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08/10/2011 1 Imperfeições nos sólidos cristalinos Profª. Msc. Luana Sena Tecnologia e Mecânica dos Materiais 1 Por que estudar imperfeições nos sólidos? As propriedades de alguns materiais são influenciados pela presença de imperfeições. Portanto, é importante conhecer os tipos de imperfeições existentes e os papéis que elas desempenham ao afetar o comportamento dos materiais. 2 Exemplo de efeitos da presença de imperfeições Propriedades mecânicas de metais puros experimentam alterações significativas quando átomos de impurezas são adicionados (latão – 70% Cu e 30% Zn – é mais duro e resistente que o cobre puro). Dispositivos microeletrônicos dos circuitos integrados encontrados nos computadores, calculadora e utensílios domésticos funcionam devido a concentrações controladas de impurezas específicas que são incorporadas em regiões pequenas e localizadas de materiais semicondutores. Endurecimento de metais e ligas por encruamento (deformação a frio). 3 São irregularidades na rede cristalina com dimensões da ordem do diâmetro atômico. Não existe um sólido ideal; Todos os materiais contêm inúmeros defeitos ou imperfeições em suas estruturas cristalinas. Muitas das propriedades dos materiais são profundamente sensíveis a desvios da perfeição cristalina; Freqüentemente determinadas características são intencionalmente alteradas pela introdução de quantidades controladas de defeitos. Imperfeições cristalinas 4 O que é um defeito? É uma imperfeição ou um "erro" no arranjo periódico regular dos átomos em um cristal. Podem envolver uma irregularidade na posição dos átomos no tipo de átomos O tipo e o número de defeitos dependem do material, do meio ambiente, e das circunstâncias sob as quais o cristal é processado. 5 Defeitos cristalinos Defeitos pontuais Lacunas ou Vacâncias Átomos intersticiais Átomos substitucionais Defeitos de linha (discordâncias) Defeitos de interface (grão e maclas) Defeitos volumétricos (inclusões, precipitados) 6 08/10/2011 2 Defeitos pontuais São aqueles que estão associados a uma ou duas posições atômicas. • Lacunas ou Vacâncias • Átomos Intersticiais • Átomos Substitucionais 7 Defeitos pontuais O defeito pontual mais simples é a lacuna. Do inglês: vacancy = ausência de um átomo em uma posição atômica originalmente ocupada por um átomo. As lacunas constituem o único tipo de defeito que está em equilíbrio com o cristal. Lacunas ou Vacâncias 8 São formados durante a solidificação do cristal ou como resultado das vibrações atômicas (os átomos deslocam-se de suas posições normais). Todos os sólidos cristalinos possuem lacunas Lacunas 9 O n° de lacunas (NV) para uma dada quantidade de material é função da temperatura de acordo com a equação: Para grande parte dos metais, a fração de lacunas (Nv/N) logo abaixo da temperatura de fusão é da ordem de 10-4 (0,01%) Exemplo: m3 de Cobre possui 8 1028 átomos e a 1000°C apresenta Nv = 2.2 1025 10 Defeitos pontuais Auto-intersticial É um átomo do cristal posicionado em uma sítio intersticial, que em circunstâncias normais estaria vago. Produz uma distorção no reticulado, já que o átomo geralmente é maior que o espaço do interstício. 11 A formação de um defeito intersticial implica na criação de um vazio, por isso este defeito é menos provável que um vazio. Auto-intersticial 12 08/10/2011 3 13 Impurezas NÃO existe metal 100% puro! Átomos estranhos (impurezas ou elementos de liga) sempre estarão na estrutura cristalina. Na realidade, utilizando-se as técnicas atuais de refino, é muito difícil e caro refinar metais com níveis de pureza superiores a 99,9999% (“quatro noves”). Estas impurezas são classificadas em duas classes: Substitucionais - Na qual os átomos de soluto estão alocados em posições atômicas originalmente pertencentes ao átomo de solvente. Intersticiais - Na qual os átomos de soluto estão posicionados nos interstícios das células cristalinas do solvente. 14 Impurezas Impurezas são adicionadas intencionalmente com a finalidade: - aumentar a resistência mecânica - aumentar a resistência à corrosão - aumentar a condutividade elétrica 15 Elemento de liga ou Impureza → soluto (< quantidade) Matriz ou Hospedeiro → solvente (>quantidade) 16 17 18 08/10/2011 4 Soluções sólidas A solução sólida é obtida com a adição intencional de outros elementos (elementos de liga) no metal solvente. Em uma liga, o elemento presente em menor concentração denomina-se soluto e aquele em maior quantidade, solvente. A solução sólida ocorre quando a adição de átomos do soluto não modifica a estrutura cristalina nem provoca a formação de novas estruturas. Deve haver menos de cerca de 15% de diferença nos raios atômicos e a mesma valência. Esta adição deve manter a estrutura cristalina e evitar a precipitação de outra fase. Do mesmo modo que os defeitos, as soluções sólidas também são classificadas em substitucionais e intersticiais 19 Exemplos: Solução sólida substitucional: Prata 925 - constitui uma solução sólida substitucional com 7,5% de cobre na prata. Solução sólida intersticial: Aços extra-doce (teor muito baixo de Carbono - Menos de 0,15 %) - nestes aços, os átomos de C ficam alocados nos interstícios das células cristalinas. 