Buscar

02 - Const - Conceitos de Constituição

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito Constitucional 
CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO 
A palavra constituição, em sentido comum, está 
relacionada ao conjunto de elementos que 
constituem, que constroem determinado objeto. 
Do ponto de vista jurídico, a constituição é o 
documento que estabelece e disciplina o conjunto 
de elementos essenciais ao Estado (humano – 
povo, físico – território e político – soberania ou 
governo). 
O vocábulo Constituição, em seu significado de 
ordenamento político do Estado, existe desde os 
primórdios: 
a) Aristóteles distinguia as leis do Estado, que 
estabeleciam os seus alicerces e fundamentos das 
demais leis; 
b) Cícero e Maquiavel, igualmente, distinguiam entre 
normas fundamentais e demais normas. 
Logo, o termo Constituição é resultado de uma 
evolução histórica. 
A concepção atual provém do racionalismo do 
século XVIII dos iluministas (Magna Carta de 1215 
etc.). 
Surgiu, na doutrina francesa, a noção de Leis 
Fundamentais do Reino (que seriam impostas ao 
próprio Rei contra a suas fraquezas, protegendo-se, 
assim, a Coroa). 
Atribui-se a Abade de Sieyès a criação conceito 
moderno de Constituição (por meio da publicação do 
livro O que é o Terceiro Estado?). 
A partir do século XIX, teve início o que se chamou de 
conceito ideal de constituição (Canotilho), isto é, 
que toda Nação deveria ter uma constituição que, 
por sua vez, deveria ter três elementos: 
a) Sistema de garantias da liberdade (implementado 
a partir da existência de direitos individuais e da 
participação popular no parlamento); 
b) Princípio da separação dos poderes 
(Montesquieu); 
c) Forma escrita. 
No século XX, surgiu a ideia da racionalização do 
poder, já não basta a previsão dos direitos 
fundamentais, é preciso garantir condições 
mínimas para que um poder democrático possa 
subsistir (crise econômica, minorias raciais em 
conflito, agitação extremista, ausência de tradição 
liberal e outros). 
Objeto da constituição é a disciplina dos elementos 
constitutivos do Estado (meios de aquisição do 
poder, sistema de governo, forma de governo etc.) 
CONCEPÇÕES CLÁSSICAS DE 
CONSTITUIÇÃO 
CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA 
A elaboração desse conceito é de Ferdinand Lassale 
(O que é uma Constituição?, de 1862). 
Constituição seria a soma dos fatores reais de poder, 
que regem um determinado Estado. Não seria um 
mero produto da razão, inventado pelo homem, mas 
sim o resultado concreto do relacionamento entre 
as forças sociais. 
A Constituição escrita seria mera “folha de papel”, 
e só será boa e durável se seus preceitos 
coincidirem com os fatores reais de poder que 
regem a sociedade. 
a) a Constituição é vista mais como fato do que 
como norma, prioriza-se a perspectiva do ser, e não 
a do dever-ser; 
b) a Constituição não está sustentada numa 
normatividade superior transcendente (como seria o 
direito natural), mas estaria baseada nas práticas 
desenvolvidas na sociedade. 
CONCEPÇÃO POLÍTICA 
Conceito concebido por Carl Schmitt, para quem a 
Constituição significaria a decisão política 
fundamental. Defende a existência de diferença entre 
Constituição e Lei Constitucional. 
A Constituição resultaria da manifestação de um 
poder constituinte que, por intermédio de uma 
decisão política fundamental, crie e organize o 
Estado. 
Obs.: Apesar de a ideia de Lassale ainda ter algumas 
influências no atual conceito de constituição no Brasil, 
percebe-se que a visão mais política de Schmitt está 
mais alinhada à compreensão que existe hoje. 
Somente seria conteúdo próprio da Constituição 
aquilo que diga respeito à estrutura básica do 
Estado (forma de Estado, a forma de governo, o 
sistema de governo, o regime de governo, a 
organização e divisão dos poderes, o rol de direitos 
individuais). 
Direito Constitucional 
Seriam Leis Constitucionais todas aquelas normas 
inscritas na Constituição, mas que não têm a 
natureza de decisão política fundamental. 
Estas somente seriam “constitucionais” por estarem 
insertas na Constituição (ou seja, poderiam ser 
reguladas por lei infraconstitucional). 
CONCEPÇÃO JURÍDICA 
Concebida por Kelsen (Teoria Pura do Direito). 
Constituição é norma pura, é um dever-ser, não há 
fundamento sociológico ou político. 
Para Kelsen, a palavra Constituição teria dois sentidos: 
Jurídico-Positivo e Lógico-Jurídico. 
 Pelo Jurídico-Positivo: 
a) direito positivo seria a norma escrita ou posta pelo 
homem, dentro de uma Pirâmide das Leis; 
b) no topo da pirâmide, por escolha do homem, 
estaria a Constituição, como norma suprema, que 
impõe a necessidade de compatibilidade a todas as 
demais. 
 Pelo Lógico-Jurídico: 
a) a norma inferior encontra seu fundamento de 
validade na norma que lhe for superior; 
b) a Constituição encontra o seu fundamento de 
validade não no Direito posto (não vem do direito 
natural), mas no plano do pressuposto lógico 
(aquilo que o homem idealizou como mais 
importante). 
CONCEPÇÕES MODERNAS DE 
CONSTITUIÇÃO 
Além dessas três concepções clássicas, existem outras 
três concepções ou teorias mais modernas. 
TEORIA DA FORÇA NORMATIVA DA 
CONSTITUIÇÃO 
Idealizada por Konrad Hesse (A Força Normativa da 
Constituição), como resposta à teoria de Lassale (que 
defendeu ser a Constituição somente uma folha de 
papel). 
A Constituição teria uma força normativa nata, uma 
vontade própria, até mesmo independente do 
poder. 
A Constituição não seria mera representação da 
vontade do poder; do contrário, seria confundida com 
a Sociologia ou a Ciência Política. 
Não pode haver o isolamento entre a norma e a 
realidade (como propõe o positivismo). 
A Constituição Jurídica e a Constituição Real 
complementam-se, condicionam-se mutuamente, 
mas não dependem, pura e simplesmente, uma da 
outra. 
Defendeu que não existe interpretação 
constitucional desvinculada dos problemas 
concretos. 
CONSTITUCIONALIZAÇÃO SIMBÓLICA 
Marcelo Neves (Constitucionalização Simbólica). 
Aborda a dualidade entre possibilidade ou não de 
concretizar o teor da norma constitucional editada. 
Uma espécie de garantia FORMAL (previsão de direitos 
fundamentais numa Constituição de regime ditatorial) X 
garantia MATERIAL (previsão de direitos em regimes 
democráticos). 
É mais uma crítica/reflexão sobre o papel do 
Constituinte no momento da elaboração da Carta 
Política (queria entregar um mero “símbolo” ou uma 
garantia efetiva?). 
CONSTITUIÇÃO ABERTA 
Paulo Bonavides, Carlos Roberto Cirqueira Castro etc. 
O objeto da Constituição é sempre dinâmico, deve 
ser ajustado às necessidades sociais, sob pena de 
ficar ultrapassada e ser condenada à morte.  
Retratada no uso da técnica dos conceitos abertos 
(casa, meio ambiente ecologicamente equilibrado etc.).

Outros materiais