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HABILIDADES MÉDICAS

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LARA NATHÁVIA SANTOS DE OLIVEIRA | 2020.2 
 
 
 
1. REVISAR COMO FAZER UMA HISTÓRIA CLÍNICA; 
2. REVISAR SEMIOLOGIA ABDOMINAL; 
3. REVISAR DESCRIÇÃO DO EXAME RESPIRATÓRIO E 
CARDIOVASCULAR; 
4. ESTUDAR SOBRE A FISIOPATOLOGIA DA LITÍASE 
RENAL, GASTRENTEROCOLITE E COLECISTITE. 
 
HISTÓRIA CLÍNICA 
 
• “A história clínica não é o simples registro de uma 
conversa; é mais do que isso: o resultado de uma 
conversação com objetivos explícitos, conduzida 
pelo médico e cujo conteúdo vai sendo elaborado 
criticamente por ele”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IDENTIFICAÇÃO 
• Nome completo: 
• Idade e data de nascimento: 
• Sexo: 
• Cor/raça/etnia (como se declara): 
• Estado civil: 
• Nível de escolaridade: 
• Profissão (ocupação anterior, atual e local de 
trabalho): 
• Renda: 
• Naturalidade + nacionalidade: 
• Residência atual: 
• Religião: 
• Nome do responsável*: 
• Convênios e planos de saúde: 
• Filhos: 
 
QUEIXA PRINCIPAL 
 
• Refere-se aos sintomas referidos pelo paciente. 
• Sempre utilizar e repetir as palavras ditas pelo 
paciente. 
• Registrar e incluir sempre a duração da queixa e 
perguntar se é a primeira vez. 
 
HISTÓRIA DA MOLÉSTIA ATUAL 
• Investigação sobre a condição atual do paciente. 
• Descrever as características dos sintomas 
(cronologia, duração, frequência, fatores de piora 
e de melhora, sintomas associados, evolução, 
situação do sintoma no momento atual.) 
• As informações prestadas devem ser registradas 
em termos técnicos (em algumas situações, podem 
ser usadas as palavras ditas pelo paciente no 
registro da HDA). 
• Determinar o sintoma-guia, fazer relações com 
outras queixas. 
HISTÓRICA MÉDICA PASSADA/ANTECEDENTES 
• Doenças da infância; 
• Doenças crônicas (DM, HAS); 
• Dislipidemia, neoplasias; 
• IST’s; 
• Cirurgias prévias (quando e quais); 
• Imunizações; 
• Alergia (medicamentosa ou/e alimentar); 
• Acidentes e traumatismos; 
• Transfusões sanguíneas; 
• Uso de medicamentos. 
• *mulher → história obstétrica, história menstrual, 
história sexual, gestação, parto e aborto (GPA). 
 
 
 
LARA NATHÁVIA SANTOS DE OLIVEIRA | 2020.2 
HISTÓRICA PATOLÓGICA FAMILIAR 
• Estado de saúde e condições de vida dos pais, 
irmãos e outros parentes. 
• Investigar doenças crônicas ou outras patologias na 
família. 
HISTÓRIA FISIOLÓGICA E SOCIAL 
• Condições de moradia → alvenaria, madeira, 
barro, luz elétrica. 
• Hábitos e estilo de vida → atividade física (há 
quanto tempo, tipo); sedentarismo; alimentação 
(quantas refeições por dia, descrição); padrão de 
sono; padrão de evacuações; lazer; banhos de rios, 
açudes e lagoas. 
• Uso de tabaco ou outras drogas → questionar o 
tempo de utilização, se ainda usa, a quantidade, se 
já houve abstinência. 
• Desenvolvimento sexual (puberdade, menarca, 
sexarca) → questionar a idade. 
INTERROGATÓRIO SISTÊMICO 
• É denominado também “anamnese especial” ou 
revisão dos sistemas, constitui, na verdade, um 
complemento da história da doença atual. 
RESUMO 
 
