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Análise do papel do centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça no processo de reintegração social das raparigas de 18 anos de idade às famílias em 2020 a 2021

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UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE 
FACULDADE DE ÈTICA E CIÊNÇIAS HUMANAS 
Departamento de Psicologia 
Licenciatura em Psicologia Clinica 
 
 
TEMA: 
“Análise do papel do centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça no processo de 
reintegração social das raparigas de 18 anos de idade às famílias em 2020 a 2021” 
Supervisor: Mrs Félix Anovo 
 
 
 
 
 
 
Angelina Benedito Langa 
 
Maputo, Maio de 2020 
 
I 
 
Universidade São Tomás de Moçambique 
FACULDADE DE ÈTICA E CIÊNÇIAS HUMANAS 
Departamento de Psicologia 
Licenciatura em Psicologia Clinica 
 
 
 
Monografia a ser apresentada ao Departamento de 
Psicologia da Universidade São Tomás de Moçambique, 
como requisito parcial para obtenção de grau académico 
de Licenciatura em Psicologia Clinica sob supervisão do 
Me. Félix Anovo. 
 
 
 
 
 “Análise do papel do centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça no processo de 
reintegração social das raparigas de 18 anos de idade às famílias em 2020 a 2021” 
 
 
Supervisor: Me. Félix Anovo 
Angélica Benedito Langa 
Maputo, Agosto de 2021
 
i 
 
Declaração 
 
Declaro por minha honra que este trabalho é da minha autoria e é fruto da minha investigação. 
Esta é a primeira vez que o submeto para obtenção de um grau académico numa instituição 
educacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
____________________________________________________ 
 
 
Angélica Benedito Langa 
 
Maputo, Maio de 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ii 
 
Aprovação do Júri 
 
Este trabalho foi aprovado no dia ______ de_________________ de 2021 por nós, membros do 
júri examinador da Universidade São Tomas de Moçambique com a classificação de _____ 
valores. 
 
 
___________________________________________ 
O Presidente 
 
 
___________________________________________________ 
O Arguente 
 
 
___________________________________________________ 
O Supervisor 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
iii 
 
Dedicatória 
 
Quero dedicar ao Senhor Cardeal Dom Alexandre pela sua inspiração na formação do homem 
novo. A irmã Carolina que me acolheu e aceitou o meu pedido de dar continuidade no processo 
dos meus estudos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
iv 
 
Agradecimentos 
Em primeiro lugar agradeço a Deus pelo dom da vida e pela oportunidade que me concedeu até 
chegar ao fim desta etapa. Agradeço aos meus pais Benedito Langa e Regina Tovela em 
memória que as suas almas repousem nas mãos de Deus e que mereçam o descanso eterno. 
Aos meus irmão que me deram me coragem e força me amparam no momento desanimo. 
Agradeço ao meu orientador Me. Félix Anovo cuja dedicação e paciência serviram como pilar de 
sustentação para a conclusão deste trabalho grato por tudo. Agradeço aos professores por serem 
uma constante fonte de motivação e incentivo ao longo da minha formação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
v 
 
Resumo 
A reintegração das raparigas acolhidas em centros de acolhimento tem sido de todas as formas 
um processo não só complexo mas também desafiador, o Centro de Acolhimento Menino Jesus 
da Manhiça em Maputo uma das instituições que cuida de raparigas dos 03 aos 18 anos de idade 
é, que trabalha com a integração e reintegração de crianças e adolescentes em caso de 
vulnerabilidade consumidores de produtos nocivos ao corpo humano, desde o consumo de 
drogas, álcool, portadores de doenças crónicas, que sofreram vários tipos de violência física, 
psicológica, violência sexual, abandono e mais. Esta pesquisa com o tema “ Análise do papel do 
centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça no processo de reintegração social das 
raparigas de 18 anos de idade às famílias em 2020 a 2021.” Dadas as várias realidades sociais e 
demográficas de cada rapariga fez-se com o objectivo de “Analisar o papel do centro 
Acolhimento Menino Jesus da Manhiça no processo de reintegração social das raparigas às 
famílias de 18 anos de idade.” A partir dos métodos combinados para a suporte científico da 
pesquisa percebeu-se que: (i) as raparigas que por lá passam na maioria dos casos saem com 
formação profissional, trabalho da mão garantido (conta própria); (ii) o centro estimula as 
habilidades de cada uma criando situações em que uma aprenda o ofício da outra; (iii) nem todas 
as reinserções têm dado certo, isso acorre por vários motivos como: familiares alcoólatras, 
violência no convívio da família, perda dos membros directos, estes são factores que 
impossibilitam o sucesso na reintegração das raparigas. 
 
 
Palavras-chave: Centro de acolhimento temporário; família; Rapariga e reintegração familiar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
vi 
 
Summary 
 
The reintegration of girls welcomed into shelter centers has been in all ways not only a complex 
but also challenging process, the Centro de Acolhimento Menino Jesus of Manhiça in Maputo, 
one of the institutions that takes care of girls from 03 to 18 years old, is, which works with the 
integration and reintegration of children and adolescents in case of vulnerability, consumers of 
products harmful to the human body, from the consumption of drugs, alcohol, people with 
chronic diseases, who have suffered many types of physical and psychological violence, sexual 
violence, abandonment and more. This research with the following topic “Analysis of the role of 
the Child Centro de Acolhimento Menino Jesus of Manhiça in Maputo in the process of social 
reintegration of 18-year-old girls to families in 2020 to 2021.” Given the various social and 
demographic realities of each girl, the aim was to “Analyze the role of the Child Jesus da 
Manhiça Reception Center in the process of social reintegration of girls into 18-year-old 
families.” From the combined methods for the scientific support of the research, it was noticed 
that: (i) the girls who go there, in most cases, leave with professional training, guaranteed hand 
work (own account); (ii) the center encourages the skills of each by creating situations in which 
one learns the other's craft; (iii) not all reintegrations have worked, this occurs for various 
reasons such as: alcoholic relatives, violence in family life, loss of direct members, these are 
factors that make it impossible for the girls to succeed in reintegrating. 
 
 
Keywords: Temporary shelter; family; Girl and family reintegration. 
 
 
 
 
 
 
vii 
 
Lista de abreviaturas 
 
ADPP ---- Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo 
AF’s ---- Agregados familiares 
ARCS ---- Arci-cultura e Desenvolvimento 
CAT ---- Centro de Acolhimento Temporário 
CVM ---- Cruz Vermelha de Moçambique 
DTS ---- Doenças Sexualmente Transmissíveis 
HIV/SIDA ---- Vírus de Imunodeficiência Humana 
MICAS ---- Ministério da Coordenação da Acção Social 
MIMAS ---- Ministério da Mulher e Acção Social 
ONG ---- Organização Não-governamental 
USTM ---- Universidade São Tomas de Moçambique 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
viii 
 
Lista de tabelas 
 
Tabela 1. Perfil das raparigas entrevistadas 
Tabela 2. Perfil ocupacional e educacional das raparigas 
Tabela 3. Idade com que as raparigas foram acolhidas 
Tabela 4. Agregados de cada família 
 
Lista de Fulguras 
Figua 1. Pirâmide da escala das necessidades do Maslow 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ix 
 
Índice 
Declaração ..................................................................................................................... i 
Aprovação do Júri ......................................................................................................... ii 
Dedicatória ......................................................................................................................................... iii 
Agradecimentos .................................................................................................................................. iv 
Resumo ...............................................................................................................................................v 
Summary ............................................................................................................................................ vi 
Lista de abreviaturas .......................................................................................................................... vii 
Lista de tabelas ..................................................................................................................................viii 
Lista de Fulguras ...............................................................................................................................viii 
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1 
1.1. Contextualização ...................................................................................................................... 1 
1.2. Delimitação do Estudo ............................................................................................................. 3 
1.3. Abordagem do Problema .......................................................................................................... 3 
1.4. Questão de pesquisa ................................................................................................................. 4 
1.5. Justificativa .............................................................................................................................. 4 
1.5.1. Relevância Social ................................................................................................................. 4 
1.5.2. Relevância Científica ........................................................................................................... 5 
1.6. Objectivos Geral ...................................................................................................................... 5 
1.7. Objectivos Específicos ............................................................................................................. 5 
1.8. Revisão da Literatura ............................................................................................................... 6 
1.9. Principais conceitos .................................................................................................................. 6 
1.9.1. Rapariga ............................................................................................................................... 6 
1.9.2. Família ................................................................................................................................. 6 
1.9.3. Reintegração Familiar .......................................................................................................... 6 
1.9.4. Centro de Acolhimento Temporário ...................................................................................... 6 
1.10. Discussão dos conceitos ....................................................................................................... 7 
CAPÍTULO II: METODOLOGIA ......................................................................................................... 10 
2.1. Descrição do local de estudo .................................................................................................. 10 
2.2. População do estudo ............................................................................................................... 10 
1.2.1. Critério de inclusão ............................................................................................................ 11 
 
