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CURSOS ON-LINE – DIREITO CIVIL – CURSO COMPLEMENTAR 
PROFESSOR LAURO ESCOBAR 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
11 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Caros Alunos 
Sou graduado e pós-graduado pela Pontifícia Universidade Católica de São 
Paulo (PUC/SP). Fui Procurador do Estado de São Paulo (de 1.984 a 1.992) e 
atualmente sou Juiz de Direito (desde 1.993). Há mais de vinte anos venho 
acompanhando os concursos públicos, nas mais diferentes áreas. Também 
desde 1.983 dou aulas. Acabei me especializando em Direito Civil, matéria em 
que possuo algumas obras publicadas. 
Minha intenção é ministrar um curso totalmente direcionado para 
concursos, de forma clara e objetiva, fornecendo o máximo de informação 
possível ao aluno. Cada aula conterá a matéria referente ao ponto do edital, 
explicando de forma simples o conteúdo programático. Assim, mesmo uma 
pessoa que não seja formada em Direito terá plena condição de acompanhar a 
aula e entender tudo o que foi ministrado. No entanto não podemos fugir de 
algumas complexidades, pois estas costumam cair nos exames. Costumamos 
dizer que os examinadores gostam de pedir nas provas “as exceções de uma 
regra”. E darei uma atenção especial a elas, chamando a atenção do aluno 
quando um ponto do edital é mais exigido no concurso e onde pode ocorrer a 
famosa “pegadinha”. Após apresentar a matéria da aula, faço um quadro 
sinótico que é o resumo da matéria, dada em aula. Este é um “esqueleto da 
matéria”. A experiência nos mostra que este quadro é suma importância, pois se 
aluno conseguir guardar este quadro, saberá situar a matéria e completá-la de 
uma forma lógica e seqüencial. Portanto o mesmo deve ser lido, mesmo que o 
aluno tenha entendido a matéria dada. É uma forma de fixação da aula. 
Finalmente, no final de cada aula fornecerei alguns testes, que já caíram em 
concursos anteriores, com a finalidade de revisar o que foi ministrado, fixar 
ainda mais a matéria. 
Qualquer dúvida que o aluno tenha referente à matéria será encaminhada 
ao fórum deste site, para que seja sanada. Assim, as perguntas dos alunos e as 
minhas respostas ficarão permanentemente abertas para todos os matriculados 
do curso, enriquecendo, ainda mais, o nosso projeto. 
Acreditando ser este trabalho uma importante ferramenta para o 
conhecimento e aprimoramento nos estudos, desejo a todos votos de pleno 
êxito em seus objetivos. 
Lauro Ribeiro Escobar Jr. 
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22 
 
AULA 0: DAS PESSOAS NATURAIS 
 
O primeiro capítulo do Código Civil se refere às Pessoas. Todo concurso 
que exige Direito Civil coloca este ponto no Edital. É fundamental saber bem 
esta matéria. Portanto aconselhamos o aluno a acompanhar esta aula com o 
Código Civil na mão. Especialmente dos artigos 1o ao 78. 
Vamos então iniciar. Podemos conceituar pessoa como sendo todo ente 
físico ou jurídico, suscetível de direitos e obrigações. É sinônimo de sujeito 
de direito. Nesta aula vamos nos ater à Pessoa Natural, deixando a Pessoa 
Jurídica para a próxima. Nesta aula vamos falar sobre a personalidade (início, 
individualização e fim) capacidade e emancipação. 
 
Comecemos pela Personalidade. O artigo 1º do Código Civil prevê: “Toda 
pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Assim, o conceito de 
Pessoa inclui homens, mulheres e crianças; qualquer ser humano sem 
distinção de idade, saúde mental, sexo, cor, raça, credo, nacionalidade, etc. Por 
outro lado o conceito exclui os animais, que gozam de proteção legal, mas não 
são sujeitos de direito, os seres inanimados, etc. 
 
Os examinadores de concursos públicos gostam muito de pedir sinônimos 
nas provas. Portanto, sempre que possível irei mencionar sinônimos de uma 
palavra. Mesmo correndo o risco de ser repetitivo. Mas é melhor ser repetitivo e 
fazer com que o aluno grave a matéria e fornecer o máximo de conceitos 
possível, do que omitir determinado ponto. Falo isso porque há pouco tempo vi 
uma questão cair em uma prova indagando “qual a diferença, para os efeitos de 
gozo de direitos na ordem civil, entre o autóctone e o ádvena”. A questão era 
simples, mas se o aluno não soubesse o significado de tais palavras, não 
acertaria a questão. Autóctone (ou aborígine) é o que nasceu no País. E ádvena 
é o estrangeiro. Assim a questão queria saber qual a diferença entre o brasileiro 
e o estrangeiro quanto ao gozo de direitos. Resposta: no Direito Civil nenhuma, 
pois ambos são considerados sujeitos de direitos e obrigações. Além disso, o 
Direito (especialmente o Civil) usa muitas expressões em latim. Estas 
expressões não estão nas leis. É doutrina. Mas costuma cair. Por isso irei 
fornecendo as expressões em latim, com sua tradução e real significado. Da 
mesma forma explicarei as posições doutrinárias que são adotadas pelos 
examinadores, orientações jurisprudenciais, súmulas, etc. 
 
Voltemos... No Brasil, a personalidade jurídica inicia-se com o 
nascimento com vida, ainda que por poucos momentos (Teoria da 
Natalidade). Preste atenção nisto: se a criança nascer com vida, ainda que 
por um instante, adquire a personalidade. Para se saber se nasceu viva e em 
seguida morreu, ou se nasceu morta, é realizado um exame chamado de 
docimasia hidrostática de Galeno, que consiste em colocar o pulmão da criança 
morta em uma solução líquida; se boiar é sinal de que a criança chegou a dar 
pelo menos uma inspirada e, portanto, nasceu com vida; se afundar, é sinal de 
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que não chegou a respirar e, portanto, nasceu morta. Atualmente a medicina 
dispõe de técnicas mais modernas e eficazes para tal constatação. 
Não caiam em “pegadinhas”. Esta questão, apesar de simples tem caído 
muito, inclusive em concursos na área jurídica. Sempre é colocada uma 
alternativa dizendo que a personalidade se inicia com a concepção (gravidez) da 
mulher, ou que a criança tem de ter viabilidade (possibilidade de vida), ou que 
deva ter “forma humana” e até que ela se inicia com o “corte do cordão 
umbelical”. Tudo isso é bobagem para nosso Direito. Nascer com vida é ter 
respirado. Respirou... então nasceu com vida e a personalidade se iniciou. 
 Nascituro é o que está por nascer. É o ente que foi gerado ou concebido, 
mas ainda não nasceu. Não tem personalidade jurídica, pois ainda não é pessoa 
sob o ponto de vista jurídico. Apesar de não ter personalidade jurídica, a lei põe 
a salvo os direitos do nascituro desde a concepção. Ele tem expectativa de 
direito. Exemplo: pai morre deixando mulher grávida; não se abre inventário até 
que nasça a criança ⎯ o nascituro tem direito ao resguardo à herança. Os 
direitos assegurados ao nascituro estão em estado potencial, sob condição 
suspensiva: só terão eficácia se nascer com vida. 
 
