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Clínica Médica 6º semestre Rita Juelg – t4A ASCITE Acumulo de liquido na cavidade abdominal. “Barriga d’agua”. Investigação: história clínica -> exame físico -> radiologia (USG, TC, RNM) -> parecentese -> biópsia peritoneal. Porque ocorre? HIPERTENSÃO PORTAL Hipertensão pré sinusoidal normalmente não tem ascite de cara. Hipertensão portal sinusoidal ou pós sinusoidal, vão ter ascite, pois tem obstrução de fluxo de sangue e vai haver um extravasamento de fluidos e o fígado vai pingar dentro da cavidade peritoneal. Problema no lado direito (azul) o sangue fica represado pra trás. Doenças que provocam: • Cirrose de qualquer etiologia. • Insuficiência cardíaca direita (cardiogênica). • Trombose de veia porta ou veias supra- hepáticas – síndrome de Budd-Chiari. • Pericardite constritiva. Tratamento: Clínica Médica 6º semestre Rita Juelg – t4A • Tratar a etiologia. • Dieta hipossódica: pois esse acumulo de sódio aumenta a retenção de liquido ascitico, comer em geral 80-120 mEq/dia -> 2g Na -> 4g de sal. Restrição hídrica somente se Na <120 mEq/L (hiponatremia). • Diuréticos: espironolactona que age no eixo da fisiopatologia da ascite e furosemida antagonista para efeitos colaterais. Relação espironolactona + furosemida 100:40mg -> 400:160mg. Objetivo: perder 500g/dia (sem edema periférico) ou 1kg/dia (com edema periférico). Efeito colateral da espironolactona: ginecomastia dolorosa, a alternativa é trocar amilorida. •Parecenteses de repetição, normalmente é até o paciente ir para os outros procedimentos (abaixo). •TIPS (Transjugular intrahepatic portosystemic shunt) shunt hepático. Comunica o sistema portal e o sistema nervoso sistêmico, diminui a hipertensão portal. • Transplante hepático. • Cirurgias. HIPOALBUNEMIA Diminuição de pressão oncótica intravascular. Quais doenças provocam? • Síndrome Nefrótica- é um distúrbio dos glomérulos (aglomerados de vasos sanguíneos microscópicos nos rins que têm pequenos poros através dos quais o sangue é filtrado) em que quantidades excessivas de proteína são excretadas na urina. • Enteropatia perdedora de proteína- caracterizada por perda proteica pelo trato gastrointestinal. • Desnutrição. DOENÇA DO PERITÔNIO Inflamação local –exsudação. Quais doenças provocam? • Neoplasias malignas – como câncer de ovário, mesotelioma (é um câncer da membrana fina e transparente, composta por duas camadas, que cobre e reveste o interior da parede torácica e abdômen). • Tuberculose Peritoneal. • Gastroenterite eosinofílica (é uma condição rara e heterogênea caracterizada por uma infiltração eosinifílica remendada ou difusa no tecido gastrointestinal). Normalmente o câncer de ovário é descoberto tardiamente, e é descoberto pela ascite. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Distensão abdominal indolor ou associada a desconforto abdominal. • Desconforto para respirar. • Ganho de peso. • Manifestações da doença de base – caquexia (perda de tecido adiposo e músculo) no caso de cirrose, neoplasias e insuficiência cardíaca. Hemorragia digestiva no caso da cirrose. A progressão da distensão abdominal depende da causa, podendo ocorrer ao longo de dias (como no caso de ascite secundaria a trauma), semanas (por cirrose e/ou hepatite alcoólica) ou meses (ascite maligna, por exemplo). Pacientes que apresentam peritonite bacteriana espontânea (PBE) podem apresentar, ainda, febre, alteração no estado mental e hipersensibilidade abdominal. Esse quadro é definido como infecção do líquido ascítico sem causa passível de cirurgia evidente. Clínica Médica 6º semestre Rita Juelg – t4A EXAME CLÍNICO Os pacientes com ascite geralmente apresentam macicez em flanco ao exame físico e tal característica pode mudar de local quando o paciente muda de posição. Se houver derrame pleural associado, este é manifestado por diminuição do murmúrio