x 
 
2.2.2. Critérios de exclusão .......................................................................................................... 11 
2.3. Amostragem e tamanho da amostra ........................................................................................ 11 
2.4. Tipo de estudo ........................................................................................................................ 12 
2.5. Quanto aos objectivos ............................................................................................................ 12 
2.6. Técnicas e instrumento de recolha de dados ............................................................................ 13 
2.7. Variáveis ................................................................................................................................ 13 
2.8. Procedimentos ........................................................................................................................ 13 
2.9. Gestão da análise de dados ..................................................................................................... 14 
2.10. Disseminação do estudo ..................................................................................................... 14 
2.11. Limitações ......................................................................................................................... 14 
2.12. Considerações éticas........................................................................................................... 15 
CAPÍTULO III. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE DADOS ...................................................... 17 
3.1. Perfil dos entrevistados .......................................................................................................... 17 
3.2. Satisfação da rapariga pela sua estadia no centro de acolhimento ............................................ 19 
3.3. Estratégias do Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça na reintegração social das 
raparigas acolhidas às famílias; .......................................................................................................... 22 
3.4. Descrever as características sócio demográficas das famílias das raparigas acolhidas pelo 
Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça ............................................................................. 24 
3.5. Razões por detrás do acolhimento das raparigas...................................................................... 25 
3.6. A relação da família com a rapariga ........................................................................................ 26 
3.7. Explicar o processo de reintegração familiar das raparigas acolhidas pelo Centro de 
Acolhimento Menino Jesus da Manhiça ............................................................................................. 27 
3.7.1. Manutenção do vínculo familiar ......................................................................................... 28 
3.7.2. Preparação da rapariga para uma vida autónoma ................................................................. 29 
3.7.3. Pré-avaliação da família das raparigas ................................................................................ 29 
CAPÍTULO IV. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..................................................................... 30 
4.1. Conclusões ............................................................................................................................. 30 
4.2. Recomendações ..................................................................................................................... 31 
4.3. Referências Bibliográficas ...................................................................................................... 32 
4.4. Apêndices .............................................................................................................................. 34 
 
 
 
1 
 
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 
1.1. Contextualização 
A nossa pesquisa tem como tema “ Análise do papel do centro de Acolhimento Menino Jesus da 
Manhiça no processo de reintegração social das raparigas de 18 anos de idade às famílias em 
2020 a 2021 “.” Pretendemos realizar no centro de acolhimento do menino Jesus no distrito da 
Manhiça em Maputo. Com a perspectiva virada ao acolhimento dos adolescentes na família de 
origem, após de frequentar o centro de acolhimento. 
Parafalar de reintegração social numa primeira fase é pertinente retratar sobre a família que em 
normas gerais são pessoas que partilham laços de parentesco por consanguinidade e por 
afinidade, pessoas responsáveis pela educação das crianças e influenciam no comportamento dos 
mesmos no meio social, promovendo os valores morais, sociais que sirvam de base para o 
processo de socialização da criança bem como as tradições e os costumes preservados de geração 
a geração. 
Pensar na família como meio de intervenção e reintegração é uma tarefa complexa, pois está em 
constante transformação de significados. Tal como sustenta Sarti (1999:100) ao afirmar que, a 
família é o lugar onde se ouvem as primeiras falas com as quais se constrói a auto imagem e a 
imagem do mundo exterior. É onde se aprende a falar e, por meio da linguagem, a dar sentido às 
experiências vividas. A família, seja como for composta, vivida e organizada, é o filtro através 
do qual se começa a ver e significar o mundo. Este processo que se inicia ao nascer prolonga-se 
ao longo de toda a vida, a partir de diferentes lugares que se ocupa na família. Mas, por outro 
lado, (Oliveira, 1996) sustenta que, diante de arranjos familiares tão diversificados, não é mais 
viável pensar na família tomando como base apenas os laços biológicos, ou um modelo 
hegemónico vigente. Ela não segue um padrão único de organização, insere-se em uma classe ou 
camada social e organiza suas relações internas e externas mediante um repertório social. Que 
engloba a família como um grupo responsável pela reprodução social (Bourdieu, 1997; Durham, 
1983), que incluindo tanto o processo de reprodução biológica, quanto o de socialização. E 
assim, percebemos que a família não é responsável apenas por gerar novos seres humanos, cabe 
a ela zelar por sua sobrevivência, o que implica em cuidados como protecção e afecto 
(Romanelli, 2003). 
 
2 
 
Proteger os laços familiares e comunitários é fundamental e crucial para o desenvolvimento de 
crianças e adolescentes em centros de acolhimentos comunitários em que, o maior objectivo 
depois de integradas dar orientação sobre a convivência e, a preservação dos vínculos familiares 
e comunitários. Pelo facto de sua estadia ser de carácter provisório, é importante que haja 
empenho para o regresso às famílias de origem. Contudo, sabemos que as crianças e adolescentes 
retiradas do seio familiar, sofreram um tipo de violência, perpetuadas por ordem económica, 
social, emocional e abstracto, aquando das famílias não apresentaram meios cuidadosos para 
com a criança ou adolescente. Assim sendo, é necessário investir no processo de integração ou 
reintegração familiar, criando condições de forma que a receba e promova os cuidados 
necessários. 
Se por um lado reintegração significa integrar de novo, unir o que foi apartado, no caso de 
pessoas acolhidas, significa regresso às famílias de origem unidas por laço de afinidade ou 
consanguinidade, desde que reúnam condições e motivação para ampará-los (Oliveira, 2007). 
Por outro lado, seguindo a lógica do mesmo autor, antes de mais, é necessário ouvir a criança, 
perceber sua situação emocional, saber com quem ela prefere ficar e quais são os seus anseios. 
Por sua vez, a família deve garantir que as razões que levaram à separação sejam deliberadas. 
Ainda assim, a reintegração é feita de forma progressiva e planejada, acompanhadas por uma 
equipa de atendimento de estratégias gerais a fim de superar a vulnerabilidade e risco vividos por 
cada utente e dilatar de modo a auxiliar os recursos que contribuem para revigorar as relações. 
O nosso trabalho é composto por três capítulos, a saber: o primeiro capítulo diz respeito a 
introdução, a contextualização, a delimitação do tema, a abordagem do problema, a questão da 
pesquisa, a justificativa, a relevância social, a relevância científica, objectivos gerais, objectivos 
específicos, hipótese nula, hipótese alternativa e a revisão da literatura. No segundo capítulo, 
compete a metodologia onde traremos os tipos de pesquisa, a descrição do local do estudo, a 
população do estudo, critérios de inclusão, critérios de exclusão, amostragem e tamanho da 
pesquisa, tipo de estudo, técnicas e instrumentos de recolha de dados, variáveis, procedimentos, 
gestão e análise de dados, disseminação do estudo, limitações, e considerações éticas. A terceira 
parte diz respeito a apresentação de resultados. Por fim as referências bibliográficas. 
 
 
 
 
3 
 
1.2.Delimitação do Estudo 
O nosso tema circunda em volta de assuntos da psicologia humanista do qual, Abraham Maslow 
nos trás problemas enfrentados na infância, adolescência até a fase jovem dos 18 anos) na 
reintegração familiar e na comunidade no Centro de acolhimento do Menino Jesus da Manhiça. 
1.3.Abordagem do Problema 
O acolhimento institucional é um dos serviços sociais de protecção social provisória e 
extraordinária para crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social, cujas famílias 
ou responsáveis encontram-se temporariamente impossibilitados de cumprir sua função de 
cuidado e protecção. Estas instituições foram firmadas a partir da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos, consumada em 1948 à comunidade internacional por intermédio das 
Organizações das Nações Unidas que, apoiaram uma sequência de convicções internacionais, em 
que estabelecem estatutos comuns de cooperação mútua e mecanismos de controlo que garantem 
a não violação e o exercício pelo cidadão, de uma lista de direitos considerados básicos a vida 
digna aos chamados Direitos Humanos. Nestes acordos foram reconhecidos direitos humanos 
Universais no plano individual, colectivo e social, entre eles, o direito à saúde e o direito da 
criança à especial protecção do estado, da sociedade e da família comprometendo-se as nações 
signatárias a garanti-los e implementa-los (Brasil, 1990, p. 21). 
 Na concretização destes direitos universais para todos os seres humanos, foram criadas medidas 
específicas para atender segmentos que mais sofriam a violação de seus direitos, como: os 
negros, as mulheres, as crianças, os adolescentes, os idosos e deficientes. Nesta circunstância 
várias entidades realizaram mecanismos, sobretudo no contexto social, as diferenças e as 
vulnerabilidades para reduzir as desigualdades sociais e promover uma vida mais digna a esses 
sujeitos de direito. 
Moçambique, em conformidade com as leis dos direitos humanos universais adoptou medidas 
para reiterar os direitos das crianças e adolescentes, e a quem cabe garanti-los (família, 
comunidade, poder público e sociedade como um todo). Assim, o governo moçambicano criou 
políticas de atenção à infância e à adolescência, instituiu novos órgãos como o ministério da 
acção social, e redefiniu as atribuições das instituições governamentais e não-governamentais 
 
