Buscar

Alterações fisiológicas da gestação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Gestação 
Alterações Fisiológicas 
 
As adaptações na anatomia, na fisiologia e no 
metabolismo maternos são fundamentais para que 
ocorra uma gravidez normal. Entretanto, por vezes, 
essas modificações, embora fisiológicas, podem 
provocar algum tipo de desconforto para a gestante. 
Algumas dessas alterações podem ser minimizadas 
com medidas posturais simples, mudança no 
comportamento ou no estilo de vida, uso de 
medicações, ou o profissional pode valer-se da 
orientação correta à gestante. 
Aparelho Genital e Mamas 
 
Útero 
As modificações no útero se iniciam desde o primeiro 
trimestre e continuam durante toda a gestação. 
Ao final da gravidez, ele pode ter sua capacidade 
volumétrica aumentada cerca de 500 a 1.000 vezes, e 
a presença do feto e dos anexos responde em parte 
pelo desenvolvimento do útero. 
Durante o início da gravidez, a parede uterina torna-
se mais espessa; com o desenvolvimento da gestação, 
ela sofre afinamento progressivo, chegando a 1,5 cm 
de espessura na gravidez a termo (após 37 semanas). 
O aumento uterino não é simétrico; é mais 
pronunciado na região fúndica do órgão e no local 
onde ocorre o desenvolvimento placentário. 
O útero não gravídico e durante a gestação inicial é 
intrapélvico e tem formato piriforme. 
Por volta de 12 semanas, ganha a cavidade abdominal 
e é palpado acima da sínfise púbica. 
Entre 18 e 20 semanas de gravidez, o útero se 
apresenta globoso, assumindo forma ovoide após a 
20ª semana, quando é palpado próximo à cicatriz 
umbilical. 
Na gravidez a termo, o útero é encontrado 
tangenciando o apêndice xifoide. Esse aumento 
promove uma discreta rotação do órgão para a 
direita. 
Colo Uterino 
Ocorrem hiperplasia e hipertrofia das glândulas 
cervicais que podem produzir alterações 
colposcópicas consideradas normais durante a 
gestação, especialmente representadas pela eversão 
do epitélio colunar, que se torna friável e sangrante 
ao menor traumatismo. Essa alteração tem o nome de 
ectopia fisiológica da gestação. 
O aumento de vascularização provoca edema no colo 
e o torna mais amolecido. 
O muco cervical torna-se mais espesso e viscoso e não 
se cristaliza quando desidratado. O aumento dos 
níveis de progesterona determina a diminuição das 
concentrações de sódio nas secreções cervicais, e é 
fundamental para que o muco apresente o padrão 
arboriforme quando desidratado. 
O canal cervical é obstruído por tampão mucoso, que 
é expelido nos dias que antecedem o parto em 
decorrência do afinamento e do encurtamento 
observados no colo. 
Tubas Uterinas 
Assim como no útero, ocorrem aumento da 
vascularização e hipertrofia das camadas musculares 
da tuba. 
Sua localização é alterada pelo crescimento do útero, 
deslocando-se em direção à cavidade abdominal. 
Observa-se uma diminuição da sua motilidade por 
ação da progesterona. 
Ovários 
O processo de maturação de novos folículos cessa. 
O corpo lúteo mantém-se funcionante por estímulo 
do hormônio gonadotrófico coriônico (hCG), 
produzido pelo sinciciotrofoblasto, e responde pela 
grande produção de progesterona observada nas 
primeiras 6 ou 7 semanas de gravidez, acontecimento 
essencial para a manutenção da gestação até o 
completo funcionamento placentário. 
Vagina 
A vagina aumenta seu comprimento e largura ao 
longo da gestação. As fibras do colágeno encontram-
se mais separadas, possibilitando o afrouxamento do 
tecido conectivo. Modificações similares são 
observadas na musculatura do períneo e do assoalho 
pélvico. 
A secreção vaginal pode estar aumentada, e isso se 
deve ao aumento da vascularização e à maior 
atividade glandular, e assume aspecto leitoso por 
conter grande quantidade de células epiteliais 
descamadas. 
O pH vaginal é mais ácido em decorrência da ação dos 
lactobacilos sobre o glicogênio acumulado na parede 
da vagina, e a citologia vaginal é semelhante à da fase 
lútea do ciclo menstrual. 
Com a evolução da gravidez, passam a ser observadas 
células da camada intermediária (células naviculares) 
e os núcleos desprovidos de citoplasma (núcleos 
desnudos). 
Vulva 
Pode se apresentar com a coloração violácea. 
Os grandes e os pequenos lábios e o meato uretral se 
hipertrofiam. 
As ninfas tornam-se túrgidas e proeminentes. 
O tegumento perineal adquire intensa pigmentação 
ao longo da gestação. 
Mamas 
No início da gravidez, a partir de 5 ou 6 semanas, as 
mamas aumentam de volume e tornam-se dolorosas e 
túrgidas, causando mastalgia. Esse aumento ocorre 
por hiperplasia dos elementos glandulares com 
proliferação dos canais galactóforos e ramificações 
dos dutos mamários. 
Observam-se o surgimento de veias logo abaixo da 
pele (rede de Haller) devido o aumento da circulação 
venosa e o aumento da pigmentação dos mamilos. 
 
