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Aspectos econômicos e financeiros na elaboração e análise de projetos Introdução Embora existam diversas variáveis a serem consideradas dentro de um empreendimento, não há muitas dúvidas sobre a importância de uma avalia- ção criteriosa sobre os aspectos econômicos e financeiros quando do estudo de viabilidade de um projeto. Mesmo quando estamos discutindo e avaliando os demais recursos (hu- manos, tecnológicos etc.), as questões financeiras aparecem embutidas na forma de custo ou investimento, pois quando alocamos pessoas a um pro- jeto ou utilizamos sistemas e equipamentos em seu desenvolvimento, esta- mos fazendo uso dos recursos financeiros de uma organização. Portanto, a utilização criteriosa desse recurso, mesmo em situações não críticas de escassez, cria alternativas dentro da própria organização de novos empreendimentos, o que possibilita um desenvolvimento mais acelerado dos planos de negócio e aumenta a probabilidade de conseguir êxito nos objetivos estratégicos da corporação. Aspectos financeiros em um empreendimento Toda e qualquer demanda sempre irá competir com outras necessidades de negócio, sejam elas motivadas por razões internas ou externas à orga- nização. Essas demandas concorrentes deverão ser analisadas à luz de três variáveis: custo, tempo e desempenho. O balanceamento correto entre elas é o maior desafio que o gestor tem ao buscar priorizar uma demanda em detrimento de outra. 92 Esse balanceamento é conhecido pelo termo em inglês trade-off, que significa que se pode perder algo em algum momento desde que o ganho obtido com aquela decisão compense a eventual perda. Ao longo de um empreendimento ocorrerão diversas entradas e saídas financeiras, que deverão ser controladas para que a avaliação do balancea- mento dos recursos versus o desenvolvimento do projeto possam ser com- parados e a relação compensatória estabelecida. A apreciação dessas contribuições monetárias em um determinado perí- odo de tempo é chamada de fluxo de caixa. O fluxo de caixa O fluxo de caixa serve para examinarmos a situação financeira de um empreendimento em distintos momentos. Em algum período de avaliação podemos entender que a situação de caixa está tranquila, porém há que se atentar para eventuais saídas em momentos subsequentes que podem afetar de forma negativa essa situação, fazendo com que o empreendimento necessite buscar recursos externos para prosseguir com o curso normal de seu desenvolvimento. O fluxo de caixa pode ser representado de diferentes maneiras, inclusive no formato gráfico. A figura a seguir mostra algumas formas de representa- ção de um fluxo de caixa. R$3.000 R$2.000 R$5.000 R$3.000R$1.000R$4.000 0 1 2 3 4 5 Instantes Entradas Saídas 0 R$3.000,00 1 R$4.000,00 2 R$2.000,00 3 R$5.000,00 4 R$1.000,00 5 R$3.000,00 Instantes Entradas e Saídas 0 R$3.000,00 1 –R$4.000,00 2 R$2.000,00 3 R$5.000,00 4 –R$1.000,00 5 –R$3.000,00 (H IR SC H FE LD , 1 99 8. A da p ta do .) Aspectos econômicos e financeiros na elaboração e análise de projetos 93 Enquanto no primeiro quadro temos as entradas e saídas listadas de forma segregada e em valor absoluto, pois há a distinção clara entre os mo- vimentos financeiros, no segundo quadro temos os valores expressos com sinal positivo ou negativo em função de estarem listados em uma mesma região da figura. Já o modelo gráfico expressa as entradas (contribuições positivas) no eixo vertical para cima, enquanto as saídas (contribuições negativas) estão no eixo vertical para baixo. O eixo horizontal representa o tempo em que os movimentos estão ocorrendo. Modelo de valor para o acionista Quem investe em um empreendimento espera que os recursos investi- dos sejam maximizados, de modo a obter a melhor relação custo versus be- nefício ao término do projeto. Mas como podemos avaliar se essa relação está ocorrendo ao longo do desenvolvimento do projeto ou se ocorreu ao término deste? Um sistema eficiente de avaliação precisa ser composto de três partes: monitoramento, controle e validação: Monitoramento – É necessário estabelecer métricas apropriadas para � que o monitoramento aconteça. Controle – É realizado a partir do estabelecimento de padrões de de- � sempenho para medição e comparação. Validação – É a medida de adequação do investimento ao objetivo es- � tabelecido. O sistema de