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Síndrome dos Ovários Policísticos

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Letícia Freitas 
 
 
 A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é a uma das condições clínicas mais comuns entre as disfunções 
endócrinas que afetam mulheres em idade reprodutiva, tendo sua prevalência variando de 6% a 16% 
dependendo da população estudada e do critério diagnóstico empregado. 
 
Fisiopatologia 
 
Na etiopatogenia da SOP estão envolvidos os componentes genéticos, fatores metabólicos pré e pós-natais, 
distúrbios endócrinos hereditários, como a resistência à insulina e o diabetes mellitus tipo II, e fatores 
ambientais (dieta e atividade física). 
 
 Fatores endócrinos 
 O padrão de secreção de gonadotrofinas, com hipersecreção característica de hormônio luteinizante, 
evento patognomônico dessa síndrome, com aumento na amplitude dos pulsos e consequente produção 
aumentada de androgênios, predominantemente testosterona. Tem sido demonstrado que mulheres 
portadoras de SOP têm menor sensibilidade hipotalâmica ao retrocontrole feito pelos estrogênios e 
progesterona de origem ovariana. O recrutamento e a ativação folicular ocorrem de maneira bastante 
intensa, porém com menor atresia dos folículos em estágios iniciais,o que confere ao ovário a morfologia 
policística. Parece haver um papel significativo da insulina e do fator de crescimento semelhante à insulina 
tipo 1 na produção anômala de androgênios nessas mulheres. Portadoras de SOP apresentam mais 
frequentemente resistência à insulina e hiperinsulinemia compensatória independentemente da presença 
ou não de obesidade, sendo a resistência tanto para a ação da insulina no músculo estriado quanto no tecido 
adiposo. O aumento da insulina circulante tem efeito direto na produção de androgênios ovarianos, uma vez 
que esta possui ação sinérgica ao LH nas células da teca, estimulando a produção de androgênios. Além 
disso, a insulina também está envolvida na redução da produção da proteína carreadora de androgênios 
pelo fígado; esses dois efeitos somados aumentam a concentração de testosterona livre, ou seja, da fração 
ativa do hormônio. 
 
 Fatores genéticos 
Estudos empregando técnicas de amplo estudo genômico têm possibilitado a identificação de alterações em 
múltiplos loci associados à SOP, o que faz crer tratar-se de doença oligo ou poligênica. A existência de 
penetrância gênica incompleta, modificações epigenéticas e a influência de fatores ambientais tornam 
bastante complicadas a elucidação e a identificação do padrão de hereditariedade envolvido nessa doença. 
Parece haver um papel importante dos androgênios nessas expressões diferenciais. Os diferentes genes 
envolvidos na gênese da SOP propiciam ampla variedade de possíveis genótipos, o que explica os diferentes 
fenótipos encontrados na síndrome e a dificuldade em estabelecer um consenso em relação aos critérios 
diagnósticos. 
 
Quadro clínico 
 
 As principais características clínicas dessa síndrome são a presença de hiperandrogenismo e anovulação 
crônica. 
 O hiperandrogenismo pode surgir com sintomas e sinais de hirsutismo, acne, pele oleosa, queda de cabelo 
e, nos casos mais graves, sinais de virilização com clitoromegalia e alopecia androgênica. 
 
Diagnóstico 
 
 A presença de ao menos dois dos três critérios diagnósticos – oligoamenorreia, hiperandrogenismo clínico 
e/ou laboratorial e morfologia ultrassonográfica de policistose ovariana – determina o diagnóstico, desde 
que sejam excluídas outras doenças que também cursam com hiperandrogenismo. 
SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS 
 
Letícia Freitas 
 O histórico menstrual de oligomenorreia é caracterizado como a ausência de menstruação por 90 dias ou 
mais ou a ocorrência de menos de nove ciclos menstruais em um ano. 
 