No segundo trimestre da gestação, a progesterona, os 
estrogênios e a prolactina provocam a expansão dos 
alvéolos a partir da árvore ductal; acontecem a 
hiperpigmentação da aruéola primária, o 
aparecimento da aréola secundária (sinal de Hunter) e 
a hipertrofia das glândulas sebáceas periareolares 
(tubérculos de Montgomery). 
 
Após os primeiros meses de gestação, pode-se 
observar a formação do colostro. 
Com o crescimento exagerado da mama, surgem as 
estrias gravídicas, provável consequência do 
estiramento das fibras de colágeno e da 
hiperdistensão da pele. 
 
Componentes Hematológicos 
 
Volume Plasmático 
O volume plasmático cresce marcadamente (cerca de 
40-50%) com início no primeiro trimestre da gestação 
e se acentua ao longo do segundo trimestre, atingindo 
seus valores máximos em torno de 30 a 34 semanas. 
Provavelmente, esse aumento decorre da ação da 
aldosterona e de outros hormônios e acarreta 
hipervolemia e diminuição da viscosidade sanguínea. 
É uma resposta às demandas uterinas aumentadas e 
compensa a queda do retorno venoso por 
compressão da veia cava inferior. 
Hemácias 
O volume total de hemácias apresenta incremento de 
20 a 30%, refletindo o aumento da demanda de 
oxigênio materno-fetal. Esse crescimento da massa 
de hemácias é precedido por aumento na produção 
de eritropoietina, o que justifica a presença de 
reticulocitose discreta após 20 semanas de gestação. 
Devido à desproporcional subida do volume 
plasmático, quando comparado com a massa de 
hemácias, o hematócrito cai 1 ou 2 pontos, 5 
constituindo quadro conhecido como anemia 
fisiológica da gestação. 
Nos últimos meses da gestação, o aumento do volume 
plasmático se dá de forma mais lenta, e a queda do 
hematócrito é menos significativa, principalmente em 
gestantes que receberam suplemento de ferro. 
Existe um aumento das necessidades de ferro durante 
a gestação; caso este não seja reposto, pode haver um 
quadro de anemia. Portanto, é recomendada para 
toda gestante uma suplementação dietética de 30 a 
60 mg de ferro elementar por dia durante o segundo e 
o terceiro trimestres de gestação e também durante 
toda a lactação ou por 2 a 3 meses nas não lactantes. 
Se o volume sanguíneo tiver subido de forma 
adequada durante a gestação, podem ser toleradas 
perdas durante o parto de até 1.000 mL sem provocar 
queda significativa na concentração de hemoglobina. 
A maior parte do sangue é perdida na primeira hora 
após o parto, e aproximadamente 80 mL são perdidos 
pela via vaginal durante as 72 horas seguintes. As 
pacientes com atonia uterina, episiotomia ampliada 
ou lacerações terão, evidentemente, perdas muito 
maiores. 
O volume globular, o hematócrito e a hemoglobina 
retornam aos valores iniciais em aproximadamente 
seis semanas após o parto. 
Leucócitos 
Observa-se leucocitose, especialmente no segundo e 
terceiro trimestres, secundária ao número aumentado 
de neutrófilos segmentados. 
Após 38 semanas de gestação, a quantidade de 
leucócitos decresce. Existe tendência à monocitose e 
à progressiva diminuição de basófilos e eosinófilos.A contagem de leucócitos é aceitável entre 8.000 e 
12.000 por mm3 e retorna aos valores basais em 
aproximadamente quatro semanas. 
Ocorre uma diminuição da função quimiotáxica e de 
aderência dos leucócitos após o segundo trimestre, 
aumentando a suscetibilidade a processos infecciosos 
e a uma relativa supressão da imunidade humoral e 
celular. Por esse mesmo motivo, em algumas 
gestações, ocorre melhora do quadro clínico de 
algumas doenças autoimunes. As respostas cutâneas 
e de anticorpos estão seletivamente diminuídas, 
assim como os processos celulares de inflamação. 
As células secretoras de imunoglobulinas aumentam, 
a resposta inflamatória diminui, as proteínas 
plasmáticas se alteram, e os imunocomplexos 
circulantes podem estar presentes. 
Os níveis dos complementos (C3 total, C4 ou CH50) 
estão iguais aos pré-gravídicos ou sofrem discreta 
elevação. 
Plaquetas 
A contagem de plaquetas se encontra relativamente 
inalterada. Pode ocorrer quadro de trombocitopenia 
(5-7% das gestações) que, em sua maioria, é uma 
variação da normalidade, mas é recomendável excluir 
outras causas de trombocitopenia. 
Coagulação 
A gestação é acompanhada de grandes modificações 
dos sistemas coagulativo e fibrinolítico, que já podem 
ser detectadas a partir do terceiro mês de gravidez. 
Ocorre aumento acentuado de alguns dos fatores de 
coagulação (principalmente VII, VIII, IX e o fator de 
Von Willebrand), de fibrinogênio (aumento de até 
50%) e, em geral, dos agentes pró-coagulantes. 
Há diminuição da resistência dos anticoagulantes 
endógenos e diminuição da proteína S e do cofator da 
proteína C. 
A atividade fibrinolítica do plasma permanece baixa, 
inclusive durante todo o processo de parturição, 
voltando ao normal em até 24 horas após a saída da 
placenta. A rápida volta à normalidade da atividade 
fibrinolítica sugere que a inibição da fibrinólise seja 
intermediada pela placenta. 
O tempo de coagulação, a antitrombina III, o fator V e 
a proteína C não se alteram durante a gravidez. 
