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RESUMO| ANTIDEPRESSIVOS| OBJETIVO: ENTENDER A FARMACOLOGIA DOS MEDICAMENTOS QUE MODULAM O SNC NO TRATAMENTO DA ANSIEDADE- ANTIDEPRESSIVOS| Fonte: Whalen, Karen. Farmacologia ilustrada. Artmed, 2016. antidepressivos VISÃO GERAL ANTIDEPRESSIVOS NO TRATAMENTO PARA A ANSIEDADE • Vários antidepressivos são eficazes no tratamento da ansiedade crônica e devem ser considerados fármacos de primeira escolha, especialmenteem pacientes com inclinação para dependência ou vício. • Os ISCSs, como escitalopram ou paroxetina, ou os inibidores seletivos da captação de serotonina e norepinefrina (ISCSNs), como a venlafaxina ou duloxetina, podem ser usados sós ou prescritos em associação com uma dosagem baixa de benzodiazepínico durante as primeiras semanas de tratamento. • Após 4 a 6 semanas, quando o antidepressivo começa seu efeito ansiolítico, a dosagem de benzodiazepínico pode ser reduzida gradualmente. • Os ISCSs ou ISCSNs têm menor potencial de gerar dependência física do que os benzodiazepínicos, tornando-se o tratamento de escolha contra o TAG. Ainda que apenas certos ISCSs ou ISCSNs tenham sido aprovados para o tratamento do TAG, a eficácia desses fármacos é provavelmente um efeito da classe. • Assim, a escolha entre esses antidepressivos pode ser feita com base nos efeitos adversos e no custo. • Em geral, o tratamento com antidepressivos e benzodiazepínicos contra os transtornos de ansiedade é necessário por longo período, de modo a manter a vantagem alcançada e evitar recaídas. DEPRESSÃO • Os sintomas da depressão são sensação de tristeza e desesperança, bem como incapacidade de sentir prazer em atividades usuais, alterações nos padrões de sono e apetite, perda de vigor e pensamentos suicidas. • A mania é caracterizada pelo comportamento oposto, ou seja, entusiasmo, raiva, pensamentos e fala rápidos, extrema autoconfiança e diminuição de autocrítica. MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTIDEPRESSIVOS • A maioria dos fármacos antidepressivos úteis clinicamente potencializa, direta ou indiretamente, as ações da norepinefrina e/ou da serotonina (5-HT) no cérebro. • Isso, juntamente com outras evidências, levou à teoria das aminas biogênicas, que propõe que a depressão se deve às deficiências das monoaminas, como norepinefrina e serotonina, em certos locais- chave do cérebro. Já a mania seria causada por produção excessiva desses neurotransmissores. • Contudo, trata-se de uma teoria muito simplista, que não explica por que os efeitos farmacológicos de qualquer antidepressivo e antimania na neurotransmissão ocorrem imediatamente, ao passo que a evolução temporal para a resposta terapêutica precisa de várias • semanas. Isso sugere que a diminuição da captação dos neurotransmissores é apenas o efeito inicial do fármaco, que pode não ser diretamente responsável pelos efeitos antidepressivos. PRINCIPAIS GRUPOS DE FÁRMACOS Inibidores seletivos da captação de serotonina • Os inibidores seletivos da captação de serotonina (ISCSs) são um grupo de fármacos antidepressivos que inibem especificamente a captação da serotonina, apresentando uma seletividade de 300 a CASO 3| 4P| BCE 3.000 vezes maior para o transportador de serotonina do que para o de norepinefrina. • Os ISCSs incluem fluoxetina, citalopram, escitalopram, fluvoxamina, paroxetina e sertralina. O escitalopram é o S-enantiômero puro do citalopram. AÇÕES • Os ISCSs bloqueiam a captação de serotonina, levando ao aumento da concentração do neurotransmissor na fenda sináptica. • Os antidepressivos, incluindo os ISCSs, em geral precisam de 2 semanas para produzir melhora significativa no humor, e o benefício máximo pode demorar até 12 semanas ou mais • Os pacientes que não respondem a um antidepressivo podem responder a outro, e aproximadamente 80% ou mais respondem a pelo menos um antidepressivo Usos terapêuticos • A indicação primária dos ISCSs é a depressão, para a qual eles são tão eficazes quanto os ADTs • Vários outros transtornos psiquiátricos também respondem favoravelmente aos ISCSs, incluindo transtorno obsessivo- compulsivo, de pânico, de ansiedade generalizada, de estresse pós- traumático, de ansiedade social, além de transtorno disfórico pré-menstrual e bulimia nervosa (para a qual apenas a fluoxetina está aprovada). Farmacocinética • Todos os ISCSs são bem absorvidos após