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O som é formado a partir da vibração do sangue na parede do coração e na parede dos vasos, e para que esse som possa chegar até o estetoscópio é necessário atravessar primeiro os componentes físicos líquidos e gasosos do corpo do animal. O que é o som? O som trafega em forma de comprimento de onda, então são ondas sonoras que temos que captar através do estetoscópio. Essas ondas sonoras à medida que vão trafegando adquirem comprimentos diferentes, então tem momentos que ficam mais comprimidas e outros momentos que elas ficam mais rarefeitos depois voltam a se comprimir, quando se tem um período que compreende as moléculas comprimidas e moléculas rarefeitas, se tem um comprimento de onda que é dado por Hertz. O comprimento de onda se refere a um ciclo, que é dado por comprimento de onda por um segundo. Então um ciclo compreende um ciclo por segundo, então quando se tem 5 ciclos isso significa dizer que se tem 5 hz. Hertz significa tantos ciclos por segundo. Essa informação é importante pois a campainha e o diafragma servem para auscultar ondas sonoras de frequências diferentes. Ouvido humano e as frequências. O ouvido humano consegue captar a partir de 20 hz até que mais ou menos 20.000 hz. O primeiro e o segundo sons cardíacos, que se refere respectivamente a S1 e S2, são melhores auscultados numa faixa de frequência baixa de 20 hz até mais ou menos 110 hz e nessa região de frequência baixa a auscultação é melhor realizada com a campainha do estetoscópio. A parte da auscultação que possuem frequências mais altas, como os sons respiratórios, regurgitação mitral, aórtica e outros tipos de sons com frequências mais altas, a auscultação é melhor realizada com o diafragma. Os primeiros sons, portanto, são melhor melhores auscultados na campainha, S1 e S2 ,e também quando se tem S3 e S4. Focos de auscultação No hemitórax esquerdo, mais ou menos no 5º espaço intercostal, quando se faz a palpação é possível sentir o ponto de intensidade máxima que é o local onde a vibração do coração está mais intensa, próximo da articulação costocondral, então se tem o foco mitral. Um pouco cranial e dorsalmente, ou seja, para frente e para cima, próximos ao 4º espaço intercostal, localiza-se o foco aórtico. Cranial e ventral, ou seja, para frente e para baixo, o foco pulmonar. Então forma-se o triângulo que é chamado de PAM. Mesmo a pulmonar sendo saída do ventrículo direito, sua auscultação é realizada no hemitórax esquerdo porque o que chamamos de ventrículo direito na verdade ele é rotacionado cranialmente, e a via de saída do ventrículo direito, que é tronco pulmonar, sai do lado esquerdo, por isso que o foco da auscultação pulmonar é realizado no hemitórax esquerdo. Já no hemitórax direito, no quarto espaço intercostal, próximo da articulação costocondral se tem o foco tricúspide. Bulhas cardíacas O som S1 acontece por causa do fechamento da valva mitral e da tricúspide, que se fecha praticamente ao mesmo tempo, e a valva aórtica que se fecha praticamente ao mesmo tempo da pulmonar. Então a primeira bulha chamada de B1 ela acontece pelo fechamento passivo das valvas atrioventriculares mitral e tricúspide, e a b2 acontece pelo fechamento passivo das valvas semilunares aórtica e pulmonar. E esse som que está sendo gerado dentro do coração tem que trafegar pelo sangue , que é um meio líquido, tem que atravessar músculo, pele e ossos que são meios sólido, e tem que atravessar os pulmões que são o meio gasoso para poder chegar na parede torácica, por isso é necessário o uso do estetoscópio e saber o local correto de posicionar o diafragma e a campainha para conseguir auscultar. S1 tem uma amplitude maior do que S2, S1 acontece em uma amplitude e frequência que é referente ao fechamento da mitral e da tricúspide que vai gerar S1, depois do fechamento da mitral e tricúspide se tem a sístole, que é justamente a contração do ventrículo que faz a mitral e tricúspide se fecharem e provocar o som da sístole, e o fechamento da aórtica