Essas modificações, junto com o aumento do volume 
sanguíneo, ajudam a combater os riscos de 
hemorragia na dequitação placentária. Em 
contrapartida, produzem estado de vulnerabilidade à 
coagulação intravascular, manifestando-se 
clinicamente como situações que variam desde 
tromboembolia até hemorragia por coagulação 
intravascular disseminada. 
Fatores Hemodinâmicos 
A síndrome hipercinética caracteriza o sistema 
circulatório da grávida. As alterações mais expressivas 
ocorrem no débito cardíaco (DC) e na redistribuição 
de fluxos sanguíneos regionais, sendo menores as 
repercussões na frequência cardíaca e na pressão 
arterial. A maior parte dessas modificações ocorre no 
primeiro trimestre da gestação. 
Coração 
A frequência dos batimentos do coração materno 
aumenta em 10 a 15 bpm, sendo importante para a 
manutenção do DC. 
O diafragma se eleva e desloca o coração para a 
esquerda e para cima, e seu ápice é movido 
lateralmente, aumentando a silhueta cardíaca na 
radiografia de tórax. Um discreto derrame pericárdico 
pode aparecer em gestação normal, contribuindo para 
o aumento da área do coração e dificultando a 
identificação de moderados graus de cardiomegalia 
pela radiografia de tórax. 
Parece não haver alterações significativas na 
contratilidade miocárdica durante a gravidez. 
Sopros sistólicos são frequentes, provavelmente 
decorrentes da síndrome hipercinética e da redução 
da viscosidade sanguínea. 
Extrassístoles e desdobramento de bulha são também 
comuns. 
Em geral, o eletrocardiograma não se altera, embora 
ocorra discreto desvio do eixo elétrico cardíaco para a 
esquerda decorrente da posição alterada do coração. 
Débito Cardíaco 
Na gravidez, espera-se diminuição da pressão arterial 
e da resistência vascular periférica, assim como 
crescimento do volume sanguíneo, do peso e do 
metabolismo basal. Como consequência, após 10 ou 
12 semanas de gestação, o DC aumenta, alcançando o 
seu máximo entre 20 e 24 semanas (aumento de 30-
40%), mantendo-se, a partir daí, relativamente 
constante até o termo. 
Ao final da gravidez, o DC é maior com a paciente em 
decúbito lateral esquerdo, uma vez que, na posição 
supina, o útero aumentado de tamanho comprime a 
veia cava inferior e dificulta o retorno venoso. 
O DC também é maior durante o trabalho de parto, 
pois as metrossístoles e a redução volumétrica uterina 
no secundamento e no puerpério inicial provocam 
auto-hemotransfusão e aumento do retorno venoso. 
Resistência Vascular Periférica 
Na gravidez, a resistência vascular sistêmica (RVS) 
diminui de modo considerável, mais acentuadamente 
no início do que próximo ao termo, provavelmente 
como consequência da circulação uteroplacentária e 
da ação de progesterona, prostaglandinas, estrogênio 
e óxido nítrico sobre a parede dos vasos, com início já 
nas primeiras semanas de gestação. 
Um nível mínimo da resistência vascular periférica 
(RVP) é alcançado até a 20ª semana de gestação, com 
retorno gradual até o termo. Entretanto, permanece 
20% menor em comparação com os níveis pré-
gravídicos. 
Pressão Arterial 
A PA é o produto do DC pela RVP. Como os fatores 
envolvidos no cálculo da PA marcadamente se 
alteram, há significativas mudanças nos valores da PA 
materna. 
PA decresce expressivamente no primeiro e segundo 
trimestres da gestação, em especial o seu 
componente diastólico (queda de 10-15 mmHg). 
A pressão sistólica apresenta uma diminuição mais 
discreta, porque a queda da RVP é compensada pelo 
aumento do DC (queda de 3-4 mmHg). 
No trabalho de parto, observa-se aumento de 15 a 25 
mmHg na pressão diastólica, em especial durante as 
metrossístoles. 
Essa queda ocorre em virtude de causas diversas, 
incluindo alterações do sistema renina-angiotensina-
aldosterona e, também, devido às flutuações 
hormonais. 
Pressão Venosa 
O útero da gestante comprime as veias pélvicas e a 
cava inferior, dificultando o retorno venoso e 
aumentando em cerca de três vezes a pressão venosa 
nos membros inferiores. Essas alterações são as 
principais responsáveis pelo surgimento de edema 
dos membros inferiores, varicosidades vulvares e 
hemorroidas, iniciando-se no segundo trimestre e 
sendo mais frequentes na gestação avançada. 
Hipotensão Supina 
Na segunda metade da gravidez, o útero aumentado 
de tamanho comprime a veia cava inferior quando a 
grávida assume o decúbito dorsal; isso dificulta o 
retorno venoso, reduz o DC e provoca queda da 
pressão sistólica superior a 30%. Após 4 ou 5 
minutos, nessa posição, ocorre bradicardia, sinal 
indicativo de reflexo vagal. Essa associação entre 
hipotensão e bradicardia reduz em até 50% o DC e 
responde por episódios de lipotimias. 
Ao conjunto desses acontecimentos dá-se o nome de 
síndrome da hipotensão supina, que rapidamente é 
corrigida quando a gestante se posiciona em decúbito 
lateral esquerdo, liberando o fluxo sanguíneo na veia 
cava inferior. 
Outros Parâmetros Hemodinâmicos 
A resistência vascular pulmonar sofre redução de 34% 
na gestação, e a pressão capilar da artéria pulmonar 
diminui 28%. 
A pressão venosa central não se altera. 
 
