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1 Beatriz Almeida – Medicina UFCG Turma 78 Semiologia da infância: o Etapas da infância: 1. Recém-nascido: 0-28 dias de vida 2. Lactente: 29 dias de vida a 2 anos de idade 3. Pré-escolar: 2- 7 anos de idade 4. Escolar: 7- 10 anos de idade 5. Adolescente: 10-20 anos de idade o Avaliar preferencialmente antes que a criança venha a chorar: frequência cardíaca e respiratória, ausculta cardíaca, tensão das fontanelas, e tensão abdominal e pressão arterial Avaliação clínica do recém-nascido: o Anamnese do recém-nascido (RN) inclui as etapas anteriores ao seu nascimento: fatores gestacionais e as condições periparto o Interrogatório sintomatológico: 1. Geral: informar-se sobre o sono do RN, se dorme bem (especificar quantas horas ao dia - as horas de sono diárias diminuem de aproximadamente 16,5h de sono/dia na 1ª semana de vida para cerca de 15,5h de sono/dia ao final do 1º mês de vida), questionar se há irritabilidade, prostração ou dificuldade para amamentar. 2. Sistema tegumentar: pápulas, manchas, placas, descamações, alterações da cor da pele. 3. Sistema cardiovascular: dispneia ao amamentar, edema, cianose 4. Sistema respiratório: congestão nasal, coriza, tosse, cianose, esforço respiratório, roncos, sibilos. 5. Sistema gastrintestinal: vômitos, ritmo intestinal, características das fezes 6. Sistema geniturinário: número de micções (estimular cuidador a observar quantas fraldas o RN molha por dia), características da urina (cor, odor, quantidade). No sexo masculino, questionar se o jato urinário é forte e se ocorre projeção a longa distância ou se é fraco e curto (possibilidade de válvula de uretra posterior). o Antecedentes do RN e familiares: Gestação: duração da gestação (se o RN foi pré- termo - < 37 semanas, termo - de 37-42 semanas, ou pós-termo - > 42 semanas), se houve intercorrências (DM gestacional, infecções) via do parto, exames complementares realizados pela mãe (sorologias maternas gestacionais para toxoplasmose, hepatites B e C, HTLV, HIV I e II, citomegalovírus, sífilis, rubéola, doença de Chagas, se foi constatada alguma alteração do feto no ultrassom gestacional), tipo sanguíneo materno ABO-Rh. Recém-nascido: se ocorreu alguma intercorrência no parto (aspiração de mecônio, trabalho de parto prolongado), qual a condição do RN ao nascimento (verificar boletim de Apgar na caderneta de saúde da criança, se houve choro logo após o nascimento e cianose prolongada), se foram necessárias manobras de reanimação neonatal, se foi necessário oxigênio, passagem por UTI neonatal. Caso tenha sido necessária, pedir relatório detalhado de alta hospitalar da UTI neonatal. Verificar uso de antibióticos, hemoderivados, necessidade de VM e por quantos dias. Verificar se houve intercorrências, comorbidades, procedimentos médicos. Questionar grupo sanguíneo ABO-Rh do RN, se houve icterícia, edema. Questionar peso e estatura e idade gestacional ao nascimento. Doenças diagnosticadas até o momento e sobre os medicamentos em uso Família: identificar doenças familiares nos parentes de 1º e 2º graus (pais, irmãos, avós, tios, primos). Questionar sobre casos de síndromes clínicas na família e doenças raras ou que sejam frequentes entre os familiares Imunizações/vacinação: verificar caderneta de saúde da criança. O recém-nascido deve ter recebido BCG e 1ª dose da vacina anti-hepatite B no 1º dia de vida. o Alimentação: Verificar se o RN está em aleitamento materno exclusivo (AME), estimulando-o e parabenizando a mãe por tal conduta. Enfatizar a importância do AME para o melhor desenvolvimento do RN. Caso tenha ocorrido o desmame, questionar o motivo. Caso a mãe ainda tenha leite, propor um plano para retornar à lactação materna exclusiva. Caso não seja possível, identificar o leite em uso, modo de preparação (diluição, cuidados de higiene) e oferecimento. o Desenvolvimento neuropsicomotor: Até a 4ª semana de vida é esperado que em posição prona mantenha atitude fletida, gire a cabeça de um lado para o outro. 