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Eficácia da Lei Penal em Relação às Pessoas 1. Introdução • A lei penal se aplica a todos, não existindo privilégios pessoais Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; • Existem pessoas que gozam de imunidades → Em virtude de suas funções ou regras internacionais → São prerrogativas funcionais, não privilégios Privilégio Prerrogativa Exceção da lei comum deduzida da situação de superioridade das pessoas que a desfrutam Conjunto de precauções que rodeiam a função e que servem para o exercício desta É subjetivo e anterior à lei É objetiva e deriva da lei Tem uma essência pessoal Anexo à qualidade do órgão É poder frente a lei É conduto para que a lei se cumpra É próprio das aristocracias das ordens sociais É próprio da aristocracia das funções governamentais 2. Imunidades Diplomáticas • Prerrogativa de direito público internacional • Aplicam-se a: → Chefes de Governo ou de Estado estrangeiro, sua família e comitiva → Embaixador e sua família → Funcionários do corpo diplomático e família → Funcionários das Organizações Internacionais quando em serviço • Reguladas pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas Questão: O diplomata não deve obediência à nossa Lei? • Todos devem obediência à lei do país em que se encontram → A diferença é que o diplomata não sofre a consequência jurídica • O diplomata permanece sob a eficácia da lei penal do Estado a que pertence • O diplomata não pode ser objeto de nenhuma forma de detenção ou prisão • Essa imunidade tem natureza jurídica de causa pessoal de isenção de pena → Aplica-se a qualquer crime, não só aos praticados no exercício da função • Os agentes consultares não desfrutam da imunidade diplomática → Exercem função meramente administrativa → Possuem imunidade funcional relativa, restrita aos atos de ofício • As imunidades são irrenunciáveis, não pode o agente abdicar da prerrogativa → Pode haver renúncia expressa por parte do Estado de origem do agente 3. Imunidades Parlamentares • Estão previstas na Constituição Federal • Visam assegurar a independência do Poder Legislativo • Como são prerrogativas do órgão legislativo e não da pessoa, são irrenunciáveis 3.1. Imunidade Parlamentar Absoluta • Imunidade substancial, material, real, inviolabilidade ou indenidade Art. 53 Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. • Há controvérsia acerca da natureza jurídica da imunidade absoluta → O STF segue a corrente que diz que ela torna o fato atípico - Sendo assim, a conduta do partícipe será impunível Questão: Quais os limites da imunidade parlamentar material? • Deve haver vínculo entre as palavras do parlamentar e o exercício da sua função → Presume-se absolutamente o nexo se ele está nas dependências do parlamento → Fora do parlamento, deve apresentar provas que demonstrem o nexo • Geração de mensagem eletrônica no parlamento não presume o nexo → É necessária a prova de relação com o exercício da função 3.2. Imunidade Parlamentar Relativa • Também conhecida como imunidade formal, processual ou adjetiva 3.2.1. Relativa ao foro §1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. • Aplica-se a infrações penais cometidas antes ou depois do início do mandato • O foro especial não se estende ao concorrente sem imunidade → Há a separação de processos • Estende-se da diplomação até o fim do mandato → Não se inicia na posse, mas sim já na diplomação → Se o processo já está em andamento no STF, o fim do mandato não o desloca para a 1ª instância 3.2.2. Relativa à prisão § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. • É a incoercibilidade pessoal dos congressistas • Esta garantia recai sobre a prisão provisória → Exceção: Prisão em flagrante decorrente da prática de crime inafiançável - Ex.: Racismo, onde há a segregação ou incentivo à segregação • Se for preso em flagrante, os autos serão remetidos em até 24 horas para a Casa → Realizará uma deliberação política acerca da prisão, não técnica Questão: Cabe prisão civil contra o Congressista devedor de alimentos? • É uma questão bastante controversa na doutrina • Gilmar Mendes: Não, pois visa-se impedir a perseguição pessoal do parlamentar → A imunidade abarca qualquer ato de privação de liberdade • Sanches: Sim, somente no caso de alimentos definitivos → Foram fixados por juízo que exauriu a prova 3.2.3. Relativa ao processo § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. § 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. • Aplica-se aos crimes praticados após a diplomação • A Casa Legislativa do acusado pode sustar o andamento da ação penal → A suspensão deve ser analisada no prazo de 45 dias (improrrogável) → Se decidirem pela sustação, ela persiste enquanto durar o mandato - Acarreta também na suspensão da prescrição • A imunidade ão alcança os inquéritos policiais instaurados contra membros do CN → Exige-se apenas a iniciativa no MPF e supervisão do STF 3.2.4. Relativa à condição de testemunha • Os parlamentares são obrigados a testemunhar, exceto: § 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. • Possuem a prerrogativa de ajustar dia, horário e local em que testemunharão → Não se aplica ao parlamentar investigado ou acusado 3.3. Imunidades parlamentares e o estado de sítio • Estas imunidades subsistem durante o estado de sítio § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. • Mesmo na hipótese acima, ainda há imunidade para: → Os atos praticados dentro do Congresso Nacional → Os atos praticados fora do Congresso e compatíveis com a execução da medida 3.4. Imunidades do parlamentar licenciado • Se tirar licença do cargo eleito para exercer outro, não mantém a imunidade → Exceto a de foro especial 3.5. Imunidades dos deputados estaduais Art. 27 O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze. § 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas. • Aplicam-se a eles as imunidades acima estudadas → Princípio da simetria • Diferença: O foro especial será o TJ, TRF ou TRE 3.6. Imunidades dos vereadores • Desfrutam somente da imunidade absoluta e desde que suas opiniões sejam: → Proferidas no exercíciodo mandato e na circunscrição do Município • A Constituição Estadual pode prever foro especial → Se não o fizer, o processo tramita perante o órgão jurisdicional de 1º grau 3.7. Foro por prerrogativa de função x Tribunal do Júri • O foro por prerrogativa de função prevale sobre a competência do Tribunal do Júri → O congressista será julgado perante o STF → O parlamentar estadual será julgado pelo Tribunal de Justiça ou Regional Federal • Não se aplica aos vereadores, mesmo se previsto o foro na Constituição Estadual → Será julgado pelo Tribunal do Júri Súmula Vinculante 45: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.
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