 
Sistema Gastrointestinal 
 
Boca 
Embora encontradas com frequência na gestação, as 
cáries dentárias e as periodontites não surgem nem 
pioram em decorrência direta da gravidez. 
A gengivite gravídica (edema e sangramento da 
gengiva) é consequência da saturação gestacional por 
estrogênio, progesterona e hCG sobre o tecido 
conectivo e se acentua no segundo trimestre da 
gestação. 
O ptialismo, produção excessiva de saliva, tem como 
causas hipertonia vagal, fatores psíquicos e estímulos 
do segundo e terceiro ramos do nervo trigêmeo. 
Estômago e Esôfago 
O crescimento uterino desloca o estômago, elevando 
seu fundo e provocando uma leve dextrorrotação. 
O aumento da progesterona e a diminuição damotilina (substância que estimula a musculatura lisa) 
são fatores bioquímicos que, somados aos mecânicos, 
retardam o esvaziamento gástrico. Estes, associados à 
redução do tônus do esfíncter esofagiano inferior e à 
diminuição da amplitude e da velocidade das ondas 
peristálticas do esôfago, facilitam o surgimento de 
pirose e refluxo gastresofágico. 
Hérnia de hiato pode ser encontrada em até 20% das 
grávidas, regredindo no pós-parto. 
Intestinos Delgado e Grosso 
A progesterona provoca hipotonia na musculatura lisa 
do trato gastrintestinal e, juntamente com a 
compressão das estruturas abdominais pelo útero, 
retarda o trânsito intestinal. 
A maior absorção de líquidos leva ao ressecamento 
das fezes e pode provocar constipação intestinal, 
queixa frequente na gestação, especialmente no 
último trimestre. 
Hemorroidas são comuns, aparecendo como 
resultado da constipação intestinal, da vasodilatação 
periférica e do aumento da pressão nas veias retais 
por compressão da circulação de retorno. 
As relações anatômicas dos intestinos se alteram em 
decorrência da ocupação da cavidade abdominal pelo 
útero, podendo o apêndice cecal ser encontrado no 
flanco direito da gestante. 
Fígado 
 Não foram evidenciadas alterações importantes na 
morfologia e na função hepática durante a gravidez. 
A fosfatase alcalina está aumentada, mas sua origem 
é placentária. 
Não é raro o surgimento de colestase intra-hepática e 
prurido cutâneo, resultado dos altos níveis de 
estrogênio circulante que inibem o transporte 
intraductal de ácidos biliares. 
Vesícula Biliar 
A vesícula biliar mostra esvaziamento lento por 
hipotonia muscular (consequência da ação da 
progesterona sobre a musculatura lisa), provocando 
estase biliar e favorecendo a formação de cálculos de 
colesterol, já que o estrogênio e a progesterona 
saturam a bile com colesterol e diminuem a síntese de 
ácidos biliares. Multiparidade e fatores genéticos 
também contribuem para a formação de cálculos. 
Pâncreas 
O pâncreas da gestante saudável sofre hiperplasia das 
células β das ilhotas de Langerhans, provável resposta 
ao bloqueio periférico da insulina pelos hormônios 
gravídicos, em especial os estrogênios e o hormônio 
lac). Esse processo aumenta a insulina plasmática livre 
e facilita as maiores necessidades fetais de 
carboidratos. 
Náuseas e Vômitos 
Náuseas e vômitos são alguns dos sintomas mais 
comuns da gravidez e ocorrem predominantemente 
durante o primeiro trimestre, embora mais raramente 
possam continuar durante toda a gestação. 
Uma pequena porcentagem de mulheres pode 
desenvolver a forma grave de náuseas e vômitos, 
chamada de hiperêmese gravídica, que, se não for 
tratada, pode levar a uma morbidade materna e fetal 
significativa. 
A patogênese permanece incerta, mas há consenso de 
que há a participação dos hormônios da gravidez, 
como o estrogênio, a progesterona e o hCG. 
Sistema Urinário 
As alterações renais e das vias urinárias decorrentes 
de fatores mecânicos ou hormonais elevam a chance 
da ocorrência de cálculos ou processos infecciosos. 
Rins 
Pode ocorrer, na gestação, aumento do volume dos 
rins, com incremento de aproximadamente 30% em 
seu peso e discreto aumento em seu tamanho (1 cm), 
devido à hipertrofia e ao aumento do fluxo plasmático 
renal. 
Observam-se, também, aumento da vascularização e 
diminuição da resistência vascular, que acarretam um 
crescimento de 60 a 80% no fluxo sanguíneo renal e 
um aumento de 40 a 50% na filtração glomerular, que 
podem motivar o aparecimento de glicosúria 
(também pela menor capacidade de reabsorção 
tubular) e provocar proteinúria, hipercalciúria, perda 
de nutrientes (aminoácidos e vitaminas 
hidrossolúveis), diminuição nas concentrações 
plasmáticas de ureia e de creatinina e aumento da 
depuração de creatinina. 
A hematúria, se estiver presente, deve ser sempre 
investigada. 
O sistema coletor sofre dilatação em até 80% das 
gestações, apresentando-se com dilatação ureteral e 
pielocalicial, mais pronunciada à direita (por 
compressão do sistema urinário pelo útero volumoso 
que sofreu discreta dextrorrotação). 
Ureteres 
O relaxamento da musculatura lisa do trato urinário 
promovido pela progesterona causa hipotonia 
ureteral, que, adicionada à compressão ou à 
obstrução pelo crescimento uterino e pela congestão 
do plexo venoso ovariano, pode acarretar 
hidronefrose e dilatação dos ureteres. Esses achados 
podem persistir por até quatro meses após o parto. 
Bexiga 
Com o crescimento uterino, a bexiga altera sua 
posição e é rechaçada para a frente e em direção à 
cavidade abdominal, deixando de ser órgão 
exclusivamente pélvico. Essa mudança de 
posicionamento diminui sua capacidade residual e 
provoca polaciúria na gestante. Sua mucosa mostra-se 
espessada e com aspecto tortuoso em virtude dos 
vasos sanguíneos congestos. Também ocorrem 
elevação do trígono vesical e diminuição do tônus. 
Metabolismo 
 
