorre 
eventualmente. 
É chamada de displasia porque 
causa um desenvolvimento 
anormal de alguns órgãos e 
tecidos corporais (nesse caso são os rins), levando à 
formação de múltiplos cistos. 
Essa doença pode ser unilateral ou bilateral, sendo as 
primeiras mais comuns, o que configura um melhor 
prognóstico, já que o rim saudável consegue compensar o 
déficit gerado pelo rim que não funciona adequadamente 
devido a displasia renal multicística, sendo a bilateral 
incompatível com a vida. 
Os rins apresentam-se morfologicamente irregulares 
(imagem anterior) e estão, normalmente, aumentados. No 
corte histológico em sequência, é possível visualizar muitos 
túbulos dilatados, estroma primitivo no parênquima que 
indica uma formação inadequada. 
Haverá também, vários cistos, remetendo a denominação 
multicística da doença, sendo que estes variam de tamanho 
e quantidade. 
- Doença esporádica 
- Uni ou Bilateral 
- Rim aumentado normalmente 
- Rim irregular 
- Rim multicístico 
- Cistos variam em tamanho 
- Patogênese: parada de ramificação das ampolas dos 
ramos ureterais -> falta desenvolvimento nos néfrons -> 
formação cistos 
- Forma e superfície irregulares 
- Mantém forma renal -> DISPLASIA RENAL CÍSTICA 
DIFUSA 
CORTE HISTOLÓGICO 
- Arquitetura desorganizada 
- Túbulos dilatados 
- Massas de estroma primitivo 
- Ilha de cartilagem 
 
A hipótese da patogênese dessa doença é congênita, 
envolvida com a ramificação dos ramos ureterais que é 
importante para a formação dos néfrons. 
Portanto, no momento de formação dos rins do indivíduo, 
há o broto uretérico e o blastema metanefrogênico 
(importantes pata a formação dos rins). Ocorre uma fusão 
desses componentes, e os brotos uretéricos darão origem 
aos ureteres, o blastema metanefrogênico, por sua vez, é 
responsável pela formação da parte parenquimatosa do 
rim, ou seja, é preciso que ocorra essa fusão adequada 
para que ao final haja um rim funcional. 
Em decorrência de algum motivo que faz com que não haja 
essa fusão de blastema metanefrogênico com o broto 
uretérico, a partir da 5 semana de desenvolvimento 
embrionário, não haverá a formação dos néfrons e surgirão 
cistos. Isso se deve ao fato de que, sem essa fusão, há a 
parada da ramificação das ampolas e, em decorrência 
disso, não há a formação dos ductos responsáveis pela 
coleta de urina. 
Nesse sentido, se não há a formação de néfrons e das 
ampolas de forma adequada, essa malformação congênita 
faz com que o indivíduo não tenha um rim funcionante. Por 
esse motivo, se esse defeito for bilateral há 
incompatibilidade com a vida. No caso de acometimento 
unilateral, como dito anteriormente, o outro rim que funciona 
adequadamente pode suprir a necessidade de filtração 
gerada pela deficiência do outro. 
Na imagem abaixo, pode-se observar a foto de um bebê 
conservado em formol, mostrando o tamanho do rim do 
indivíduo. O abdômen encontra-se dilatado e aumentado, 
justamente, devido ao aumento do rim decorrente dos 
cistos formados (no local em que deveria ocorrer a filtração 
não há para onde jogar o líquido, e o organismo tenta enviar 
 
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mais sangue para suprir o rim em formação, e sem a 
adequada coleta desse sangue para a formação de urina e, 
consequentemente, de líquido amniótico, esse fluido se 
acumula no rim em formação e faz com que ele aumente de 
tamanho). 
Pode ser observado também algumas características do 
indivíduo com essa doença, como as pernas mais curtas e 
os pés curvados, enfatizando o fato de ser fatal quando a 
anomalia é bilateral. 
 
 
 
 
 
 
 
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DOENÇA HERANÇA CARACTERÍSTICAS 
PATOLÓGICAS 
ASPECTOS CLÍNICOS 
OU COMPLICAÇÕES 
EVOLUÇÃO TÍPICA REPRESENTAÇÃO 
ESQUEMÁTICA 
Doença renal policística do 
adulto 
Autossômica dominante Rins multicísticos grandes, 
cistos no fígado, 
aneurismas saculares 
Hematúria, dor no flanco, 
infecção do trato urinário, 
cálculos renais, 
hipertensão 
Insuficiência renal crônica 
com início na idade de 40-
60 anos 
 
 
 
 
 
Doença renal policística 
infantil 
 
Autossômica recessiva Rins aumentados, cistícos 
no nascimento 
 
Fibrose hepática Variável, morte na infância 
ou na adolescência 
 
 
 
 
 
Rim em esponja medular Nenhum Cistos medulares na 
urografoa excretora 
 
Hematúria, infecção do 
trato urinário, cálculos 
renais recorrentes 
Benigno 
 
 
 
 
Nefronoftise juvenil familiar Autossômica recessiva 
 
Cistos corticomedulares, 
rins contraídos 
Perda de sal, poliuria, 
retardo do crescimento, 
anemia 
Insuficiência renal 
progressiva começando na 
infância 
 
 
 
 
Doença cística medular na 
idade adulta 
Autossômica dominante 
 
Cistos corticomedulares, 
rins contraídos 
 
 
 
 
Displasia renal multicística 
Nenhum 
Rins irregulares com cistos 
de tamanho variável 
 
Doença cística renal 
adquirida 
Nenhum Degeneracao cística na 
doenca renal em estágio 
terminal 
 
Cistos simples Nenhum Cistos simples ou múltiplos 
em rins de tamanho normal 
 
 
 
Doenças renais císticas 
Adaptado de Robbins patologia básica. 9ª Edição.

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