Adquirindo a personalidade (que consiste no conjunto de caracteres 
próprios da pessoa, sendo a aptidão para adquirir direitos e contrair 
obrigações), o ser humano adquire o direito de defender o que lhe é próprio, 
como sua integridade física (vida, alimentos, etc.), intelectual (liberdade de 
pensamento, autoria científica, artística e intelectual), moral (honra, segredo 
pessoal ou profissional, opção religiosa, sexual, etc.). Lembre-se: a dignidade é 
um direito fundamental, previsto em nossa Constituição, que também prevê que 
são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurando o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente 
dessa violação. Os direitos da personalidade (leia o art. 11 do CC) são 
absolutos, intransmissíveis, indisponíveis, irrenunciáveis e imprescritíveis. 
Acompanhe os próximos artigos: 
O artigo 12 prevê a possibilidade de exigir quecesse lesão a direito da 
personalidade, por meio de ação própria, sem prejuízo da reparação de 
eventuais danos materiais e morais suportados pela pessoa. A nova lei prevê 
também a possibilidade de defesa do direito do morto, por meio de ação 
promovida por seus sucessores. 
O artigo 13 e seu parágrafo único prevê o direito de disposição de partes, 
separadas do próprio corpo em vida para fins de transplante, ao prescrever que, 
“salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, 
quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os 
bons costumes. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de 
transplante, na forma estabelecida em lei especial”. É possível, também, com 
objetivo científico ou altruístico a disposição gratuita do próprio corpo, no todo 
ou em parte, para depois da morte, podendo essa disposição ser revogada a 
qualquer momento. 
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Note agora que os artigos 16 a 19 do Código Civil tutelam o direito ao 
nome contra atentado de terceiros, expondo-o ao desprezo público, ao ridículo, 
acarretando dano moral ou patrimonial. 
O artigo 20 tutela o direito à imagem e os direitos a ele conexos 
(também artigo 5º, XXVIII, “a” da Constituição Federal), que se refere ao direito 
de ninguém ver seu rosto estampado em público ou mercantilizado sem seu 
consenso e o de não ter sua personalidade alterada material ou 
intelectualmente, causando dano à sua reputação. Há certas limitações do 
direito de imagem, com dispensa da anuência para sua divulgação (ex.: pessoa 
notória – desde que não haja abusos, pois sua vida íntima deve ser preservada; 
exercício de cargo público, etc.). 
Tutela, também, o Código Civil em seu artigo 21 o direito à intimidade 
prescrevendo que a vida privada da pessoa natural é inviolável (ex.: violação de 
domicílio, correspondência, conversas telefônicas, etc.). 
É de se esclarecer finalmente, que o Código Civil não exauriu a matéria. A 
enumeração exposta é exemplificativa, deixando ao Juiz margem para que 
estenda a proteção a situações não previstas expressamente. 
Ficou bem claro até aqui que a personalidade tem início com o nascimento 
com vida, mas a lei põe a salvo os direitos do nascituro. Falemos agora sobre a 
individualização da pessoa natural. Esta se dá pelo: a) nome – 
reconhecimento da pessoa na sociedade; b) estado – posição na sociedade 
política; c) domicílio – lugar da atividade social. Vamos comentar um a um 
desses temas. 
A) Nome é o sinal exterior pelo qual se designa e se reconhece a pessoa 
na família e na sociedade. Trata-se de direito inalienável e imprescritível, 
essencial para o exercício de direitos e cumprimento das obrigações. Também é 
conferido às pessoas jurídicas. É protegido pela lei. São elementos constitutivos 
do nome: 
• Prenome ⎯ próprio da pessoa, pode ser simples (ex.: João, José, 
Rodrigo, Laura, Aparecida, etc.) ou composto (ex.: José Carlos, Antônio 
Pedro, Ana Maria, etc.). 
• Patronímico - ou nome de família, ou apelido de família, ou sobrenome 
⎯ identifica a procedência da pessoa, indicando sua filiação ou estirpe, 
podendo ser simples (ex.: Silva, Souza, Lobo, etc.) ou composto (ex.: 
Alcântara Machado; Lins e Silva, etc.). 
• Agnome ⎯ sinal distintivo entre pessoas da mesma família, que se 
acrescenta ao nome completo (ex.: Júnior, Filho, Neto, Sobrinho). 
Há outros elementos facultativos como o cognome (apelido ou epíteto), 
pseudônimo ou codinome (para o exercício de uma atividade específica – cantor, 
ator, autor, etc) e axiônimo (que representam os títulos de nobreza, 
eclesiástivos ou acadêmicos – Duque, Visconde, Bispo, Mestre, Doutor, etc), 
mas não tenho visto estas expressões caírem em concursos. 
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Em princípio o nome é imutável. No entanto o princípio da 
inalterabilidade do nome sofre exceções em casos justificados (mais rigorosos 
em relação ao prenome e mais elásticos em relação ao sobrenome). A lei e a 
jurisprudência admitem a retificação ou alteração de qualquer dos elementos. 
Vamos examinar alguns exemplos que vêm caindo em concursos: 
 ⎯ expuser seu portador ao ridículo ou situações vexatórias - artigo 55, 
parágrafo único da Lei de Registros Públicos - em princípio os nomes exóticos ou 
ridículos não podem ser registrados, o oficial do Registro Público pode se recusar 
a registrar; mas se o forem podem ser alterados. 
 ⎯ houver erro gráfico evidente (ex.: Nerson, Osvardo, etc.) - artigo 58, 
parágrafo único da Lei de Registros Públicos. 
 ⎯ causar embaraços comerciais ⎯ homônimo - adição de mais um 
prenome ou do patronímico materno. 
 ⎯ uso prolongado e constante de um nome diverso do que figura no 
registro ⎯ inclusive adicionando apelido ou alcunha (ex.: Luiz Inácio Lula da 
Silva, Maria da Graça Xuxa Meneghel, etc.). 
 ⎯ união estável ⎯ a lei permite que a companheira adote o patronímico 
do companheiro, se houver concordância deste. 
⎯ primeiro ano após a maioridade ⎯ a lei permite a alteração, 
independentemente de justificação, desde que não prejudique o patronímico 
(art. 56 da L.R.P.). 
⎯ casamento – cuidado com esse item. Atualmente o art. 1.565, §1º CC 
permite que qualquer dos nubentes acrescente ao seu o sobrenome do outro 
Outros exemplos: adoção, reconhecimento de filho, legitimação, divórcio, 
separação judicial, serviço de proteção de vítimas, etc. 
 
B) Estado Civil - é definido como sendo o modo particular de existir. 
Pode ser encarado sob 3 (três) aspectos: 
• Individual ou físico ⎯ idade (maior ou menor), sexo, saúde mental e física, 
etc. 
• Familiar ⎯ indica a situação na família: 
⎯ quanto ao matrimônio: solteiro, casado, viúvo, separado ou divorciado. 
⎯ quanto ao parentesco consangüíneo: pai, mãe, filho, avô, irmão, primo, 
tio, etc. 
⎯ quanto à afinidade: sogro, sogra, genro, nora, cunhado, etc. 
• Político ⎯ posição da pessoa dentro de um País: nacional (nato ou 
naturalizado), estrangeiro, apátrida. Como disse acima, os examinadores 
gostam de sinônimos. Já vi cair em um concurso a palavra heimatlos como 
sinômimo de apátrida. 
O estado civil é a soma de qualificações da pessoa. É uno e indivisível, 
pois ninguém pode ser simultaneamente casado e solteiro; maior e menor, etc. 
Regula-se por normas de ordem pública. Por ser um reflexo da personalidade, 
não pode ser objeto de comércio; é um direito indisponível, imprescritível e 
irrenunciável. As ações tendentes a afirmar, obter ou negar determinado estado 
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são chamadas ações de estado (ex.: investigação de paternidade, divórcio, 
etc.), também personalíssimas. 
C) Domicílio – Este é o item que requer maior cuidado do aluno. Dos três 
elementos da individualização da personalidade, o Domicílio é o mais importante 
e que tem maior incidência nas provas. Principalmente em relação ao domicílio 
necessário como veremos logo a sergiur. 
O conceito de domicílio surge da necessidade legal que se tem de ficar as 
pessoas em determinado ponto do território nacional. É, como regra, no foro de 
seu domicílio que o réu é procurado para ser citado. Exemplo: se eu ingresso 
com uma ação, onde essa ação deve ser proposta?? Resposta – no domicílio do 
réu. Se uma pessoa morre, onde deve ser proposta a ação de inventário? No 
último domicílio do “de cujos” (falecido). E assim por diante... O conceito de 
domicílio está sempre presente em nosso dia-a-dia, mesmo que não 
percebamos. 
Cumpre, inicialmente, fazer a seguinte distinção: 
• residência ⎯ é o lugar em que o indivíduo habita com a intenção de 
permanecer, mesmo que dele se ausente temporariamente; é uma 
situação de fato. 
• domicílio ⎯ é a sede da pessoa, tanto física como jurídica, onde se 
presume a presençapara efeitos de direito e onde exerce ou pratica, 
habitualmente, seus atos e negócios jurídicos. É o lugar onde a pessoa 
estabelece sua residência com ânimo definitivo de permanecer; é um 
conceito jurídico. 
Regra básica - O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece 
residência com ânimo definitivo (art. 70 do Código Civil). É também domicílio da 
pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é 
exercida (art. 72 do CC). 
Outras regras: Pessoa com várias residências, onde alternativamente viva - 
domicílio é qualquer delas ⎯ pluralidade domiciliar. Pessoa sem residência 
habitual, sem ponto central de negócios (ex.: circenses, ciganos) - domicílio é o 
lugar onde for encontrado. 
É importante saber as espécies de domicílio. É comum cair algo dessa 
classificação em concursos. Para não confundir veja os seguintes conceitos de 
domicílio com atenção: 
1 - Voluntário ⎯ escolhido livremente pela própria vontade do indivíduo 
(geral) ou estabelecido conforme interesses das partes em um contrato 
(especial). 
2 - Legal ou necessário ⎯ a lei determina o domicílio em razão da condição ou 
situação de certas pessoas. Assim: 
• incapazes (sobre incapacidade veja mais adiante) ⎯ têm por 
domicílio o de seus representantes (pais, tutores ou curadores). 
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• servidor público ⎯ domicílio no lugar onde exerce 
permanentemente sua função. 
• militar em serviço ativo ⎯ lugar onde servir; apenas o militar da 
ativa possui domicílio necessário. 
• preso ⎯ lugar onde cumpre a decisão condenatória. 
• oficiais e tripulantes da marinha mercante ⎯ marinha mercante 
é a que se ocupa do transporte de passageiros e mercadorias. O 
domicílio legal é no lugar onde estiver matriculado o navio. Navio 
nacional é o registrado na capitania do porto do domicílio de seu 
proprietário. 
• o agente diplomático do Brasil que, citado no estrangeiro, alegar 
extraterritorialidade, sem indicar seu domicílio no país, poderá ser 
demandado no Distrito Federal ou no seu último domicílio. 
3 - Domicílio contratual, foro de eleição ou cláusula de eleição de foro ⎯ é o 
domicílio eleito, escolhido pelas partes contratantes para o exercício e 
cumprimento dos direitos e obrigações. Este é o que mais tem caído em 
concursos. É o chamado domicílio voluntário especial (art. 78 CC). Não 
prevalece o foro de eleição quando se tratar de ação que verse sobre imóveis; 
neste caso a competência é o da situação da coisa. Há forte corrente 
jurisprudencial que nega o foro de eleição nos contratos de adesão, 
entendendo ser cláusula abusiva, pois prejudica o consumidor, uma vez que o 
obriga a responder ação judicial em local diverso de seu domicílio (“é nula a 
cláusula que não fixar o domicílio do consumidor”). 
Uma questão muito comum em concursos é: uma pessoa pode ter mais 
de uma residência? E mais de um domicílio? A resposta está no artigo 71: se a 
pessoa tiver diversas residências, onde, alternadamente viva, considerar-se-á 
domicílio seu qualquer delas. Portanto é possível a pluralidade de residências e 
domicílios. 
Já falamos sobre o início e individualização da personalidade. Vamos agora 
nos ater ao fim da personalidade. 
A personalidade da pessoa natural acaba com a morte. Verificada a morte 
de uma pessoa, desaparecem, como regra, os direitos e as obrigações de 
natureza personalíssima, sejam patrimoniais ou não. Os direitos não 
personalíssimos (em especial os de natureza patrimonial) são transmitidos aos 
seus sucessores. Vamos falara sobre as “espécies de morte”: 
Morte Real - A personalidade termina com a morte física (real), deixando de 
ser sujeito de direitos e obrigações (mors onmia solvit – a morte tudo resolve). 
A morte real se dá com o óbito comprovado da pessoa natural, com ou sem o 
corpo. A prova da morte se faz com o atestado de óbito ou pela justificação em 
caso de catástrofe e não encontro do corpo. 
Se um avião explode matando todos os passageiros, há o óbito 
comprovado de todos; entretanto, provavelmente não teremos os corpos de 
todos. Mesmo assim houve a morte real (ex.: Ulisses Guimarães foi declarado 
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88 
 
morto na Comarca de Ubatuba - Lei de Registros Públicos - 6.015/73 - Art. 88 - 
“Poderão os juízes togados admitir justificação para o assento de óbito de 
pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou 
qualquer outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do 
desastre e não for possível encontrar-se o cadáver para exame”). 
 
