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É uma doença benigna que se caracteriza pelo crescimento anormal de tecido histologicamente semelhante ao endométrio (glândulas e estroma) em localizações diferentes do leito uterino habitual. o Diz-se que a endometriose só existe porque a paciente menstrua; se a paciente não menstruar, jamais se descobriria a endometriose. Não existe uma incidência/epidemiologia bem definida, pois não há marcador tumoral que seja especifico no diagnostico da endometriose. O padrão ouro para o diagnóstico é a vídeolaparoscopia, que é um procedimento cirúrgico conservador. Incidência maior atualmente devido à melhoria dos equipamentos, que facilitam o diagnóstico. Acomete mais mulheres no menacme (30 aos 45 anos, período reprodutivo, “hormônios em ebulição”), mulheres brancas de melhor nível social (tendem a engravidar menos, e por isso amamentam menos), nulíparas. Mulheres multíparas que amamentaram tem um fator de proteção, pelo período de “descanso” do ovário durante a amamentação. A endometriose é uma das principais causas de infertilidade feminina (associação varia de 2% a 50%). Tem relação com herança familiar: mulheres cujas tias, mãe, avós tiveram endometriose, tendem a desenvolver a doença. Até hoje não existe uma explicação concreta para a causa da endometriose, mas existem teorias. o Teoria de Sampson/ Regurgitação transtubária do material menstrual: teoria mais antiga; acredita que uma parte do fluxo menstrual reflui/retorna através dos óstios tubários e cairia na cavidade pélvica, levando à aderência de células endometriais para fora da cavidade uterina. Isso, por si só, não explica a endometriose. o Teoria imunológica: atualmente, uma das mais aceitas; mulheres cujo sistema imunológico é comprometido têm focos de células endometriais que refluem pelos óstios tubários (teoria transtubária) e permitem que esses focos celulares se implantem na cavidade pélvica, fora do útero. Mulheres com sist. Imune competente destroem as células que refluem e elas não se aderem fora da cavidade uterina. Porém isso não justifica a endometriose em outros lugares, como ouvido, pleura etc. o Disseminação Linfática ou Sanguínea: Explica a endometriose em órgãos distantes do útero; como o endométrio é bastante vascularizado, as células endometriais iriam pela corrente sanguínea ou linfática para órgãos distantes do útero, como ouvido ou pleura, por exemplo. o Metaplasia celômica: justifica a endometriose em homens; homens que tem câncer de próstata são tratados com estrogênio, e podem desenvolver endometriose. Células imaturas (maior potencial mitótico), sob estímulo estrogênico, são transformadas em células endometriais (metaplasia), originando a endometriose masculina. CLASSIFICAÇÃO A classificação e estadiação são feitas através da videolaparoscopia, e leva em conta o tamanho da lesão, profundidade da lesão, localização dos implantes endometrióticos e gravidade das aderências. Baseado nesses quatro itens, definimos o estágio da doença. ESTÁGIO 1 (doença mínima): implantes isolados e sem aderências significativas. ESTÁGIO 2 (doença leve): implantes superficiais, com menos de 5cm, sem aderências significativas. ESTÁGIO 3 (doença moderada): múltiplos implantes, aderências peritubárias e periovarianas evidentes. ESTÁGIO 4 (doença grave): múltiplos implantes superficiais e profundos, incluindo endometriomas (endometriose do ovário; cistos achocolatados no ovário), e aderências densas e firmes. Obs: não há correlação do estágio com o prognóstico da doença e nível da dor. A dor é influenciada pela profundidade do implante e pela sua localização em áreas com maior inervação. Ou seja, o quadro clínico da paciente, que nem sempre condiz com o estágio de evolução da doença; SINTOMAS COMUNS Dismenorreia – em 78% das pacientes o Progressiva: em geral, início na terceira década. Dispareunia (profunda) – 39% o Presença de nódulos em fundo de saco Dor pélvica – 32% o Cíclica, difusa e variável intensidade. Infertilidade – 2 a 50% o Nas formas moderadas e severas; o Como a endometriose forma aderências e ate necrose, pode alterar a função dos órgãos. DIAGNÓSTICO Exame físico o Endometriose umbilical (na inspeção de abdome) quando a paciente menstrua, os focos ectópicos sangram, o que gera um acúmulo de hemossiderina, o que causa lesões escuras (achocolatadas) que indicam endometriose