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COLECISTITE AGUDA Embora o evento fisiopatológico primário seja a obstrução do ducto cístico e a infecção seja um evento secundário que se segue a estase e inflamação, a maior parte dos casos é complicada por superinfecção da vesícula biliar inflamada. Deste modo, suspende‑se a ingesta oral dos pacientes e inicia‑se a reposição hídrica intravenosa (IV) e a antibioticoterapia parenteral. Considerando que as bactérias aeróbias Gram‑negativas são os organismos mais comumente encontrados na colecistite aguda, seguidas por anaeróbios e aeróbios Gram‑positivos, justifica‑se a administração de antibióticos de amplo espectro. A dúvida que permeia os estudos é se os antibióticos devem ser mantidos como antibioticoterapia após a colecistectomia. No novo guidelines de Tokyo 2018, ele agrupa a colecistite aguda em 3 graus, e de acordo com essa classificação ele indica em quais casos o antibiótico deve ser mantido após a cirurgia. CLASSIFICAÇÃO: Grau I (leve): É o quadro de colecistite que não preenche critérios para moderada ou grave. Grau II (moderada): Presença de uma destas condições: · Leucocitose > 18.000/mm3; · Massa palpável em quadrante superior direito; · Duração dos sintomas > 72 horas; · Inflamação local (complicação local): colecistite gangrenosa, abscesso pericolecístico, abscesso hepático, peritonite biliar, colecistite enfisematosa. Grau III (grave): Disfunção orgânica de qualquer dos sistemas, definida por: · Disfunção cardiovascular: hipotensão com necessidade de droga vasoativa (qualquer dose de noradrenalina ou dopamina ≥ 5 µg/kg); · Disfunção neurológica: redução do nível de consciência; · Disfunção respiratória: PaO2/FiO2 < 300; · Disfunção renal: oligúria, creatinina > 2,0 mg/dL; · Disfunção hepática: RNI > 1,5; · Disfunção hematológica: plaquetas < 100.000/mm3. Evidências mais recentes sugerem que a antibioticoterapia não precisa ser mantida após colecistectomia em colecistite graus I e II. Já na colecistite grau III, sugere-se manter o antibiótico por 4-7 dias após a cirurgia. Abordagem específica por grau Colecistite aguda leve (grau I): · Realizar colecistectomia laparoscópica precoce, assim que os scores definam que o paciente suporta o procedimento cirúrgico; · Caso o paciente não suporte a cirurgia em um primeiro momento, realizar tratamento conservador inicial (hídrica intravenosa e a antibioticoterapia parenteral) a cirurgia postergada, desde que o tratamento tenha surtido efeito (dentro de 7 dias até 72h melhor). Antibioticoterapia sugerida e mantida até a cirurgia: · Ampicilina + sulbactam; · Ceftriaxona ou Cefotaxima + metronidazol; · Ertapeném; · Ciprofloxacino ou Levofloxacino + metronidazol. Colecistite aguda moderada (grau II): · Realizar colecistectomia laparoscópica precoce, assim que os scores definam que o paciente suporta o procedimento cirúrgico; · Converter o procedimento para aberto ou realizar colecistectomia parcial com cauterização do leito da vesícula (técnica de torek), a depender da dificuldade e achados intraoperatórios; · Caso definido que o paciente não suporta o procedimento cirúrgico, prosseguir com tratamento conservador e considerar drenagem biliar, se não houver resposta à terapia medicamentosa; Antibioticoterapia sugerida e mantida até a cirurgia: · Piperacilina + tazobactam; · Ceftriaxona ou Cefotaxima ou Cefepima ou Ceftazidima + metronidazol; · Ertapeném; · Ciprofloxacino ou Levofloxacino + metronidazol. Colecistite aguda grave (grau III): · Investigar fatores preditores de resposta ao tratamento, assim que iniciada antibioticoterapia e com escores de estado geral e comorbidades; · Caso não apresente condições clínicas, seguir com terapia conservadora e avaliar drenagem da via biliar precoce (colecistostomia). A colecistostomia deve ser realizada em caráter de urgência (até 24 horas) na presença de sepse grave ou instabilidade hemodinâmica. Para os demais pacientes, sugere-se aguardar 1-3 dias de antibioticoterapia e considerar a drenagem percutânea na ausência de resposta; · Em pacientes que se estabilizam com a drenagem da vesícula biliar, mas continuam a ser de alto risco operatório, pode ser considerada a extração percutânea dos cálculos biliares com ou sem litotripsia mecânica. Antibioticoterapia sugerida e mantida de 4 a 7 dias após a cirurgia: · Piperacilina + tazobactam; · Cefepima ou Ceftazidima + metronidazol; · Meropeném ou Ertapeném; · Aztreonam (associado ou não ao Metronidazol). COLECISTECTOMIA DE EMERGÊNCIA · necrose de vesícula biliar, · perfuração · colecistite enfisematosa Referências: Mou D, et al. Advances in the management of acute cholecystitis. Ann Gastroenterol Surg 2019; 3(3):247-53. Pisano M, et al. 2017 WSES and SICG guidelines on acute calcolous cholecystitis in elderly population. World J Emerg Surg 2019; 14:10. Okamoto K, et al. Tokyo Guidelines 2018: flowchart for the management of acute cholecystitis. J Hepatobiliary Pancreat Sci 2018; 25:55-72. Miura F, et al. Tokyo Guidelines 2018: initial management of acute biliary infection and flowchart for acute cholangitis. J Hepatobiliary Pancreat Sci 2018; 25:31-40. Yokoe M, et al. Tokyo Guidelines 2018: diagnostic criteria and severity grading of acute cholecystitis. J Hepatobiliary Pancreat Sci 2018; 25(1):41-54.
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