Morte Presumida - Além da morte real, existe também em nosso Direito a 
morte presumida, que ocorre quando a pessoa for declarada ausente. 
Ausência é o desaparecimento de uma pessoa do seu domicílio, que deixa de 
dar notícias por longo período de tempo e sem deixar procurador para 
administrar seus bens (art. 22 CC). Os efeitos da morte presumida são 
patrimoniais e alguns pessoais. A ausência só pode ser reconhecida por meio de 
um processo judicial composto de três fases: a) curadoria de ausentes (ou de 
administração provisória); b) sucessão provisória; c) sucessão definitiva. 
Ausente uma pessoa, qualquer interessado na sua sucessão (e até 
mesmo o Ministério Público) poderá requerer ao Juiz a declaração de ausência e 
a nomeação de um curador. Durante um ano deve-se expedir editais 
convocando o ausente para retomar a posse de seus haveres. Com a sua volta 
opera-se a cessação da curatela, o mesmo ocorrendo se houver notícia de seu 
óbito comprovado. 
Se o ausente não comparecer no prazo, poderá ser requerida e aberta a 
sucessão provisória e o início do processo de inventário e partilha dos bens. 
Nesta ocasião a ausência passa a ser presumida. Feita a partilha seus 
herdeiros (provisórios e condicionais) irão administrar os bens, prestando 
caução, (ou seja, dando garantia que os bens serão restituídos no caso do 
ausente aparecer). Nesta fase os herdeiros ainda não têm a propriedade; 
exercem apenas a posse dos bens do ausente. 
Após 10 (dez) anos do trânsito em julgado da sentença de abertura da 
sucessão provisória, sem que o ausente apareça (ou cinco anos depois das 
últimas notícias do ausente que conta com mais de 80 anos), será declarada a 
morte presumida. Nesta ocasião converte-se a sucessão provisória em 
definitiva. Os sucessores deixam de ser provisórios, adquirindo o domínio e a 
disposição dos bens recebidos, porém a sua propriedade será resolúvel. Se o 
ausente retornar em até 10 (dez) anos seguintes à abertura da sucessão 
definitiva terá os bens no estado em que se encontrarem e direito ao preço que 
os herdeiros houverem recebido com sua venda. Se regressar após esse prazo 
(portanto após 21 anos de processo), não terá direito a nada. 
O art. 1.571, §1º do CC prevê que a presunção de morte por 
ausência pode por fim ao vínculo conjugal, liberando o outro cônjuge 
para convolar novas núpcias. 
Em casos excepcionais pode haver a morte presumida sem declaração 
de ausência (art. 7º do CC): 
• extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida. 
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• desaparecido em campanha ou feito prisioneiro e não foi encontrado 
até dois anos após a guerra. 
Comoriência - esta é uma “palavrinha” que vem caindo muito em concursos, 
pois ela não faz parte de nosso dia a dia. É o instituto pelo qual se considera que 
duas ou mais pessoas morreram simultaneamente, sempre que não se puder 
averiguar qual delas pré-morreu. Leia agora o art. 8º do Código Civil: “Se dois 
ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se 
algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente 
mortos”. Resumindo, comoriência é presunção de morte de duas oumais 
pessoas (ex.: avião que cai matando todos os passageiros). Também é chamada 
de morte simultânea. 
 Aplica-se este instituto sempre que entre os mortos houver relação de 
sucessão hereditária. Se os comorientes forem herdeiros um dos outros, não 
haverá transferência de direitos entre eles; um não sucederá o outro. Suponha-
se o caso de mortes simultâneas de cônjuges, sem descendentes e sem 
ascendentes, mas com irmãos. Pelo instituto da comoriência, a herança de 
ambos é dividida à razão de 50% para os herdeiros de cada cônjuge, se o 
regime de bens do casamento for o da comunhão universal. 
São efeitos do fim da personalidade: dissolução do vínculo conjugal e 
matrimonial; extinção do poder familiar; extinção da obrigação de alimentos 
com o falecimento do credor (no caso de morte do devedor, os herdeiros deste 
assumirão a obrigação até as forças da herança); extinção dos contratos 
personalíssimos, etc. 
Observe que a morte não aniquila com toda a vontade do de cujus 
(falecido). Sua vontade pode sobreviver por meio de um testamento. Ao 
cadáver, é devido respeito; militares e servidores podem ser promovidos post 
mortem; permanece o direito à imagem, à honra, aos direitos autorais, etc. 
 
Quanto ao item Personalidade entendemos que a matéria ficou exaurida. 
Passemos agora ao estudo da Capacidade que é aptidão da pessoa para 
exercer direitos e assumir obrigações, ou seja, de atuar sozinha perante o 
complexo das relações jurídicas. 
Embora baste nascer com vida para se adquirir a personalidade, nem 
sempre se terá capacidade. A capacidade, que é elemento da personalidade, 
pode ser classificada em: 
• de direito ou de gozo ⎯ própria de todo ser humano, inerente à 
personalidade e que só perde com a morte. É a capacidade para adquirir direitos 
e contrair obrigações. "Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem 
civil" (artigo 1º do Código Civil). 
• de fato ou de exercício da capacidade de direito ⎯ isto é, de 
exercitar por si os atos da vida civil. 
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Toda pessoa tem capacidade de direito, mas pode não ter a 
capacidade de fato, pois pode lhe faltar a plenitude da consciência e da vontade. 
A capacidade de direito não pode ser negada ao indivíduo, mas pode sofrer 
restrições quanto ao seu exercício (ex.: o “louco”, por ser pessoa, tem 
capacidade de direito, podendo receber uma doação; porém não tem capacidade 
de fato, não podendo vender o bem que ganhou). 
Quem tem as duas espécies de capacidade tem a capacidade plena. 
Quem só tem a de direito tem capacidade limitada. Incapacidade é a restrição 
legal ao exercício dos atos da vida civil. Pode ser absoluta ou relativa. 
Legitimação consiste em saber se uma pessoa tem (ou não) capacidade 
para exercer pessoalmente seus direitos. Cerceiam a legitimação, a saúde 
física e mental, a idade e o estado. A falta de legitimação não retira a 
capacidade e se supre pelos institutos: 
• da representação ⎯ para os absolutamente incapazes. 
• da assistência ⎯ para os relativamente incapazes. 
Considerada a legitimação, as pessoas podem ser absolutamente 
incapazes ou relativamente incapazes conforme veremos a seguir: 
1) ABSOLUTAMENTE INCAPAZES 
Quando houver proibição total do exercício do direito do incapaz, 
acarretando, em caso de violação, a nulidade do ato jurídico (art. 166, I do 
CC). Os absolutamente incapazes possuem direitos, porém não podem exercê-
los pessoalmente. Há uma restrição legal ao poder de agir por si. Devem ser 
representados. São absolutamente incapazes (leia agora o art. 3º do CC): 
a) Os menores de 16 (dezesseis) anos ⎯ critério etário ⎯ devem ser 
representados por seus pais ou, na falta deles, por tutores. São chamados 
também de menores impúberes. O legislador entende que, devido a essa 
idade, a pessoa ainda não atingiu o discernimento para distinguir o que pode ou 
não fazer. Dado o seu desenvolvimento intelectual incompleto, pode ser 
facilmente influenciável por outrem. 
 
b) Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o 
necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil - pessoas 
que, por motivo de ordem patológica ou acidental, congênita ou adquirida, não 
estão em condições de reger sua pessoa ou administrar seus bens. Abrange 
pessoas que têm desequilíbrio mental (ex.: demência, paranóia, psicopatas, 
etc.). Para que seja declarada a incapacidade absoluta neste caso, é necessário 
um processo de interdição. 
 
A interdição se inicia com requerimento dirigido ao Juiz feito pelos pais, 
tutor, cônjuge, qualquer parente ou o Ministério Público. O interditando será 
citado e convocado para uma inspeção pessoal pelo Juiz, assistido por 
especialistas. O pedido poderá ser impugnado pelo interditando. Será realizada 
uma perícia médico-legal e posteriormente o Juiz pronuncia o decreto judicial 
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que poderá interditar a pessoa. O decreto judicial de interdição deve ser inscrito 
no Registro de Pessoas Naturais, tendo, a partir daí, efeito erga omnes (ou 
seja, relativamente a todos). A senilidade (velhice), por si só, não é causa de 
restrição da capacidade de fato. Poderá haver interdição se a velhice originar de 
um estado patológico, como a arteriosclerose, hipótese em que a incapacidade 
resulta do estado psíquico e não da velhice. 
 
c) Os que, mesmo por causa transitória, não puderam exprimir sua 
vontade – é uma expressão abrangente, que alarga as hipóteses de 
incapacidade absoluta. Inclui o surdo-mudo que não pode manifestar sua 
vontade. Se puder exprimir sua vontade, pode ser considerado relativamente 
capaz ou até plenamente capaz, dependendo do grau de sua expressão, embora 
impedidos de praticar atos que dependam de audição (ex.: testemunha em 
testamento). Inclui, também, pessoas que perderam a memória, embora de 
forma transitória, pessoas em estado de coma, etc. 
 
É muito importante notar que o Código Civil não estende a incapacidade: 
a) ao cego (que somente terá restrição aos atos que dependem da visão, como 
testemunha ocular, testemunha em testamentos, etc.; além disso não poderá 
fazer testamento por outra forma que não seja a pública); b) ao analfabeto; e 
c) à pessoa com idade avançada. 
 
