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Aula 6 - 18-08-2010 - Considerações críticas acerca do modelo Pradiano

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Aula 6 - 18/08/2010 - Considerações críticas acerca do modelo Pradiano
Texto
	MOTTA (2009) - Agonia ou robustez?
Ciência Normal
A ciência normal é um conceito utilizado na obra de Thomas Kuhn, e define o período durante o qual se desenvolve uma atividade científica baseada num paradigma. Esta fase ocupa a maior parte da comunidade científica, consistindo em trabalhar para mostrar ou pôr a prova a solidez do paradigma no qual se baseia, ignorando-se muitas vezes novidades fundamentais contrárias à teoria dominante.
Primeiras críticas “teóricas”
As primeiras críticas à interpretação pradiana esta no seu “voltar-se para dentro”
Jacob Gorender
- Enaltece o Simonsen e sua teoria dos ciclos mas defende o “salto qualitativo” de CPJr., que ao invés atrelar as idéias dos ciclos à épocas/sistemas econômicos, descobriu neles a manifestação de algo mais profundo: o sentido da colonização, a estrutura exportadora da economia colonial.
O ganho que o CPJr. trás acaba sendo limitado em função das restrições impostas pela perspectiva q o autor toma “no mirante” da análise, que é a perspectiva do comércio exterior, passada da história comercial para uma melhor social-econômica.
Dada essa perspectiva (do comércio exterior) a estrutura que é montada é quase que imposta: grande propriedade, monocultura e trabalho escravo.
Gorender defende um enfoque inverso, de dentro para fora, e critica a falta de análise nas relações de produção e força produtiva (modo de produção escravista).
 	- CP: comércio exterior = exploração
 	- FN: sentido profundo da colonização = exploração + acumulação capitalista
 	- Gorender: defende estudo a partir da colônia (modo de prod. escravista)
Barros de Castro
Defende que, antes dos interesses externos sobre a colônia (objetivo mercantil do projeto colonial), era necessário primeiramente que a colônia garantisse sua autoreprodução, formando a estrutura interna capaz de atender esses objetivos.
Ciro Cardoso 
As sociedades que se constituem na América Latina e Antilhas só revelam o seu pleno sentido se forem consideradas como integrantes de um sistema mais vasto, na medida em que surgiram como anexos complementares da economia europeia. Entretanto a colônia possui um lógica que não se reduz somente ao impacto de sua ligação com o mercado mundial em formação e as metrópoles europeias. É necessário analisar a subsistência da colônia (e do seu meio de produção) o que garante e fornece como ocorre o funcionamento.
Cultura Monografia
“já tinha passado a moda da interpretação global do Brasil”, Evaldo Cabral de Melo a respeito da cultura da monografia contrapondo os trabalhos de Gilberto Freyre, Sergio Buarque e CPJr.
Resultados não buscados das persquisas de ciência normal:
 - Dados são contraditórios, em vez de serem a favor.
 - Cultura da monografia: “trade-off” entre especificidade por global.
 	<>fontes arquivísticas
 	<>terceira revolução industrial
	<>pesquisa, em princípio, de ciência normal, mas que não corroboram o paradigma.
- Pelos dados:
 	- Pesquisas empíricas que vão contra as análises de diversos autores.
 	- Luta dos escravos pela sua própria liberdade / humanidade.
 	<>diversas formas de conseguir: crime, negociação, comércio, etc.
- Novas formulações:
- Colônia possui lógica própria, uma dinâmica interna, em detrimento da visão unilateral de que o país vivia somente em função do comércio europeu.
- Dá-se a responsabilidade da “evolução” sócio-econômica nas mãos da sociedade (principalmente da elite) brasileira; (há parcela de responsabilidade da exploração).
- A procura das causas dos problemas nacionais em bases realmente nacionais.
<>coloca a responsabilidade de onde ela não deveria ter sido tirada (não se tem mais: “a culpa não é nossa porque fomos vítimas.”)
Modelo Pradiano
 - Primeiras críticas teóricas
 - Novas evidências empíricas
 - Estudos compementares
Novas Formulações
(NOZOE)
O evolver da historiografia econômica brasileira
Algumas formulações criticas a tudo o que vimos ate agora: Caio Prado, Celso Furtado e Fernando Novais. Sabemos que esses autores não são iguais mas possuem alguns pontos em comum onde recairão a maior parte das criticas.
Paradigma desses autores: Eles têm em comum que toda a explicação acerca da instalação da economia açucareira brasileira se dá em função do comercio externo (Europa), voltada para fora (ou sem dinâmica). Os produtores não interferem nesse mercado. (Fernando Novais = acumulação primitiva). Alem disso somos uma economia que entra em colapso quando caem as demandas. Classificam nossa economia como reflexa, devido á inexistência de nosso mercado externo. Produzimos o básico para sobrevivência das atividades principais. Com a queda da demanda externa, os fatores produtivos poderiam voltar-se para o mercado interno (manto protetor da economia-buffer).
O texto do MOTTA (Agonia ou Robustez?) é uma contestação à afirmação de Fragoso & Florentino (entre 1930-70) sobre a enorme redução do numero de artigos, teses e dissertações sobre historia econômica nesse período.