4 
 
que já actuavam na área. Para a materialização dos princípios da prioridade absoluta e da 
protecção integral dos direitos da criança e do adolescente. 
Uma das instituições não-governamentais que cuida de raparigas dos 03 aos 18 anos de idade é o 
Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça em Maputo, que trabalha com a integração e 
reintegração de crianças e adolescentes em caso de vulnerabilidade consumidores de produtos 
nocivos ao corpo humano, desde o consumo de drogas, álcool, portadores de doenças crónicas, 
que sofreram vários tipos de violência física, psicológica, violência sexual, abandono causadas e 
perpetuadas por desconhecidos e também pelos familiares, falta de condições financeiras, 
negligência por parte dos familiares entre outros aspectos. Suscitando grandes desafios para a 
reintegração das raparigas no seio familiar. Desde modo, como forma de melhor compreender o 
facto em inscrição, a pesquisadora busca replicar o seguinte problema: 
1.4.Questão de pesquisa 
 De que forma o centro Menino Jesus da Manhiça contribui no processo da reintegraçãosocial 
das raparigas às famílias no Centro de Acolhimento do no período de 2020 a 2021? 
1.5.Justificativa 
A família é a base fundamental no processo de formação do indivíduo, pois é nela que 
encontramos a primeira sociedade de convivência, assim sendo, há uma necessidade de averiguar 
a história de uma rapariga acolhida no centro menino Jesus da Manhiça desde os seus 7 (sete) 
anos de idade. 
 Na sua história percebemos que não se identificava com a família na qual foi reintegrada, 
primeiro porque cresceu sabendo que era órfã de pais, segundo porque a mãe a renegava como 
filha e os irmãos não a reconheciam. Ela sentia-se como fonte de renda da família por ser a única 
que tivera frequentado uma escola e ter um emprego. Assim, a história da adolescente despertou 
em nós interesse em investigar ou procurar, perceber afinal, de que forma a família contribui no 
processo de reintegração social de adolescentes. 
1.5.1. Relevância Social 
Uma vez que a instituição de abrigo às crianças e adolescentes é de carácter provisório, e o 
afastamento do seio familiar também, o estudo do tema será pertinente para investir no retorno 
 
5 
 
da rapariga ao convívio com a família de origem ou para uma família adjunta. Num certo ponto, 
incumbirá as demandas da população. Reduzindo o índice de crianças abandonadas e refugiadas 
na rua. Também, será pertinente de forma que as crianças que passaram pelo processo de 
reintegração possam auxiliar as equipas de atendimento aos adolescentes. 
1.5.2. Relevância Científica 
O estudo será relevante para a área científica porque pode suscitar interesse na sociedade 
académica, em particular aos psicólogos em investigar o Papel do centro no processo de 
reintegração social noutros cantos do país e do mundo. Servirá como um campo de actuação dos 
profissionais dos serviços sócias e psicologia. De modo particular o estudo de novos temas 
relacionados com a reintegração social das crianças e o desenvolvimento de novos conceitos 
ligados ao assunto em causa. 
1.6.Objectivos Geral 
Analisar o papel do centro Acolhimento Menino Jesus da Manhiça no processo de reintegração 
social das raparigas às famílias de 18 anos de idade no ano de 2020 a 2021. 
1.7.Objectivos Específicos 
 Identificar as estratégias do Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça na 
reintegração social das raparigas às famílias; 
 Descrever as características sócio demográficas das famílias das raparigas acolhidas pelo 
Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça. 
 Explicar o processo de reintegração social das raparigas acolhidas pelo Centro de 
Acolhimento Menino Jesus da Manhiça. 
 
 
6 
 
1.8.Revisão da Literatura 
1.9.Principais conceitos 
1.9.1. Rapariga 
É a fase compreendida entre a 
1
Infância e a adolescência, essa fase são marcadas por de várias 
imagens, escolher uma careira, um estilo de vida com um desequilíbrio temporário que 
posteriormente dá lugar a uma forma superior de raciocínio. 
1.9.2. Família 
É um sistema que constitui uma unidade que não pode ser vista como a soma de 
individualidades, mas como um conjunto de interacções. Baumgatner (2011). Para Erickson 
(1968) família é um sistema por possuir um conjunto de elementos interligados formando um 
todo organizado e com objectivos comuns e bem estruturados para alcançar. A mudança de um 
membro da família modifica os outros e como consequência muda toda família. 
1.9.3. Reintegração Familiar 
Assim, visto que a reintegração familiar é um processo complexo, constituído por vários 
significados já estabelecidos culturalmente, com diversos actores que protagonizam acções e se 
influenciam mutuamente, consideramos fundamental uma abordagem que contemple esses vários 
factores. Portanto, esses podem ser compreendidos a partir de aspectos históricos, jurídicos, 
psicológicos, sociais, culturais e pelos aspectos individuais de quem vivencia essa situação 
(Serrano, 2008). 
 
1.9.4. Centro de Acolhimento Temporário 
Centro de Acolhimento Temporário (CAT) – Resposta social, desenvolvida em equipamento, 
destinada ao acolhimento urgente e temporário de crianças e jovens em perigo, de duração 
inferior a seis meses, com base na aplicação de medida de promoção e protecção. (Instituto da 
Segurança Social, 2010. P.7) 
 
1 "rapariga", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-
2021, https://dicionario.priberam.org/rapariga [consultado em 28-07-2021]. 
https://dicionario.priberam.org/rapariga
 
7 
 
Os Centros de Acolhimento Temporário foram especialmente criados para acolher crianças e 
jovens, com idades compreendidas entre os 0 e 18 anos, cujo acolhimento se preveja breve, mais 
precisamente que não ultrapasse os seis meses, muito embora a realidade não confirme esta 
premissa 
O Centro de Acolhimento Temporário (adiante designado por CAT) destina-se ao acolhimento 
de crianças e jovens em perigo, com idades compreendidas entre os zero e os dezoito anos, os 
quais se englobam nos casos em que se encontram abandonados ou vivem entregues a si 
próprios, ou ainda que possam sofrer de maus-tratos quer físicos quer psicológicos ou que sejam 
vítimas de abusos sexuais. O acolhimento institucional de crianças e jovens em perigo é uma das 
medidas de promoção e protecção conjecturadas na Lei de Protecção de Crianças e Jovens em 
Perigo. Objectiva defendê-los do perigo a que estão sujeitos, colocando-os ao cuidado de uma 
entidade que esteja adaptada, tanto a nível de instalações como de equipa técnica, para que desta 
forma consiga ir ao encontro da satisfação das necessidades das crianças e jovens, oferecendo-
lhes condições que possibilitem a sua educação, bem-estar e desenvolvimento integral. (Instituto 
da Segurança Social, 2010). 
 
1.10. Discussão dos conceitos 
Apesar de informação escassa sobre os dados das crianças que vivem nos centros de 
acolhimento, nota-se que de 2011 para 2013 essa população aumentou nos finais de 2012 para 
8.267 crianças em Moçambique. Esse acréscimo tem chamado atenção de muitos estudiosos, 
(ONG) religiosas, (ONG) nacionais e estrangeiras. Tentando expor as causas do acréscimo. Em 
que a maior parte das investigações apontam para agressão física, psicológica, violência dos 
direitos da criança, violência sexual e a pobreza como o principal causador. 
Em primeiro lugar, Sales e Maússe (2000:4), afirmam que, 
“ O êxodo rural, a mudança na estrutura económica do país operada nos anos 80, levaram ao 
aumento do número da população urbana sem as mínimas condições de vida. Esta situação aliada 
a falta de emprego e ao desemprego, resultante das políticas de privatização de empresas que 
implicou, em alguns casos, a redução de mão-de-obra, contribuiu profundamente para a 
degradação das condições socioeconómicas das populações desfavorecidas e, consequentemente, 
 
8 
 
para a degradação dos valores sociais e morais e no enfraquecimento das estruturas familiares e 
comunitárias.” 
Os autores acima citados apontam que, a causa da permanência de crianças na rua é pobreza. 
Gerando para além do desemprego a busca das melhores condições de vida, o baixo rendimento 
económico, o descontentamento nas necessidades básicas, a fome, a instabilidade familiar que 
leva a desagregação das famílias, a falta da educação formal, criam pressões psicológicas que 
leva a destituição dos valores morais. Assim, podemos encarar esse assunto como um factor que 
influencia no processo de reintegração familiar. 
Por outro lado, Arci-Cultura (ARCS) e conjunto com a Cruz Vermelha de Moçambique (CVM) e 
o Ministério da Mulher Coordenação da Acção Social (MICAS) (1997:5), advogam que o 
processo de reintegração familiar, 
“Incide sobre os funcionários dos centros, como consequência da constatação de existência de 
lacunas no conhecimento que os educadores possuem sobre a criança, as necessidades e a 
aplicação prática dos direitosdas crianças.” 
Com esta citação percebemos que o objectivo desta pesquisa era de identificar o nível de 
conhecimento do fenómeno de criança da rua entre os educadores e responsáveis dos centros e, 
desta forma, fornecer dados auxiliares para apoiar os programas desenvolvidos para a 
reintegração da criança e adolescente nas famílias de origem. 
Os educadores e responsáveis dos centros de acolhimento abertos e fechados não têm 
conhecimento geral da situação da criança da rua, estão centrados na necessidade de satisfações 
básicas das crianças e na formação profissional e vocacional, tanto que, cabe ao psicólogo avaliar 
as necessidades psicoafectivas das crianças. 
Segundo Mauluquela (2009:7), ao estudar sobre “Razões e Objectivos de Afluência das Crianças 
da Rua aos Centros de Acolhimento” advoga que: 
" Pobreza ou a violência não são condições sine qua non de fuga para a rua. A perda de 
referências resultante de um acontecimento repentino como o falecimento de um ou ambos 
progenitores que, inter-relacionado com outros, pode constituir motivo para a saída de casa, por 
exemplo, o que queremos dizer é que, factores como a pobreza ou fome, ou violência familiar, a 
degradação de valores morais, a instabilidade familiar ou outros não são, isoladamente, 
suficientes para explicar o fenómeno de criança da rua." Tomando em consideração esta 
exposição, percebemos que o autor acima referido não comunga a ideia de que a pobreza seja o 
 
