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MEDICINA VETERINÁRIA É necessário conhecer o paciente antes de realizar uma anestesia!! A avaliação é clínica e exames complementares. O grande objetivo é determinar o risco anestésico no paciente e assim fazer a escolha do protocolo anestésico. É importante informar verbalmente o tutor sobre os riscos envolvidos e pedir para ele assinar o termo de responsabilidade por escrito. Exame clínico Resenha Anamnese – história clínica Avaliação física. Exames complementares - feitos após o exame clínico Exame clínico 1- Resenha - Espécie: ruminantes mais sensíveis ao grupo dos agonistas alfa-2-adrenérgicos (xilazina – dose máxima 3 mg/kg). Equinos e felinos podem ter excitação em doses altas de opióides (dose no máx. 3mg/kg) e tendem a causar na diminuição de motilidade intestinal – importante em equinos. - Raça: em relação aos cães, os braquicefálicos tem uma propensão grande a ter depressão respiratória, assim é importante pré-oxigenar o paciente para evitar o desenvolvimento de depressão respiratória importante, além disso é importante considerar a extubação mais tardia possível em função do seu prolongamento do palato mole que pode fechar suas vias aéreas. *Os cães de corrida têm um percentual de gordura pequeno e medicamentos que fazem depósito de gordura vão em uma dose maior para o SNC – tiopental. sobredose anestésica. Além disso, tem uma dificuldade maior em metabolizar o propofol. *Os cães da raça boxer tem sensibilidade aumentada a acepromazina. *Os gatos siameses são mais sensíveis a anestesia do que as outras raças. *Raças têm diferentes temperamentos. Cavalo quarto de milha é mais calmo do que um cavalo puro sangue inglês, o que impacta na MPA. - Idade: neonatos (até 3 meses). Pediátricos (3 meses até entrar em fase reprodutiva), adulto e pacientes geriátricos (atingiu 75% da expectativa de vida para a sua espécie ou raça). Mais cuidado com neonatos e geriátricos. Neonatos - função hepática e renal em formação (prejuízo de metabolização e excreção), maior chance de hipotermia e hipoglicemia, não toleram excesso de fluidoterapia, levar em consideração o débito cardíaco (não conseguem fazer alteração de pressão para manter a frequência cardíaca). Geriátricos - podem ter comorbidades (cardíacos, renais, hepáticos), diminuição na função respiratória. Pediátricos - funções renais e hepáticas aumentadas. - Sexo: fêmeas em cio devem ser evitadas em procedimentos cirúrgicos, pois o aumento MEDICINA VETERINÁRIA de estrógeno tem aumento no tempo de sangramento. Medicamentos em fêmeas prenhas ultrapassam a barreira placentária, além disso tem maior chance de regurgitação e vômito. Xilazina pode induzir o parto no terço final da gestação. 2- Anamnese - Saber se a afecção é médica ou cirúrgica: exame clínico ou complementar ou o paciente irá passar por um processo cirúrgico. - Saber os sinais clínicos do paciente e o tempo que ele os apresenta. - Importante fazer perguntas sobre o SNC, s. cardíaco e s. respiratório. - Saber se o paciente usa medicamentos ou uso medicamentos (inibidores da ECA predispõe a mais hipotensão, fenobarbital altera a metabolização dos fármacos. Anti- inflamatórios de uso crônico causam alteração renal). - Saber de anestesias prévias (quanto aconteceu, o que foi utilizado, qual q resposta aos anestésicos e se houve algum efeito adverso). 3- Exame físico - Peso corporal do animal (kg). Cavalos – fitas corporais que estimam o peso do animal: fitas de adultos e fitas de potros. - Estado físico (nutrição e hidratação) *Paciente desidratado – fluidoterapia antes da anestesia. *Pacientes obesos (depressão respiratória e recuperação demorada por acúmulo de fármacos no tecido adiposo) e caquéticos (cuidado com as doses) merecem atenção. 