vesicular e macicez à percussão. Presença de angioma de aranha, eritema palmar e colaterais da parede abdominal são sinais sugestivos de cirrose no paciente com ascite. A rede de colaterais da parede abdominal também é chamada de ‘’cabeça de Medusa’’ nesse contexto. Pacientes com doença hepática avançada podem apresentar hepatoesplenomegalia, icterícia, perda de massa muscular, leuconíquia (unhas brancas) e ginecomastia. A presença de linfonodomegalia umbilical (linfonodomegalia de Irmã Mary Joseph) sugere câncer como causa da ascite. Em casos de ascite secundária a insuficiência cardíaca (ICC), o paciente pode apresentar turgência de jugular, congestão pulmonar ou edema periférico, e uma elevação da pressão venosa jugular sugere ICC ou pericardite constritiva como diagnósticos diferenciais. Além disso, edema de membros inferiores associado a linfadenopatia, massas abdominais e caquexia podem indicar ascite quilosa. Além dos estigmas da doença de base – ex: ginecomastia, telangiectasias – cirrose. • Ascite grau I – ascite leve só detectada por USG/TC, baixa sensibilidade e baixa especificidade. • Ascite grau II – ascite moderada – macicez móvel dos flancos e semicírculo de Skoda, abdome levemente distendido (batráquio). • Ascite grau III- ascite grave – Piparote positivo, bastante distendido. Um sistema mais antigo classifica a ascite em 1+, para ascite minimamente detectável, 2+, para moderada, 3+ massivo e não tenso e 4+, massivo e tenso. PARACENTESE Serve para investigação diagnostica e terapêutica (de alívio). Fazer avaliação inicial. Clínica Médica 6º semestre Rita Juelg – t4A • Primeira vez do paciente com ascite, então fazer para investigar o liquido ascitico. • Quando há deterioração clínica (febre, hospitalização, hemorragia digestiva, etc). • Suspeita de peritonite bacteriana primária (dor, piora clínica e laboratorial, encefalopatia). • Suspeita de mudança de etiologia. • Para alívio de sintoma respiratório – ascites volumosas. O que você precisa pedir no LÍQUIDO ASCITICO e no sangue do paciente: • Gradiente de albumina soro-ascite (GASA) = diminuir a albumina do sangue pela albumina das ascite (albumina sérica – albumina ascite). < 1.1 significa que tem mais albumina na ascite pode ser doença peritoneal ou Síndrome Nefrótica - diferencia pelo quadro clínico, mas quando tem doença peritoneal as proteínas totais estão altas e na Síndrome Nefrótica estão baixas, pois na SN perde tudo, inclusive no liquido ascético. Concentração total de proteína ≥ 2,5g/dL é classificada como exsudato, e abaixo desse valor como transudato. Caso o resultado apresente proteínas totais > 1 g/dL, glicose < 50 mg/dL e LDH > limite superior normal para soro (pelo menos duas dessas características), além de contagem de neutrófilos > 250 células/mm³, indica uma possível perfuração intestinal no contexto da ascite. • Citologia e citometria – celularidade toral e diferencial (definição e sugestão etiológica de infecções) e pesquisa de células neoplásicas (baixa sensibilidade e alta especificidade). • Leucócitos ≥ 500 com predomínio de neutrófilos – pode ser peritonite bacteriana. • Leucócitos ≥ 500 sem predomínio de neutrófilos pode ser tuberculose ou neoplasia. • Glicose, se a concentração estiver baixa, pode indicar carcinomatose peritoneal ou outras situações em que células brancas do sangue ou bactérias a consomem. • Triglicerídeos. • Amilase. • Cultura aeróbio anaeróbio. • Cultura para micobacteriose. Aspecto macroscópico: Clínica Médica 6º semestre Rita Juelg – t4A • Amarelo citrino: normal. • Hemorrágico: acidente de punção, neoplasias, infecções. Acidente normalmente melhora ao longo da punção. • Turvo: infecções. • Leitoso: ascite quilosa, causas rara.Deve obter-se uma concentração de triglicérides, se for maior que 200mg/dL é indicação de ascite quilosa. • Bilioso: trauma biliar (acidente externo ou