Ganho Ponderal 
A grávida deve ser orientada a seguir as 
recomendações para ganho ponderal conforme seu 
índice de massa corporal (IMC) no início da gestação. 
Esse aumento ponderal é atribuído ao útero e ao seu 
conteúdo (feto, placenta, líquido amniótico); ao 
crescimento das mamas, do volume sanguíneo e do 
líquido extravascular; e às alterações metabólicas 
responsáveis pelo incremento da água celular; e pela 
deposição de proteínas e gorduras nos tecidos 
maternos para formar suas reservas. 
Metabolismo Hídrico 
A retenção de água é uma alteração fisiológica da 
gravidez em parte mediada pela queda da 
osmolaridade plasmática. É comum observar edema 
nos membros inferiores, em especial ao final do dia, 
favorecido pelo aumento da pressão venosa e pela 
redução da pressão coloidosmótica intersticial. 
Metabolismo Proteico 
Na gravidez, para atender às demandas de feto, útero, 
placenta, mamas e volume sanguíneo, todos em 
crescimento, as necessidades proteicas aumentam. 
Observa-se redução dos aminoácidos e incremento 
absoluto das proteínas totais, embora suas 
concentrações plasmáticas se mostrem diminuídas em 
consequência da hemodiluição experimentada pela 
gestante. 
A concentração de albumina circulante sofre redução, 
ao passo que é menor a queda das γ-globulinas. Os 
teores de α e β-globulinas ascendem. Para manter o 
balanço nitrogenado positivo, a gestante necessita de 
25% de proteínas do total dos nutrientes por ela 
ingeridos durante o dia, não podendo se descuidar, 
todavia, da ingesta adequada de carboidratos e 
gorduras, medida que evita o catabolismo proteico. 
Metabolismo dos Carboidratos 
A gravidez é um estado potencialmente diabetogênico 
e é considerada um teste para o adequado 
funcionamento do pâncreas materno. A gestação 
normal se caracteriza por resistência à insulina, leve 
hiperinsulinemia, hipoglicemia de jejum e 
hiperglicemia pós-prandial. 
Inicialmente, o metabolismo da glicose parece ser 
alterado pelo aumento dos níveis de estrogênio e de 
progesterona, hormônios que agem estimulando a 
secreção endógena de insulina e melhorando a 
utilização periférica da glicose. 
Na segunda metade da gestação, crescem os 
hormônios contrainsulinares, como o hPL e o cortisol, 
que promovem aumento dos ácidos graxos livres, ao 
incentivarem a lipólise, e poupam a glicose. Também 
ocorre supressão da resposta ao glucagon e redução 
do seu consumo periférico, fatos que caracterizam o 
estado diabetogênico da grávida e que mantêm 
constante o aporte de glicose ao feto. Não se conhece 
o mecanismo que responde pela hipertrofia e pela 
hiperplasia das células βpancreáticas e pela 
hipersecreção de insulina. Sabe-se que o hPL, o 
estrogênio, a progesterona e o cortisol estão 
provavelmente envolvidos nesse processo. 
Metabolismo Lipídico 
As concentrações de lipoproteínas, de 
apolipoproteínas e de lipídeos totais aumentam no 
plasma materno durantea gravidez. O colesterol pode 
crescer 50%, e os triglicerídeos podem triplicar. A 
lipoproteína de baixa densidade (LDL, do inglês low 
density lipoprotein) atinge sua maior concentração 
plasmática por volta de 36 semanas de gestação, 
resultado da ação da progesterona e do estradiol 
sobre o fígado da gestante. Já a lipoproteína de alta 
densidade (HDL, do inglês high density lipoprotein) 
alcança seu nível máximo por volta de 25 semanas, 
diminui até 32 semanas e, a partir daí, mantém-se 
constante até o termo. 
Metabolismo Eletrolítico 
Sódio 
O crescimento do feto, o aumento do líquido 
amniótico e a expansão do líquido extracelular são os 
principais responsáveis pela retenção de sódio no 
organismo materno. Por outro lado, a excreção pode 
aumentar em consequência de aumento da taxa de 
filtração glomerular, ação da progesterona, que atua 
promovendo vasodilatação das arteríolas renais e 
facilitando a natriurese, presença do fator natriurético 
atrial e redução de albumina, prostaglandinas e 
dopamina. 
Outras substâncias agem diminuindo a excreção renal 
de sódio, como a aldosterona, o sistema renina-
angiotensina, os corticosteroides e os estrogênios. 
Cálcio e magnésio 
 Os níveis plasmáticos de cálcio e de magnésio, 
elementos importantes na bioquímica da contração 
uterina, diminuem durante a gravidez; entretanto, sua 
fração ionizada e metabolicamente ativa permanece 
inalterada, confirmando que a queda nos níveis de 
cálcio e magnésio não tem importância clínica durante 
a gestação. Sua absorção intestinal dobra durante a 
gravidez, devido à grande necessidade fetal de cálcio, 
e sua excreção renal também aumenta, eliminando o 
excesso de cálcio sérico. 
Ferro 
O ferro é um elemento essencial tanto para a gestante 
quanto para o feto em desenvolvimento. As 
necessidades de ferro durante a gravidez estão 
aumentadas pelo incremento da massa de hemácias, 