2) RELATIVAMENTE INCAPAZES 
A incapacidade relativa diz respeito àqueles que podem praticar por si os 
atos da vida civil, desde que assistidos. O efeito da violação desta norma é 
gerar a anulabilidade do ato jurídico, dependendo da iniciativa do lesado. Há 
hipóteses em que, mesmo sendo praticado sem assistência, pode o ato ser 
ratificado ou convalidado pelo representante legal, posteriormente. São 
relativamente incapazes: 
a) Maiores de 16 anos e menores de 18 anos ⎯ sua pouca 
experiência e insuficiente desenvolvimento intelectual não possibilitam a plena 
participação na vida civil. São também chamados de menores púberes. 
Os menores, entre 16 e 18 anos, somente poderão praticar certos atos 
mediante assistência de seus representantes, sob pena de anulação. No 
entanto há atos que o relativamente incapaz pode praticar mesmo sem 
assistência: casar, necessitando apenas de autorização; fazer testamento; 
servir como testemunha em atos jurídicos, inclusive em testamento; requerer 
registro de seu nascimento, etc. 
É muito comum cair nos concursos a seguinte afirmação: o menor, entre 
16 e 18 anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade 
se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de 
obrigar-se, espontaneamente se declarou maior. Isto é previsto no artigo 180 
do CC. 
 
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b) Ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por 
deficiência mental, tenham o discernimento reduzido – alarga-se oscasos 
de incapacidade relativa decorrente de causa permanente ou transitória. Deve 
haver processo de interdição. Neste processo, averiguando-se que a pessoa 
encontra-se em situação tal que o impede de exprimir totalmente a sua 
vontade, pode-se declarar a incapacidade absoluta. 
c) Excepcionais, sem desenvolvimento mental completo – abrange 
os mentalmente fracos, surdos-mudos e os portadores de anomalia psíquica que 
apresentem sinais de desenvolvimento mental incompleto. Também haverá 
regular processo de interdição. 
d) Pródigos ⎯ são os que dilapidam, dissipam os seus bens ou seu 
patrimônio, fazendo gastos excessivos e anormais. Trata-se de um desvio de 
personalidade e não de alienação mental. Devem ser interditados e, em 
seguida, nomeia-se um curador para cuidar de seus bens. Ficam privados, 
exclusivamente, dos atos que possam comprometer seu patrimônio. 
O pródigo interditado não pode (sem assistência): emprestar, transigir, 
dar quitação, alienar, hipotecar, agir em juízo, etc. Todavia, pode: exercer atos 
de mera administração, casar-se (no entanto se houver necessidade de pacto 
antenupcial haverá assistência do curador, pois o ato nupcial pode envolver 
disposição de bens), exercer profissão, etc. 
 
Cuidado com questões referentes aos silvícolas (silva – selva; íncola 
– habitante - os que moram nas selvas e não estão adaptados à nossa 
sociedade), a finalidade da lei é protegê-los, bem como os seus bens. O atual 
Código Civil não os considerou como incapazes, devendo a questão ser regida 
por lei especial (art. 4º, parágrafo único do CC). A Lei 6.001/73 (Estatuto do 
Índio) coloca o silvícola e sua comunidade, enquanto não integrado à comunhão 
nacional, sob o regime tutelar. O órgão que deve assisti-los é a FUNAI. A lei 
estabelece que os negócios praticados entre um índio e uma pessoa estranha à 
comunidade, sem a assistência da FUNAI é nulo (e não anulável). No entanto 
prevê que o negócio pode ser considerado válido se o silvícola revelar 
consciência do ato praticado e o mesmo não for prejudicial. Para a emancipação 
do índio exige-se: idade mínima de 21 anos, conhecimento da língua 
portuguesa, habilitação para o exercício de atividade útil, razoável conhecimento 
dos usos e costumes da comunhão nacional e liberação por decisão judicial. 
 
Tutela e Curatela 
 Embora esse tema se refira ao Direito de Família, gosto de falar sobre ele 
aqui. Nem todos os editais exigem o Direito de Família. Mas tutela e curatela 
são pontos que podem cair tanto na Parte Geral do Direito Civil, como no Direito 
de Família. Assim, é melhor falar sobre o tema duas vezes (se o edital pedir 
também o Direito de Família) do que não falar sobre o tema. 
 A tutela é um instituto de caráter assistencial que tem por finalidade 
substituir o poder familiar. Protege o menor (impúbere ou púbere) não 
emancipado e seus bens, se seus pais falecerem ou forem suspensos ou 
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destituídos do poder familiar, dando-lhes representação ou assistência no plano 
jurídico. Pode ser oriunda de provimento voluntário, de forma testamentária, ou 
em decorrência da lei. 
 A curatela é um encargo (munus) público previsto em lei que é dado para 
pessoas maiores, mas que por si sós não estão em condições de realizar os 
atos da vida civil pessoalmente, geralmente em razão de enfermidade ou 
deficiência mental. O curador deve reger e defender a pessoa e administrar seus 
bens. Decorre de nomeação pelo Juiz em decisão prolatada em processo de 
interdição. Costuma-se dizer que a natureza da decisão é constitutiva com 
eficácia declaratória. Os atos praticados depois da decisão são nulos ou 
anuláveis conforme o interdito seja absoluta ou relativamente incapaz. É 
possível invalidar ato negocial antes da interdição desde que se comprove a 
existência da insanidade por ocasião da efetivação daquele ato, posto que a 
causa da incapacidade é a anomalia psíquica e não a sentença de interdição. 
Representação e Assistência 
O instituto da incapacidade visa proteger os que são portadores de uma 
deficiência jurídica apreciável. Essa forma de proteção é graduada: 
Representação ⎯ para os absolutamente incapazes. Estas pessoas estão 
privadas de agir juridicamente e serão representadas. Ex.: um rapaz, com 15 
anos, não pode vender um apartamento de sua propriedade. Mas este imóvel 
pode ser vendido através de seus pais que irão representar o menor. No ato da 
compra e venda este nem precisa comparecer. 
Assistência ⎯ para os relativamente incapazes. Estas pessoas já podem atuar 
na vida civil. Alguns atos podem praticar sozinhos; outros necessitam de 
autorização. Ex.: um rapaz, com 17 anos, já pode vender seu apartamento. Mas 
não poderá fazê-lo sozinho. Necessita de autorização de seus pais. No ato de 
compra e venda ele comparece e assina os documentos, juntamente com seus 
pais. 
Atenção Pessoal - por meio da representação e assistência, supre-se 
eventual incapacidade, e os negócios jurídicos realizam-se regularmente. 
Curador Especial - se houver conflito de interesses entre o incapaz e seu 
representante legal o Juiz deve nomear um curador especial para proteger o 
incapaz. 
3) CAPACIDADE PLENA 
A incapacidade termina, via de regra, ao desaparecerem as causas que a 
determinaram. Assim, nos casos de loucura, da toxicomania, etc., cessando a 
enfermidade que a determinou, cessa também a incapacidade (segundo Clóvis 
Beviláqua – Comentários ao Código Civil). Em relação à menoridade, a 
incapacidade cessa quando o menor completar 18 anos. Dessa forma, torna-
se apto a exercer pessoalmente todos os atos da vida civil sem necessidade de 
ser assistido por seus pais. Não se deve confundir a capacidade civil, com a 
imputabilidade (responsabilidade) penal, que também se dá aos 18 anos. 
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Falamos sobre a Personalidade e a Capacidade. Falta agora, para terminar 
esta aula, falar sobre a Emancipação. 
Emancipação ou antecipação dos efeitos da maioridade é a aquisição da 
capacidade plena antes dos 18 anos, habilitando o indivíduo para todos os atos 
da vida civil. A emancipação é irrevogável e definitiva. 
 
Adquire-se a emancipação (leia agora o artigo 5º do Código Civil): 
• por concessão dos pais ou de um deles na falta do outro (emancipação 
parental ou voluntária) - neste caso não é necessária a homologação do Juiz. 
Deve ser concedida por instrumento público e registrada no Cartório de 
Registro Civil das Pessoas Naturais. O menor deve ter, no mínimo, 16 anos 
completos. Admite-se a emancipação unilateral (um dos pais) se um deles já 
faleceu, foi destituído do poder familiar, etc. 
• por sentença do Juiz ⎯ em duas hipóteses: a) quando um dos pais não 
concordar com a emancipação, contrariando a vontade do outro; há um conflito 
de vontade entre os pais quanto à emancipação do filho; b) quando o menor 
estiver sob tutela. O tutor não pode emancipar o menor. Evita-se a emancipação 
destinada para livrar o tutor do encargo. A emancipação é feita pelo Juiz, se o 
menor tiver 16 anos, ouvido o tutor, depois de verificada a conveniência para o 
bem do menor. 
• pelo casamento ⎯ a idade nupcial do homem e da mulher é de 16 anos (art. 
1.511 CC, exigindo-se autorização de ambos os pais, enquanto não atingida a 
maioridade). Não é plausível que continue incapaz, depois de casado. O 
divórcio, a viuvez e a anulação do casamento não implicam o retorno à 
incapacidade. No entanto o casamento nulo faz com que se retorne à situação 
de incapaz (se o ato foi nulo, a pessoa nunca foi emancipada, posto que não 
produz efeitos e é retroativo), salvo se contraído de boa-fé (nesse caso a pessoa 
é considerada emancipada). 
• por exercício de emprego público ⎯ deve ser efetivo; excluem-se, 
portanto, os diaristas, contratados e os nomeados para cargos em comissão. Há 
entendimentoque deve ser funcionário da administração direta (excluindo-se, 
assim, os funcionários de autarquias e de entidades paraestatais). Há pouca 
aplicação prática, pois os concursos, como regra, exigem idade mínima de 18 
anos. 
• por colação de grau em curso de ensino superior ⎯ também há pouca 
aplicação prática devido a nosso sistema de ensino. 
• por estabelecimento civil ou comercial ou pela existência de relação de 
emprego com economias próprias ⎯ é necessário ter ao menos 16 anos, 
pois revela suficiente amadurecimento e experiência desenvolvida. No entanto, 
na prática, há dificuldade para se provar "economia própria". 
Obs. - serviço militar ⎯ hipótese prevista em lei especial - faz com que cesse 
para o menor de dezessete anos a incapacidade civil, apenas para efeito do 
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alistamento e sorteio militar. Também nunca vi questão deste tipo cair em 
concurso. 
Veja uma questão interessante que já caiu em diversos concursos, 
misturando conceitos de Direito Penal e Civil. Uma pessoa se casa com 16 anos. 
Um ano depois, acaba matando seu cônjuge. Ela vai responder criminalmente? 
Resposta – a emancipação só diz respeito aos efeitos civis. Portanto, para o 
Direito Penal essa pessoa continua menor (e, portanto, considerada 
inimputável), ficando sujeita não ao Código Penal, mas ao Estatuto da Criança e 
Adolescente. 
Outra questão: uma pessoa menor se casou. Tornou-se, portanto, 
capaz. Logo a seguir se divorcia. O divórcio faz com que a pessoa retorne ao 
estado de incapaz? Resposta – pela nossa Lei, não! Isto é, uma vez alcançada a 
emancipação, esta não pode ser mais revogada, a não ser em casos 
especialíssimos, como vimos acima. 
 