 
SEMIOLOGIA ADOMINAL 
• Divisão topográfica do abdome: 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Hipocôndrio direito (HCD): fígado, vesícula biliar, 
rim direito; 
• Epigástrio: lobo esquerdo do fígado, piloro, 
duodeno, cólon transverso e cabeça e corpo do 
pâncreas; 
• Hipocôndrio esquerdo: baço, estômago, rim 
esquerdo, cauda do pâncreas; 
• Flanco direito (ou região lateral): cólon 
ascendente, rim direito e jejuno; 
• Mesogástrio (ou região umbilical): duodeno, 
jejuno, íleo, aorta abdominal, mesentério, 
linfonodos; 
• Flanco esquerdo (ou região lateral): cólon 
descendente, jejuno, íleo; 
• Fossa ilíaca direita (ou região inguinal): ceco, 
apêndice, ovário e tuba uterina direita; 
• Hipogástrio: bexiga, útero, ureter; 
• Fossa ilíaca esquerda (ou região inguinal): cólon 
sigmoide, ovário e tuba esquerda. 
 
 
LARA NATHÁVIA SANTOS DE OLIVEIRA | 2020.2 
 
ETAPAS DO EXAME FÍSICO 
• O médico deve se manter de pé e a direita do leito 
do paciente. 
• Existe uma ordem a ser seguida quanto as etapas 
do exame: 
1. primeiro se realiza a inspeção; 
2. posteriormente a ausculta; 
3. a percussão; 
4. e, por último, a palpação. 
• A ausculta deve ser feita antes de efetuar a 
percussão ou a palpação, porque essas manobras 
não modifiquem a frequência dos sons intestinais 
de forma iatrogênica. 
INSPEÇÃO 
Deve ser feita com o paciente em decúbito dorsal 
com as pernas estendidas. Examinador à direita, em 
pé. Ademais, pode sentar-se ou inclinar-se para 
diante, para visualizar o abdome tangencialmente. 
Deve-se observar: pele, estrias, veias dilatadas, 
erupções cutâneas (equimoses), forma e volume do 
abdome, peristaltismo, telangiectasias. 
• Forma do abdome: deve-se analisar a forma e a 
simetria. 
• Abdome assimétrico pode indicar 
hepatoesplenomegalias, neoplasias, hérnias e 
obstruções. 
• A forma do abdome pode ser: 
 
▪ Plano → abdome normal/atípico; 
▪ Globoso → pode ser fisiológico (panículo 
adiposo) ou patológico (ascite, tumores, 
obstrução); 
▪ Ventre de batráqui → característico da ascite. 
Na posição decúbito dorsal, o líquido escorre 
pelos flancos; 
▪ Em avental →provocado pelo acúmulo de 
gordura. Obesidade; 
▪ Pendular → tem um aspecto parecido com o 
abdome em avental. Provocado pela fraqueza da 
musculatura abdominal inferior, tendo um 
aspecto assimétrico. Pode ocorrer na flacidez do 
puerpério; 
▪ Escava →doença consuptiva ou emagrecimento. 
• Movimentos respiratórios: observar a 
movimentação da parede abdominal durante a 
respiração, uma vez que ajuda a identificar 
peritonite aguda. 
▪ Homens e crianças → respiração normal é do 
tipo abdominal. 
▪ Mulheres → respiração normal é do tipo 
torácica; 
▪ Peritonite aguda → movimentos respiratórios 
são limitados ou não aparecem. 
• Presença de abaulamentos: podem indicar 
presença de massas (neoplasias ou hérnias). 
 
 
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• Telangiectasias: pequenos vasos sanguíneos 
dilatados na pele ou nas mucosas. Comum nas 
hepatopatias. 
• Retrações/depressões:bridas pós-cirúrgicas, 
caquexia. 
• Circulação colateral: anastomoses, veias. 
 
• Ondas peristálticas: em geral não são observadas 
em indivíduos normais. Correspondem aos 
movimentos peristálticos do intestino que, 
normalmente, não são vistas durante a inspeção. 
No entanto, em casos de caquexia e obstrução, 
podem ser vistas. 
▪ Obstrução pilórica → no epigástrio. 
▪ Obstrução intestinal → peristalse ao redor do 
umbigo. 
• Equimoses/lesões cutâneas: sinal de Cullen e sinal 
de Tunner – equimoses presentes em casos de 
pancreatite aguda. 
 