O argumento do Jose Flavio verá o enriquecimento temático da historia econômica (quantidade não é necessariamente qualidade). Hoje se você verificar, existem excelentes centros onde se observa a sofisticação da historia econômica, como é o caso de minas gerais. Ele pega o tema do escravismo para verificar como evolui esse tema a partir de 1990: apareceram novas vertentes, nível sofisticado e mais vigoroso que os autores aqui criticados.
Segundo Marx, para você observar se existe um novo modo de produção você deve verificar o grau de desenvolvimento das forcas produtivas ate determinado momento e a relação de produção (estamos tratando do escravismo). Isso caiu nos braços de estudiosos marxistas (F. Novais, Caio Prado). Somente Celso furtado não era marxista.
O prof. quer explicar o porque de existirem novas vertentes: como o senhor de engenho consegue comprar escravos sem a intermediação da moeda? Portanto a utilização de escravos pelo senhor deve resultar em algum momento na transformação do trabalho em moeda (forma dinheiro). Com isso consegue comprar escravos. Ou seja, o comercio faz parte dessa atividade produtiva (alem de somente existir comercio externo). Obs.: o escravo não podia ser trocado diretamente pelo açúcar porque a áfrica não consumia açúcar (trocavam escravos pelos escambos, por outros mais produtos, como fumo, aguardente, que dependem de dinheiro). Estes não eram produzidos no mesmo engenho que fazia o açúcar, produção diferenciada que girava essa economia.
Um exemplo é que existia escravismo no Paraná no séc. XVIII mas era somente de subsistência,o que na visão de furtado era desprezado, impensável dentro de seu paradigma. 
O problema da historia econômica hoje é sobre como situar esses estudos empíricos 
Antonio Candido aponta a obra do Caio Prado Junior como primeiro exemplo de interpretação do passado em função das realidades básicas da produção, distribuição e consumo. Gorender vê a obra de Caio Prado como um salto qualitativo em relação ao Simonsem (idéia ultrapassada dos ciclos). Caio Prado descobriu nos ciclos de Simonsem algumas manifestações seqüenciais de algo mais profundo, de uma realidade permanente e imanente: o sentido da colonização.
Thomas Kuhn afirma que a ciência normal significa que ciência baseia-se no pressuposto de que a comunidade cientifica sabe como é o mundo, ou seja, tudo tem que estar relacionado como seu paradigma, mas não necessariamente de acordo com a realidade. (exemplo escravismo no Paraná)
Temos as criticas teóricas (diferente da vertente empírica) ao enfoque pradiano dos seguintes autores:
1973 – Ciro Flamarion Cardoso
1980 – Antonio Barros de Castro
1985 – Jacob Gorender
Esses autores têm em comum o fato de se relacionarem ao conceito de Modo de produção (marxista). É difícil utilizar esse conceito porque por definição é abrangente. Exemplo: metodologicamente você não pode explicar a crise do feudalismo a partir do comercio.Os dois primeiros ficam nesse conceito (modos de produção) (dependente)  objetivo da economia política. Como você explica que não pode-se gerar dinheiro dentro desse modo de produção? Para ser um modo de produção ele deve-se auto-reproduzir. Gorender fica num conceito mais frouxo (escravista colonial)
Castro: sistema social (luta de classes)  Indeterminação (determinação luta de classe x determinação de capital). Diz que se tem realmente um sistema produtivo. Existe divisão de trabalho, o individuo que representa o capitalista é o senhor de engenho, que quer garantir lucro. O escravo também negocia, através de concessões do senhor (uma mulher exclusiva, outra concessão,etc.)
Característica comum é a defesa de uma efetiva inflexão “para dentro” da economia brasileira
Ciro Cardoso diz que as sociedades colônias surgiram como anexos complementares da economia européia => elas possuem estrutura interna cuja lógica não decorre complemente de sua ligação com o mercado mundial => a analise em termos complementares constitui um momento central da pesquisa...
Gorender critica esse paradigma como uma perspectiva equivocada de Caio Prado Junior, voltada para o comércio exterior.
Para Castro, o problema está no foco. O “sentido” é que os interesses internos são condicionados pelos interesses externos que ocorrem a partir da produção.... ? Ele não diz que Caio Prado estava totalmente errado, mas que sua teoria é apenas a parte secundaria de uma explicação.
As críticas não têm como objetivo mostrar que algo é falso e que deve ser descartado, mas você pode reconstruir o que está lá e muitas vezes melhorando a teoria.
Falando agora da parte empírica, temos as pesquisas realizadas nos âmbitos dos paradigmas, para preencher as lacunas de Caio Prado, com base nos registros paroquiais, arrolamentos nominativos (lista de habitantes, róis de desobriga, matricula de escravos), testamentos e inventários, livros de registro de terras, livros notariais, autos de processos de crimes, documentos inquisitoriais, etc.
Alguns resultados não se ajustam ao paradigma (nem às formulações propostas pelos próprios críticos), o que gera desconforto na década de1990. Mas isso não foi detalhado na aula...

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