 Vamos agora apresentar um Resumo do que foi falado na aula de hoje, 
cujo tema foi PESSOA NATURAL (ou PESSOA FÍSICA) 
 
1 - Conceito – ser humano considerado como sujeito de obrigações e direitos. 
Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil (art. 1ºCC) 
 
2 - Personalidade ⎯ conjunto de capacidades da pessoa. Direitos de 
Personalidade – arts. 11 a 21 do CC. 
 
a) início ⎯ nascimento com vida – resguardo dos direitos do nascituro 
 
b) individualização - 
- nome – reconhecimento da pessoa na sociedade 
- estado – posição na sociedade 
- domicílio – lugar da atividade social – arts. 70 a 78 CC – domicílio 
necessário – art. 76. 
c) fim 
- morte real com ou sem o corpo 
- morte presumida - efeitos patrimoniais e alguns pessoais 
- ausência – sucessão provisória e definitiva - arts. 22 a 39 do CC 
 
d) comoriência – presunção de morte simultânea de duas ou mais pessoas – art. 
8º CC 
 
3 – Capacidade 
a) de direito ⎯ própria de todo ser humano 
b) de fato ⎯ exercício dos direitos. Subdivide-se: 
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Absolutamente Incapazes 
a) menores de 16 anos 
b) enfermidade ou deficiência mental sem discernimento 
c) mesmo por causa transitória, não puderem exprimir a vontade 
 
Relativamente Incapazes 
a) maiores de 16 e menores de 18 anos 
b) ébrios habituais, viciados em tóxico e os que por deficiência mental 
tenham discernimento reduzido 
c) excepcionais sem desenvolvimento completo 
d) pródigos 
 
Os absolutamente incapazes são representados e os relativamente são 
assistidos por seus representantes legais. 
 
Capacidade Plena ⎯ maiores de 18 anos e emancipados 
4 – Emancipação – artigo 5º e parágrafo único CC (concessão dos pais, 
sentença do Juiz, casamento, emprego público efetivo, colação de grau e 
estabelecimento civil ou comercial com economias próprias). 
 
Testes 
 
1 - Assinale a alternativa incorreta: 
 
a) A incapacidade relativa, ao contrário da incapacidade absoluta, não afeta a 
aptidão para o gozo de direitos, uma vez que o exercício será sempre possível 
com a representação. 
b) A emancipação do menor pode ser obtida com a relação de emprego que 
proporcione economia própria, desde que tenha 16 anos completos. 
c) Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação da ausência se for 
extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida. 
d) A mulher pode casar-se com 16 anos, desde que com autorização do pai ou 
responsável. 
 
2 – De acordo com o Código Civil, os direitos inerentes à dignidade da 
pessoa humana são: 
a) absolutos, intransmissíveis, irrenunciáveis, ilimitados e imprescritíveis; 
b) relativos, transmissíveis, renunciáveis, limitados; 
c) absolutos, transmissíveis, imprescritíveis, ilimitados, renunciáveis, 
impenhoráveis; 
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d) inatos, absolutos, intransmissíveis, renunciáveis em determinadas situações, 
limitados e imprescritíveis. 
 
3 - Sobre os direitos de personalidade, pode-se afirmar que: 
 
a) A pessoa jurídica não é titular de tais direitos, por não ser detentora de 
honra. 
b) São renunciáveis, podendo seu exercício sofrer limitação voluntária. 
c) É permitida a disposição livre e onerosa do próprio corpo, para quaisquer fins. 
d) Embora sejam intransmissíveis, o direito de exigir sua reparação transmite-se 
aos sucessores. 
 
4 - Quanto ao evento morte, assinale a alternativa incorreta: 
a) A morte presumida ocorre quando a pessoa for declarada ausente. 
b) A comoriência é a presunção de morte simultânea entre duas ou mais 
pessoas que faleceram na mesma ocasião, quando não der para verificar qual 
deles foi o precedente. 
c) Natimorto é criança que ao nascer com vida, adquiriu a personalidade, e 
expirou minutos depois. 
d) A morte civil, que é uma das formas de término da personalidade jurídica de 
uma pessoa, não aceita pelo Direito Civil Brasileiro. 
e) Excepcionalmente, se estiver ausente o corpo do de cujus, mas houver 
certeza de seu falecimento, a certidão de óbito poderá ser lavrada e a morte 
real declarada. 
 
5 - São consideradas absolutamente incapazes pela atual legislação 
civil: 
I - os menores de 16 anos; 
II - os maiores de 80 anos; 
III – os silvícolas; 
IV – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiveram o necessário 
discernimento para a prática desses atos; 
V – os que, por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. 
 
a) os itens I, II e IV são considerados corretos. 
b) somente o item I está correto. 
c) os itens I, IV e V estão corretos. 
d) somente o item V está incorreto. 
e) todas as alternativas estão corretas. 
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6 - É considerada como uma das formas de emancipação: 
a) o contrato de trabalho. 
b) o ingresso em curso superior. 
c) o exercício do direito ao voto. 
d) o casamento. 
e) a concessão do tutor mediante instrumento público. 
 
GABARITO COMENTADO 
 
 1 – Alternativa incorreta – letra “a” – Observe que a questão pede 
que seja assinalada a alternativa incorreta. A letra “a”, realmente está errada 
pois a incapacidade relativa é suprida pela assistência e não pela 
representação. A alternativa “b” está correta pois o artigo 5º, inciso V do CC 
permite a emancipação pela existência de emprego, desde que tenha 16 anos 
completos. A letra “c” também está correta pois o artigo 7º permite a 
declaração de morte presumida sem decretação de ausência na hipótese 
narrada na questão. Finalmente a letra “d” também está correta pois tanto a 
mulher como o homem podem se casar com 16 anos, necessitando, para tanto, 
de autorização dos pais. Acrescente-se que celebrado o casamento com 16 anos 
ocorre a emancipação, cessando a incapacidade e ficando o menor habilitado 
para a prática de todos os atos na vida civil. 
 
2 – Alternativa correta – letra “a” – O art. 11 do CC prescreve: “Com 
exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são 
intransmissíveis eirrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação 
voluntária”. Nas demais alternativas tem sempre pelo menos uma palavra 
errada: a letra “b” todas as palavras estão erradas; na “c” está errada a palavra 
renunciáveis; e na “d” renunciáveis e limitados. 
 
3 – Alternativa correta - letra “d” - Observe que o artigo 11 (que 
analisamos na questão anterior) prescreve que os direitos de personalidade são 
intransmissíveis. Mas o próprio artigo faz a ressalva: “com exceção dos casos 
previstos em lei”. Veja como o examinador gosta das “exceções”. Por isso esse 
artigo deve ser combinado com o artigo 943 do CC que prescreve que “o direito 
de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança”. A 
letra “a” está totalmente errada, pois o artigo 52 do CC assegura às pessoas 
jurídicas a mesma proteção cabível para a proteção da personalidade; a letra 
“b” está errada pois os direitos da personalidade, como vimos, são 
irrenunciáveis; a “c” também está errada. Os artigos 13 e 14 regulam o tema e 
veja o que dispõe o art. 14: “É válida, com objetivo científico, ou altruístico, 
a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da 
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morte”. Assim a disposição do próprio corpo deve ser gratuita e para fins 
específicos (e não qualquer finalidade, como ficou na questão). 
 
4 – Alternativa incorreta – letra “a” – A morte presumida pode ser 
declarada sem a declaração de ausência, como vimos na primeira questão – 
veja o artigo 7º do CC. Reveja também a matéria dada em aula referente a 
morte presumida. Possui diversos detalhes que merecem uma releitura. Note 
como esse tema vem caindo em concursos. A alternativa letra “b” está perfeita 
– veja o artigo 8º que define comoriência. Da mesma fora a letra “c” – 
natimorto é aaqquueellee qquuee nnaasscceeuu mmoorrttoo;; vveeiioo àà lluuzz,, ccoomm ssiinnaaiiss ddee vviiddaa,, mmaass,, llooggoo 
aa sseegguuiirr mmoorrrreeuu.. AA lleettrraa ““dd”” ttaammbbéémm eessttáá ccoorrrreettaa.. AAttuuaallmmeennttee,, nnoo BBrraassiill,, nnããoo 
eexxiissttee mmaaiiss aa mmoorrttee cciivviill,, qquuee eerraa aa ppeerrddaa ddaa ppeerrssoonnaalliiddaaddee ee ddaa ccaappaacciiddaaddee 
cciivviill eemm vviiddaa,, ggeerraallmmeennttee ppaarraa ppeessssooaass ccoonnddeennaaddaass ccrriimmiinnaallmmeennttee ((ttaammbbéémm eemm 
rreellaaççããoo aaooss eessccrraavvooss)).. AA ppeessssooaa eessttaavvaa vviivvaa ffiissiiccaammeennttee,, mmaass mmoorrttaa 
jjuurriiddiiccaammeennttee...... eerraa uummaa lloouuccuurraa.. MMaass hhaavviiaa pprreevviissããoo lleeggaall ddiissssoo nnaass OOrrddeennaaççõõeess 
ddoo RReeiinnoo.. NNoo eennttaannttoo,, eemm nnoossssoo ddiirreeiittoo eemmbboorraa nnããoo hhaajjaa mmaaiiss aa pprreevviissããoo lleeggaall 
ddaa mmoorrttee cciivviill,, eessttaa ddeeiixxoouu rreessqquuíícciiooss,, ccoommoo nnooss ccaassooss ddee eexxcclluussããoo ddee hheerraannççaa 
ppoorr iinnddiiggnniiddaaddee ddoo ffiillhhoo,, ““ccoommoo ssee eellee mmoorrttoo ffoossssee”” vveejjaa oo aarrtt.. 11..881166 ddoo CCCC.. 
 