9 
 
factor crucial e que incita os demais factores para a permanência da criança na rua. Para este 
autor os demais factores como a fome, a violência familiar, a degradação dos valores morais, a 
instabilidade familiar entre outros, contribuem de forma isolada. E sustenta a ideia de que 
depende do meio em que a criança esta inserida e, do sentido que a criança e o meio lhe 
concedam, para que as causas se tornem num caso e se transforme em uma suspensão. 
Assim sendo, notamos que os autores acima referidos apresentam em comum o mesmo objecto 
de estudo, a criança. E compartilham o desejo de estudar sob a mesma perspectiva de 
intervenção social e ponto de vista macro estrutural. Com o objectivo de analisar o que leva a 
criança a abandonar a família e se refugiar na rua. Para além dos aspectos convergentes 
apresentam também, aspectos divergentes. Na medida em que o primeiro (Sales e Maússe, 2000) 
aponta para a pobreza como o factor primordial e fecundante dos demais factores contribuintes 
do fenómeno desastroso. Mas, para (Mauluquela, 2009), as causa acima referidas contribuem de 
forma isolada. Cabendo a criança e meio social em que está inserida a causa da suspensão dos 
fenómenos. 
 Por outro lado, [Arci-Cultura (ARCS) e conjunto com a Cruz Vermelha de Moçambique (CVM) 
e o Ministério da Mulher Coordenação da Acção Social (MICAS) (1997)], aponta para a 
ignorância geral dos dirigentes e educadores dos centros abertos e fechados sobre a permanência 
da criança na rua, afirma que estes preocupam-se apenas com as necessidades básicas. E frisa 
que cabe ao psicólogo trabalhar as necessidades psicoafectivas das crianças e adolescentes e, 
auxiliar no processo de reintegração das mesmas nas famílias de origem. 
Do nosso ponto de vista, as definições e concepções dos diferentes actores por nos trazidos 
abordam sobre as crianças e adolescentes e mostram os mecanismos que fundem dentro dos 
processos que enfrentam na reintegração seio familiar. Como exemplo temos a relação da criança 
com os familiares; o nível de afecto dos educadores e os coordenadores dos centros de 
acolhimento fechados e abertos; o papel do psicólogo nas necessidades psicoafectivas da criança 
e do adolescente. 
 
10 
 
CAPÍTULO II: METODOLOGIA 
2.1.Descrição do local de estudo 
O Centro de Acolhimento Menino Jesus – Orfanato Manhiça que é um Centro fechado, que 
alberga crianças e adolescentes do sexo feminino, que deambulavam nas artérias da vila da 
Manhiça e as que vivem sob pressão constante provocada por situações sociais nas famílias. 
Entretanto, as Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Maria Mãe de África comovidas pelas ideias 
de Jesus Cristo e, por um sentimento humanitário recolheram as primeiras crianças e, abrigaram 
na sua residência na Manhiça em 1992. 
Com o passar de tempo, a destruição da guerra civil, e o número elevado das famílias portadoras 
de doenças sexualmente transmissíveis, multiplicaram o número de crianças. Então, isso motivou 
a congregação religiosa. E com auxílio do Cardeal Dom Alexandre José Maria dos Santos, 
individualidades, e apoio de algumas Organizações construíramos lugar adequado para a 
integração e acolhimento das crianças. Desta forma nasceu “O Centro de Acolhimento Menino 
Jesus – Orfanato Manhiça” ocupando uma área de 1.800m2. albergando crianças, adolescentes e 
jovens dos 04 á 21 de idade do sexo feminino. E em 1999 atendeu os primeiros registos. 
Actualmente acolhe trinta e quatro (34) raparigas de vários pontos do país, também, da África do 
Sul, Malawi e da República Democrática do Congo. As maiorias órfãs afectadas por HIV/SIDA. 
O centro tem como objectivos: a educação da rapariga nos valores morais e culturais, 
combatendo a sua marginalização nos sectores sócias; educação técnico-profissional; luta pelo 
desenvolvimento Sustentável; educação em matérias de Saúde materno – infantil e combate ao 
HIV/SIDA/DTS entre outros aspectos. 
2.2.População do estudo 
Universo ou população: é o conjunto de seres animados ou inanimados que reperesentam pelo 
menos uma caracteristica em comum. O universo ou população depende do assunto a ser 
investigado.( Marcone e Lakatos, 2008). 
Assim sendo, a nossa população constituir-se-á por famílias das raparigas acolhidas pelo Centro, 
as próprias raparigas e as monitoras do centro de Acolhimento Menino Jesus – Orfanato Manhiça 
que é um cento fechado. Onde as raparigas recebem apoio educacional, moral, alimentar, 
 
11 
 
material, também praticam um leque de actividades de reabilitação psicossocial. Neste centro 
temos trinta e quatro raparigas. 
1.2.1. Critério de inclusão 
Define as principais características da população alva e acessível, envolvendo decisões sobre os 
objectivos práticos e científicos (Biklen, 1994). 
Assim, para complementar a nossa pesquisa, fazem parte: 
 Famílias com filhos no Centro de Acolhimento Menino Jesus – Orfanato Manhiça, 
 Famílias com raparigas de dezoito anos; 
 Família que sabem ler e escrever, 
 Famílias constituídas por raparigas órfãs, 
 Famílias disponíveis para a entrevistas 
 Saber ler e escrever, será fundamental para facilitar a comunicação, interpretação do 
questionário e, fará com que os participantes não se sintam manipulados. 
2.2.2. Critérios de exclusão 
Indica o subgrupo de indivíduos que embora preenche os critérios de inclusão, também apresenta 
características ou manifestações que podem interferir na qualidade dos dados, assim como na 
interpretação dos resultados (Biklen, 1994). 
Então para a nossa pesquisa não fizeram parte do trabalho: 
 Famílias que não tinham filhos no Centro de Acolhimento Menino Jesus – Orfanato 
Manhiça, 
 Famílias com crianças com menos de dezoito anos, 
 Família que não sabem ler e escrever, 
 Famílias que não constituídas por crianças órfãs, 
 Famílias que não estavam disponíveis param a entrevista. 
2.3. Amostragem e tamanho da amostra 
Segundo (Gil, 2008:90) amostra é o subconjunto do universo ou da população, por meio do qual 
se estabelecem ou se estimam as características desse universo ou da população. 
 
12 
 
 Na mesma sequência ao classificarmos os tipos de amostragem, para o nosso estudo, 
trabalharemos com a amostragem estratificada, que segundo (Gil, 2008:90), caracteriza-se pela 
selecção de uma amostra de cada subgrupo de uma população considerada. O fundamento para 
delimitar o subgrupo ou estratos pode ser encontrado em propriedades como sexo, idade ou 
classe social. 
Dastrinta e quatro famílias (34), que fazem parte da população, a nossa amostra será composta 
significativamente por doze (12) famílias, considerando que esse é o número total das raparigas 
com 18 ou mais anos existentes, doze (12) raparigas e também fazem parte três (3) monitoras do 
Centro de Acolhimento Menino Jesus – Orfanato Manhiça o que soma um total de vinte e cinco 
(25) elementos que representam a nossa amostra. 
2.4. Tipo de estudo 
Procurando aprofundar o conhecimento do objecto de estudo, o nosso estudo é qualitativo. Pois 
segundo (Knechtel, 2014) a pesquisa qualitativa procura entender fenómenos humanos, buscando 
deles obter uma visão detalhada e complexa por meio de uma análise científica do pesquisador. 
Esse tipo de pesquisa se preocupa com o significado dos fenómenos e processos sociais. Em que 
os critérios dos pesquisador são baseados nas motivações, crenças, valores e representações 
encontradas nas relações sociais. E ainda se caracteriza por, fazer uso de narrativas históricas, 
materiais bibliográficos e auto bibliográficos; ressalta a natureza socialmente construída da 
realidade. Que é aplicado através do encaminhamento do problema, descrição da interacção e da 
intervenção. Em que neste tipo de investigação as descrições derivam sempre de um número 
reduzido de pessoas escolhidas dentre uma população particular, a dimensão da amostra afigura-
se aceitável. Booth, (apud Chirrime, 2014) 
2.5. Quanto aos objectivos 
Este estudo compreende uma pesquisa exploratória, que são pesquisas que “visam compreender 
um fenómeno ainda pouco estudado ou aspectos específicos de uma teoria ampla.” (GIL, 2994). 
Escolheu-se este tipo, por se tratar de um problema que precisa de uma exploração sobre a 
integração das raparigas às famílias de origem e os aspectos particularmente ligados a segurança 
da família em que a rapariga é reintegrada. 
 