podendo a mãe desenvolver anemia caso esse 
elemento não seja suplementado em sua dieta. 
Iodo 
Durante a gravidez, os níveis plasmáticos de iodo 
estão diminuídos, devido ao aumento de sua filtração 
renal e por maior demanda fetal, que compete com a 
mãe pelo iodeto disponível. Para absorver uma maior 
quantidade de iodo do plasma, a tireoide da grávida 
depura duas vezes o volume sanguíneo habitual para 
manter a captação normal adequada. 
Metabolismo das Vitaminas 
Em geral, as exigências da gravidez levam à 
diminuição de todas as vitaminas (exceto as vitaminas 
E e K), fato que exige reforço dietético. 
A carência de vitamina A pode causar anomalias 
congênitas por defeitos na embriogênese. 
A deficiência de ácido fólico pode levar a distúrbios no 
crescimento fetal e produzir malformações 
estruturais, em especial aquelas relativas ao 
fechamento do tubo neural. 
Na gravidez e no puerpério, há aumento no consumo 
de vitamina C, e graus elevados de avitaminose C 
determinam abortamento e/ou morte fetal. A 
vitamina D é fundamental para o metabolismo do 
cálcio e do fósforo e para a fixação desses elementos 
no arcabouço ósseo. Com a evolução da gravidez, suas 
necessidades crescem. Por mobilização das reservas 
maternas e pela síntese placentária e/ou fetal, os 
teores de vitamina E se elevam durante a gestação, 
mesmo motivo pelo qual a vitamina K aumenta na 
gravidez, atuando na formação de trombina e no 
mecanismo de coagulação sanguínea. 
Equilíbrio Acidobásico 
Na gravidez normal, ocorre uma alcalose respiratória 
por hiperventilação, diminuindo a pressão parcial de 
gás carbônico (pCO2) no sangue materno. Com isso, o 
rim aumenta a excreção de bicarbonato, diminuindo 
seus níveis plasmáticos de 26 para 22 mMol/L, e 
provoca uma pequena queda do pH, que desvia a 
curva de dissociação do oxigênio (O2) para a esquerda 
e aumenta a afinidade da hemoglobina materna pelo 
O2 – efeito de Bohr. A hiperventilação reduz a 
pCO2materna e facilita o transporte do CO2 do feto 
para a mãe, mas parece diminuir a liberação de O2 da 
mãe para o feto. No início do parto, observam-se 
aumento do pH e redução da pCO2 plasmática, 
consequência da hiperventilação da parturiente que 
persiste até o final do período de dilatação. No 
período expulsivo, os puxos provocam episódios 
temporários de apneia que aumentam a pCO2 e, por 
conta da intensa atividade muscular, liberam lactatos, 
levando à acidose metabólica. 
Sistema Respiratório 
A função pulmonar sofre importantes modificações 
durante a gestão para suprir o organismo materno das 
necessidades aumentadas de oxigênio. A 
progesterona age diretamente na via aérea superior, 
levando a um aumento de suas secreções e edema 
dos seus tecidos, e pode provocar congestão nasal. 
Também promove ação estimulante sobre os centros 
respiratórios cerebrais e consequente aumento da 
frequência respiratória e do volume corrente; o 
volume-minuto está elevado, resultando em alcalose 
respiratória (diminuição da pCO2 e aumento da 
pressão parcial de oxigênio [pO2]), compensada pelo 
aumento da excreção renal de bicarbonato. Os 
estrogênios promovem alterações na mucosa nasal, 
como congestão capilar, hiperplasia e hipertrofia das 
suas glândulas, e estimulam a reatividade dos 
brônquios, tanto nos indivíduos geneticamente 
predispostos, quanto naqueles com síndrome 
respiratória obstrutiva. Já os corticosteroides levam 
maior labilidade ao calibre brônquico. 
O trabalho mecânico dos músculos envolvidos na 
respiração é mais intenso, em consequência do 
aumento da pressão intra-abdominal favorecido pelo 
útero gravídico. As gestantes podem sofrer algum 
grau de restrição respiratória pelo levantamento 
observado do músculo diafragma no último trimestre 
da gravidez. 
A dispneia é uma queixa frequente e resulta do 
incremento dos estímulos respiratórios não 
acompanhado pela resposta adequada da 
musculatura que auxilia na expansão pulmonar. 
Observa-se alteração dos volumes pulmonares 
imposta por esse novo estado fisiológico, em especial 
a redução do volume de reserva expiratória (VRE) e do 
volume residual (VR), situação que traduz perda da 
capacidade residual funcional. 
Modificações na caixa torácica, como o deslocamento 
lateral e para baixo dos arcos costais e o aumento da 
circunferência do tórax, elevam a capacidade 
respiratória e contrabalançam a diminuição da 
capacidade residual funcional, mantendo estável a 
capacidade pulmonar total. Como consequência 
dessas mudanças na caixa torácica e do aumento da 
frequência respiratória, a capacidade vital mostra-se 
discretamente aumentada. 
Embora a complacência pulmonar esteja diminuída 
em razão da elevação do diafragma pelo crescimento 
fetal, não se observam alterações na complacência 
pulmonar. 
Sistema Endócrino 
 