administração oral. • Os picos séricos ocorrem em média entre 2 e 8 horas. • Alimentos têm pouca influência na absorção (exceto com a sertralina, cuja absorção aumenta com a alimentação). • A maioria dos ISCSs tem meia-vida entre 16 e 36 horas Efeitos adversos • Cefaleia, sudoração, ansiedade e agitação, efeitos gastrintestinais (GI) (náuseas, êmese e diarreia), fraqueza, cansaço, disfunções sexuais, alterações de massa corporal, distúrbios do sono (insônia e sonolência), síndrome de interrupção • Obs: paroxetina e a fluvoxamina em geral são mais sedativas do que estimulantes e podem ser úteis em pacientes que têm dificuldade em dormir. Por outro lado, pacientes que se sentem cansados ou se queixam de sonolência excessiva podem se beneficiar de um dos antidepressivos ISCSs mais estimulantes, como a fluoxetina e a sertralina. INIBIDORES DA CAPTAÇÃO DE SEROTONINA E NOREPINEFRINA • Venlafaxina, desvenlafaxina, levomilnaciprana e duloxetina inibem a captação de serotonina e norepinefrina podem ser eficazes no tratamento de depressão em pacientes nos quais os ISCSs foram ineficazes. • Além disso, a depressão com frequência é acompanhada de sintomas dolorosos crônicos, como dor lombar e dor muscular, contra os quais os ISCSs são relativamente ineficazes. • Essas dores são, em parte, moduladas por vias de serotonina e norepinefrina no sistema nervoso central (SNC). • OS ICSNs são eficazes algumas vezes para aliviar a dor associada com a neuropatia diabética periférica, a neuralgia pós-herpética, a fibromialgia e a dor lombar. • Os ICSNs, ao contrário dos ADTs, têm pouca atividade em receptores adrenérgicos α, muscarínicos ou histamínicos e, assim, têm menos efeitos adversos mediados por esses receptores do que os ADTs. • Os ICSNs podem causar síndrome de interrupção se o tratamento for suspenso de modo súbito Venlafaxina e desvenlafaxina • A venlafaxina é um potente inibidor da captação de serotonina e, em dosagens médias e altas, é inibidor da captação de norepinefrina. • A venlafaxina produz inibição mínima das isoenzimas CYP450 e é substrato da isoenzima CYP2D6. • A desvenlafaxina é o metabólito ativo, desmetilado da venlafaxina. • Os efeitos adversos mais comuns da venlafaxina são náuseas, cefaleia, disfunções sexuais, tonturas, insônia, sedação e constipação. • Em doses elevadas, pode ocorrer aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. • A atividade clínica e o perfil de efeitos adversos da desvenlafaxina são similares aos da venlafaxina. Duloxetina • A duloxetina inibe a captação de serotonina e norepinefrina em todas as dosagens. • Ela é extensamente biotransformada no fígado em metabólitos inativos e deve ser evitada em pacientes com disfunção hepática. • Efeitos adversos GI são comuns com a duloxetina, incluindo náuseas, xerostomiae constipação. • Insônia, tonturas, sonolência, sudoração e disfunção sexual também são observadas. • A duloxetina pode aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca. • Ela é um inibidor moderado da isoenzima CYP2D6 e pode aumentar a concentração de fármacos biotransformados por essa via, como os antipsicóticos. Levomilnapicprana • Levomilnaciprana é um enantiômero do milnaciprana (um ICSN antigo usado contra a depressão na Europa e contra a fibromialgia nos EUA). • O perfil de efeitos adversos é similar ao dos demais ICSNs. • É biotransformado primariamente pela CYP3A4 e, assim, a atividade pode ser alterada por indutores ou inibidores desse sistemaenzimático. ANTIDEPRESSIVOS ATÍPICOS • Os antidepressivos atípicos são um grupo misto de fármacos que têm ação em vários locais diferentes. • O grupo inclui bupropiona, mirtazapina, nefazodona, trazodona, vilazodona e vortioxetina Bupropiona • Este fármaco é um inibidor da captação de dopamina e norepinefina fraco, aliviando os sintomas de depressão. • A bupropiona também é útil para diminuir a fissura por alguma substância e atenuar os sintomas de abstinência da nicotina em pacientes que tentam parar de fumar. • Os efeitos adversos podem incluir boca seca, sudoração, nervosismo, tremores e um aumento dose-dependente do risco de convulsões. A incidência de disfunções sexuais é baixa. • A bupropiona é biotransformada pela CYP2B6, e o risco de interações entre fármacos é relativamente baixo. • O uso da bupropiona deve ser evitado em pacientes sob risco de convulsões ou naqueles que sofrem de transtornos