avaliação tem por objetivo principal a melhoria de valor para o acionista. Existem duas variáveis que geram impacto na relação de valor para quem investe em um empreendimento: a excelência operacional, ou seja, o atendimento pleno das necessidades do cliente do projeto, e a utilização qualificada dos ativos, de maneira a se extrair o máximo deles com o menor investimento possível. A figura a seguir mostra as duas variáveis e os impactos causados em um empreendimento: Aspectos econômicos e financeiros na elaboração e análise de projetos 94 Redução de capital de giro Atendimento ao cliente Menor custo total de serviço Redução de capital fixo Utilização de ativos Excelência operacional (B O W ER SO X , 2 00 6. A da p ta do .) Excelência operacional O trade-off que se deve fazer quando se busca a excelência operacional é qual o custo total aceitável (não estamos falando do menor custo) para um determinado serviço, de modo que as expectativas do cliente sejam atendi- das e que o empreendimento cumpra com seus objetivos financeiros. Esse balanceamento é muito importante, pois pode inviabilizar um empreendi- mento caso o custo não esteja dentro do orçado, ou pode, em função de um orçamento insuficiente, não atender à expectativa do cliente e portanto não atingir o objetivo final do empreendimento. Utilização dos ativos A gestão dos ativos de um empreendimento engloba tanto os equipa- mentos que serão utilizados para seu desenvolvimento quanto os materiais necessários à execução de algumas de suas atividades. Sua correta utili- zação garante alguns aspectos importantes ao longo do projeto que tem impactos financeiros consideráveis, por exemplo: redução ou não de ocor- rência de atrasos em função de indisponibilidade de equipamentos ou de materiais, menor custo de manutenção em função de um planejamento de ações preventivas, não utilização de recursos em regime de horas extras em função dos ativos disponíveis quando necessário. Outro fator impor- tante na gestão dos ativos é o inventário adequado de materiais para a exe- cução das atividades, seu excesso pode causar danos financeiros por conta de expiração do prazo de validade e sua falta pode agregar custos em função de compras em lotes não econômicos ou comprados de fornecedores que não têm a condição comercial adequada e prevista no projeto. Aspectos econômicos e financeiros na elaboração e análise de projetos 95 Processo de seleção de projetos As metodologias para selecionar projetos variam de empresa para empre- sa, assim como variam os critérios utilizados em cada uma delas. Além dos critérios financeiros, o processo de seleção pode utilizar outros para definir os que seguirão e aqueles que serão postergados ou cancelados, tais como: necessidade de mercado, combate à concorrência, atendimento à legislação, adequação às políticas corporativas, incremento da segurança patrimonial, demandas políticas ou sociais. Todos os critérios, dependendo do tipo de projeto ou do momento de decisão, podem ter sua importância alterada. No caso de atendimento a uma mudança de legislação, o projeto pode ganhar alta prioridade dentro da or- ganização, em detrimento de outros projetos considerados relevantes para o negócio. Essa prioridade muitas vezes tem que ser atendida mesmo que os aspectos financeiros e econômicos não permitam o seu desenvolvimento naquele dado momento. Algumas organizações possuem processos formais de seleção de proje- tos, com a participação de comitês formados pelas principais lideranças e gestores responsáveis pelas áreas envolvidas nos projetos em julgamento. Esses comitêsse reúnem de forma periódica para avaliar sugestões dos interessados ou mesmo aprofundar discussões em projetos pré-aprovados e que estavam pendentes de formatação adequada ou de maior detalhamento em seus principais aspectos, como as metas do projeto, a justificativa para seu desenvolvimento, provável data de implementação e resultados esperados. A priorização de projetos é uma atividade dinâmica, pois os diversos ce- nários nos quais a organização está inserida está sempre em processo de constante mudança. Vamos imaginar um projeto de construção de uma nova fábrica, que foi entendido como prioritário e que tem uma previsão de início para daqui a três meses, pode ser postergado ou até cancelado em função de mudanças na legislação da localidade na