Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Victoria Chagas 1 ENDOMETRIOSE DOR PÉLVICA CRÔNICA (DPC) - ENDOMETRIOSE EPIDEMIO Causa ginecológica mais comum de DPC Pode ser sintomática ou assintomática Preferencialmente em mulheres entre 25 a 35 anos → período reprodutivo É mais rara pós-menopausa A prevalência relatada varia, mas provavelmente é cerca de - 6 a 10% em todas as mulheres - 25 a 50% em mulheres inférteis - 75 a 80% em mulheres com dor pélvica crônica FATORES DE RISCO ASSOCIADOS: - Nuliparidade - Menarca precoce - Menopausa tardia - Ciclos menstruais encurtados e menstruações prolongadas (↑fluxo) - Primiparidade tardia - Malformações uterinas - Baixo IMC - Genética FISIOPATO Presença de tecido endometrial (glândulas endometriais e estroma) em localizações extrauterinas. Esse tecido pode ser encontrado mais comumente no ovário esquerdo, mas também no peritônio pélvico, septo retovaginal, ureter e, raramente, na bexiga, pericárdio, pleura e retina ▪ Menstruação retrógada → menstruação, ao invés de sair do útero pela vagina, segue para as tubas, com disseminação de tecido endometrial no interior da cavidade peritoneal – teoria + aceita ▪ Propagação linfática ou vascular → locais extrapélvicos ▪ Metaplasia celômica → células da cavidade peritoneal (celômica) indiferenciadas possam se tornar tecido endometrial. Victoria Chagas 2 ▪ Outras teorias como: teoria da indução (fator hormonal ou biológico induz a diferenciação), dependência hormonal (estrogênio-dependente), teoria iatrogênica (pós-cirúrgico – fragmentos endométrio vão para outros lugares). As lesões da endometriose passam por ciclos de crescimento e sangramento como o ciclo menstrual → sangramento intraperitoneal a partir das lesões deflagra resposta inflamatória que está associada à dor e à infertilidade. A infertilidade ocorre devido obstrução mecânica e inflamação Esse tecido endometrial é histologicamente igual ao do endométrio e responde como ele a ação hormonal → O estradiol estimula o crescimento, os androgênios causam atrofia das lesões e progesterona em altas concentrações levam a pseudodecidualização das lesões da endometriose. Numerosos estudos indicam que, em mulheres com endometriose, o ambiente peritoneal pélvico apresenta anormalidades imunológicas, com concentrações aumentadas de leucócitos, citocinas e fatores de crescimento. CLÍNICA As formas extragenitais são na maioria das vezes assintomáticas. Quando sintomática, varia de acordo com o local dos implantes: - Intestino: dor durante a evacuação, distensão abdominal, diarreia, constipação ou sangramento retal durante a menstruação - Bexiga: disúria, hematúria, dor suprapúbica ou pélvica (particularmente durante a micção), polaciúria, urge-incontinência - Ovários: os implantes ovarianos podem formar endometriomas (massa cística de 2 a 10 cm localizada em um ovário); um endometrioma pode se romper, causando dor abdominal aguda e sintomas peritoneais - Estruturas anexiais: os implantes podem formar aderências anexiais, resultando em massa ou dor pélvica - Tórax: dor torácica e dispneia cíclica Victoria Chagas 3 DIAGNÓSTICO Diagnóstico clínico + exames de imagem EXAME FÍSICO → EXAMES COMPLEMENTARES: - β-HCG - Hemograma - ↑Il-6 E Tnf - Cultura de urina e vaginal - Esfregaço do colo uterino - CA 125 → limitado pois não é específico para a doença EXAME DE IMAGEM: - Ultrassom transvaginal ou com preparo intestinal - Ressonância pélvica e TC PADRÃO OURO: LAPAROSCOPIA com inspeção direta da cavidade e visualização dos implantes → a biópsia confirma células endometriais DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Sob suspeita de endometriose, deve-se afastar a possibilidade de doença inflamatória pélvica, adenomiose, síndrome do cólon irritável, doença diverticular, câncer de cólon, tumores ovarianos e cistite. TRATAMENTO CLÍNICO: - AINES e anti-inflamatório → ex.: paracetamol e Ibuprofeno - Anticoncepcionais orais por 6-12 meses → apesar do estrogênio ↑lesões, os anticoncepcionais possuem ↑ doses de progestina e ↓ estrogênio. - Análogos do GnRH → estado de hipoestrogenismo (simula menopausa) - Progestágenos → atrofia e decidualização dos focos de endometriose - Androgênios como danazol Cirúrgico → casos graves/incapacitantes ou/e casos não responsivos - Laparoscopia → remover lesões - Histerectomia e ooforectomia bilateral → procedimento definitivo
Compartilhar