de alimentação, como bulimia. Mirtazapina • Mirtazapina aumenta a neurotransmissão de serotonina e norepinefrina, servindo como antagonista nos receptores pré-sinápticos α2. • Além disso, parte da atividade antidepressiva pode ser relacionada ao antagonismo de receptores 5- HT2. • Esse fármaco é sedativo devido à sua potente atividade anti-histamínica, mas não causa os efeitos adversos antimuscarínicos dos ADTs, nem interfere na função sexual, como os ISCSs. • Frequentemente, ocorre aumento do apetite e da massa corporal. • A mirtazapina é acentuadamente sedativa, o que pode ser uma vantage em pacientes deprimidos com dificuldade para dormir. Vilazodona • Vilazodona é um inibidor da captação de serotonina e um agonista parcial em 5-HT1A. • Embora a extensão da contribuição da atividade do receptor 5-HT1A para seu efeito terapêutico seja desconhecida, esse possível mecanismo de ação torna-o singular entre os ISCSs. • O perfil de efeitos adversos da vilazodona é similar ao dos ISCSs, incluindo o risco da síndrome de descontinuação se for interrompido abruptamente. Vortipxetina • Vortioxetina usa como mecanismo de ação sugerido para tratar a depressão uma combinação de inibição da captação de serotonina, agonismo 5-HT1A e antagonismo 5-HT3 e 5-HT7. • Não está claro em que extensão as outras atividades além da inibição da captação de serotonina influenciam o efeito geral da vortioxetina. • Os efeitos adversos comuns incluem náuseas, êmese e constipação, que podem ser esperados devido a seus mecanismos serotoninérgicos. Antidepressivos tricíclicos • Os ADTs bloqueiam a captação de norepinefrina e serotonina no neurônio pré-sináptico e, portanto, se fossem descobertos atualmente, poderiam ser referidos como ICSNs, exceto pelas diferenças nos efeitos adversos dessa nova classe de antidepressivos. • Os ADTs incluem as aminas terciárias imipramina (o protótipo do grupo), amitriptilina, clomipramina, doxepina e trimipramina, e as aminas secundárias desipramina e nortriptilina (o metabólito N- desmetilado da imipramina e amitriptilina, respectivamente) e protriptilina. • Maprotilina e amoxapina são antidepressivos “tetracíclicos” e comumente são incluídos na classe geral dos ADTs. • Pacientes que não respondem a um ADT podem se beneficiar de outro fármaco desse grupo. Mecanismo de ação a- Inibição da captação do neurotransmissor: Os ADTs e a amoxapina são inibidores potentes da captação neuronal de norepinefrina e serotonina no terminal nervoso pré-sináptico. Maprotilina e desipramina são inibidores relativamente seletivos da captação de norepinefrina. b- Bloqueio de receptores: Os ADTs também bloqueiam os receptores serotoninérgicos, α- adrenérgicos, histamínicos e muscarínicos. Ainda não se sabe se alguma dessas ações é responsável pelo benefício terapêutico dos ADTs. Contudo, as ações nesses receptores provavelmente são responsáveis por muitos dos seus efeitos adversos. A amoxapina também bloqueia os receptores 5-HT2 e dopamina D2. • Os ADTs melhoram o humor e o alerta mental, aumentam a atividade física e reduzem a preocupação mórbida de 50 a 70% dos indivíduos com depressão. • O início da melhora do humor é lento, necessitando de 2 semanas ou mais. USOS • Os ADTs são eficazes no tratamento de depressão moderada e grave. • Alguns pacientes com transtorno de pânico também respondem aos ADTs. • Os ADTs, particularmente a amitriptilina, têm sido usados para auxiliar a prevenção da enxaqueca e tratar síndromes de dor crônica (p. ex., dor neuropática), em inúmeras condições em que a causa da dor é desconhecida. • Dosagens baixas de ADT, especialmente doxepina, podem ser usadas contra insônia. ➢ OBS: Os ADTs são bem absorvidos após administração oral. Por sua natureza lipofílica, são amplamente distribuídos e facilmente penetram o SNC. Como consequência da biotransformação de primeira passagem muito variável, os ADTs têm biodisponibilidade baixa e inconsistente. Efeitos adversos: • O bloqueio dos receptores muscarínicos leva a visão turva, xerostomia, retenção urinária, taquicardia sinusal, constipação e agravamento do glaucoma de ângulo fechado • Esses fármacos afetam a condução cardíaca de modo similar ao da quinidina e podem causar arritmias que ameaçam a vida em situação de dose excessiva. • Os ADTs também bloqueiam os receptores α- adrenérgicos, causando hipotensão ortostática, tonturas e taquicardia