qual o empreendimen- to seria levado adiante ou mesmo em função de acidentes naturais com a região em questão. Ao selecionar um projeto e dar início ao seu desenvolvimento uma orga- nização deve levar em conta os eventuais impactos que mudanças de cená- rio trarão após seu início, pois se o projeto for muito sensível à mudança de premissas pode valer a pena repensá-lo ou adiá-lo, até que as condições que possam impactá-lo estejam estabelecidas ou que os planos de contingência para suportar essas mudanças estejam desenhados e aprovados. Aspectos econômicos e financeiros na elaboração e análise de projetos 96 Métodos de seleção de projetos Os métodos de seleção de projetos avaliam benefícios a serem obtidos pelas empresas, permitindo comparar as diversas propostas e escolher aque- les projetos mais alinhados com os objetivos estratégicos da organização. Alguns desses métodos são modelos matemáticos utilizados para pro- jetos de alta complexidade, pois utilizam programação linear e algoritmos com alto grau de especificidade técnica sendo, portanto, de utilização restri- ta a especialistas em engenharia, estatística e matemática, com o apoio de ferramentas tecnológicas de última geração. Os métodos mais utilizados na seleção de projetos, até por serem eficien- tes sem requerer especialistas na sua utilização, são aqueles que fazem a ava- liação de benefícios, comparando os benefícios que o projeto irá trazer para a organização com os custos associados à sua implementação. Uma técnica utilizada para auxiliar a avaliação de benefícios é a matriz de pontuação ponderada, na qual é atribuído peso para cada um dos atribu- tos do projeto e é feita uma avaliação daqueles atributos dentro dos vários projetos concorrentes, sendo definida a ordem de prioridade em função da pontuação obtida. A seguir temos um quadro que demonstra um exemplo de uma matriz de pontuação ponderada. Item Critérios Peso (1 A 3) Pontuação (1 - baixo; 2 - médio; 3 - alto) Projeto 1 Projeto 2 Projeto 3 Pontuação Total Pontuação Total Pontuação Total 1 Aumento da rentabilidade 3 3 9 2 6 1 3 2 Participação de mercado 3 2 6 3 9 2 6 3 Eficiência ope- racional 2 2 4 3 6 3 6 4 Complexidade administrativa 2 3 6 2 4 3 6 5 Redução de quipe 1 2 2 3 3 3 3 6 Melhoria do nível de serviço 1 1 1 2 2 3 3 Total 28 30 27 No exemplo anterior podemos notar que a ordem de prioridade utilizan- do a matriz seria: Projeto 2, Projeto 1 e Projeto 3. Importante observar que C ar lo s A lb er to M on ta gn er . Aspectos econômicos e financeiros na elaboração e análise de projetos 97 o Projeto 3, mesmo sendo aquele com o maior número de pontuações 3, acabou ficando com a menor prioridade, pois teve pontuação muito baixa nos itens de maior peso. Caso dois ou mais projetos em uma matriz de pontuação ponderada apresentem a mesma pontuação total deve-se definir critérios de desempate para organizar a prioridade do desenvolvimento. Um dos critérios mais uti- lizados é priorizar a partir das maiores pontuações nos itens de maior peso. Exemplificando, se na matriz anterior dois projetos tivessem a mesma pon- tuação total, a ordem de prioridade se daria em função da somatória da pontuação obtida nos dois primeiros itens da matriz, no caso o aumento da rentabilidade e a participação do mercado. Também é possível combinar mais de uma técnica para selecionar pro- jetos em uma organização. Um exemplo disso seria utilizar uma matriz de pontuação ponderada com critérios qualitativos, como: alinhamento com diretrizes globais da corporação, impactos socioambientais, grau de impor- tância para a imagem corporativa etc. Ferramentas financeiras em projetos Não dá pra pensar em métodos e técnicas de seleção e priorização de projetos sem inserir a variável financeira no processo. São diversos os métodos financeiros para identificarmos a viabilidade ou não de um empreendimento. Método do Valor Presente Líquido (VPL) Esse método tem como objetivo determinar o valor líquido no momen- to inicial de um empreendimento, trazendo para esse determinado instante todos os valores que farão parte do fluxo de caixa do projeto, descontando deles uma taxa de retorno pelo investimento. Para calcularmos o VPL devemos utilizar a seguinte fórmula: VPL j = Σ F n.