5 – Alternativa correta - letra “c” – O artigo 3º arrola as pessoas que são 
absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os 
menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, 
não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, 
mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Portanto o 
que está previsto no I e IV está correto. O maior de 80 anos, como vimos, por si 
só não é incapaz. Só será considerado incapaz se a velhice originar um estado 
patológico, como a arteriosclerose, hipótese em que a incapacidade resulta do 
estado psíquico e não da velhice propriamente dita. A palavra “silvícola” não 
consta mais do Código Civil. Este fala no índio e determina que sua capacidade 
será regulada pela legislação especial (Estatuto do Índio). 
 
6 – alternativa correta - letra “d” – O artigo 5º C arrola as hipóteses de 
emancipação, sendo certo que o casamento é uma delas. Um contrato de 
trabalho (letra “a”) por si só, não emancipa ninguém. Veja a “pegadinha” da 
letra “b”: é a colação de grau em ensino superior que emancipa e não o ingresso 
em curso superior. Por isso as questões não podem ser lidas de forma afoita. 
Tenha calma: leia todas as alternativas com atenção, vá eliminando as mais 
absurdas e somente ao final da leitura atenda de todas as alternativas assinale a 
que entende como correta. Quanto ao exercício ao direito de voto não há 
previsão legal; logo está errada. Finalmente deve ser esclarecido que o tutor 
não pode emancipar seu representado, pois desta forma ele estaria se livrando 
de uma obrigação legal. Neste caso a emancipação é feita pelo Juiz, se o menor 
tiver 16 anos, ouvido o tutor, depois de verificada a conveniência para o bem 
do menor. Assim quem emancipa é o Juiz e o tutor deve ser apenas consultado 
sobre a possibilidade. 
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AULA 01 
 
 
BENS = OBJETO DO DIREITO 
 
 
 
 
Meus amigos e alunos. Enquanto no tema “pessoas” estudamos 
os sujeitos de direito, quem pode ser sujeito de direitos e deveres na 
ordem civil, neste tema vamos analisar o quê pode ser objeto do 
Direito. A primeira coisa a fazer é conceituar BEM. Alguns autores 
conceituam coisa como tudo o que pode satisfazer uma necessidade do 
homem. Já bem é designado para a conceituação de coisa material útil 
ao homem enquanto economicamente valorável e suscetível de 
apropriação. Desta forma coisa seria gênero (tudo que existe na 
natureza) e bem espécie (que proporciona ao homem uma utilidade 
sendo suscetível de apropriação). Os bens são coisas; porém nem todas 
as coisas são bens. Já outros autores fornecem conceitos 
completamente inversos de bem e coisa. Há quem diga que mesmo 
atualmente, as expressões “coisa” e “bem” sejam sinônimas. 
Certo é que o Código Civil anterior não fazia a distinção entre bem 
e coisa, usando ora um, ora outro termo, como sinônimos. Já Código 
atual utiliza apenas o termo BEM. Portanto, o que nos interessa é o 
termo Bem. Podemos fornecer o seguinte conceito inicial, sob o ponto 
de vista do Direito: bens são valores materiais ou imateriais que podem 
ser objeto de uma relação de direito. De qualquer maneira, toda relação 
jurídica entre dois sujeitos tem por objeto um bem sobre o qual recaem 
direitos e obrigações. 
Nesta aula vamos estudar uma vasta classificação de Bens e sua 
implicação na Parte Especial do Código Civil. Desta forma, esta aula é 
importante por si só e também porque tem reflexos na Parte Especial 
do Código, especialmente no que toca os Direitos das Coisas 
(propriedade, posse, usucapião, penhor, hipoteca....). Assim, nesta aula 
vou adiantar muitos temas que serão abordados e aprofundados em 
aulas posteriores. 
 
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A primeira classificação que é realizada sobre os bens não está 
prevista expressamente no Código Civil. É a doutrina quem faz esta 
importante classificação. Assim, inicialmente, podemos classificar ao 
Bens em: 
• Corpóreos, Materiais ou Tangíveis ⎯ possuem existência 
física; são os percebidos pelos sentidos (ex.: imóveis, jóias, carro, 
dinheiro, etc.). 
• Incorpóreos, Imateriais ou Intangíveis ⎯ com existência 
abstrata e que não podem ser percebidos pelos sentidos. (ex.: 
propriedade literária, o direito do autor, a propriedade industrial - 
marcas e patentes -, fundo de comércio, etc.). 
Naprática, os bens corpóreos são objetos de contrato de compra e 
venda, enquanto os bens incorpóreos são objetos de contratos de 
cessão (transferência a outrem). Mas ambos integram o patrimônio de 
uma pessoa. 
Os bens incorpóreos diferem também dos corpóreos, porque não 
podem ser objeto de usucapião. 
CLASSIFICAÇÃO LEGAL DOS BENS 
De acordo com o Código Civil, os bens podem ser divididos em 
diferentes classes, visando facilitar o estudo, aproximando os que 
apresentam um elemento comum. Costumo fazer a seguinte 
classificação inicial: 
• Bens considerados em si mesmos 
• Bens reciprocamente considerados 
• Bens considerados em relação ao titular do domínio 
• Coisas fora do comércio 
Cada um desses itens possui uma vasta subclassificação. 
Vejamos cada uma delas de forma minuciosa. 
I - BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS 
 Quanto a essa primeira classificação os bens se dividem em: 
móveis ou imóveis; infungíveis ou fungíveis; inconsumíveis ou 
consumíveis; indivisíveis ou divisíveis e singulares ou coletivos. Vamos 
à primeira delas: 
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1 - BENS QUANTO À MOBILIDADE 
Segundo essa classificação os bens se dividem em móveis e 
imóveis. 
A) BENS IMÓVEIS (arts. 79/81 CC) 
São aqueles que não podem ser removidos, transportados, de um 
lugar para o outro, sem a sua destruição. Podem ser divididos em: 
• por natureza ⎯ o solo e tudo quando se lhe incorporar 
naturalmente (árvores, frutos pendentes), mais adjacências (espaço 
aéreo, subsolo). Lembramos que a propriedade do solo abrange o 
espaço aéreo e o subsolo. Pergunto: o dono do solo será, também, o 
dono do subsolo? Resposta para o Direito Civil: SIM. O dono do 
solo é também o dono do subsolo, especialmente para construção 
de passagens, garagens subterrâneas, porões, adegas, etc. No 
entanto esta regra pode sofrer algumas limitações. Pelo artigo 176 
da C. F. as jazidas, os recursos minerais e hídricos constituirão 
propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou 
aproveitamento, ficando sob o domínio da União. Mas, 
convenhamos, é difícil qualquer um de nós comprar um terreno e 
nele “achar” uma mina de ouro ou de diamantes ou um lençol 
petrolífero. No entanto se isso ocorrer, você não será dono deste 
recurso mineral. A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o 
aproveitamento dos potenciais somente poderão ser efetuados 
mediante autorização ou concessão da União. Todavia a própria 
Constituição garante ao dono do solo a participação nos resultados 
da lavra. 
• por acessão física, industrial ou artificial (acessão quer dizer 
aumento, acréscimo de uma coisa a outra) ⎯ tudo quanto o 
homem incorporar permanentemente ao solo, não podendo 
removê-lo sem destruição, modificação ou dano (ex.: sementes 
plantadas, edifícios, construções – pontes, viadutos, etc.). É bom 
que nós acrescentemos: não perdem o caráter de imóvel (ou seja, 
continuam sendo imóveis): 
a) edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua 
unidade, forem removidas para outro local. 
b) materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele 
se reempregarem. 
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• por acessão intelectual ⎯ o que foi empregado 
intencionalmente para a exploração industrial, aformoseamento e 
comodidade. São bens móveis que foram imobilizados pelo 
proprietário. É uma ficção jurídica (ex.: máquinas, tratores, 
veículos, animais, etc.). O Código Civil atual não acolhe mais essa 
divisão. Seguindo a doutrina moderna sobre o tema, preferindo 
qualificar como pertença, onde a coisa deve ser colocada a serviço 
do imóvel e não da pessoa, constituindo, portanto, a categoria de 
bem acessório (analisaremos melhor o tema a seguir). A pertença 
pode ocorrer na hipoteca, que abrange os bens móveis dentro de 
um imóvel (ex.: hipotecar uma fazenda juntamente com os bois). 
Vejam que a imobilização não é definitiva neste caso; o bem poderá 
voltar a ser móvel, por mera declaração de vontade. 
 
• por disposição legal ⎯ tais bens são considerados como 
imóveis, para que possam receber melhor proteção jurídica. São 
eles: 
⎯ os direitos reais sobre os imóveis (ex.: direito de propriedade, de 
usufruto, uso, a habitação, a servidão, a enfiteuse). 
⎯ o penhor agrícola e as ações que o asseguram. 
⎯ o direito a sucessão aberta, ainda que a herança seja formada 
apenas por bens móveis. É considerada aberta a sucessão no 
instante da morte do de cujus; a partir de então, seus herdeiros 
poderão ceder seus direitos hereditários, considerados como 
imóveis. 
⎯ as jazidas e as quedas d’água com aproveitamento para energia 
hidráulica são considerados bens distintos do solo onde se 
encontram (artigos 20, inciso IX e 176 da Constituição Federal), 
conforme vimos no item anterior. 
 