13 
 
2.6. Técnicas e instrumento de recolha de dados 
Esta pesquisa contou com três técnicas que são a revisão bibliográfica, observação directa e a 
pesquisa do campo, e dois instrumentos de recolha de dados, nomeadamente: formulário de 
entrevista e questionário. 
Marconi e Lakatos (2008) definem a entrevista como sendo, “Um encontro entre duas pessoas, 
afim de, que uma delas obtenha informação a respeito de determinado assunto, mediante uma 
conversação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social para a 
colecta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social.” 
2.7. Variáveis 
De acordo com Appolinário (2004), 
 Conceitos ou constructos que podem assumir diferentes valores. Aspectos, propriedades ou 
factores a cerca da realidade cujo, conteúdo pode variar: toda variável possui ao menos dois 
componentes: nome da variável e um sistema classificatório de categorias (valores) que ela possa 
assumir. 
Assim, a nossa variável é de categoria demográfica, em que seguindo a lógica do mesmo autor, é 
aquela que contem dados demográficos, variando: no sexo, idade, nível de escolaridade, estado 
civil entre outros. Deste modo, a pesquisadora identificou e descreveu dados que demonstram a 
relação entre as variáveis do fenómeno em causa. 
2.8. Procedimentos 
Para a nossa pesquisa o procedimento adequado será o estudo de caso, o que têm por finalidade 
explicar, explorar ou descrever fenómenos actuais inseridos em seu próprio contexto. Onde no 
primeiro passo fará o delineamento da pesquisa, no segundo o desenho da pesquisa, no terceiro 
preparação e colecta de dados, na quarta análise dos casos entre os casos e no quinto e o último 
passo se fará o relatório dos resultados. A fim de conduzir o estudo de caso, as técnicas utilizadas 
para este estudo foram o preenchimento de uma ficha de dados sócio demográficos das 
adolescentes e dos seus familiares e a entrevista clínica, a pesquisa documental junto ao Centro 
de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça em Maputo. 
 
14 
 
Por fim, depois da aprovação do projecto pelo Conselho de Investigação da Bioética da USTM, a 
pesquisadora contactará a Direcção do Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça em 
Maputo. Para rogar a autorização dá recolha de dados suficientes para o trabalho junto das 
famílias e das adolescentes pretendidas. 
2.9. Gestão da análise de dados 
É uma fase fundamental para a fundamentação de dados obtidos no campo de estudo de forma 
obter uma descrição dos detalhes que permitem deduzir factos que nos levem ao conhecimento a 
cerca de um determinado assunto, através de interpretações de relatórios, gráficos, tabelas, 
artigos, etc. 
 Assim sendo, para esta pesquisa o plano de análise de dados qualitativos contará com: 
 Descrição da amostra populacional; 
 Organização dos comentários (respostas em categorias); 
2.10. Disseminação do estudo 
 Apesar da reintegração familiar e comunitária ser um tema muito discutido actualmente, ainda é 
um assunto recente, incorporado e valorizado. No entanto, é importante lembrar que nossa 
história é identificada por uma cultura de institucionalização. Mas, com o passar do tempo 
mudanças, novas práticas que começam a surgir em torno das já existentes, o que representa um 
avanço. Por fim, esperamos que este trabalho facilite e desenvolva discussões e reflexões sobre a 
reintegração à preservação da convivência familiar e comunitária. Esperamos, também, que as 
diferentes questões sem respostas motivem o interesse de outros pesquisadores e, assim, 
tenhamos mais estudos nessa área que ainda é muito carecida. Então, para facilitar a busca de 
levantamento de dados que servem de suporte a investigação projectada e não só! Pretendemos 
divulgar o nosso trabalho para as várias instituições do estado e religiosas que trabalham com 
aspectos sociais e humanos. 
2.11. Limitações 
No decorrer deste trabalho de pesquisa, a pesquisadora deparou-se com as seguintes limitações, 
 A abordagem foi demorada, com uma síntese de dados difíceis; 
 
15 
 
 As famílias não são abertas, algumas dificultando o trabalho, procurando saber se terão 
algum agrado depois da colaboração. 
2.12. Considerações éticas 
A ética refere-se a opção ao anseio de concretizar a vida preservando com os outros, afinidades 
justas e aceitáveis, está baseada nas ideias de bem e virtude, a beleza interior do individuo posta 
em prática em toda sua plenitude. Quando se fala de ética, refere-se ao carácter, do sujeito ciente, 
que conheça a diferença entre o bem e o mal, certo e errado, o admitido e o proibido, virtude e 
vício. 
Assim sendo, ao realizar as entrevistas a pesquisadora se preocupará em verificar a 
disponibilidade dos participantes, mediante um contacto prévio onde procederá com os seguintes 
cuidados: 
 Informar os investigados sobre o objectivo da pesquisa e os resultados que se esperam 
com a realização da entrevista; 
 Explicar a razão pela qual se procedeu a selecção, dando a conhecer a importância do 
seu contributo para o estudo que se pretende desenvolver; 
 Informar aos investigados sobre a duração que se prevê para a realização da entrevista e 
negociar com eles a data e o local; 
 Informar aos investigados que no caso de desistência não sofrerá nenhuma represália, 
 Constará da pesquisa a carta de autorização da pesquisa da realização da mesma do 
responsável do Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça em Maputo. 
 Será garantido um espaço privado onde decorara a entrevista onde o entrevistado possa 
se sentir a vontade; 
 Na apresentação dos dados serão usados códigos para evitar-se a menção de nomes que 
possam criar situações de publicação dos mesmos; 
 Após a produção do trabalho final todo material usado para o registo das informações 
fornecidas pelos entrevistados será totalmente destruído. 
Durante todo o processo de recolha de dados lhes será garantido o anonimato e confidencialidade 
nos dados fornecidos pela rapariga e o centro, bem como os resultadosque esta pesquisa 
 
16 
 
produzirá através de não divulgação para outros fins que não sejam académicos através dos 
seguintes instrumentos: 
 Declaração de conflito de interesse do pesquisador e 
 Termo de compromisso do investigador. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
Capítulo III. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE DADOS 
Para salvaguardar a imagem e integridade dos entrevistados deste estudo, ao longo deste capítulo 
pode-se encontrar M01… para as mentoras R01…, para as raparigas e F01…, para as famílias, 
estas são as designações que encontramos para não ter que divulgar os seus nomes ou mesmo 
quem disse o quê para não comprometer a sua imagem levando em consideração que algumas 
declarações podem ser comprometedoras. 
3.1.Perfil dos entrevistados 
Tendo em conta que apenas pautou-se pelas raparigas com 18 anos, portanto as idades variam de 
18 a 21 anos, isto é, dez (10) raparigas correspondentes a 83% tem 18 anos e duas (2) 
correspondentes a 17% tem 21 anos de idade. Considerando que estamos a falar de raparigas que 
foram acolhidas pelo centro em decorrências de vários motivos que variam de uma rapariga para 
outra, podemos, no quadro a seguir verificar o perfil de cada uma em relação aos membros com 
quem viviam antes do centro, os que estiveram em contacto durante o tempo de acolhimento e 
para quais foram reintegradas. 
Tabela 1. Perfil das raparigas entrevistadas 
Descrição Pai/Mãe Irmão/a Tio/a Primo/a Avo Total 
Com quem vivia antes do centro 1 2 2 -------- 7 12 
Membro de contacto desde o início 1 2 2 ------- 7 12 
A família para qual foi reintegrada 1 2 2 ------- 7 12 
Adaptada pela autora 2021 
Como se pode ver no quadro acima, sete (7) raparigas das doze (12) que fizeram parte da 
amostra desta pesquisa, correspondentes a 58%, antes do centro vivia com os avós, os mesmos 
mantinham contacto desde o início do processo de acolhimento e, igualmente são as famílias 
para quais as raparigas foram reintegradas. Duas (2) correspondentes a 17% viviam com os tios, 
uma percentagem igual com os irmãos, por fim uma (1) correspondente correspondente a 8%, 
com os pais cujos mesmos mantinham contacto desde o início do processo de acolhimento e, 
igualmente são as famílias, para as quais foram reintegradas. 
 
18 
 
Frisando que as raparigas durante o processo de acolhimento são submetidas a vários tipos de 
aprendizagens, desde o ensino primário até superior ou profissional, algumas acabam 
encontrando emprego dentro ou depois do processo de acolhimento. Portanto, na tabela a seguir 
apresentamos a ocupação de cada uma das 12 raparigas que fizeram parte do estudo. 
 
Tabela 2. Perfil ocupacional e educacional das raparigas 
Descrição Ocupação Educação 
Ajudante 4 
Logística 3 
Secretaria 1 
Activista social 2 
Professora 2 
10ª Classe ----- 
12ª Classe 4 
Formação profissional 4 
Ensino superior 4 
Adaptada pela autora 2021 
Como se pode contemplar na tabela acima, das doze (12) raparigas abarcadas no âmbito da 
pesquisa, correspondentes a 100% nenhuma esta sem emprego e sem educação. Começando pela 
ocupação encontramos distribuídas em várias áreas de actividades de acordo com a formação de 
cada uma, quatro (4) correspondentes a 33% são ajudantes do centro e, três (3) correspondentes a 
25% trabalham como logísticas, isto é, o centro quando tem algumas vagas tem feito uma 
contratação interna especialmente para as raparigas em acolhimento. Uma (1) correspondente a 
8% trabalha como secretaria de uma escola secundaria. Duas (2) correspondentes a 17% 
trabalham como activistas sociais em projectos de intervenção social e, uma percentagem igual a 
essa trabalha como professora. Quanto ao perfil educacional, quatro (4) raparigas 
correspondentes a 33,3% já tem o nível médio feito igualmente quatro (4) correspondentes a 
33,3% têm uma formação profissional e, uma percentagem igual a anterior já tem o nível 
superior feito. 
Dentro do perfil não podia ficar de fora com qual idade cada uma das raparigas foi acolhida, 
referente a essa informação tivemos aos dados a seguir. 
 