(1 + i)-n n 0 Aspectos econômicos e financeiros na elaboração e análise de projetos 98 Onde: j = alternativa do fluxo de caixa de um VPL; n = número de períodos da série de receitas e despesas em cada elemento do fluxo de caixa; Fn = cada um dos valores envolvidos no fluxo de caixa que ocor- rem no período; i = taxa de juros, também chamada de taxa de desconto. Obter um VPL positivo significa que o projeto trará ao investidor um re- torno superior ao que seria conseguido em outro tipo de investimento. Taxa Interna de Retorno (TIR) É a taxa de juros, ou taxa de desconto, que iguala os fluxos de entradas e saídas no fluxo de caixa. Ao identificar a taxa que zera os dois conjuntos po- demos comparar com as taxas oferecidas do mercado e, caso a TIR seja supe- rior, optar por investir no projeto em detrimento de outros investimentos. Por exemplo, se um projeto apresenta uma TIR de 20% e uma determi- nada aplicação financeira oferece uma taxa anual da ordem de 25%, então a decisão, apenas e tão somente pelo aspecto financeiro, é de não investir no empreendimento e optar pelo mercado financeiro. Outras variáveis podem alterar essa decisão, mesmo o investidor sabendo de alternativas mais atra- entes para seu capital. Índice de lucratividade É um método bastante simples de ser aplicado, devemos dividir o VPL de todos os fluxos futuros pelo valor inicial de investimento. Caso a razão seja su- perior a 1 então o projeto é viável do ponto de vista financeiro, pois o retorno sobre o capital inicial investido será superavitário e trará ganhos ao investidor. Exemplificando, se o VPL dos fluxos futuros for igual a R$90.000,00 e o investimento inicial for de R$100.000,00 então a razão será de 0,9 e inves- tir no projeto não é uma boa iniciativa. Na prática significa que o investi- dor terá, ao final do empreendimento, um prejuízo de R$10.000,00 trazido a valor presente. Aspectos econômicos e financeiros na elaboração e análise de projetos 99 Payback O termo payback significa o período de retorno de um investimento. É um mecanismo relativamente simples que mede o tempo necessário para um in- vestidor (empresa ou privado) recuperar os investimentos feitos no projeto. Esse indicador é obtido a partir da comparação do investimento inicial com as entradas esperadas do projeto, num determinado período de avaliação. É um mecanismo bastante impreciso, pois não considera a desvalorização do capital no tempo. Para entendermos melhor essa imprecisão basta pensarmos em um pro- jeto que demanda um investimento inicial de R$50.000,00 e que tem uma previsão de entradas mensais de R$5.000,00 a partir de sua implementação. O payback para o projeto é de dez meses, porém nesse período o valor in- vestido que será recuperado será provavelmente menor devido ao fato de estarmos comparando valores que podem ter sido corroídos pela inflação do período. Análise de break-even Essa análise serve para identificaro momento em que os custos totais, compostos pelos custos fixos mais os custos variáveis, são cobertos pelas receitas, começando a gerar lucro dentro de um projeto. Esse momento é conhecido pelo terno em inglês break-even point. O gráfico abaixo representa de forma esquemática essa análise. Volume Break-even point Va lo r Receitas Custos totais Custos variáveis Custos fixos (H IR SC H FE LD , 1 99 8. A da p ta do .) Aspectos econômicos e financeiros na elaboração e análise de projetos 100 Nesse tipo de análise podemos observar que quanto maior a receita mais a linha que a representa se afasta da linha dos custos totais, sinalizando um aumento do lucro no empreendimento. Isso porque a linha de custos fixos não se altera com o volume vendido e a proporção de incremento dos custos variáveis é inferior ao incremento das receitas. Aspectos econômicos em projetos A execução de um projeto dependerá da disponibilidade de recursos para seu desenvolvimento, sejam eles internos ou externos à organização. De- pendendo do investimento necessário para sua execução a empresa deverá ter capital próprio disponível para bancar a maior parte do projeto, pois os recursos externos podem ser limitados em função do volume de crédito que o mercado oferece à empresa em função de sua classificação de risco. A limitação de recursos pode trazer restrições ao tamanho do projeto pro- posto, podendo inclusive inviabilizar sua execução. Independente da origem do capital para o desenvolvimento do empreendimento, o desembolso desse capital deve ser bem