AUSCULTA 
• Deve ser realizada nos 4 quadrantes para avaliar os 
ruídos hidroaéreos. 
• Serve para avaliar a motilidade intestinal e 
pesquisar sopros. Deve ser feita sempre antes da 
palpação e percussão, de forma a auscultar 3 
pontos por quadrante. 
▪ Sons normais→ estalidos e gorgolejos (sons de 
água); 
▪ Presença de ruídos hidroaéreos →descrever a 
intensidade (++++/IV) 
▪ Aumentados – hiperperistálticos: em casos de 
diarreia e obstipação intestinal; 
▪ Diminuídos – hipoperistálticos: nas fases mais 
tardias de uma obstipação intestinal 
▪ Ausentes: íleo paralítico em consequência a 
uma irritação peritoneal difusa 
▪ Sopros → podem ser doença vascular oclusiva, 
compressões arteriais ou aneurismas. Devem 
ser pesquisados sopros sobre os seguintes 
focos: aórticos, renais, ilíacos e femorais. 
 
PERCUSSÃO 
• Inicia-se na fossa ilíaca direita, enquanto se 
“golpeia” cada região no sentido horário. Nesse 
aspecto, o som predominante deve ser o 
timpânico. A partir da percussão (técnica dígito-
digital) é possível identificar presença de ar livre, 
líquidos e massas intra-abdominais. 
• Som normal: maciço (baço e fígado), 
timpânico (vísceras ocas); 
 
 
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• Percussão normal: macicez hepáticano 
hipocôndrio direito; timpanismo no espaço de 
Traube, timpanismo nas demais regiões. 
• Massas abdominais sólidas ou líquidas 
(ascite) = sons maciços. 
• Timpanismo generalizado pode indicar 
obstrução. 
⚠️ Manobras fundamentais para avaliar o paciente 
com suspeita de ascite (acúmulo de líquido na 
cavidade peritoneal): 
 
 
 
• Percussão do baço: deve-se realizar a percussão 
do espaço de Traube, o qual se localiza na região 
do 9º e 10º espaços intercostais da linha axilar 
anterior. 
• Normalidade → observa-se a região 
timpânica (espaço de Traube livre/vazio) 
= indicando que o baço está em seu 
tamanho normal. 
 
 
 
• Hepatimetria: é realizada através da percussão do 
fígado. 
1º- delimita-se o limite superior do fígado 
por meio da percussão dos espaços 
intercostais ao longo da linha hemiclavicular 
direita + identificar um som submaciço = 
fazer um levo risco para indicar a borda 
superior hepática. 
2º- delimita-se o limite inferior hepático, 
por meio da percussão ao longo da linha 
hemiclavicular em uma altura abaixo do 
umbigo, a qual deve ser feita suavemente 
para cima em direção ao fígado. 
3º- com uma fita métrica, calcula-se a 
distância entre as duas bordas hepáticas. 
 
 
PALPAÇÃO 
• Palpação superficial = palpar todos os quadrantes 
+ apenas uma mão + buscar áreas sensíveis e/ou 
alteração de consistência. 
• Palpação profunda = palpar mesmas regiões + 
buscar áreas sensíveis e alterações de 
consistência (presença de massas) + usar as duas 
mãos, uma apoiada sob a outra. 
• PALPAÇÃO DO FÍGADO: 
 
• Técnica de Lemos Torres →palpação bimanual. 
Semiotécnica: posicionar a mão esquerda no 
dorso (região lombar) do paciente, e com a mão 
direita realizar a palpação durante a inspiração 
– as pontas dos dedos devem estar bem abaixo 
da borda inferior hepática. 
 
 
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• Técnica de Mathieu→ outra forma de realizar a 
palpação é por meio da “técnica de gancho” 
(mão em garra), especialmente quando o 
paciente é obeso. Em pé e à direita do paciente, 
colocar as duas mãos, lado a lado, logo abaixo 
da borda inferior hepática. Peça ao paciente que 
respire e pressione os dedos para dentro e para 
cima. 
 