e a pulmonar ocorre pela diástole. A mitral se fecha rapidamente, e a tricúspide se fecha logo a seguir, isso é importante do ponto de vista fisiopatológico pois a mitral e tricúspide não se fecha ao mesmo tempo mesmo que se ausculte um único som, quando se observa no gráfico onde o eixo X é tempo percebe-se que é mitral se fecha momentos antes da tricúspide. O fechamento da mitral promove um o som e logo na sequência a tricúspide se fecha e promove outro som, mas se ausculta um único som porque o ouvido humano não consegue captar essa diferença. Após a sístole, ocorre o fechamento da aórtica e da pulmonar, são duas valvas, mas se ausculta um único som também, e a aórtica se fecha um pouco antes da pulmonar, depois que essas valvas se fecham ocorre a diástole. O som de S1 é mais intenso, a intensidade da amplitude é maior do que a segunda bulha. S1 tem um som mais alto, mais longo e mais grave e a ausculta é mais audível no foco mitral do que no foco tricúspide, pela simples razão que o ventrículo esquerdo gera 140 mmHg para bombear o sangue para circulação, então ele gera muito mais pressão do que o ventrículo direito que gera 25 mmHg quando o paciente está saudável. S2 é mais audível no foco aórtico pela mesma razão de S1, pois o VE gera mais pressão e o fechamento da valva aórtica é mais intenso e mais audível do que o da valva pulmonar. S1 é referente ao fechamento passivo das valvas atrioventriculares, mitral e tricúspide. O som de S1 é mais grave e S2 é mais agudo. O som de S1 é mais longo e de S2 é mais curto. O som de S1 é mais audível no foco mitral e S2 no foco pulmonar. Se ausculta bulhas mais altas em tórax estreitos, como nos galgos, aqueles pacientes mais magrinhos com tórax menor, pois o som tem que trafegar em menos locais e vai chegar mais alto, já em pacientes obesos ou com um tórax mais abaulado o som chega mais baixo. Contrações mais vigorosas se encontra em paciente com medo devido ao aumento do simpático que faz aumentar a força de contração e aumenta o som, já um pneumotórax deixa as contrações menos intensas pois o som tem que trafegar pelo ar que está entre os pulmões e a parede torácica ou quando tem efusão pleural, efusão pericárdica, ou qualquer coisa que atrapalhe a passagem do som, pois isso provoca um aumento no tempo de percurso do som e reduzir a sua intensidade. S1 Quando se fala especificamente de S1, que é o fechamento passivo da mitral e da tricúspide, pode também estar aumentado ou diminuído. Pode estar aumentado na contração mais vigorosa, como em casos de prenhes, no hipertireoidismo devido ao aumento do metabolismo, exercício físico, febre, anemia e hipertensão, tudo isso pode aumentar o som de S1. A diminuição pode acontecer devido a um choque hipovolêmico pois o coração na contração não tem muito sangue para bombear, insuficiência cardíaca congestiva, hipotireoidismo canino, e regurgitações que reduzem o volume de sangue ejetado. S2 O que pode aumentar o som de S2 em relação a aórtica é hipertensão arterial sistêmica porque o vaso está mais constrito e estenose, já em relação a pulmonar é shunts e dirofilariose pois aumenta a sobrecarga. A diminuição ocorre no hipotireoidismo, choque, estenose de valvar aórtica, na regurgitação e na estenose de valva pulmonar. Desdobramento de bulhas O desdobramento de S1 ocorre porque a tricúspide se atrasar um pouquinho mais para fechar em relação a mitral. O fisiológico é a tricúspide se fechar um pouquinho depois da mitral o ouvido humano não consegue captar, quando é possível distinguir esse atraso no fechamento é porque tem alguma coisa atrasando um pouco mais o fechamento da tricúspide. Esse desdobramento de S1 pode ser fisiológico em raças grandes que tem a frequência cardíaca um pouco menor, então é possível perceber essa diferença que é fisiológica. Em raças menores que tem a frequência cardíaca maior, os sons se juntam mais então é mais difícil perceber.Mas pode acontecer também por um bloqueio do ramo, pois para o impulso acontecer precisa primeiro de um evento