2 Beatriz Almeida – Medicina UFCG Turma 78 Quando suspenso ventralmente, espera-se que a cabeça fique pendida → na posição supina, fica geralmente fletido, um pouco rígido → pode fixar o olhar em faces ou na luz na linha de visão → quando vira o corpo, apresenta "olhos de boneca” → tem preferência visual pela face humana. Avaliação do desenvolvimento psicológico: é importante observar o estabelecimento da relação mãe-filho, que nessa fase pode ser avaliado pela maneira de a mãe relacionar-se com o bebê, tal como: a mãe fala com a criança em um estilo particularmente dirigido (manhês), propondo algo à criança e aguarda a sua reação. o Exame físico do recém-nascido: O primeiro exame físico do recém-nascido deve ser minucioso e é de fundamental importância na identificação de malformações e problemas de saúde inerentes a esta faixa etária. Podem-se identificar sinais de doenças que necessitem de acompanhamento a longo prazo ou que determinem intervenções imediatas. Faz parte do exame físico do RN a aferição das medidas corporais: comprimento, peso, perímetros cefálico e torácico. 1. Ectoscopia: avaliar a cor da pele (clara, ictérica, cianótica), seu turgor, ocorrência de descamação, manchas (mongólicas, eritema tóxico), equimoses, hematomas e lesões cortocontusas, que podem ocorrer no momento do parto. É importante procurar dismorfologias de síndromes genéticas: fronte proeminente, micro ou macrocrania, alterações no dorso nasal, pregas epicânticas, hipertelorismo, orelhas de baixa implantação, micrognatia, protrusão da língua, pescoço alado. Boca: avaliar os lábios e a conformação do palato (em ogiva, fenda palatina, fissura labiopalatal, pesquisar se há dentes neonatais (mais comuns nas meninas - a maioria dos casos é familiar e sem implicações patológicas, mas podem estar associados a síndromes genéticas) Anatomia da língua e freio lingual (anquiloglossia parcial ou "língua presa”), verificar gengivas. Posição dos mamilos (podem estar afastados na linha média) e a posição de inserção do coto umbilical no abdome, verificando se este tem duas artérias e uma veia. Avaliar genitália Região sacral: fóveas, fossetas, tufos capilares, proeminências (mielomeningocele), manchas (mongólicas). Avaliar membros, com especial atenção aos dedos das mãos e dos pés em busca de polidactilias, sindactilias, dedos mais curtos ou mais longos que o habitual. Observar palma das mãos em busca de linha palmar transversa contínua e formato da planta do pé (pé plano). Avaliar posição dos pés em relação aos tornozelos (pés tortos congênitos). É também importante verificar se as narinas e a região anal estão pérvias, por meio de uma sonda fina introduzida delicadamente nestes orifícios em busca de atresia de cóanas e imperfuração anal 2. Aparelho cardiovascular: ausculta atenciosa de todo o tórax. Observar visualmente o ictus cordis e palpá-lo para identificação de frêmitos de origem cardíaca. Sua posição varia de acordo com a faixa etária, localizando-se lateralmente à linha hemiclavicular esquerda no 3º espaço intercostal esquerdo no recém-nascido. Contar a frequência cardíaca e avaliar o ritmo. Lembrar que a arritmia sinusal ou respiratória é normal na infância e que nesta situação, a frequência cardíaca aumenta com a inspiração e diminui na expiração. Palpar os pulsos femorais: observar se ocorrem sopros cardíacos e avaliar sua intensidade. No exame físico do aparelho cardiovascular, é importante estar atento também a cianoses, edemas, tamanho do fígado e reflexos hepatojugulares. 3 Beatriz Almeida – Medicina UFCG Turma 78 3. Aparelho respiratório: durante a inspeção, procurar sinais de esforço respiratório (tiragem subcostal, intercostal e fúrcula, cianose, batimentode aletas nasais e balancim toracoabdominal - assincronia entre o movimento do tórax e do abdome no ciclo respiratório) Avaliar frêmito torácico, proceder à ausculta do tórax para avaliação do murmúrio vesicular. Observar se há ruídos adventícios (sibilos, estertores) Contar a frequência respiratória em 1 min 4. Abdome: avaliar a forma do abdome (globoso, plano, escavado) e tensão (abdome intensamente flácido, com pele enrugada e vísceras abdominais palpáveis como na síndrome de prune belly). Presença de visceromegalias e massas palpáveis. Percussão: avaliar o timpanismo. Ausculta: observar os ruídos hidroaéreos. Avaliar cordão umbilical, contando número de artérias e veias (normalmente 2 artérias e 1 veia) 5. Genitália: verificar se é típica masculina ou feminina. Genitália masculina: procurar