19 
 
Tabela 3. Idade com que as raparigas foram acolhidas 
Anos 4 a 5 6 a 7 8 a 9 10 a 11 12 a 13 14 a 15 16 a 18 
Frequência 2 3 ---- 7 ---- ---- ----- 
Adaptada pela autora 2021 
Assim como mostra a tabela, a instituição começa a acolher aos 4 anos de idade até aos 18, nessa 
onda duas (2) raparigas correspondentes a 17% forma acolhidas quando tinham 4 anos de idade, 
três (3) correspondentes a 25% forma acolhidas com 6 anos de idade e por fim sete (7) 
correspondentes a 58% com 9 anos. 
3.2.Satisfação da rapariga pela sua estadia no centro de acolhimento 
Assim como se referiu no primeiro capítulo deste trabalho que o estudo se baseia na psicologia 
humanista de Abraham Maslow (1908-1970), que acreditava na tendência individual da pessoa 
para se tornar auto-realizadora, sendo este o nível mais alto da existência humana, que explicou 
usando a sua pirâmide da escala de necessidades a serem satisfeitas e, que a cada conquista, nova 
necessidade se apresenta. Nos baseamos na sua ideia de que os centros de acolhimento 
acompanham o crescimento e educação das raparigas, proporcionando assim, a satisfação de 
algumas necessidades e que automaticamente isso serve como impulso na busca de novas 
necessidades para a sua auto-realização como ilustra a figura abaixo. 
Figua 1. Pirâmide da escala das necessidades do Maslow 
 
Machado, 2006. 
 
20 
 
O centro nesse caso pauta pela satisfação de algumas necessidades que se podem encontrar na 
primeira e segunda camada da base da pirâmide como a disponibilidade da comida e 
proporcionar segurança para as crianças. 
No entanto, buscou-se nas raparigas perceber quanto a sua satisfação da sua estadia no centro, ou 
seja, se serviu de algum impulso para as usas vidas. Ligada a essa questão as raparigas a 100% 
respondem que valeu a pena terem estado neste centro assim como podemos ver o seguinte 
depoimento. 
Nasci aos 10 de Maio de 1999 na província de Tete, sou a quarta filha das 6 
irmãs, e órfã dos pais, perdi a minha mãe em 2006 aos 7 anos de idade na mesma 
província sem nenhum familiar por perto após ter perdido a minha mãe a Acção 
Social se responsabilizou em procurar a família materna enquanto isso aguardava 
no Centro de acolhimento de SOS da mesma província, 6 meses depois 
localizaram a família, fui levada junto a eles em Maputo em 200. Chegado a 
Maputo a família não tinha condições para uma boa educação. Entretanto o meu 
avô procurou um abrigo para que pudesse ter uma boa educação, e conseguiu no 
Centro Menino Jesus da Manhiça na responsabilidade das Irmãs Franciscanas, ai 
inicia uma nova etapa da minha vida, onde dei continuidade dos meus estudos na 
escola primaria de Manhiça sede, conclui a 12ª na Escola Secundaria de 
Manhiça, após ter terminado fiquei alguns meses sem fazer nada, porque as irmãs 
já não tinham condições para continuar com os estudos e, mas em seguida 
conseguiram doadores que se prontificaram a custear os estudos, em 4 anos, 
assim terminei os meus estudos, e as irmãs ajudaram me a ter uma colocação de 
emprego, hoje sou uma mulher formada graças a existência deste Centro de 
Colhimento, (R07). 
Esta é uma prova do impulso que o centro dá às raparigas para se sentirem realizadas e a inserção 
social que elas necessitam para sentirem-se úteis na comunidade. Segundo as raparigas “[…] nos 
divertimos bem aqui no centro e cada uma de nós constituí família cá dentro, razão pela qual 
quando chega a hora de sair não tem sido fácil para as que ficam” R12, R10, 09. Algumas das 
raparigas não manifestam algum interesse em voltar para o convívio familiar, “[…] os meus 
encarregados bebem muito e não mostram nenhuma mudança de comportamento mesmo com a 
intervenção das monitoras do centro, por isso para mim voltar para a minha famíliaseria um 
retrocesso” R06. Algumas são vistas como a única fonte de renda por conta da vulnerabilidade 
económica que se semeia nas famílias, “ […] assim que o centro me ajudou a estudar e na 
colocação para trabalhar a família olha para mim para todas as necessidades da casa, e não tenho 
 
21 
 
como continuar a estudar para aumentar o meu nível uma vez que todas as finanças tenho que 
canalizar para as necessidades da família” R11. 
Considerando as declarações das raparigas, verifica-se que algumas não têm alguém com quem 
possa contar para a reintegração por conta da perda dos pais outros por ter familiares totalmente 
tóxicos, ambientes de risco para as raparigas. Mas os sucessos e satisfação de cada uma das 
raparigas são manifestados de diferentes formas assim com podemos visitar uma história de uma 
das raparigas que já está reintegrada na família: 
[…] nasci aos 16 de Junho de 1999 na província de Maputo Distrito de 
Catembe, sou a primeira filha dos 2 irmãs, e de um pai desconhecido. Aos 2 
anos a minha mãe viajou para África do Sul a procura de melhores condições de 
vida, eu vivia com os meus tios em Chamanculo, o tempo foi passando a situação 
de vida foi piorando, dai que um dos meus tios procurou um Centro de 
acolhimento onde poderia ter uma boa educação, e conseguiu no Centro Menino 
Jesus da Manhiça na responsabilidade das Irmãs Franciscanas. Ai inicia uma 
nova vida, não foi fácil me ambiental, o tempo foi passando, iniciei os meus 
estudos na escola primária de Manhiça sede, conclui a 12ª na Escola Secundária 
dos Irmãos Maristas em Manhiça. Após ter terminado o Centro não tinha 
condições porque os nossos doadores estavam a passar por uma crise económica 
em Portugal, não havia outra coisa a fazer para além de sentar aprender a decorar 
chinelos, para vender isso um ano depois 2013conseguiram doadores que se 
prontificou a custear os estudos, em 3 anos, terminei os meus estudos, consegui 
trabalhar no projecto na ADPP, sou muito grata a esta família das Irmãs 
Franciscanas, e aprendi que família não é somente aquela que carrega o nosso 
sangue, mas sim aquele que cuida e que, está presente na nossa vida sempre que 
precisamos […] R08. 
Pelas histórias de secesso aqui trazidas pelas raparigas, reforçam o que as raparigas conseguem 
nesse centro, mas também nos deparamos com situações de raparigas que mesmo atingindo 18 
anos continuam no centro. Como anteriormente as raparigas evidenciaram que algumas não têm 
com que contar mais da família e, com o receio do centro fazer um investimento perdido, ou seja, 
sob o risco delas voltarem à rua, acabam deixando elas mais tempo no centro até que consigam 
emprego que lhes garanta o auto-sustento. 
 
22 
 
3.3.Estratégias do Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça na reintegração social 
das raparigas acolhidas às famílias; 
Em Moçambique, o governo regulamenta as instituições não-governamentais de acolhimento de 
crianças e, faz a devida fiscalização. O artigo 70 da lei no.5/2008, apoia as crianças em lar de 
acolhimento nos aspectos de reintegração desde que a criança se íntegra no programa de 
protecção, eis as obrigações para as instituições vocacionadas ao atendimento e acolhimento nos 
seguintes princípios: 
a) Preservar sempre que possível, os vínculos e as relações familiares, o nome, a 
nacionalidade e a identidade sociocultural; 
b) Assegurar a não separação de irmãos; 
c) Garantir a existência de actividades educativas, culturais e de lazer; 
d) Evitar transferência para outras instituições de acolhimento; 
e) Assegurar a preparação da criança para uma vida independente e auto-sustentável; 
f) Promover o envolvimento da comunidade nas acções de atendimento; 
g) Assegurar a participação da criança na vida da comunidade local. 
Estes princípios asseguram desde início do programa de acolhimento a preservação do contacto 
com as famílias de origem para que o processo de reintegração não venha ter problemas. 
Com apoio dos dispostos acima, pesquisamos junto do centro de acolhimento Menino Jesus as 
estratégias que são levadas a cabo para reintegração social das raparigas às famílias de origem, 
nessa óptica trabalhamos com três (3) monitoras do centro, correspondentes a 100%. 
Uma (1) das mentoras correspondente a 33.3% refere que existem desafios de várias ordens 
desde os factores de risco como por exemplo, fragilidade económica, doenças crónicas, 
dependência química do membro da família com que a rapariga antes vivia e violência 
doméstica. Portanto as estratégias prevêem estes factores desde o acolhimento da rapariga a 
sensibilização da família para ao longo do processo de acolhimento para ver-se se muda de 
comportamento para quando chegar a fase de receber a rapariga de volta não constitua um risco 
para ela. Um depoimento de uma das mentoras refere que… 
 