controlado, sob pena de colocar em risco a finalização do projeto por exaustão dos recursos antes de sua conclusão. Gestão do orçamento O gerenciamento eficiente do orçamento é fundamental para garantir que os resultados esperados possam ser obtidos ao final do empreendimen- to. O sistema orçamentário é um instrumento de planejamento e controle do projeto, e sua correta utilização pode trazer diversos benefícios ao projeto, tais como: No planejamento – Projetar o resultado, permitir visualização da situ- � ação de liquidez, possibilitar análise de performance e realocação dos investimentos para melhoria de performance ou mudança de direcio- namento. No controle – Permitir o acompanhamento e comparação entre � per- formance planejada e alcançada, possibilitar a análise de distorções e orientar planejamentos futuros. Como a definição de qualquer orçamento se baseia em estimativas, os erros decorrentes dessas previsões podem ser maiores ou menores em função do tamanho e complexidade do empreendimento. Portanto seu Aspectos econômicos e financeiros na elaboração e análise de projetos 101 acompanhamento deve ser tão mais próximo quanto maior for a probabili- dade de incidência de distorções nos valores previstos, para evitar que gran- des inconsistências levem ao insucesso do projeto sem que haja possibilida- de de recuperação. Financiamento de projetos Para conseguir obter financiamento externo para um empreendimento uma empresa deve cumprir com alguns pré-requisitos junto às instituições financeiras do mercado: possuir recursos próprios para desenvolver uma parte substancial do � projeto; demonstrar a viabilidade financeira do empreendimento; � dar garantias reais de capacidade de cumprir com os compromissos � financeiros assumidos. Obter um empréstimo para o desenvolvimento de um projeto apresenta um efeito fiscal interessante, pois os juros são considerados como custos e reduzem os impostos a pagar. Ao analisar as alternativas de financiamento uma empresa deve avaliar com critério o valor a ser emprestado e a forma de liquidação da dívida, para adequar o fluxo de entrada de capitais com as datas de vencimento das obrigações financeiras decorrentes do empréstimo. Existem diversas instituições públicas que financiam projetos, as mais co- nhecidas são: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); � Banco do Brasil (BB); � Bancos Regionais e Estaduais de Desenvolvimento; � FINAME (Agência Especial de Financiamento Industrial). � Também podem ser obtidos recursos junto a entidades privadas, que possuem diversos programas de concessão de crédito para empreendi- mentos industriais ou ligados à construção civil. Mais recentemente alguns grandes grupos empresariais criaram empresas específicas para buscar projetos com potencial de sucesso e financiar o empreendedorismo, com ênfase para projetos ligados às áreas de tecnologia, saúde e geração de energia sustentável. Aspectos econômicos e financeiros na elaboração e análise de projetos 102 Modalidades de amortização O regime utilizado pelas instituições financeiras para a amortização das dívidas é o de juros compostos, calculados sempre sobre o saldo devedor. Qualquer uma das modalidades de amortização pode ter prazo de carência ou não. Vamos conhecer os principais sistemas de amortização. Sistema americano Nesse sistema os juros são pagos após o período de carência e o valor em- prestado deve ser pago de uma única vez, ao final do período combinado, para a quitação do empréstimo. Sistema francês Esse sistema calcula os juros para o período do empréstimo, acrescenta o valor encontrado ao valor principal e divide as parcelas de quitação em prestações de igual valor, estando o financiamento quitado ao ser paga a última parcela. Sistema de Amortização Constante (SAC) Nesse sistema o valor do empréstimo é dividido em parcelas iguais pelo período de amortização, sendo acrescido de juros em cada parcela sobre o saldo devedor. Nessa modalidade as prestações começam com valor mais elevado e o mesmo vai decrescendo à medida que o período de empréstimo vá chegando ao seu final, pois os juros irão incidir em saldos residuais cada vez menores com o passar do tempo. Sistema de amortização variável Esse sistema permite ao tomador do empréstimo definir valores variáveis para a quitação do valor principal, ou seja, teremos valores distintos para