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Hematologia Júlia Araújo Medicina 1 → OBJETIVO -> interromper sangramentos provenientes de lesão vascular através de uma sequência de eventos integrados que englobam vasos sanguíneos, plaquetas, fatores de coagulação, anticoagulantes naturais, proteínas da fibrinólise e seus inibidores HEMOSTASIA PRIMÁRIA Após lesão vascular, a resposta primária da hemostasia, a qual envolve o endotélio vascular e plaquetas, resulta na formação de um trombo plaquetário cujo efeito hemostático é transitório. HEMOSTASIA SECUNDÁRIA A ativação dos fatores de coagulação culminará na geração de trombina e, subsequentemente, de uma rede de fibrina que reforçará e estabilizará o trombo. Anticoagulantes naturais controlarão a ação dos fatores de coagulação, impedindo que a geração de trombina e de fibrina seja excessiva. HEMOSTASIA TERCIÁRIA Fibrinólise dissolverá gradualmente a rede de fibrina, garantindo um fluxo sanguíneo normal ao longo do leito vascular. CÉLULAS ENDOTELIAIS → ESTRUTRA - Constituintes da parede dos vãos sanguíneos: células endoteliais, as células musculares lisas (camada média) e elementos do tecido conectivo, como os fibroblastos (camada adventícia) - Células endoteliais . Constituem a superfície interna dos vasos e estão em contato com o subendotélio (MEC composta por proteínas de adesão – colágeno, laminina, fibronectina, vitronectina e trombospondina) . Corpúsculos de Weibel-Palade: organelas que armazenam proteínas, contendo o Fator de Von Willebrand (FVW) e a P-selectina → FUNÇÕES - Regulação do tônus muscular e da função plaquetária . Óxido nítrico -> vasodilatador e inibidor da função plaquetária . Prostaciclina (PGI2) -> vasodilatador e inibidor da função plaquetária . Fator de ativação plaquetária (PAF) -> vasoconstrição e adesão de leucócitos no endotélio . Endotelina -> elevação do cálcio intracelular, aumento do tônus da musculatura lisa, resultando em vasoconstrição - Coagulação PLAQUETAS → DEFINIÇÃO: são fragmentos de megacariócitos anucleados, com forma discoide, com período de vida na circulação de 8 a 12 dias → ESTRUTURA Membrana plaquetária Composta por fosfolípides, carregados negativamente e expostos, oferecendo uma superfície ideal para a associação e a interação dos fatores da coagulação. Citoesqueleto Manutenção da forma discoide das plaquetas não ativadas, sendo Hematologia Júlia Araújo Medicina 2 composto por um sistema circunferencial de microtúbulos de constituição proteica e por filamentos de actina Sistema canalicular Começa na membrana plasmática e permite o intercâmbio de substâncias entre os compartimentos extras e intracelulares Sistema tubular denso Proveniente do retículo endoplasmático, sequestra cálcio, liberando-o na ativação plaquetária Citoplasma Contém as organelas, como mitocôndrias, lisossomos e grânulos, denominados corpúsculos densos (ricos em ADP, ATP, serotonina, pirofosfato e cálcio) e grânulos alfa. Glicoproteínas Receptores de proteínas de adesão → GRÂNULOS 1)Grânulos-alfa: presente em maior número e contêm proteínas (fvWB, fibronectina, vitronectina, fibrinogênio), fator V, fatores de crescimento (PDGF), fator 4 plaquetário. 2)Grânulos densos: contêm agonistas de ativação (ADP) e coagulação (cálcio) 3) Lisossomos: contêm hidrolases → PROCESSO INICIAL DA COAGULAÇÃO - Mecanismos locais produzem vasoconstrição, alteração de permeabilidade vascular com produção de edema, vasodilatação dos vasos tributários da região em que ocorreu a lesão e adesão das plaquetas - Vasoconstrição: diminui o fluxo de sangue no sítio de sangramento, tornando preferencial o fluxo pelos ramos colaterais dilatados - Edema intersticial: diminui o gradiente de pressão entre o interior dos vasos lesados e a região adjacente, produzindo um tamponamento natural → ATIVAÇÃO PLAQUETÁRIA 1- Formação do trombo plaquetário - Frente à lesão vascular, elementos da MEC que compõem o subendotélio são expostos, propiciando a adesão das plaquetas ao subendotélio, sua ativação e agregação umas às outras, culminando na formação do trombo - Adesão: lesão vascular propicia a ligação do fator de Von Willebrand com o colágeno exposto e sob condições de elevado shear stress sofre mudança de conformação, expondo seu sítio de ligação para a GPIb/V/IX . GP Ia/IIa, GP VI, GP Ib, fvWB - Ativação: desencadeada pela adesão, com o recrutamento de mais plaquetas para o local da lesão vascular e, uma vez ativadas, as plaquetas passam a expressar a GPIIb/IIIa . Serotonina, TxA2, ADP, Fator V, trombina - Agregação: agregação, o FVW e o fibrinogênio formam pontes entre plaquetas adjacentes através da ligação com a GPIIb/IIIa, culminado com a formação do trombo plaquetário . GP IIb/IIIa 2- Inibição da ativação plaquetária - Prostaciclina (PGI2) liberada pelas células endoteliais ativa a adenilciclase, que catalisa a formação do AMPc a partir do ATP, inibindo a liberação do cálcio citoplasmático do sistema tubular denso e, dessa forma, impedir a ação de diversas enzimas envolvidas na ativação plaquetária → VIAS DE ATIVAÇÃO PLAQUETÁRIA - Modulada por agonistas que, ao se ligarem em seus receptores, desencadeiam a liberação de constituintes dos grânulos plaquetários e a síntese de novos agonistas, amplificando o fenômeno de ativação - Interação entre o agonista e proteína G (receptor) . Fosfolipase C hidrolisa o Fosfatidilinositol da membrana plaquetária, gerando vários compostos lipídicos que funcionam como segundos mensageiros (DG e IP3) Shear stress -> atrito gerado entre as camadas justapostas com diferentes velocidades de fluxo, pois a velocidade do sangue é menor próximo à parede do vaso e menor no centro Hematologia Júlia Araújo Medicina 3 . DG ativa a proteínocinase C, o que resulta na alteração da conformação da GPIIb/IIIa, tornando possível a ligação com proteínas de adesão, como o fibrinogênio . IP3 liga-se em receptores de membrana do sistema tubular denso, promovendo a mobilização do cálcio intracelular - Papel do Cálcio . Ativação do sistema contrátil actina--miosina, que resulta na mudança da forma discoide para esférica e liberação do conteúdo dos grânulos plaquetários . Contribui para a ativação da fosfolipase A2, liberando o ácido araquidônico da membrana fosfolipídica, o qual é transformado pela COX em endoperóxidos, que são convertidos em tromboxano A2 COAGULAÇÃO Processo que leva à formação de fibrina HEMOSTASIA Coagulação fisiológica que ocorre em resposta ao dano vascular TROMBOSE Processo de coagulação patológica com formação de um coágulo localizado, que pode chegar a ocluir o vaso FIBRINÓLISE Processo de dissolução do coágulo → COAGULAÇÃO SANGUÍNEA -> conversão de uma proteína solúvel do plasma (fibrinogênio) por ação da trombina (enzima) -> conversão de zimogênios (pró-enzimas) em enzimas (proteases) -> fatores de coagulação → ATIVAÇÃO DOS FATORES DE COAGULAÇÃO 1- Ativação do endotélio 2- Finalização na superfície das plaquetas ativadas 3- Formação de trombina que promoverá modificações na molécula de fibrinogênio liberando monômeros de fibrina na circulação 4- Monômeros de fibrina unem-se e formam a fibrina S (polímero solúvel) que, sob a ação do fator XIIIa e cálcio, produzem o alicerce de fibras que mantêm estável o agregado de plaquetas formado - A ativação de cada fator da coagulação leva a ativação de outro fator até a formação de trombina - Fatores da Coagulação . Numerados de I a XIII . Designado conforme a ordem da descoberta e não do ponto de interação da cascata - Síntese de Fibrina VIA INTRÍNSECA → Todos os componentesestão presentes no sangue 1- Lesão endotelial 2- Fator XII é ativado pelo contato com uma superfície carregada negativamente (colágeno) 3- Fator XI e pré-calicreína necessitam do cininogênio de alto peso molecular (HMWK) para efetuar a adsorção à superfície em que está ligado o fator XIIa 4- Interação entre os elementos anteriores promove a ativação do fator XI, o qual transforma o fator IX em IXa 5- Fator IXa e fator VIIa (proveniente da via extrínseca) associam-se à superfície de fosfolipídio através de uma ponte de cálcio, estimulando a ativação do fator X 6- Fator Xa (fator comum entre as vias) liga-se ao fator Va, formando a protrombinase 7- Protrombinase transforma protrombina (fator II) e, trombina (fator IIa), em um processo dependente de cálcio COX é o alvo da Aspirina, que promove a acetilação dos resíduos de serina, inativando irreversivelmente a enzima e, desta forma, inibindo a função plaquetária Hematologia Júlia Araújo Medicina 4 8- Trombina promove a ativação do fibrinogênio (fator I) em fibrina (fator Ia) VIA EXTRÍNSECA → Necessário a presença do fator tecidual 5 (TF5- proteína da membrana celular subendotelial) → Mais rápida, formando fibrina antes da via intrínseca 1- Tecidos lesados liberam fator tecidual (tromboplastina tecidual- fator III) que forma um complexo com o fator VII, mediado por cálcio 2- Complexo FT + fator VIIa age sob o fator X estimulando sua conversão em Xa (fator comum entre as vias) 3- Caminho comum entre as vias, em que ocorre a conversão de protrombina em trombina que, por sua vez, estimula