23 
 
…aqui já tivemos raparigas cujos familiares viviam em uma situação 
extrema de dependência química e sem lugar fixo para viver, durante o 
processo de acolhimento da rapariga, o centro, várias vezes tentou 
mobilizar a família à mudança, mas infelizmente foram tentativas sem 
sucesso, e como nessas condições o centro não tem outra escolha que 
continuar com a rapariga até que ela encontre algum lugar próprio para 
continuar com a vida sozinha, mas claro ajudando ela antes a encontrar 
um emprego que lhe garanta o auto-sustento, (M01). 
O depoimento desta monitora deixa claro que nem sempre o processo de retorno à família de 
origem é sucedido. A terceira monitora relata que o centro sempre mantém a educação das 
raparigas como garantia de um dos seus direitos fundamentais, e isso acaba tirando ela o risco de 
ficar sem estudar garantindo assim o seu futuro e a sua pertença na sociedade, isto é, quando ela 
sentir que está a contribuir para a sociedade não qual está inserida é uma satisfação pessoal e 
garante o seu bem-estar social. 
As monitoras referem igualmente que a preparação da rapariga para o retorno à família de 
origem é feita desde o dia de entrada fazendo-se: 
 Preparação da família quanto aos direitos fundamentais da criança; 
 Garantir a formação vocacional para as raparigas para garantir uma vida independente e 
auto-sustentável; 
 Permitir que a rapariga vá regularmente visitar os membros da família, para garantir o 
vínculo; 
 Promoção de eventos culturais que envolvem a comunidade para aproximar as raparigas 
da vida social da comunidade local. 
Sobre o plano de visitação, as monitoras M01 e M03 mencionaram que é montado um 
planeamento da condução do caso e é organizado um plano de visitas junto com as famílias. 
Segundo elas, quando é permitido pelo órgão de justiça, é garantido o contacto do acolhido com 
sua família, bem como uma periodicidade dessas visitas. Segundo as monitoras, “ [...] as famílias 
vêm visitar as raparigas de acordo com cada caso. Conforme apresentamos anteriormente, são 
poucas que tem pai/mãe, 58% delas apenas tem avós que não podem visitá-las por conta da 
idade. “ [...] e aí facilitamos essas visitas, nos finais de semana, de 15 em 15 dias, para as 
raparigas passarem com as famílias” (M02). 
 
24 
 
Para as monitoras essas fazem parte das estratégias de reintegração social das raparigas às suas 
famílias, que garantem com que a rapariga não sinta o afastamento da vida social da sua família 
assim como da comunidade em que está inserida. Uma das mentoras refere que essas estratégias 
têm vindo a surtir um grande efeito o que faz com que as taxas de insucesso para retorno da 
rapariga é família de origem sejam cada vez menores. 
 
3.4.Descrever as características sócio demográficas das famílias das raparigas acolhidas 
pelo Centro de Acolhimento Menino Jesus da Manhiça 
Assim como foram seleccionadas 12 raparigas consequentemente tivemos que trabalhar com 12 
famílias que representam as raparigas. As famílias envolvidas nessa pesquisa são de diferentes 
zonas do país respectivamenteseis (6) famílias correspondentes a 50% das seleccionadas são 
provenientes de Inhambane, três (3) correspondentes a 25% são provenientes de Gaza e apenas 
três (3) igualmente correspondentes a 25% são de Maputo. As doze (12) famílias 
correspondentes a 100% pertencem a igreja católica. As idades variam entre 48 a 85 anos. O 
quadro a seguir mostra os agregados de cada família. 
Tabela 4. Agregados de cada família. 
Agregado Familiar 1 a 3 4 a 6 7 a 9 10 a 12 Nenhum 
Número 3 8 1 ---- ---- 
Adaptado pela autora 
Assim como se pode ver na tabela 4, que oito (8) famílias correspondentes a 67% representam 
uma média de 5 AF’s, três (3) correspondentes a 25% tem uma média de 2 AF’s e por fim uma 
(1) correspondente a 8% com 7 agregados familiares. Das nove (9) famílias correspondentes a 
75% que não são de Maputo, respondem que chegaram a Maputo a procura de melhores 
condições de vida já que nas zonas urbanas é onde se concentram as oportunidades. Relativo ao 
tempo de estadia varia de família para outra, três (3) famílias correspondentes a 25% estão em 
Maputo desde 1992 praticamente a 28 anos e uma percentagem igual a essa está a 27 anos, uma 
(1) correspondente 8% está a 30 anos e uma percentagem igual a essa, está a 35 anos, quatro (4) 
correspondentes a 33% estão a 33 anos. 
 
25 
 
Quanto a escolaridade das famílias, oito (8) correspondentes a 67%, respondem apenas 
terminaram a 7ª classe sabendo apenas o básico da leitura e escrita, duas (2) famílias 
correspondentes a 17% tem a 9ª classe concluída e uma percentagem igual a essa já tem o 
primeiro ciclo de ensino secundário feito. 
Aferimos igualmente sobre a renda mensal e a trabalho das famílias, cinco (5) correspondentes a 
42% trabalham por conta própria vendendo produtos da primeira necessidade, quatro (4) 
correspondentes a 33% são professores médios e três (3) correspondentes a 25% são domésticas. 
Quanto a renda mensal quatro (4) correspondentes a 33%, respondem que não passam de dois 
salários mínimos, cinco (5) correspondentes a 42% apenas conseguem metade de salário mínimo, 
e três (3) correspondentes a 25% não conseguem chegar nem na metade de um salário mínimo. 
Relativo a ajuda de cuidado da casa três (3) das famílias correspondentes a 25% referem que 
antes não tinham alguém que pudesse, mas agora que a rapariga trabalha ajuda nas despesas da 
casa e nove (9) correspondentes a 75% respondem que cuidam pessoalmente e ninguém as ajuda. 
 
3.5.Razões por detrás do acolhimento das raparigas 
Foi possível também aferir as razões por detrás do acolhimento das raparigas através dos 
depoimentos dados pelas famílias abarcadas no âmbito desta pesquisa, as razões variam desde a 
incapacidade financeira, responsáveis alcoólatras e familiares idosos: “[…] quando procuramos 
pelo centro nos já éramos idosos, pouco podíamos dar a criança, talvez não pudéssemos dar a 
educação escolar que ela tem hoje. Hoje dependemos dela para algumas necessidades da casa 
uma vez que o centro a ajudou a se formar e a colocá-la em um emprego” F01, F08, F05; “[…] a 
mãe dela acabava de falecer e o pai nunca deu a cara e, nós dependíamos da mãe dela, por isso 
tivemos que procurar uma família ou um centro que a pudesse cuidar” F02; “[…] eu sempre tive 
problemas de perna e, quando fiquei sozinho com ela vi que não seria capaz de cuidá-la, dai 
procurei o centro” F04; “[…] nos somos idosos sim e conseguimos vender algumas verduras, 
mas isso simplesmente a garantiria o alimento e não a escola, por isso arranjamos um sitio que 
melhor a pudesse dar uma educação” F03, F06. 
Ainda relativamente a essa questão: “[…] temos muitos filhos, nem mesmo os nossos 
conseguimos cuidar da sua educação, por isso quando vimos a sobrinha a ficar sem mãe 
 
26 
 
tomamos a iniciativa de leva-la para um centro de acolhimento para que tivesse educação” F07, 
F09; “[…] quando perdemos a nossa mãe ela ainda era pequena que não podíamos cuidar dela, e 
nós também estudávamos e ficava difícil para nos, por isso procuramos o centro” F10, F11; “[…] 
nos bebemos muto as vezes o pais dela me batia na presença dela, por isso eu decidi que ela não 
devia crescer no nosso ambiente, ainda o centro tentou nos sensibilizar mas infelizmente o 
álcool já esta no nosso sangue e ele faz parte do nosso dia-a-dia” F12. 
 
3.6.A relação da família com a rapariga 
Dado que a maior parte das raparigas são de família de idosos que dificilmente tem a facilidade 
da mobilidade, simplesmente elas é que visitam com o mecanismo de um final de semana em 
cada 15 dias, falamos relativamente de sete (7) correspondentes a 58,3%, uma (1) correspondente 
8,3% os pais são alcoólatras por isso também a rapariga é quem deve visitá-los, mas nem sempre 
tem vontade de visitá-los por conta da violência que se vive entre os seus pais depois da bebida. 
Para quatro (4) raparigas correspondentes a 33,3% o sistema de visita tem sido recíproco. 
Todos os familiares das raparigas a 100% mostram-se satisfeitos quanto ao processo de 
acolhimento, “[…] eu agradeço muito o centro porque se não tivesse sido por ele a nossa 
rapariga não teria se formado, uma vez que nos somos idosos e sem forças para gerar alguma 
renda que a pudesse ajudar a estudar como o centro fez” F06; “[…] se ela estivesse nesse nosso 
ambiente de bebedeira e pancadaria não teria enveredado pelo caminho de formação e nem sei 
dizer o que ela teria se tornado” F12. Quanto a simplicidade das agentes que trabalham no centro 
de acolhimento aos olhos dos familiares são como segundas mães, “[…] nós até já recebemos 
aconselhamento vindo das monitoras do centro… isso significa que elas se preocupam com o 
bem-estar das raparigas” F12. Significando que as famílias a 100% louvam o tratamento que as 
raparigas têm tido com as monitoras. 
Para compreendermos se as famílias se preocupam com as raparigas e acompanham a vida social 
delas procuramos saber se conhecem as amizades, “[…] ela sempre que viesse nos visitar, vinha 
com amigas do centro, e entre elas dava para notar que estão entre irmãs” F03; “[…] conheço a 
volta de 4 das suas amigas do centro, mas nas apresentações elas sempre se referia a elas como 
 