sua amortização ao longo do período de empréstimo. Os juros são acrescidos sobre as parcelas com base no saldo devedor, portanto podem variar em função do montante que está sendo quitado em cada uma das prestações. Aspectos econômicos e financeiros na elaboração e análise de projetos 103 Depreciação A depreciação é um aspecto relevante a ser observado em um projeto, pois o desgaste resultante da utilização de um equipamento ou sua obsoles- cência pode trazer impactos econômicos em um empreendimento. Quando a depreciação é real, significa que um bem tem seu valor dimi- nuído e que ao longo do empreendimento poderemos ter que fazer novos investimentos para sua manutenção ou reposição. No caso de projetos de longa duração devemos prever no orçamento eventuais investimentos para suportar a depreciação dos bens envolvidos, sob pena de termos que buscar recursos extras para cobrir esse tipo de despesa ou gerar atrasos em função de manutenção inadequada ou reposição tardia de componentes importan- tes ao cumprimento estrito do cronograma do projeto. A depreciação do ponto de vista contábil auxilia as empresas na redução do pagamento de impostos, devido à desvalorização monetária dos ativos, sendo que ao final de sua vida útil os mesmos estarão isentos de qualquer tipo de tributação. Retorno sobre o investimento (ROI) Ao avaliar o retorno sobre qualquer tipo de investimento (ROI – do inglês Return on Investment), devemos levar em consideração dois aspectos. O pri- meiro deles é a margem de lucro líquida que o projeto trará para o investidor, e o segundo é o retorno gerado sobre os ativos do empreendimento. Por questões puramente econômicas um empreendimento se mostrará viável caso traga um retorno superior a outros tipos de investimento, por exemplo, aquele feito em aplicações financeiras. A figura a seguir mostra como é feita a apuração dessas variáveis de aná- lise. Receitas R$2.000,00 Receitas R$2.000,00 Custo das vendas –R$1.500,00 Total ativos R$1.000,00 Margembruta R$500,00 Giro dos ativos (Receita / Total ativos) 2Despesas –R$400,00 Lucro líquido R$100,00 Margem líquida sobre as vendas 5% Retorno sobre os ativos 10% (H IR SC H FE LD , 1 99 8) Aspectos econômicos e financeiros na elaboração e análise de projetos 104 No exemplo anterior temos uma margem líquida de 5% e um retorno sobre os ativos de 10%. Esses devem ser os parâmetros financeiros de com- paração com alternativas oferecidas ao investidor. Vale ressaltar que a deci- são sobre investir ou não em um determinado empreendimento pode ser composta por outras variáveis não financeiras. Nesse caso o investidor pode até tomar a decisão por um projeto pouco rentável, porém que cubra outros aspectos como: aumento do nível de serviço aos clientes, redução de custos em outros empreendimentos por economia de escala ou sinergia etc. Resumo Avaliar os aspectos econômicos e financeiros de um projeto passa pelo conhecimento e utilização correta de várias metodologias e técnicas, que podem ser usados de forma separada ou combinados. Ao fixarmos os parâ- metros de comparação devemos estar atentos a outras variáveis que podem influenciar a decisão, inclusive aspectos socioambientais, que são um motivo cada vez maior de restrição na aprovação de empreendimentos ou de crité- rio de seleção para definir um fornecedor ou parceiro de negócios. Ampliando seus conhecimentos Engenharia econômica e análise de custos (HIRSCHFELD, 1998) Alternativas e decisões Alternativas são os vários cursos que uma ação pode tomar para alcançar objetivos. Entre os vários objetivos a serem alcançados existem os de benefí- cios tangíveis e intangíveis. Benefícios tangíveis são aqueles que podem ser expressos em valores eco- nômicos com certa facilidade, visto seguirem um raciocínio simples e lógico em que todas as variáveis são determinadas com simplicidade. Assim, imaginemos a construção de uma edificação que constituirá um empreendimento imobiliário. De acordo com as técnicas a serem utilizadas, poderão surgir diferentes alternativas econômicas que ensejarão possibi- Aspectos econômicos e financeiros na elaboração e análise de projetos 105 lidades de discussão com a finalidade de ser selecionada a alternativa mais conveniente. Benefícios intangíveis são aqueles que não podem ser expressos em termos econômicos com relativa facilidade, visto suas determinações