cirúrgico). • Espesso: tumores mucinosos, pseudomixoma peritonei. Pacientes com PBE podem apresentar leucocitose, azotemia ou acidose metabólica e aqueles com ascite quilosa geralmente tem hipoalbuminemia, diminuição dos níveis de gamaglobulina e linfopenia. DIAGNÓSTICO (parecentese). Um paciente cirrótico por vírus B, de 56 anos, está internado na enfermaria de gastroenterologia com descompensação da ascite e edema de membros inferiores. Não há sinais de encefalopatia hepática e, a análise do líquido ascítico na admissão, há 3 dias, mostrou 56 polimorfonucleares/ml. O GASA é de 1,8 g/dl. O paciente está em uso de furosemida 80 mg/d e espironalactona 100 mg/d. Na visita de hoje, está orientado e sem desconforto respiratório. Desde a internação, o paciente perdeu 200 g de peso. Laboratório da manhã de hoje mostrou: Ureia = 32 mg/dl; Creatinina = 0,9 mg/dl; Sódio = 135 mEq/L; Potássio = 3,2 mEq/L. Com relação ao manejo da ascite, a melhor conduta hoje para esse paciente é: Paracentese de alívio. Aumentar espironolactona. Suspender diuréticos. Aumentar furosemida. Reduzir furosemida. Mulher de 52 anos, portadora de cirrose hepática por hepatite autoimune. Child- Pugh B8, MELD 14 pontos, busca atendimento ambulatorial devido a aumento do volume abdominal e edema de membros inferiores iniciados há 2 meses. Nega febre, tosse, disúria ou alteração do ciclo sono-vigília. Possui hábito intestinal regular e evacua 3 vezes ao dia, fezes pastosas, sem sangue, muco ou pus. Atualmente está em uso apenas de azatioprina 50 mg/dia e prednisona 10 mg/dia. A paciente nega alergia medicamentosa ou qualquer outra comorbidade ou descompensação prévia de sua hepatopatia. Seus dados virais na consulta eram: PA: 100/60 mmHg FC: 112 bpm FR: 20 ipm Taxilar 96% ( ar ambiente ). Em seu exame físico observavam-se aranhas vasculares em tórax anterior, eritema palmar e abdome globoso ( ascítico ), ruídos hidroaéreos presentes, flácido, indolor e espaço de traube ocupado. Seus membros inferiores apresentavam edema simétrico de ++/IV. Nesta consulta, a Clínica Médica 6º semestre Rita Juelg – t4A paciente trazia também os seguintes exames complementares: Endoscopia Digestiva Alta, presença de 3 cordões varicosos, tortuosos, azulados, de médio calibre em terço inferior de esôfago. Sódio na urina em 24 horas, 10 mmol ao dia (2400 ml de urina em 24 horas) creatinina (sódica) 0,5 mg/dl. Com base no caso clínico, analise as proporções a seguir e assinale a alternativa CORRETA. I. O líquido ascítico desta paciente deve ser puncionado e se o valor do GASA (Gradiente de Albumina Soro-Ascítico) vier de 0,8 estaremos frente a uma ascite relacionada à hipertensão portal. II. O sódio na urina de 24 horas desta paciente está baixo e o tratamento da ascite secundária à hipertensão portal deverá ser feito com dieta hipossódica e diureticoterapia. III. A paciente possui indicação de profilaxia primária de sangramento varicoso com Pantoprazol 40 mg de 12/12 horas. Apenas I e III estão corretas. Apenas a III está correta. Apenas a II está correta. Apenas I e II estão corretas. Apenas II e III estão corretas. Em relação à ascite é CORRETO afirmar: Na Tb peritoneal, há predomínio de polimorfonucleares no líquido ascítico. A ascite hemorrágica associa-se com frequência à carcinomatose peritoneal. Há contraindicação absoluta para realização de paracentese abdominal em cirróticos com hemorragia digestiva. O risco de PBE é maior na ascite neoplásica do que na ascite da cirrose. Utilizando o GASA como diagnóstico diferencial da ascite, é verdadeiro afirmar: GASA > ou = 1,1 é compatível com hipertensão portalB GASA > ou = 1,1 é compatível com síndrome nefrótica. GASA < ou = 1,1 é compatível com carcinomatose. GASA < ou = 1,1 é compatível com pancreatite crônica. Todas as alternativas estão corretas.
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