1 TPC aumentado = sangue não chega corretamente à periferia. Também pode servir como indicador indireto da pressão arterial. - Função cardiovascular *Avaliar a FC (bpm) e fazer a ausculta pulmonar. AUSCULTA BILATERAL. *Avalia TPC1 (mucosa oral) *Palpação de pulso periférico (femoral em cães e gatos e facial ou transversa da face em animais de grande porte) *Ausculta cardíaca (busca de arritmias e sopros). *Suspeita de arritmia (anormalidade no ritmo sinusal) deve solicitar ECG. - Função respiratória *Ausculta pulmonar é bilateral em no mínimo 3 pontos de cada lado. *Determinar a FR (mpm). *Observar a coloração das mucosas *Padrão respiratório normal é o torácico- abdominal. Os anormais expansão apenas do tórax ou abdomino-costal. - Temperatura retal *Relacionada ao metabolismo. Tº C elevada metaboliza mais rápido. - Temperamento *Influencia diretamente na escolha do anestésico. Exames complementares Solicitados de acordo com a avaliação do exame físico. Mas existem exames para a maioria dos pacientes (hemograma, avaliação de função hepática, renal e ECG em geriátricos). Ideal é que sejam recentes (até 7 dias). Variam de acordo com a idade do animal, espécie, estado clínico e afecção específica. 1- Animais < 5 anos de idade Hemograma e PPT MEDICINA VETERINÁRIA 2- Animais com > 5 anos Hemograma e PPT ALT/AST Creatinina e uréia ECG À medida que o paciente apresenta outras doenças outros exames podem ser solicitados. Glicemia CO2 total Na+, K+, Cl- Após essas avaliações, pode ser classificado o risco anestésico do paciente. Risco anestésico – classificação O risco anestésico é categorizado de acordo com a fisiologia dos animais e o procedimento cirúrgico a ser realizado. É dado pela ASA. Espécie ASA Risco de morte anestésica Cães ASA 1-2 0,05% (1-1876) ASA 3-5 1,33% (1 - 75) Gatos ASA 1-2 0,11% (1 - 71) ASA 3-5 1,40% (1 - 100) Equinos - 1% (1 - 100) Cólica - 2-10% ASA 1 – Paciente hígidos (sadio) em procedimentos eletivos (castração por conveniência). Risco anestésico reduzido. Animais muito jovens, gestante ou geriátricos não podem ser classificados como ASA1. ASA 2- Pacientes especiais com doença sistêmica leve (compensada com tratamento). Tem um risco anestésico moderado. Animais neonatos ou geriátricos e gestantes. Animais com obesidade moderada (+/- 25%), anemia leve. ASA 3- Doença sistêmica moderada, não incapacitante, mas parcialmente compensada (cardiopata com sinais clínicos como edema pulmonar, nefropatas com ureia e creatinina elevada). É um risco anestésico considerável. Animais com desidratação moderada. ASA 4- Doença sistêmica grave com ameaça constante a vida. Tem risco de morte. Dilatação/torção gástrica, uremia e toxemia, hérnia diafragmática. ASA 5- Moribundos com expectativa de vida de 24 horas com ou sem cirurgia. CID, falência múltipla de órgãos ou lesão encefálica grave. E – Emergência Pode estar em qualquer nível, onde não há tempo para exame físico e avaliação clínica adequada. A cirurgia deve ser imediata! Laceração de córnea = ASA 1 E. Cólica equina = ASA 4 E. A classificação do ASA não é do procedimento, mas da condição que o paciente se encontra em relação a doença. Ainda deve-se considerar o tipo de procedimento a ser realizado, os equipamentos disponíveis e a experiência profissional. Preparação para anestesia. O correto para fazer o procedimento é que o paciente seja hospitalizado na noite anterior ao procedimento cirúrgico ou no mínimo um turno antes. Mais tempo para avaliação clínica Mais tempo para terapia Melhor aclimatação ao ambiente Assim também há certeza de um tempo maior de jejum. Hoje não é indicado fazer jejum hídrico (no máximo 2 horas). Evitar vômito e aspiração de conteúdo gástrico Evitar em filhotes, aves e roedores de pequeno porte em função da hipoglicemia O tempo de jejum irá variar de acordo com a espécie. Cães e gatos – jejum sólido de 8-12 horas. Em equinos o jejum é de 12 horas.MEDICINA VETERINÁRIA Em ruminantes – retirar 25% do alimento 3 dias antes do procedimento ser realizado, metade do alimento sólido 48 horas antes e todo o sólido 24 horas antes e retirar metade da água 12 horas antes. Se o procedimento não for no TGI o jejum pode ser de 24 horas. A estabilização prévia do paciente: Diminui os riscos anestésicos Aumenta as chances de recuperação cirúrgica Reduz o tempo de recuperação anestésica (hipotermia).
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