27 
 
irmãs então deu para perceber que há harmonia entre elas” F08, entre várias manifestações das 
famílias que deram a entender que conhecem as amizades das raparigas. 
Em relação ao interesse das famílias aos rendimentos escolares, em dez (10) famílias 
correspondentes a 83%, constatou-se que pouco procuravam saber do desempenho, bastava o 
relatório das raparigas e apenas dois (2) correspondentes a 17%, procurava saber do desempenho 
das raparigas. As famílias a 100% respondem que a mudança vem sendo feita pelas monitoras 
através de programas de mobilização e sensibilização sobre direitos da criança, mas também para 
mudanças comportamentais para casos de pais alcoólatras e ou violentos. Igualmente as famílias 
avançam que a atmosfera entre os outros membros da família com as raparigas tem sido das 
melhores. 
Muitas das famílias referem que as raparigas sentem-se bem quando estão com as famílias, 
portanto esse é um sinal de que quando voltarem ao convívio familiar com certeza se sentirão 
bem, excepto uma (1) que é correspondente a 8,3%, “[…] o ambiente de pancadaria que tenho 
vivido como o meu marido só eu posso suportar, por isso eu nunca aconselhei a ela a voltar a 
este convívio” F12. Quanto a questão das raparigas serem boas para as famílias após o processo 
de acolhimento referem que não há duvida que serão, “[…] sempre que veio nos visitar mostrou-
se ser boa menina e o centro também a ajudo a se tornar uma pessoa melhor, por isso não há 
duvida de que será uma boa menina” F08. Ainda quase a 100% se referem que a vinda da 
rapariga ee uma satisfação e realização de algo maior, excepto uma família que acredita que a 
volta da rapariga é boa tanto quanto não boa, “[…] porque se nos vivemos em ambiente hostil de 
pancadaria,claro que ele pode esquecer todos os princípios que pregavam no centro” F12. Por 
fim as famílias referem que os outros membros da família gostam das raparigas, mas não se sabe 
o certo se essa harmonia que se mantem seja por a rapariga apenas ter tido pouco tempo em casa 
e mais tempo no centro. 
3.7.Explicar o processo de reintegração familiar das raparigas acolhidas pelo Centro de 
Acolhimento Menino Jesus da Manhiça 
Nem sempre as reinserções ocorrem da melhor forma, podem ser bem e mal sucedidas por vários 
factores. O Grupo interagência de reintegração infantil (2016), em seu documento de diretrizes 
para reintegração familiar de crianças e adolescentes refere que assim que os pais ou outros 
 
28 
 
membros da família forem localizados, uma avaliação da família deve ocorrer. A família deve 
ser tratada com dignidade e respeito e considerar os pontos fortes e fracos tanto da família 
nuclear quanto da família extensa da criança e adolescente. Um modelo básico inclui uma 
avaliação preliminar: 
 dos factores de risco que afectam a segurança e o bem-estar da criança e as mudanças que 
precisam ser feitas; 
 das forças e da resiliência da família, inclusive dos irmãos; 
 da visão dos membros da família sobre as razões da separação e outros problemas; 
 do nível de disponibilidade/capacidade de mudança da família; 
 da capacidade da família de cuidar da criança/adolescente; 
 da situação económica da família. 
Portanto com os dispostos acima, a pesquisa também procurou entender nas monitoras do Centro 
Menino Jesus, como e tratado o processo de reintegração das raparigas. Portanto, não restaram 
dúvidas de que a reintegração familiar está intimamente ligada aos princípios que regem a 
legislações Moçambicanas no que diz respeito aos direitos da criança e do adolescente. São 
várias formas de retornar as raparigas ao convívio familiar: “[…] às vezes o retorno ao convívio 
familiar promovemos assim que a família apresentar condições favoráveis para o retorno da 
rapariga principalmente quando se trata de superação de problemas de alcoolismo o condições 
económicas e, nem sempre esperamos que ela atinja os 18 anos para o retorno obrigatório 
preconizado pelas autoridades” M01; “[…] temos situações em que os pais só assumem a 
paternidade mais tarde enquanto a rapariga já está nos cuidados do centro e, alguns deles 
preferem começar com os cuidados retirando-as do lar de acolhimento, assim o centro faz uma 
avaliação das condições dos pais para ver se podem ser seguras para integração da menina” M02. 
3.7.1. Manutenção do vínculo familiar 
Em relação de como e que o corre o processo de reintegração das raparigas as famílias de origem 
uma das mentoras refere que, “[…] desde o primeiro dia que o centro acolhe uma criança é 
estabelecida uma regra em relação as visitas com as famílias de origem, caso seja difícil 
identificar a família o centro sempre procura até encontrar para estabelecer datas e horários de 
visita para que a rapariga não se esqueça da sua família” M03; assim como a outra refere que 
 
29 
 
“[…] o centro concede as raparigas visitas aos familiares de duas em duas semanas, mas a 
mesma regra na se aplica a criança com menos de 12 anos, porem levamos a sua ficha e entrar 
em contacto com os familiares para recorda-los a não se desmembrarem da menina” M01; “[…] 
em todos os eventos culturais que acontecem dentro do centro os familiares são convidados a 
participarem, assim como também autorizamos os familiares a buscarem as raparigas sempre que 
na família houver algum programa de carácter cultural para ela ficar a par da vida social dos 
familiares” M02. 
3.7.2. Preparação da rapariga para uma vida autónoma 
Desde a entrada do centro as raparigas aprendem a fazer muita coisa extra para além da educação 
escolar que o centro proporciona, “[…] aqui as meninas aprendem a decorar chinelos, 
empreendedorismo como fazer bolos entre outras actividades que futuramente podem ser úteis o 
seu auto-sustento e incentivamos formações vocacionais as raparigas para permitir com que elas 
tenham emprego com facilidade”M01; “[…] nem sempre as raparigas tem familiares com quem 
contar, outros morrem por HIV-SIDA ou mesmo por questões naturais, quando isso acontece 
entramos em contacto com as autoridades para dar informe e continuamos com a menina até que 
ela consiga ter emprego para ter uma vida autónoma” M02. 
3.7.3. Pré-avaliação da família das raparigas 
As raparigas antes de serem reintegradas às famílias de origem, deve passar por um processo de 
avaliação para que o ambiente para a meninas não seja hostil, “[…] treinamos as famílias em 
relação aos direitos da criança e procuráramos desenvolver os pontos fortes dentro das famílias, 
identificando e reforçando atitudes e comportamentos positivos” M03; “[…] cuidadosamente 
precisamos estudar se a família está disposta e comprometida a levar a criança de volta e assumir 
a responsabilidade de trabalhar para enfrentar os problemas ; entendem o que aconteceu à criança 
e como isso afectou o seu bem-estar e comportamento; são capazes de pensar na criança e se 
preocupam com ela; são capazes de atender às necessidades básicas da criança; o ambiente 
doméstico é seguro; a família é capaz de reconhecer as necessidades e os direitos da criança; um 
espaço físico foi preparado para a criança (quarto etc.) ” M02. Feitos todos esses processos, 
pode-se decidir se a rapariga volta ou não para a família de origem. 
 
 
30 
 
CAPÍTULO IV. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 
4.1.Conclusões 
As instituições de acolhimento assumem lugar central na vida das raparigas acolhidas, 
promovendo e garantindo os direitos fundamentais como segurança e protecção. O Centro de 
Acolhimento Menino Jesus tem um papel importante na vida das raparigas nos desejos de 
realizações profissionais, apreensão quanto a formas de sustento e obtenção de sucesso no 
futuro. 
A reintegração social das raparigas as famílias de origem começa desde o acolhimento da 
rapariga através de uma série de procedimentos como: inserção da rapariga em todos os 
eventos culturais na família e a qualquer que seja acção familiar, educação vocacional das 
raparigas para que sozinhas consigam uma vida de auto-sustento. E como vimos no capítulo 
passado nem todas as reinserções têm dado certo, isso acorre por vários motivos como: 
familiares alcoólatras, violência no convívio da família, perda dos membros directos, estes 
são factores que impossibilitam o sucesso na reintegração das raparigas. 
As raparigas que por lá passam na maioria dos casos saem com formação profissional, 
trabalho da mão garantido (conta própria), portanto, o centro permite com que as raparigas e 
as suas práticas permitam trabalhar questões que favorecem desenvolver a resiliência 
procurando reconstruírem suas próprias histórias. O centro estimula as habilidades de cada 
uma criando situações em que uma aprenda o ofício da outra. O relacionamento entre as 
monitoras e as raparigas tem sido muito melhor que até quando chega o momento da 
reintegração a família de origem tem sido um momento difícil. 
As famílias igualmente têm sido unânimes quanto ao louvável tratamento e educação que as 
raparigas recebem no centro. Ao mesmo tempo as famílias também louvam o vínculo que 
tem sido reforçado entre as raparigas e as famílias para além de que na preparação do retorno 
da rapariga ao convívio familiar, elas beneficiam de sensibilizações e pequenas formações 
sobre direitos da criança e outros aspectos que podem deixar o ambiente familiar seguro para 
as raparigas. 
 
 
31 
 
4.2.Recomendações 
Feito o estudo e as conclusões que marcaram a pesquisa, recomendamos que: 
 Que o centro fortifique um pouco mais a preparação das raparigas para serem mais 
resilientes, principalmente as que ficam praticamente sem com quem contar; 
 Ainda o centro que não se canse ou mesmo adoptar outros métodos de sensibilização

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