antiga. Lesões mais recentes são vermelhas/róseas. Exame especular o Colo uterino o Toque vaginal Toque vaginal de fundo de saco posterior doloroso e grito de Douglas (região é muito inervada e dor é terrível) sinal sugestivo de endometriose. Ultrassonografia transvaginal o Só ajuda no diagnóstico quando há endometriose ovariana (quando há cistos achocolatados no ovário); não enxerga focos ectópicos. Tomografia computadorizada o Ajuda em casos de endometriose intestinal o No caso de endometriose pélvica (ovário, trompa, fundo de saco) n~]ao tem sensibilidade nem especificidade boa. Ressonância magnética o Pedimos quando há dúvida em relação à transvaginal; o Também para saber o grau de profundidade das lesões e para observar os focos antes da videolaparoscopia; auxiliar na escolha do tratamento. Videolaparoscopia o Padrão ouro no diagnóstico de endometriose o Além de diagnóstica, é terapêutica. o Necessário para conseguir medicamento pelo SUS. TRATAMENTO Clínico o Expectante Não fazer nada, apenas acompanhar. Paciente assintomática, com lesões mínimas. o Farmacológico Pacientes sintomáticas. Cirúrgico o Exérese o Laparotomia o Laparoscopia o Ooforectomia bilateral: em último caso, retirada dos ovários para queda da produção de estrogênio. Combinado o Endometriose do septo reto-vaginal Cauterização dos focos Análogos de GnRH: se prendem aos receptores de GnRH e bloqueiam a produção desse hormônio, o que leva a redução da produção de gonadotrofinas pela adenohipófise e não vai haver estrogênio a nível ovariano. o Endometriomas maiores que 2cm Abertura a cápsula Drenagem Cauterização dos focos Medicamentoso o Anticoncepcional (taxa de gravidez após interrupção 40%) o Progestágenos o Gestrinona (androgênico, antiprogestagenico e antiestrogênico) o Danazol (alteração do perfil lipídico, aumenta LDL e reduz HDL, e não melhora a fertilidade) o Análogos do GnRH (complexo hormônio-receptor é removido após uma semana). Retorno à ovulação após 1 a 2 meses. ADENOMIOSE Quando o endométrio se invagina, em vez de sair da cavidade uterina, e vai para o miometro. O endométrio que se invagina é a camada basal, não responsiva aos hormônios, cuja função é regenerar a camada funcional do endométrio. Os focos de adenomiose não sangram, não tem acúmulo de hemossiderina, pois é o endométrio basal não responsivo aos hormônios. Mulheres já entrando no climatério (50+ anos) Adenomiose difusa o Atinge todo o miométrio Adenomiose focal o Atinge alguns locais apenas O diagnóstico é pela anatomia patológica: tira o útero e manda para a patologia, e no resultado diz se é adenomiose difusa ou focal. Na adenomiose, há aumento do volume uterino (corresponde a 12 semanas gestacionais); aumento uterino global (superfície e contornos regulares). A teoria mais aceita quanto à patogênese da adenomiose sugere que a invaginação da camada basal do endométrio acontece devido a uma fragilidade muscular (por gravidez, ou cirurgia ou trauma uterino, endometrite crônica, abortamento ou curetagem etc). Fatores de risco: o Paridade (90% dos casos são em mulheres multíparas) o Idade (80% em mulheres entre 40 e60 anos de idade) o Tamoxifeno: medicamento para mulheres com câncer de mama Sintomas: o Gravidade varia com o numero de focos e extensão da invasão (quanto mais profundo, maior a menorragia e pior a dismenorreia). o Infertilidade não é uma queixa frequente Diagnóstico o Marcador tumoral é o antígeno de câncer 125 (CA 125) não é tão útil, pois é elevado na adenomiose e em outras patologias, como leiomiomas, CA de ovário e endometriose. Não é especifico. o Ultrassonografia transvaginal mostra apenas aumento do volume uterino o Ressonância magnética mostra grau de lesão, profundidade; é mais especifica que ultrassonografia transvaginal. Tratamento o Principal medida é reduzir dor e sangramento o Clínico AINEs: inibem cascata de prostaglandina, que e a principal causa da dor. Ácido mefenâmico ACO combinados ou só progestagenios DIU medicado (mirena e kyleena) o Cirúrgico conservador Ablação endometrial (cauterização do endométrio) pode estimular a invaginação do endométrio se for feita incorretamente; deve ser feita bem superficialmente. Embolização da artéria uterina (grandes chances de falha) o Cirúrgico radical Histerectomia total (retirada do corpo e do colo do útero por via abdominal ou vaginal)
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