• PALPAÇÃO DO BAÇO → posicionar a mão 
esquerda na porção póstero lateral e inferior do 
tórax esquerdo do paciente. Com a mão direita, 
iniciar a palpação com as polpas digitais a partir 
da região periumbilical em sentido em diagonal. A 
palpação também pode ser em garra. 
• Posição de Schutz → outra forma de realizar a 
palpação. Semiotécnica: posicionar o paciente em 
decúbito lateral direito, com os membros 
inferiores fletidos na altura do quadril e com o 
braço esquerdo sobre a cabeça. A palpação é feita 
da mesma forma. 
 
• Sinal de Murphy → posicione os dedos da mão 
direito sobre o rebordo costal. Solicite ao paciente 
que respire fundo e observe a respiração. Pede-se 
ao paciente para inspirar, e quando estiver 
expirando, o examinador aprofunda a mão ou o 
polegar na junção do rebordo costal com o reto 
abdominal e mantém. Quando for inspirar 
novamente, caso seja observada dor e parada da 
respiração de forma abrupta (apneia inspiratória 
dolorosa), tem-se Sinal de Murphy positivo. 
Sugestivo de colecistite aguda. 
 
• Sinal de Courvoisier-Terrie → quando a vesícula for 
palpável, isto é, vesícula aumentada. Paciente 
ictérico com a vesícula palpável sem a presença de 
dor. Indicativo, principalmente, de câncer 
pancreático (principalmente da cabeça do 
pâncreas). 
 
 
• Sinal de Giordano→ é realizado por meio de golpes 
leves (punho-percussão) na região lombar (dorsal) 
do paciente sentado. Os golpes serão concentrados 
na região da loja renal. O desencadeamento de dor 
por este tipo de percussão (normalmente faz com 
 
 
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que o paciente retire o corpo da posição normal) é 
indicativo para pielonefrite (inflamação dos rins) 
ou outras afecções inflamatórias retroperitoneais. 
 
 
• Manobra de Valsalva → pedir ao paciente para 
assoprar a mão, tossir e levantar os ombros. 
Permite observar a presença de hérnias. 
 
• Smith-Bates → serve para reverenciar hérnias e 
abaulamentos. O paciente levanta as pernas e 
contrai a musculatura abdominal. Se durante a 
manobra, o abaulamento desaparecer, ele está 
localizado abaixo da parede abdominal. Se 
continuar, está localizado na própria parede 
abdominal. 
 
 
 
• Manobra de Blumberg →deve-se localizar o ponto 
de McBurney (terço médio lateral). Realizar uma 
compressão lentae descompressão brusca. 
Sugestivo de apendicite (sinal direto). 
 
 
 
• Sinal do Obturador → paciente em decúbito dorsal, 
a perna esquerda (MMII) estendida e o MMII 
direito fletido num ângulo de 90. Realizar uma 
rotação interna do quadril, provocando o 
estiramento do músculo obturador interno. 
Sugestivo de apendicite (sinal indireto). Atentar 
para mulheres grávidas (gravidez ectópica). 
 
 
 
• Sinal de Psoas-ilíaco → paciente decúbito lateral 
esquerdo, realizar hiperextensão da articulação 
coxofemoral da perna direita, provocando o 
estiramento do músculo psoas- ilíaco. Se o paciente 
sentir dor, indicativo de apendicite (sinal indireto). 
 
 
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• Sinal de Lapinsky → paciente em decúbito dorsal, 
realizar a elevação do MMII direito em extensão 
(atentar para o ângulo da elevação, > 70°). Se 
positivo, paciente refere dor abdominal devido a 
compressão do apêndice contra a parede posterior 
do abdome. Sugestivo de apendicite (sinal 
indireto). 
 