serem objetos de apreciações subjetivas que necessitam embasamentos bem estruturados para não serem refutados. Entre tais benefícios, poderíamos citar os de interesses sociais, políticos ou de segurança, considerados por ocasião dos exames de alternativas, que têm, por escopo, o objetivo desejado. Como exemplo, imaginemos o objetivo desejado de unir duas cidades com uma estrada, por motivos de segurança nacional ou desenvolvimento da região. Tais motivos constituem os benefí- cios intangíveis. Os eventuais exames cabíveis, nesses benefícios, são os resul- tados dos estudos que demonstram a eventual futura economia a ser obtida, após ser alcançado o objetivo almejado. Em grande parte dos casos, um empreendimento se compõe de benefícios tangíveis e de benefícios intangíveis, os quais são todos analisados por oca- sião do estudo de viabilidade de um empreendimento. Estudo de viabilidade de um empreendimento é o exame de um projeto a ser executado a fim de verificar sua justificativa, tomando-se em consideração os aspectos jurídicos, administrativos, comerciais, técnicos e financeiros. Alternativa econômica é a avaliação em termos econômicos de uma das concepções planejadas. Se existirem várias alternativas econômicas é necessá- rio haver uma classificação destas de acordo com algum critério econômico. Decisão é a alocação de recursos a uma das alternativas econômicas, pos- sibilitando sua execução. É necessário tomar-se muito cuidado no julgamento das alternativas econômicas, pois a alocação de recursos inicia um processo de execução, o qual, na maior parte das vezes, é irreversível. A alternativa jul- gada mais conveniente necessita estar lastreada em bases seguras para não se incorrer em erros irreparáveis que o tempo se encarregará de demonstrar. Risco é a probabilidade de obter resultados insatisfatórios mediante uma decisão. Existem decisões que são completamente subjetivas e os riscos nela contidos podem ser enormes. Entretanto, muitas decisões que, aparentemen- te, dependem de fatores subjetivos podem ser equacionadas por meio de téc- nicas adequadas, de forma a serem visualizadas alternativas econômicas que Aspectos econômicos e financeiros na elaboração e análise de projetos 106 auxiliarão imensamente as tomadas de decisões, isentas, em grande parte, de fatores pessoais. Desde que haja critérios econômicos, podem ser apresentadas alternativas que poderão auxiliar em decisões relativas a investimentos, vida econômica de equipamentos, custos mínimos e pontos de equilíbrio, aplicações em in- centivos frente ao Imposto de Renda, inflação, proveitos máximos em empre- sas privadas e órgãos públicos e diversos outros campos pertencentes aos vários setores da produção. Análise linear de equilíbrio A análise de equilíbrio tem como objetivo a verificação de um ponto em que duas alternativas, funções de um mesmo parâmetro e comparadas em idênticas condições de instante e prazos, apresentam o mesmo valor. Tal ponto é chamado de ponto de equilíbrio (break-even point). Pela definição apresentada, a análise de equilíbrio não se prende, somente, a estudos de comparação entre receitas (faturamentos) e despesas (custos) com a determinação do ponto em que ambos os valores são iguais e a partir do qual começa a haver lucro. Tal comparação, talvez, seja a mais conheci- da e usual. Verificaremos que são grandes os tipos existentes de pontos de equilíbrio. De forma geral, as análises que procuram determinar um ponto de equi- líbrio consideram as duas linhas, representando as duas equações, que se in- terseccionam, como sendo retilíneas, motivo pelo qual tal análise é chamada linear. Na fase de planejamento, em grande parte dos casos analisados, tais con- siderações retilíneas das duas linhas podem ser consideradas perfeitamente normais, em virtude da falta de informações mais detalhadas e confiáveis e que, eventualmente, poderiam demonstrar que aquelas linhas consideradas retilíneas poderiam não sê-las. As conclusões obtidas a partir de uma análise linear de equilíbrio são bas- tante aceitáveis na fase de planejamento. Posteriormente, na fase de acompanhamento do desempenho, com os in- formes reais recebidos, obteremos com mais exatidão as curvaturas das linhas Aspectos econômicos e financeiros na elaboração e análise de projetos
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