Hipófise 
A adeno-hipófise aumenta em 2 a 3 vezes o seu 
tamanho, principalmente pela hiperplasia das células 
produtoras de prolactina, raramente ocorrendo 
compressão do quiasma óptico. Os níveis do 
hormônio luteinizante (LH), do hormônio folículo-
estimulante (FSH) e do hormônio de crescimento (GH) 
se mostram muito baixos, ao contrário da produção 
de prolactina, que ascende continuamente, chegando 
ao seu máximo no início do trabalho de parto. 
Após o parto, os níveis de prolactina circulante 
declinam, e ela passa a ser liberada em pulsos que 
respondem ao estímulo de sucção mamilar ocorrido 
na amamentação. 
Durante a gestação, a prolactina estimula a síntese de 
DNA e a multiplicação das células glandulares e 
alveolares da mama, aumenta o número de 
receptores de estrogênios e de prolactina nas células 
epiteliais da mama, participa ativamente da 
galactopoiese e incentiva a produção de caseína, 
lactoalbumina, lactose e lipídeos. 
Tireoide 
A tireoide exibe moderado aumento no seu tamanho 
durante a gestação, com hiperplasia do tecido 
glandular e incremento da sua vascularização, 
consequente à diminuição na concentração 
plasmáticade iodo e à maior captação de iodeto para 
equilibrar a depuração renal elevada. 
O aumento da concentração de estrogênios 
determina um aumento acentuado dos níveis de 
globulina de ligação de tireoxina sérica (TBG), que 
reduz os hormônios livres da tireoide e estimula o 
eixo hipotálamo-hipófise-tireoide. 
A tireotrofina (TSH) está fisiologicamente reduzida no 
primeiro trimestre, pois, devido à semelhança com o 
hCG, este estimula a liberação de T3 e T4, que em 
seguida agem fazendo a retroalimentação negativa 
sobre a hipófise e provocam a diminuição transitória 
do TSH entre 8 e 14 semanas. 
À medida que a gestação progride, os limites de 
normalidade superiores são abaixo de 3 e 3,5 mUI/Lno 
segundo e terceiro trimestres, respectivamente. 
Paratireoide 
Estudos recentes, dosando apenas a fração livre do 
paratormônio, observaram discreta diminuição 
plasmática do paratormônio no primeiro trimestre 
seguida por um aumento nos trimestres seguintes, 
mas ainda dentro dos limites da normalidade. Já a 
calcitonina aumenta seus níveis plasmáticos durante a 
gravidez, provavelmente devido à produção 
placentária, tiroideana e mamária desse hormônio. 
Suprarrenais 
Cortisol 
A produção suprarrenal do cortisol não aumenta e sua 
depuração renal diminui, levando a um incremento na 
concentração plasmática desse hormônio, sendo a 
maior parte ligada à globulina transportadora do 
cortisol. O hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), 
inicialmente diminuído, aumenta com o progresso da 
gestação. 
Aldosterona 
A partir de 16 semanas de gestação, observa-se 
aumento na secreção de aldosterona, estimulado pela 
redução da resistência vascular periférica e da PA. 
Desoxicorticosterona 
Ocorre acentuado aumento de desoxicorticosterona 
na gravidez, e sua maior fonte é a conversão 
periférica da progesterona em sítios não suprarrenais, 
como o rim, a pelve e os vasos sanguíneos. 
Sistema articular 
Ocorre relaxamento dos ligamentos em decorrência 
da embebição gravídica. Nota-se frouxidão das 
articulações em todo o organismo materno; 
entretanto, ela é mais notada nas articulações 
pélvicas e, em especial, na sínfise púbica, favorecendo 
a sua abertura em até 12 mm. Essa disjunção 
fisiológica retorna em até cinco meses de pós-parto. 
Enquanto os estrogênios aumentam a vascularização 
e a hidratação do tecido conectivo dos ligamentos 
articulares, a progesterona e a relaxina atuam 
diminuindo o tônus da musculatura responsável pela 
estabilização dessas articulações. 
Postura e marcha 
Como resultado do peso adicional (útero, feto e 
anexos), o equilíbrio materno desloca seu centro de 
gravidade para a frente; a grávida altera sua postura 
para corrigir o seu eixo corporal e assume atitude 
involuntária de acentuada lordose lombar, jogando 
seu tórax para trás e voltando a coincidir seu centro 
de gravidade com o eixo do seu corpo. Somado a isso, 
ocorre ampliação da base de sustentação (com 
afastamento discreto entre um pé e outro): ela 
assume um andar oscilante, com passos curtos e 
lentos e um maior ângulo dos pés com a linha média. 
Todas essas alterações somadas descrevem uma 
marcha típica da gestante chamada de marcha 
anserina. 
Essas alterações posturais modificam a anatomia da 
coluna vertebral da grávida, em especial da coluna 
lombar, possibilitando espasmos dos músculos 
intervertebrais e diminuindo os espaços entre as 
vértebras, o que possibilita compressões radiculares e 
causa dor lombar, queixa frequente das gestantes. 
No final da gravidez, pode surgir dor na região 
cervical, causada pela flexão mantida do pescoço. 
O nervo ulnar e o mediano podem sofrer pequenas 
trações ocasionadas por um deslocamento posterior 
da cintura escapular que produz desconforto e 
dormência nos membros superiores. 
Pele e Cabelo 
 