 
 
• Sinal de Rosving → compressão do cólon 
descendente, ocasionando o deslocamento de ar 
em direção ao apêndice. Compressão na FIEe o 
paciente refere dor na FID. Sugestivo de apendicite 
(sinal indireto). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Sinal de Lennander →consiste em medir a 
temperatura retal e axilar, observando se há 
dissociação axilo-retal maior que 1oC. Caso a 
temperatura retal estiver mais de 1oC acima da 
axilar, o sinal é positivo, sendo sugestivo de 
processo inflamatório na pelve. Não é muito 
utilizado na prática clínica, por ser muito invasivo. 
 
• Sinal de Guénau → é bem semelhante ao sinal de 
Blumberg. Realizar a compressão lenta e 
descompressão brusca em qualquer região 
abdominal (exceto no ponto de McBurney). 
Sugestivo de irritação peritoneal, como por 
exemplo: diverticulite. 
 
 
 
• Sinal de Piparote → paciente com a borda medial 
da sua mão na linha mediana do abdome e o 
examinador realiza o piparote colocando sua outra 
mão do lado oposto do abdome (flanco) enquanto 
golpeia (“peteleco”) a região contralateral. 
Perceber se há transmissão da onda líquida para o 
lado oposto do abdome percebida pela mão do 
examinador, configurando sinal positivo. Indicativo 
de ascite de grande volume (> 3 litros). 
 
 
 
 
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DESCRIÇÃO DO EXAME RESPIRATÓRIO 
INSPEÇÃO Tórax sem alterações de 
conformação; 
Espansibilidade preservada; 
Ausência de tiragem ou 
cornagem 
PALPAÇÃO Sem pontos dolorosos; 
Expansibilidade 
preservada; 
Frêmito Torocovocal (FTV) 
simétrico, sem alterações 
PERCUSSÃO Som claro pulmonar; 
Percussão da clavícula e 
coluna sem alteração 
AUSCULTA Murmúrio vesicular 
presente e bem distribuído, 
sem ruídos adventícios. 
 
DESCRIÇÃO DO EXAME CARDIOVASCULAR 
INSPEÇÃO Precórdio normodinâmico. 
Ausência de turgência da 
jugular. 
PALPAÇÃO Pulsos palpáveis, 
simétricos, artérias sem 
alterações. 
Ictus de VE invisível, 
palpável em 5º EIC na LHCE 
medindo cerca de 2 polpas 
digitais, não propulsivo. 
PERCUSSÃO - 
AUSCULTA Bulhas rítmicas 
normofonéticas em 2T, sem 
sopros. 
 
 
FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS 
LITÍASE RENAL 
• Também chamada de nefrolitíase, urolitíase, 
litíase urinária ou cálculos urinários. Consistem 
em partículas sólidas no sistema urinário. Essas 
cristalizações podem migrar pelasvias urinárias e 
causar dor e outras complicações. Os cálculos 
podem atingir vários tamanhos e chegar até 
mesmo ao tamanho do próprio rim → cálculo 
coraliforme. 
COMPOSIÇÃO DOS CÁLCULOS : quanto à 
composição, a urolitíase pode ser classificada em 
cálculos de: Oxalato de cálcio puro, Oxalato de 
cálcio e fosfato, Fosfato de cálcio puro, Estruvita 
(formado de fosfato amoniaco magnesiano – mais 
comum em mulheres), Ácido úrico e Cistina. 
Além da diferença de composição, esses cálculos 
apresentam diferença também quanto à sua 
frequência, radiotransparência e variação de PH. 
 
FISIOPATOLOGIA: as principais teorias da formação 
de cálculos urinários se baseiam em: 
• Excesso de solutos→ pode provocar a 
supersaturação e cristalização na urina; 
• Diminuição da ingestão hídrica → a 
diminuição do débito urinário, secundário a 
menor ingestão de líquidos, promove maior 
tempo de permanência das partículas de 
cristais no sistema urinário e não dilui 
adequadamente os componentes da urina, 
que podem vir a apresentar supersaturação 
e cristalização; 
 
→ A formação do cálculo envolve os seguintes 
processos: 
• Saturação→ para haver a formação de 
cálculo, a urina deve conter uma quantidade 
excessiva de minerais. Para todas as 
 