elétrico, esse evento elétrico primeiro de uma atividade elétrica que é gerada pelo nodo sinusal que se despolariza sozinho, esse impulso vai percorrendo as vias internodais para despolarizar os átrios e para alguns milissegundos no nodo atrioventricular e o impulso penetra nos ventrículos e vai um ramo para o ventrículo direito e dois ramos para o ventrículo esquerdo, o ventrículo esquerdo recebe os dois ramos de purkinje porque ele é muito mais espesso e tem uma parede maior porque o ventrículo esquerdo bombeia o sangue para a circulação sistêmica que é mais rígida e dá mais trabalho, e tem um ramo só para o ventrículo direito. O desdobramento da primeira bulha pode ocorrer quando se tem um bloqueio no ramo direito pois o impulso que está chegando demora mais para ser conduzido pelo ventrículo direito e isso faz com que o ventrículo direito se feche um pouquinho depois do ventrículo esquerdo, e por isso a valva tricúspide vai se fechar depois da mitral. O bloqueio do ramo direito é um bloqueio do tecido especializado de condução que vai levar o impulso elétrico até o ventrículo direito, um bloqueio é um uma anormalidade elétrica e isso vai retardar/atrasar o batimento do ventrículo direito então a tricúspide vai se fechar um pouco depois da mitral. O desdobramento de S2 ocorre quando a pulmonar se fecha depois da aórtica e tem um grau de repetição clínico mais importante. O que pode causar o desdobramento de S2 via de regra é o retardo do fechamento da valva pulmonar. A circulação pulmonar é mais complacente do que a circulação sistêmica, a circulação sistêmica é mais rígida por isso que o ventrículo esquerdo é maior porque tem que fazer uma força de 140 mmHg para bombear o sangue, já o ventrículo direito consegue resolver o mesmo trabalho que o ventrículo esquerdo faz gerando só 25 mmHg. Só que numa situação clínica onde os vasos da circulação pulmonar estão mais contraídos, o VD passa a ter dificuldade de bombear o sangue adiante e então ocorre atraso na contração pois o trabalho para bombear o sangue passa a ser maior e o VD começa a ter dificuldade e isso faz com que a válvula pulmonar se feche depois da valva aórtica. O desdobramento de S2 é um sinal clínico importante de um quadro chamado hipertensão pulmonar, que em princípio é grave e tem diversas causas de hipertensão pulmonar, também pode ocorrer devido ao bloqueio de ramo direito que causa também o desdobramento de S1, e também na dirofilariose. A terceira bulha cardíaca que é S3 vem depois de S2, e é provocado pelo enchimento de um ventrículo dilatado. S4 vem antes de S1 e não depois de S2, e é causada pela contração atrial. O ventrículo tem dificuldade de se distender pois a parede se encontra muito espessa e o sangue fica acumulado no átrio, e o átrio tem que fazer um maior esforço força para ajudar no enchimento ventricular que a contração atrial gera a quarta bulha. Então S4 acontece por conta da contração atrial no ventrículo hipertrofiado. Tanto S3 como S4 mostram um déficit diastólico, então é um problema sério pois a diástole demora 2/3 do ciclo cardíaco e é na diástole que ocorre o enchimento ventricular e a nutrição cardíaca. Então se é um problema diastólico, é um problema importante pois o coração pode descompensar a qualquer momento. De onde vem o sopro? O sopro é causo pelos distúrbios que causam aumento da velocidade do fluxo sanguíneo. Pode acontecer na insuficiência valvular, estenose valvular e no shunt, e pode ocorrer também na anemia pois o sangue fica menos viscoso. Classificação do sopro. - Tempo • Sístole; • Diástole; • Continuo. - Intensidade • I – Muito suave, localizado, precisa de ambiente silencioso; • II – Suave, ouvido imediatamente, mais baixo que as bulhas normais; • III – Moderado, tão audível quanto as bulhas; • IV – Moderado a alto, irradia bastante, mais alto que as bulhas normais, sem frêmito; • V – Mais alto que bulhas normais e com frêmito; • VI – Alto, com frêmito, audível sem encostar o esteto no tórax.
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