Acne e queda de cabelo 
A hipersecreção das glândulas sebáceas decorrente da 
ação progestagênica torna a pele da grávida mais 
oleosa e facilita a queda capilar e o surgimento de 
acne. 
Alterações pigmentares 
O perfil hormonal da gestação desencadeia um 
aumento na produção de estrogênio e progesterona 
que leva a uma hipertrofia do lobo intermediário 
hipófise (responsável pelo metabolismo da 
próopiomelanocorticotrofina em β-endorfina e α-
melanotropina). 
Essa hipertrofia resulta na liberação de α-
melanotropina, que exerce ação estimulante sobre os 
melanócitos. É importante destacar que as alterações 
pigmentares aumentam de acordo com a exposição 
ao sol. Locais naturalmente mais escuros podem 
adquirir pigmentação mais escura durante a gravidez, 
como aréola mamária, períneo e axilas. 
Linha nigra 
A linha nigra é uma pigmentação de cor preto-
acastanhada na linha média do abdome resultante da 
ação estimulante sobre os melanócitos. 
Cloasma ou melasma gravídico 
O cloasma é uma mancha acastanhada na face 
consequente à estimulação dos melanócitos. Embora 
característico da gestação, não é exclusivo dela. 
Alterações Atróficas 
 
Estrias gravídicas 
As estrias gravídicas são alterações atróficas por 
estiramento das fibras colágenas, condicionadas à 
diminuição da hidratação e ao estiramento da pele. 
Incidem principalmente em abdome, glúteos, mamas 
e coxas. 
Na gestação, costumam ser avermelhadas; após o 
parto, são geralmente brancacentas. Em multíparas, 
além das estrias de uma gravidez atual, podem ser 
encontradas linhas de tonalidade prata, brilhantes, 
que representam cicatrizes de estrias de gestações 
anteriores. 
Alterações vasculares 
As alterações vasculares são consequências da 
vasodilatação imposta pelo perfil hormonal da 
gestação. 
Aranhas vasculares ou telangiectasia ou 
angioma 
Essas alterações vasculares surgem em toda a 
superfície =palmar como uma vermelhidão difusa, 
notadamente nas eminências tênares e hipotênares. 
São encontradas em até 70% das gestantes, 
independentemente da etnia. Na maioria dos casos, 
desaparecem após a gravidez. 
Eritema palmar 
O eritema palmar é caracterizado por diminutos vasos 
que se ramificam de um corpo central. Aparecem 
como pequenas elevações vermelhas na pele, 
principalmente na face, no pescoço, na parte superior 
do tórax e nos braços. Surge em 60% das mulheres 
brancas e em 10% das afro-americanas durante a 
gravidez. Também desaparece em sua maioria após a 
gravidez. 
Varizes 
Quando a atonia dos vasos se associa ao aumento da 
pressão intravascular decorrente da compressão da 
circulação de retorno, surgem as varicosidades em 
membros inferiores e região perineal. 30 
Sentidos 
 
Visão 
A acuidade visual pode estar comprometida por 
edema ou opacificação pigmentar da córnea durante 
a gestação. A pressão ocular pode estar diminuída por 
aumento de reabsorção de humor aquoso. 
Olfato 
A epistaxe é uma queixa frequente da grávida e 
decorre de aumento da vascularização e 
espessamento da mucosa nasal ou ação dos 
estrogênios e da progesterona. A rinite vasomotora 
com obstrução nasal, no mais das vezes acompanhada 
de hiposmia ou anosmia, é também acontecimento 
comum. 
Audição 
Algumas grávidas apresentam zumbidos e vertigens 
por alterações circulatórias; outras experimentam 
diminuição da acuidade auditiva, principalmente para 
tons altos, decorrente de hiperemia na tuba uterina. 
Tato 
Parestesias das extremidades são comuns, 
frequentemente atribuídas a alterações vasomotoras 
e a deficiências metabólicas. 
Paladar 
As alterações do apetite, como perversão (preferência 
por alimentos ou substâncias exóticas), mudanças 
qualitativas dos hábitos alimentares e baixa 
sensibilidade gustativa, não são incomuns; as 
gestantes preferem degustar alimentos de sabor 
marcante, mais doces, salgados, ácidos ou amargos. 
Referência: Freitas

Outros materiais