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FACULDADE PAULISTA DE ARTES Licenciatura em Dança ANA CAROLINE CABRAL ASSUNCION RECALDE O QUE A ARTE ENSINA SÃO PAULO 2018 Há um questionamento muito grande sobre a utilidade de uma produção artística ou de se estudar uma vertente de arte. O fazer artístico não está só atrelado à reprodução de uma técnica para a obtenção de um produto final. No livro Metodologia Dança SESI – SP, é dito que a prática da dança no contexto da cultura em que está inserida deve contribuir para a formação de um cidadão crítico e consciente de seu papel na sociedade (2012). Voltando a questão da arte como um reflexo do contexto histórico em que ela é praticada, penso na arte como uma prática que influencia no comportamento e na visão social em que o indivíduo está inserido. Isto me lembra um exemplo muito simples dado por Maurício de Oliveira, durante um laboratório promovido pelo Programa de Qualificação em Artes, em São Paulo, onde houve um questionamento sobre o papel de nós – profissionais da dança – no caos da cidade e a relação com a percepção do espaço. Fomos convidados a pensar em como estamos no lugar de ceder passagens uma vez que temos uma percepção espacial que muitas pessoas fora deste meio não tem, e a desenvolver um pensamento empático acerca disso. Particularmente vejo o simples exemplo de Maurício de Oliveira não como apenas um exemplo de convivência básica coletiva, mas será que isso também não traz um questionamento dentro do contexto histórico atual? Caos de São Paulo, sociedade imediatista, tecnológica e industrializada onde essa relação espacial está em prática a todo momento em um formato que é consequência destes fatores? No meio da dança, o estudo espacial é um conteúdo indispensável no desenvolvimento de uma aula e é algo que serve como elemento para pensar a sociedade em que se está inserido. Ana Mae Barbosa diz no artigo Modernidade e pós-modernidade no ensino da arte que nenhuma forma de arte existe no vácuo, o entendimento do contexto da obra compõe parte do seu significado (BARBOSA, 1992). A abordagem que usei na relação de estudo espacial dentro deste momento histórico, muito provavelmente teria uma outra explicação se tivesse sido utilizado um contexto passado no século XIX, na Noruéga, por exemplo. Neste sentido, penso na arte, não só como um meio de um praticante de dança de perceber o que está ao redor, mas também de se perceber como indivíduo, um ser crítico e pertencente a um ou mais contextos. Acredito que um dos inúmeros ensinos da arte está neste lugar de se perceber como indivíduo crítico e pensante através do fazer artístico. Não digo um indivíduo isolado, mas um indivíduo atrelado a um ou mais contextos, atravessado por diversos meios como um ser que afeta e é afetado. BARBOSA, Ana Mae. Modernindade e pós-modernidade no ensino da arte. In: BARBOSA, Ana Mae et al. A Imagem do Ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 1992. Metodologia Dança SESI - SP. São Paulo: SESI SP, 2012. 164 p.
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