reflexa. • A imipramina é a mais provável, e a nortriptilina é a menos provável, de causar hipotensão ortostática. • A sedação pode ser significativa, especialmente durante as primeiras semanas do tratamento, e está relacionada com a capacidade que esses fármacos têm de bloquear os receptores H1 histamínicos. • O aumento de massa corporal é um dos efeitos adversos dos ADTs. • Disfunção sexual ocorre em uma minoria de pacientes, e a incidência é menor do que a associada com o ISCS. • Os ADT podem agravar certas condições médicas, como hiperplasia prostática benigna, epilepsia e arritmias preexistentes. INIBIDORES DA MONOAMINOXIDASE • A monoaminoxidase (MAO) é uma enzima mitocondrial encontrada em nervos e outros tecidos, como fígado e intestino. • No neurônio, a MAO funciona como “válvula de segurança”, desaminando oxidativamente e inativando qualquer excesso de neurotransmissor (norepinefrina, dopamina e serotonina) que possa vazar das vesículas sinápticas quando o neurônio está em repouso. • O IMAO pode inativar reversível ou irreversivelmente a enzima, permitindo que as moléculas do neurotransmissor fujam da degradação e, assim, se acumulem dentro do neurônio pré-sináptico e vazem para o espaço sináptico. • Os quatro IMAOs disponíveis atualmente para o tratamento da depressão incluem fenelzina, tranilcipromina, isocarboxazida e selegilina. • OBS: A selegilina é usada também no tratamento da doença de Parkinson. • Ela é o único antidepressivo disponível em sistema de administração transdérmico.) • O uso de IMAOs é limitado devido às complicadas restrições de dieta exigidas durante a utilização desses fármacos. Mecanismo de ação • A maioria dos IMAOs, como a fenelzina, forma complexos estáveis com a enzima, causando inativação irreversível. Isso resulta em aumento dos estoques de norepinefrina, serotonina e dopamina no interior dos neurônios e ssubsequente difusão do excesso de neurotransmissor para a fenda sináptica. • Esses fármacos inibem a MAO não só no cérebro, mas também no fígado e no intestino, onde catalisam desaminações oxidativas de fármacos e substâncias potencialmente tóxicas, como a tiramina, que é encontrada em certos alimentos. Por isso, os IMAOs mostram elevada incidência de interações com fármacos e com alimentos. Usos terapêuticos • Os IMAOs são indicados para pacientes deprimidos que não respondem ou são alérgicos aos ADTs ou que apresentam forte ansiedade. • Uma subcategoriaespecial de depressão, denominada depressão atípica, pode responder aos IMAOs preferencialmente. • Devido ao risco de interações entre fármacos e entre fármaco e alimentos, os IMAO são considerados os fármacos de última escolha em vários centros de tratamento. Efeitos adversos • Efeitos adversos graves, frequentemente imprevisíveis, devido a interações com fármacos e alimentos, limitam o amplo uso dos IMAOs. • Por exemplo, a tiramina, que está presente em alimentos como queijos envelhecidos e carnes, fígado de aves, peixes em conserva ou defumados e vinhos tintos normalmente é inativada pela MAO no intestino. • Indivíduos tratados com IMAO são incapazes de degradar a tiramina presente na dieta. • A tiramina causa liberação de grande quantidade de catecolaminas armazenadas nos terminais nervosos, resultando em “crise hipertensiva” com sinais e sintomas como cefaleia occipital, rigidez no pescoço, taquicardia, náuseas, hipertensão, arritmias cardíacas, convulsões e possivelmente colapso. • Os pacientes precisam, portanto, ser orientados para evitar alimentos contendo tiramina. [ • A fentolamina ou a prazosina são úteis no tratamento da hipertensão induzida por tiramina. • Outros possíveis efeitos adversos do tratamento com IMAO incluem sonolência, hipotensão ortostática, visão turva, xerostomia e constipação. • Devido ao risco de síndrome de serotonina, o uso de IMAO com outros antidepressivos é contraindicado. Por exemplo, os ISCSs não devem ser coadministrados com IMAOs. • Tanto os ISCSs quanto os IMAOs precisam de um período de eliminação, de 2 semanas no mínimo, antes da administração de fármaco do outro tipo, com exceção da fluoxetina, a qual deve ser suspensa no mínimo 6 semanas antes de iniciar o IMAO. • Além disso, os IMAOs têm várias outras interações críticas com fármacos, e é necessária cautela quando forem administrados concomitantemente.
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