B) BENS MÓVEIS (arts. 82/84 CC) 
São aqueles que podem ser removidos, transportados, de um 
lugar para outro, por força própria ou estranha, sem alteração da 
substância ou da destinação econômico-social. Podemos classificá-los 
em: 
• por natureza ⎯ coisas corpóreas são aquelas que podem ser 
transportadas sem a sua destruição, por força própria ou alheia. 
Força alheia – móveis propriamente ditos - carro, cadeira, livro, 
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jóias, etc. Força própria – semoventes – bois, cavalos, carneiros, 
animais em geral. 
Observações: 
- Os materiais de construção enquanto não forem nela 
empregados são bens móveis. 
- As árvores enquanto ligadas ao solo são bens imóveis por 
natureza exceto se se destinam ao corte (convertem-se, 
neste caso, em móveis por antecipação). 
• por antecipação ⎯ a vontade humana mobiliza bens imóveis 
em função da finalidade econômica (ex.: árvores, frutos, pedras e 
metais aderentes ao imóvel, são imóveis; separados para fins 
humanos, tornam-se móveis). 
• por determinação legal ⎯ direitos reais sobre bens móveis e as 
ações correspondentes (ex.: propriedade, usufruto, etc.). 
- direitos e obrigações e as ações respectivas. 
- energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico 
(prevista também no artigo 155, § 3º do Código Penal). Da 
mesma forma o gás canalizado. 
- direitos autorais (é um dos exemplos mais importantes, por 
ser considerado um bem incorpóreo também). 
- propriedade industrial – direitos oriundos do poder de criação 
e invenção (patentes de invenção, marcas de indústria, etc.). 
- quotas e ações de sociedades. 
 
Observação Importante: Os navios e aeronaves são bens 
móveis ou imóveis? A doutrina diz que eles são bens móveis sui 
generis. Sempre que doutrina não consegue definir algo com exatidão, 
utiliza essa expressão em latim: sui generis. No caso dos navios (e 
também das aeronaves) realmente não há uma resposta objetiva para 
eles. Apesar de serem fisicamente bens móveis (pois podem ser 
transportados de um local para outro; encaixam, portanto, no 
conceito de bens móveis), são tratados pela lei como imóveis, 
necessitando de registro especial e admitindo hipoteca. O navio tem 
nome e o avião marca. Ambos têm nacionalidade. Podem ter projeção 
territorial no mar e no ar (território ficto). Alguns autores os 
consideram como quase pessoa jurídica, no sentido de se constituírem 
num centro de relações e interesses, como se fossem sujeitos de 
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direitos, embora não tenham personalidade jurídica. E vocês podem 
estar pensando... muito bem... e se cair no concurso o que eu 
coloco?? Em tese a questão não pode cair assim, de forma direta: “o 
navio é um bem móvel ou imóvel”. Aliás, já vi essa questão cair 
algumas vezes, mas nunca desta forma direta. Sempre tem algo que 
deve ser analisado com maior profundidade, como por exemplo, ofato 
de recair hipoteca (que é um instituto típico de imóveis). O conselho 
que dou é analisar todas as alternativas com muito cuidado. Dentre 
as alternativas haverá uma que melhor se adapte ao que eu estou 
dizendo. Em resumo os navios e as aeronaves, fisicamente são bens 
móveis, mas eles têm uma disciplina jurídica como se imóveis fossem. 
Conseqüência prática da distinção: Imóveis ≠ Móveis. – A 
classificação dos bens em imóveis ou móveis tem uma razão de ser. E 
essa classificação é de suma relevância, principalmente em relação à 
Parte Especial do Código (veremos mais adiante no Direito das Coisas). 
Assim, os bens imóveis se distinguem dos móveis pela: forma de 
aquisição, necessidade de outorga, prazos de usucapião e os direitos 
reais. Todos estes temas são muito importantes. Portanto, vejamos 
item por item: 
a) Formas de aquisição da propriedade – a principal forma de 
adquirir a propriedade dos bens móveis é com a tradição (essa palavra 
vem do latim tradere, que significa entregar; traditio = entrega do bem), 
ou seja, somente com a entrega do bem, adquire-se a propriedade de 
bens móveis. Outras modalidades: usucapião, achado de tesouro, 
ocupação (assenhoramento do bem: caça, pesca, invenção), etc. Já os 
bens imóveis são adquiridos com o Registro ou transcrição do título da 
escritura pública no Registro de Imóveis. Lembrem-se que a alienação 
de imóveis com valor superior a 30 salários mínimos exigem escritura 
pública (vejam o que diz o art. 108 CC). 
b) Outorga 
Os bens imóveis não podem ser alienados, hipotecados, etc. por 
pessoa casada sem a outorga (uma espécie de autorização ou 
anuência ou mesmo ciência) do outro cônjuge, exceto na separação 
absoluta de bens. Os bens móveis não necessitam de outorga. Assim, 
mulher pode vender seu carro, jóias, ações de uma sociedade anônima 
sem autorização do marido. 
Vou dar um exemplo que pode causar surpresa em alguns 
alunos. E este exemplo costuma cair muito. Digamos que uma mulher 
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tenha comprado e registrado um imóvel em seu próprio nome. Lógico, 
este imóvel é só dela!! Posteriormente ela se casa pelo regime da 
comunhão parcial de bens (falarei dos regimes de bens do casamento 
em aula posterior – Direito de Família). O imóvel continua sendo só 
dela!! Passado um ano do casamento ela deseja vender esse imóvel. 
Pergunto: Ela precisa da autorização do marido (apesar do imóvel ser 
somente dela)? Resposta= SIM!! Ela precisa da chamada..... outorga 
marital. A lei obriga essa outorga (que somente é dispensável no regime 
da separação total, como veremos). Continuo a perguntar: E se o 
marido não quiser fornecer a outorga? Resposta= Simples. O imóvel é 
somente dela e continua sendo dela. Mas ela precisa da outorga e o 
marido não fornece. Portanto a mulher pode pedir ao Juiz, em uma 
petição bem simples, relatando o ocorrido. E o Juiz então dará uma 
ordem para a escritura ser lavrada (e também o registro posterior), sem 
a sua anuência. É o que chamamos de “suprimento da outorga”. Se a 
situação fosse a inversa (o imóvel é do marido e ele precisa vender), o 
fato seria o mesmo, ou seja, o marido necessitaria da outorga. Porém 
em cada caso a outorga recebe um nome diferente. Assim, a outorga 
pode ser: 
• marital ⎯ marido concede à mulher, ou seja, o bem é da mulher 
e o marido assina também os documentos de venda do imóvel. 
• uxória ⎯ mulher concede ao homem; a mulher assina a 
documentação (uxor – em latim quer dizer mulher casada). 
c) Usucapião 
Os prazos para se adquirir a propriedade imóvel por usucapião 
são, em regra, maiores. Vamos antecipar um pouco esses prazos. 
Voltaremos ao assunto quando falarmos sobre o Direito das Coisas – 
Usucapião, quando daremos muito mais detalhes sobre o assunto. 
Vamos ficar aqui só com um “aperitivo”, tendo em vista o enfoque 
específico desta aula → a importância e as diferenças na classificação 
entre bens móveis e imóveis. Caso fique qualquer dúvida sobre o tema 
aguarde a aula específica. Repetindo, aqui estou mostrando apenas um 
“aperitivo sobre o tema”: 
 
1 – Imóveis 
a) Usucapião Extraordinário 
• 15 anos – sem título, sem boa-fé. 
• 10 anos – sem título, desde more no local ou tenha realizado obras 
produtivas. 
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b) Usucapião Ordinário 
• 10 anos – com título, boa-fé. 
• 05 anos – com título, boa-fé, adquirido onerosamente, desde que 
more no local ou tenha realizado investimento de interesse social 
e econômico. 
 2 – Móveis 
• 5 anos – sem justo título e sem boa-fé – usucapião extraordinário. 
• 3 anos – com justo título e boa-fé – usucapião ordinário. 
 
A Constituição Federal, o Código Civil e o Estatuto da Terra 
estabelecem outras formas de usucapião de bens imóveis. 
 
♦ ARTIGO 183 Constituição Federal - área urbana 
- área não superior a 250 m2 
- posse - 5 anos ininterruptos e sem oposição 
- para sua moradia ou de sua família 
- não ser proprietário de outro imóvel - rural ou urbano 
- apenas uma vez 
- imóveis públicos – proibição 
♦ ARTIGO 191 Constituição Federal - área rural 
- área não superior a 50 hectares 
- posse - 5 anos ininterruptos e sem oposição 
- para sua moradia 
- não ser proprietário de outro imóvel - rural ou urbano 
- tornar produtiva por força de seu trabalho ou de sua 
família 
- apenas uma vez 
- imóveis públicos – proibição 
d) Direitos Reais 
• para imóveis ⎯ regra – hipoteca. 
• para móveis ⎯ regra – penhor. 
 
Qualquer dúvida sobre o tema aguarde a aula específica. 
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Vejam como o tema “imóveis e móveis é amplo”. Praticamente 
tudo o que falamos até aqui se refere apenas a esse primeiro item 
(imóveis ou móveis) da primeira classificação (bens considerados em si 
mesmos). Vamos ao segundo item. 
2 - BENS QUANTO À FUNGIBILIDADE (art. 85 CC) 
Essa classificação resulta da individualização do bem, ou seja, de 
sua quantidade e da sua qualidade. A pergunta é: um bem pode ser 
substituído por outro? Se eu tomar um bem emprestado posso devolver 
outro? Resposta – Depende. Por isso classificamos os bens em 
infungíveis ou fungíveis. Vejamos: 
A) INFUNGÍVEIS 
São os que não podem ser substituídos por outros do mesmo 
gênero, qualidade e quantidade. São bens personalizados, 
individualizados (ex.: imóveis; carro; um quadro famoso, etc.). 
B) FUNGÍVEIS 
São os que podem ser substituídos por outros do mesmo gênero, 
qualidade e quantidade (ex.: uma saca de arroz, uma resma de papel, 
dinheiro, etc.). 
Para facilitar um pouco nosso estudo, costumo sempre deixar bem 
claro: 
- Os bens imóveis só podem ser infungíveis. 
- Os bens móveis podem ser fungíveis ou infungíveis. 
 