 
Rotterdam 
Pelo menos dois dos seguintes critérios: 
1. Alteração dos ciclos menstruais: presença de 9 ciclos ou menos no período de um ano 
2. Hiperandrogenismo clínico: presença de um ou mais dos seguintes achados (acne, hirsutismo e 
alopecia de padrão androgênico) e/ou Hiperandrogenismo laboratorial (elevação de pelo menos um 
andrógeno: testosterona total,androstenediona, SDHEA) 
3. Morfologia ovariana policística à ultrassonografia: presença de mais de 12 folículos antrais (entre 2-
9mm) em pelo menos um dos ovários ou volume ovariano >10cm 
 
 
Índice de Ferriman-Galleway 
Escala para quantificação de pelos em áreas androgênio-dependentes, com nove áreas avaliadas, e cada 
localização pode somar de 0 a 4 pontos, em que 0 corresponde à ausência completa de pelos e 4, ao 
crescimento acentuado de pelos terminais. 
 
 
Normal <8 
Leve: 8-12 
Moderado: 13-18 
Severo: >19 
 
 
 Nos casos em que as manifestações clínicas não forem tão exuberantes, deve-se avaliar a característica 
morfológica dos ovários por meio da ultrassonografia pélvica bidimensional, preferencialmente transvaginal. 
 O critério ultrassonográfico padronizado, segundo as novas recomendações da ASRM/ESHRE de 2018, é: a 
presença de 20 ou mais folículos com diâmetro médio de 2 a 9 mm e/ou volume ovariano total maior ou 
igual 10 cm³ (exceto se houver cisto funcional; nesse caso deve-se repetir o exame no ciclo seguinte), em um 
ou ambos os ovários. 
 Na SOP, espera-se que os valores de prolactina estejam normais, entretanto em cerca de 10% dos casos a 
prolactina se encontra elevada. Já os valores de FSH nas pacientes com SOP estarão provavelmente 
próximos ao limite inferior da normalidade, em resposta à alta produção de inibina pela população de 
folículos antrais em crescimento, característicos da doença 
 
 
 
Letícia Freitas 
Diagnóstico Diferencial 
 
 Ao suspeitar de SOP, deve-se sempre excluir outros possíveis distúrbios de excesso androgênico. Dessa 
forma, torna-se fundamental a investigação por meio de exames complementares para excluir doenças que 
cursam com manifestações semelhantes à SOP, sobretudo iatrogenia, hirsutismo idiopático, forma não 
clássica da hiperplasia adrenal congênita, síndrome de Cushing, acromegalia, hiperprolactinemia, tumores 
virilizantes e disfunções tireoidianas. 
 No caso de anovulação crônica: é importante descartar a hiperprolactinemia, as anovulações de origem 
hipotalâmica e a insuficiência ovariana prematura. Para isso, a solicitação de dosagens hormonais de 
prolactina e FSH são suficientes, havendo casos em que a dosagem de TSH poderá também ser útil nessa 
avaliação 
 
Tratamento 
 
O tratamento tem como objetivo corrigir anormalidades e diminuir riscos do excesso de estrogênio, aliviar 
sintomas e melhorar a infertilidade. 
 
- Tratamento de 1ª linha: Contraceptivos Orais (ACO) – etinilestradiol com acetato de ciproterona 
(progestágeno com propriedades antiandrogênicas), regulam os ciclos menstruais, reduzem risco de 
carcinoma endometrial e reduzem as manifestações relacionadas ao excesso androgênico. 
- Em casos de intolerância ao ACO ou não necessidade de contracepção, considerar administração cíclica de 
progestágeno, além de tratamento para manejo do hirsustismo facial. 
- *Clomifeno: tratamento infertilidade 
- Metformina: para aumentar a sensibilidade à insulina e diminuir níveis de testosterona livre. 
- Mudanças no estilo de vida, com alimentação balanceada e realização de atividade física, a fim de reduzir a 
obesidade, dislipidemia e a resistência à insulina.

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