testículos na bolsa escrotal e na região inguinal. Verificar se há exposição da glande e, havendo, observar se há epispadia ou hipospadia (o meato uretral externo localizado na face dorsal do pênis ou na face ventral do pênis, respectivamente). Genitália feminina: verificar se há sinequia (aderência) de pequenos lábios, hipertrofia de lábios vulvares, de clitóris (comuns na hiperplasia congênita de suprarrenal). Casos de anormalidades da diferenciação sexual devem ser identificados. Caso a genitália seja ambígua, não se deve dizer o sexo do RN até que se faça uma melhor avaliação e se tenha tal certeza (em alguns casos, essa determinação só vai ser possível após análise de alguns exames, como o cariótipo). 6. Membros: pesquisa dos sinais de Ortolani e Barlow para identificação de luxação congênita do quadril. Formato dos membros: se há edema, hipoplasia, alterações nos dedos dos pés ou das mãos, se há alguma alteração observada durante a palpação de clavículas (crepitação, por fratura, que pode ocorrer no parto). Pesquisa de reflexos e sinais neurológicos: buscar identificar hipertonias, hipotonias, movimentos anormais e reflexos tendinosos e cutaneoplantar (devem ser interpretados no contexto geral do exame neurológico, isolados, nesta faixa etária, não fundamentam diagnóstico e não ditam conduta). Reflexos primitivos: moro, tônico-cervical e preensão palmar e plantar 4 Beatriz Almeida – Medicina UFCG Turma 78 Avaliação do lactente ao escolar: o Anamnese do lactente: Rápido crescimento e intenso desenvolvimento Avaliar o cotidiano da criança, registrando seus padrões e a adequação da alimentação, do sono, suas funções fisiológicas, sua relação com a família e os cuidados domésticos para prevenir acidentes Os pais devem ainda ser incentivados a relatar o temperamento do lactente (irritadiço ou calmo), a previsibilidade do comportamento e sua reação aos comportamentos típicos da criança, por exemplo, ao choro ou à irritação. Nos lactentes mais velhos, devem-se buscar evidências que indiquem ansiedade com a separação e insegurança diante de estranhos. História familiar: incluindo saúde, hábitos de vida e questões psicossociais, antecedentes e as condições atuais de saúde da família, a adaptação da família ao bebê, o envolvimento do cônjuge nos cuidados com a criança, a inserção do trabalho na rotina familiar, as providências para os cuidados diários e a rivalidade entre irmãos. As condições ambientais devem fazer parte do inquérito, particularmente as questões sobre tabagismo na família, no domicílio, se há umidade e ventilação da casa. Os hábitos alimentares da família devem receber atenção especial, e os saudáveis devem ser estimulados o Anamnese do pré-escolar e escolar: A partir de 3-4 anos, deve-se estabelecer também um diálogo com a criança durante a consulta. Para avaliar o cotidiano da criança, pergunta-se sobre a alimentação, a participação nas refeições familiares, padrões de lanches e recusa de alimentos, além da conduta dos responsáveis com relação às recusas alimentares. Outros tópicos incluem padrões e preocupações com o sono, especialmente o despertar noturno perturbado, progressos e dificuldades no treinamento esfincteriano, cuidados dentários e medidas de prevenção de acidentes. As habilidades motoras e a sociabilidade também devem ser motivo de questionamentos. Nas crianças maiores, indaga-se sobre a prática de esportes e exercícios físicos na rotina diária. Avaliar o afetivo. Avaliar o cognitivo, a principal observação no pré- escolar deve ser com o conteúdo e a complexidade da linguagem Utilização das escalas de percentil para avaliação do crescimento Estatura normal: percentil entre 10-90 Percentil inferior ao último (< percentil 3 na curva da OMS, < percentil 5 na curva do CDC ou < percentil 2,5 na curva de Marcondes) são diagnosticados como baixa estatura. Percentil acima do último (> percentil 97 na curva da OMS, > percentil 95 na curva do CDC ou > percentil 97,5 na curva de Marcondes) são consideradas como alta estatura. Em crianças e adolescentes, a avaliação da pressão arterial é baseada no sexo, idade e percentil de estatura. PA normal é < percentil 90 PA limítrofe percentis 90-95 Hipertensão é > percentil 95
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