Todos os bens imóveis são personalizados (pois há uma 
escritura, um número, possuem um registro, etc.), daí serem todos 
infungíveis, pois estão totalmente individualizados. Porém é possível 
que sejam tratados como fungíveis (ex.: devedor se obriga a fazer o 
pagamento por meio de três lotes de terreno, sem que haja a precisa 
individualização deles; o imóvel nesse caso não integra o negócio pela 
sua essência, mas pelo seu valor econômico). 
Já os bens móveis são, em regra, bens fungíveis, mas podem 
também ser infungíveis (ex.: o cavalo de corrida Furacão ou o cavalo de 
passeio Sossego; um quadro pintado por Renoir; os veículos automotores 
- pois possuem número de chassis, de motor, etc. que os personalizam e 
os diferenciam dos demais, etc.). 
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A fungibilidade pode ser da natureza ou da vontade das partes. 
Uma moeda ou um selo, como regra são bens fungíveis. Podem, no 
entanto, se tornar infungíveis para um colecionador. Uma cesta de 
frutasé fungível, mas pode se tornar infungível se ela for emprestada 
apenas para ornamento de uma festa (chamamos neste caso: 
comodatum ad pompam vel ostentationem) para ser devolvida 
posteriormente. 
A obrigação de fazer pode ser infungível (Ex.: contrato “Z”, pintor 
famoso, para pintar um quadro; a atuação de “Z” é personalíssima – no 
caso de recusa, transforma-se em perdas e danos) ou fungível (pode ser 
realizada por qualquer pessoa; ex.: engraxar sapato, pintar uma 
parede). 
Conseqüências práticas 
• A locação, o comodato e a locação são contratos de empréstimo 
(conforme veremos na aula sobre contratos). No entanto: O mútuo é 
um contrato que se refere ao empréstimo apenas de coisas fungíveis, 
ou seja o devedor pode devolver outra coisa, desde que seja igual. Já o 
comodato é um contrato de empréstimo gratuito de coisas infungíveis. 
E a locação é um empréstimo oneroso de bens infungíveis. Nestes dois 
últimos contratos a pessoa deve devolver o mesmo bem. Mas, conforme 
já disse, veremos isso de forma mais minuciosa na aula sobre 
contratos. 
• O credor de coisa infungível não pode ser obrigado a receber 
outra coisa, ainda que mais valiosa (art. 313 do CC); ou seja ele tem o 
direito de receber a mesma coisa que emprestou. 
• A compensação (“A” deve para “B”; mas “B” também deve para 
“A”) efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis 
entre si. Dinheiro se compensa com dinheiro; café se compensa com 
café; feijão se compensa com feijão, etc. Esses temas serão abordados 
na aula sobre Obrigações. 
3 - QUANTO À CONSUNTIBILIDADE (art. 86 do CC) 
Tal classificação decorre da destinação que será dada aos bens, 
sendo que a vontade do homem pode influir. Dividem-se em 
consumíveis ou inconsumíveis. Vejamos: 
A) CONSUMÍVEIS 
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São bens móveis, cujo uso importa na destruição imediata da 
própria coisa. Admitem apenas um uso apenas (ex.: gêneros 
alimentícios, um maço de cigarros, giz, dinheiro, gasolina, etc.). 
Observação - Há bens que são consumíveis, conforme a 
destinação. Ex: os livros (que a princípio são inconsumíveis pois 
permitem usos reiterados) mas expostos numa livraria são consumíveis, 
pois a destinação é a venda. Quantas vezes um vendedor pode vender 
um mesmo bem? Uma vez. Por isso sob a ótica do vendedor esses bens 
são consumíveis (um uso apenas). E é por isso que nós somos 
chamados de ‘consumidores’. 
B) INCONSUMÍVEIS 
São os que proporcionam reiterados usos, permitindo que se 
retire toda a sua utilidade, sem atingir sua integridade (ex.: roupas de 
uma forma geral, automóvel, casa, etc.), ainda que haja possibilidade de 
sua destruição em decorrência do tempo. 
Quando alguém empresta algo (ex.: frutas) para uma exibição, 
devendo restituir o objeto, o bem permanece inconsumível até a sua 
devolução (a doutrina chama isso de ad pompam vel ostentationem). 
A consuntibilidade não decorre da natureza do bem, mas da 
destinação econômico-jurídica. O usufruto somente pode recair sobre 
bens inconsumíveis. Se for instituído sobre bens fungíveis, é chamado 
pela doutrina de quase-usufruto ou usufruto impróprio. Também 
veremos esses temas de forma mais minuciosas, na aula específica 
sobre usufruto. 
Aqui há uma “pegadinha” interessante: o sapato... são 
consumíveis ou inconsumíveis? Pelos conceitos fornecidos é um bem 
inconsumível, pois permitem usos reiterados. Mas alguém pode 
perguntar: mas o sapato não gasta? Como disse acima, não é o fato de 
se gastar ou não o bem. No fundo, no fundo... tudo gasta. Mas não é 
isso que é importante. O importante é se posso ou não usar diversas 
vezes. E o sapato permite usos reiterados, portanto é inconsumível. 
Por último, não confundir fungibilidade com consuntibilidade. 
Estas qualidades podem estar combinadas em um mesmo bem. Um 
bem pode ser consumível e ao mesmo tempo infungível (ex.: partitura 
de um compositor famoso colocada à venda). O bem pode ser também 
inconsumível e fungível (ex.: uma picareta). 
4 - QUANTO À DIVISIBILIDADE (arts. 87/88 do CC) 
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Refere-se a possibilidade ou não de se fracionar um bem em 
partes homogêneas e distintas, sem alteração das qualidades 
essenciais do todo: divisíveis ou indivisíveis. 
A) DIVISÍVEIS 
São os que podem se partir em porções reais e distintas, 
formando cada qual um todo perfeito (ex.: papel, quantidade de arroz, 
milho, etc.). Se repartirmos uma saca de arroz, cada metade conservará 
as qualidades do produto. Já vi cair em um concurso o exemplo do 
lápis. É divisível ou indivisível? Em teoria é um bem divisível, pois 
podemos fracioná-lo e em cada um dos pedaços podemos fazer “uma 
ponta” e, portanto, teremos dois lápis (lógico que menores). 
B) INDIVISÍVEIS 
São os que não podem ser partidos em porções, pois deixariam de 
formar um todo perfeito (ex.: uma jóia, um anel, um par de óculos ou 
sapatos, etc.). No entanto a indivisibilidade pode ser subclassificada: 
• por natureza ⎯ um cavalo vivo, um quadro etc. 
• por determinação legal ⎯ servidões prediais, módulo rural, 
lotes urbanos, hipoteca, etc. (tais temas serão abordados 
oportunamente). 
• por vontade das partes ⎯ o bem era divisível e se tornou 
indivisível por contrato. Ex: entregar 100 sacas de café. Em tese é 
divisível (posso entregar 50 hoje) e 50 na semana que vem. Mas eu 
posso pactuar a indivisibilidade: as 100 sacas devem ser entregues 
todas hoje. 
 
Observações 
 
As obrigações podem ser divisíveis ou indivisíveis segundo a 
natureza das respectivas prestações. Estas podem ser pactuadas pelas 
partes. 
O condômino de coisa divisível poderá alienar sua parcela a quem 
quiser; se o bem for indivisível não poderá vendê-lo a estranho, se o 
outro ‘comunheiro’ (ou condômino) quiser o bem para si. Isto porque 
neste caso ele tem o chamado ‘direito de preferência’. 
Se o bem for divisível, na extinção de condomínio, cada 
comunheiro receberá o seu quinhão; se indivisível, ante a recusa dos 
condôminos de adjudicá-lo a um só deles (indenizando os demais), o 
bem será vendido e o preço repartido entre eles. 
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5 – QUANTO À INDIVIDUALIDADE (arts. 89/91) 
Nesta classificação os bens podem ser singulares ou coletivos. 
A) SINGULARES 
São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de 
per si, independentemente dos demais (ex.: um cavalo, uma casa, um 
carro, uma jóia, um livro, etc.). São consideradas em sua 
individualidade. As coisas singulares podem ser simples ou compostas. 
Simples são as coisas cujas partes formam um todo homogêneo (ex.: 
pedra, cavalo, folha de papel, etc.). Compostas são as que têm suas 
partes ligadas artificialmente pelo homem. Ex.: navio, materiais de 
construção em uma casa (a janela, a porta), etc. 
B) COLETIVOS OU UNIVERSAIS 
São as coisas que se encerram agregadas em um todo. São as 
constituídas por várias coisas singulares, consideradas em seu 
conjunto, formando um todo único (universitas rerum). As 
universalidades podem se apresentar: 
• Universalidade de Fato ⎯ conjunto de bens singulares, 
corpóreos e homogêneos, ligados entre si pela vontade humana. 
Ex.: Alcatéia (lobos), cáfila (camelos), biblioteca (livros), pinacoteca 
(quadros), hemeroteca (jornais e revistas), panapaná (borboletas), 
etc. Acrescenta o Código Civil que esses bens devem ser 
pertinentes à mesma pessoa e tenham destinação unitária. 
• Universalidade de Direito ⎯ conjunto de bens singulares, 
corpóreos e heterogêneos ou até incorpóreos, a que a norma 
jurídica, com o intuito de produzir certos efeitos, dá unidade. Ex.: 
patrimônio (conjunto de relações da pessoa incluindo posse, 
direitos reais, obrigações e ações correspondentes), espólio (é a 
herança, o patrimônio - direitos

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