20 21 Quando um átomo da rede cristalina é substituído por outro de tamanho diferente. Defeitos pontuais Substitucional 22 Defeitos de linha Discordâncias Uma discordância é um defeito cristalino linear no qual diversos átomos estão desalinhados e conseqüentemente provocam uma distorção na estrutura cristalina. As discordâncias estão associadas com a cristalização e a deformação (origem: térmica, mecânica e supersaturação de defeitos pontuais). 23 A presença deste defeito é a responsável pela deformação, falha e ruptura dos materiais. Podem ser: •Aresta •Hélice •Mista Discordâncias 24 08/10/2011 5 Pode ser entendida como um plano extra de átomos no reticulado que provoca uma imperfeição linear. Discordância Aresta (“edge dislocation”) 25 Dá a magnitude e a direção de distorção da rede. A magnitude desta distorção normalmente tem a ordem de uma distância interatômica. Vetor de Burger (b) 26 27 O vetor de Burger é perpendicular à direção da linha da discordância. O cristal perfeito em (a) é cortado e um meio plano atômico extra é inserido (b). A extremidade da parte inferior do plano extra é uma discordância em cunha (c). 28 Ocorre quando uma região do cristal é deslocada de uma posição atômica. Discordância em espiral 29 O vetor de burger é paralelo à direção da linha de discordância. Pode ser imaginada como sendo o resultado da aplicação de uma tensão de cisalhamento (aplicação de forças paralelas mas em sentidos opostos). 30 O cristal perfeito (a) é cortado e cisalhado em um espaçamento interatômico, (b) e (c). A linha ao longo da qual ocorre o cisalhamento é uma discordância em hélice. Um vetor de Burgers b é requerido para fechar o circuito de igual espaçamento interatômico ao redor da discordância. 08/10/2011 6 Uma discordância que contem componentes de discordâncias em cunha e em hélice. 31 Discordância mista 32 33 Defeitos interfaciais São imperfeições que ocorrem ao longo de uma superfície. Normalmente separam regiões de materiais que possuem diferentes estruturas cristalinas. Envolvem fronteiras (defeitos em duas dimensões) e normalmente separam regiões dos materiais de diferentes estruturas cristalinas ou orientações cristalográficas Essas imperfeições incluem: • Superfície externa • Contornode grão • Contorno de Maclas ou Twins 34 Defeitos interfaciais Superfícies Externas Demarca os limites do cristal. Na superfície os átomos não estão completamente ligados. Nesta região existem muitas ligações desfeitas e átomos deslocados de suas posições regulares. Então o estado energia dos átomos na superfície é maior que no interior do cristal. A alta energia superficial é uma barreira para o processo de crescimento de cristal no início da solidificação e é a causa da sinterização. 35 Defeitos interfaciais Contornos de Grão Corresponde à região que separa dois ou mais cristais de orientação diferente. Nestes locais, têm-se o desalinhamento das redes dos grãos adjacentes. Há maior concentração de defeitos e ligações desfeitas. No interior de cada grão todos os átomos estão arranjados segundo um único modelo e única orientação, caracterizada pela célula unitária. 36 08/10/2011 7 37 38 O contorno de grão ou macla é um tipo de defeito cristalino que pode ocorrer durante a solidificação, deformação plástica, recristalização ou crescimento de grão. • Tipos de macla: maclas de recozimento e maclas de deformação. Defeitos Volumétricos 39 • Esses defeitos normalmente são introduzidos nos processos de fabricação, e podem afetar fortemente as propriedades dos produtos. • Exemplos: poros, trincas, precipitados . 40 41 MOVIMENTAÇÃO DE DISCORDÂNCIAS E SISTEMAS DE ESCORREGAMENTO 42 DEFORMAÇÃO ELÁSTICA: Está diretamente relacionada com a energia de ligação entre os átomos. Removida a tensão, a deformação desaparece (comportamento de uma mola). 08/10/2011 8 MOVIMENTAÇÃO DE DISCORDÂNCIAS E SISTEMAS DE ESCORREGAMENTO 43 DEFORMAÇÃO PLÁSTICA: É permanente, ou seja, cessada a tensão teremos deformação residual ou plástica. A resistência e dureza são medidas da “resistência” do material à deformação. Em escala microscópica, a deformação plástica corresponde ao movimento total de um grande n° de átomos em resposta a uma tensão. No materiais cristalinos a deformação plástica envolve o movimento de um grande número de discordâncias. Em escala atômica, as ligações entre os átomos da estrutura cristalina são rompidas e reformadas durante a movimentação das discordâncias.
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