a transformação de fibrinogênio em fibrina VIA FINAL COMUM - Ativação do fator X(Xa) - Conversão de trombina a partir da protrombina pela ação do fator Xa - Formação de fibrina estimulada pela trombina e estabilização da fibrina pelo fator XIIIa INICIAÇÃO 1- Exposição do fluxo sanguíneo a células que expressam fator tecidual, a qual é iniciada pela lesão vascular ou por ativação endotelial 2- Fator tecidual combinado com fator VII promove sua ativação em fator VIIa 3- Complexo FT/ FVIIa ativa o fator X e o fator IX 4- Fator Xa ativa fator V e, juntos, convertem uma pequena quantidade de protrombina em trombina AMPLIFICAÇÃO 1- Adesão plaquetária no colágeno subendotelial é mediada pela glicoproteína Ia/IIa e FVW 2- Trombina gerada na fase de iniciação amplifica o processo da coagulação proporcionando a ativação de mais plaquetas, aumentando sua adesão e ativando os fatores V, VIII e XI 3- Plaquetas ativadas liberam fator V na sua forma parcialmente ativada que é completamente ativada pela trombina ou fator Xa 4- Fator de Von Willebrand é partido pela trombina para liberar o fator VIIIa 5- Plaquetas ativadas, nesse momento, possuem ativados os fatores Va, VIIIa e IXa em sua superfície PROPAGAÇÃO 1- Produção de complexos tenases e protombinases que são agrupados na superfície das plaquetas ativadas 2- Complexo tenase + fator VIIIa + fator IXa é formado quando o fator IXa move-se da célula expressadora FT, onde é ativado, para ligar-se ao receptor expressado nas plaquetas ativadas Hematologia Júlia Araújo Medicina 5 3- Complexo fator VIIIa/IXa ativa fator X que juntamente com o fator Va formam o complexo protrombinase 4- Complexo protrombinase intensifica a produção de trombina que converte o fibrinogênio solúvel em fibrina e ativa o fator estabilizador da fibrina (fator XIII), para formar o coágulo de fibrina hemostático → Sistema de coagulação é contido e inibido por anticoagulantes específicos que incluem inibidor da via do fator tecidual (TFPI), proteína C, proteína S e antitrombina III. → Para impedir que a produção de trombina escape do controle, a fase de iniciação é controlada pelo TFPI que atua inibindo o complexo FT/FVIIa → A proteína C ativada (APC) em combinação com a proteína S degradam os fatores Va e VIIIa que são necessários para sustentar a formação de trombina na coagulação. - A APC também exerce atividade anti-inflamatória, citoprotetora e proteção endotelial, atua também com papel fundamental na prevenção da inflamação e trombose microvascular que ocorrem após contato com endotoxinas. → DEFINIÇÃO: degradação da fibrina mediada pela plasmina - Em condições normais, coagulação e fibrinólise encontram-se em equilíbrio dinâmico de tal forma que, ocorrendo simultaneamente, enquanto a primeira interrompe a perda sanguínea, a última remove a fibrina formada em excesso e o sangue volta a fluir normalmente no interior do vaso restaurado. → SISTEMA FIBRINOLÍTICO 1- O endotélio que circunda a área da lesão libera o ativador tecidual do plasminogênio (TPA), o qual desencadeará o processo que limita a progressão desnecessária da trombose 2- TPA converte o plasminogênio em plasmina → PLASMINA - Proteína que lisa a rede de fibrina, é derivada do plasminogênio que está ligado internamente à rede de fibrina - Quebra o fibrinogênio ou age diretamente sobre a fibrina, quer seja polimerizada ou não, formando os produtos de degradação da fibrina (PDFs) - PDFs são removidos da circulação principal pelo fígado e pelo sistema retículo endotelial (SRE) . Entretanto, se a produção de PDFs superar a capacidade de clareamento, ocorre acúmulo do excedente produzido, podendo atingir níveis tais que passam a inibir a coagulação normal, através da interferência com a polimerização da fibrina e induzindo alteração funcional das plaquetas -> Antiplasmina, presente no plasma, combina-se com o excesso de plasmina liberada, impedindo o aparecimento de fibrinólise generalizada. - Produtos de degradação da fibrina (PDF) . Dímero-D: proteína envolvida na formação do coágulo, sendo o produto mais estável da degradação -> aumento pode ser indicativo de trombose ou de sangramento → REGULAÇÃO DA FIBRINÓLISE - Ação do PAI-1, da α2-AP e do TAFI - PAI-1: produzido pelo endotélio vascular e plaquetas, inibe o t-PA e u-PA e atua como sistema pró-coagulante Hematologia Júlia Araújo Medicina 6 - a2-AP: inibe a ação da plasmina - TAFI: na presença de Trombomodulina (TM)inibe a fibrinólise através da modificação do substrato da fibrina
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