 
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soluções, a urina inclusive, existe uma 
quantidade máxima de sal que se pode ser 
dissolvida numa solução estável. Quando a 
concentração de um sal é menor que o 
produto de solubilidade, a solução é dita 
subsaturada e nesse ponto não ocorre 
cristalização desse sal. Com aumento na 
concentração do sal acima de seu produto de 
solubilidade, existe um segundo ponto em 
que a solução torna-se instável e começa o 
processo de cristalização. Esse ponto é 
chamado de produto de formação. 
• Nucleação → é a formação da menor 
unidade de um cristal, o primeiro passo na 
formação de um cálculo. 
• Agregação → é o processo em que ocorre a 
junção dos cristais, resultante de forças 
intermoleculares e que leva ao aparecimento 
de grandes partículas que podem ficar 
retidas no sistema coletor. 
• Retenção → Para formação do cálculo é 
necessário a retenção do cristal. Se cristais 
que sofreram nucleação e agregação forem 
eliminados com o fluxo urinário, um cálculo 
clinicamente evidente não se formará. 
Existem dois mecanismos propostos de 
retenção de um cristal. Numa delas (hipótese 
da partícula livre), o processo de nucleação 
ocorreria dentro da luz do túbulo. Com 
deslocamento do cristal pelos túbulos renais, 
ocorreria rápida agregação e formação de 
uma estrutura grande o suficiente para ficar 
retida em nível das papilas renais. A segunda 
teoria (hipótese da partícula fixa) preconiza 
que após lesão química no urotélio, que 
normalmente atua impedindo a aderência 
do cristal, ocorreria aderência de cristais 
num ponto do sistema coletor renal, 
prolongando o tempo de exposição à urina 
supersaturada e facilitando a agregação e o 
crescimento do cálculo. 
→ Os cálculos urinários podem permanecer no 
interior do parênquima renal ou do sistema 
coletor renal ou atravessar os ureteres ou a 
bexiga. Durante a eliminação, cálculos podem 
irritar o ureter e podem ali se alojar, 
obstruindo o fluxo urinário e causando 
hidroureter e, algumas vezes, hidronefrose. 
EPIDEMIOLOGIA: Litíase renal é uma doença 
frequente que acomete mais homens que mulheres 
(proporção 3:1), tendo seu pico de incidência entre 
os 30 e 50 anos de idade. A recorrência da litíase 
renal é comum e aproximadamente 50% dos 
pacientes apresentarão um segundo episódio de 
litíase, após 5 a 10 anos do primeiro, se não forem 
submetidos a nenhum tipo de tratamento. 
• Até 12% dos homens e 5% das mulheres 
desenvolverão cálculo renal até os 70 anos 
de idade. 
• Os principais fatores epidemiológicos são: 
raça, sexo, idade, hereditariedade, aspectos 
nutricionais e dietéticos, condições 
climáticas, ocupação profissional e atividade 
física. Sendo que os mais importantes são 
herança hereditária e os aspectos 
nutricionais. 
 
SINAIS E SINTOMAS : os principais sintomas clínicos 
da urolitíase são: cólica renal, hematúria e sintomas 
urinários irritativos. A dor decorrente de cálculo 
urinário é típica e geralmente decorre da migração 
do cálculo com obstrução parcial ou completa do 
ureter. 
• A hematúria que frequentemente está 
associada ao cálculo urinário pode ser 
 
 
LARA NATHÁVIA SANTOS DE OLIVEIRA | 2020.2 
macroscópica ou microscópica. Essa última 
detectada através do exame de urina, 
realizado quando houver dúvida de 
diagnóstico. Na ocorrência de obstrução 
completa, o cálculo não permite a passagem 
de sangue e coágulos, podendo não haver 
hematúria. 
EXAME FÍSICO: 
✓ Fáceis dolorosas – o paciente geralmente se 
apresenta ansioso e inquieto devido à dor 
intensa; 
✓ Pode apresentar palidez cutânea; 
✓ Pode apresentar taquicardia; 
✓ Sinal de Giordano positivo (punho percussão 
da região lombar); 
✓ Durante a palpação abdominal pode 
apresentar irritação peritoneal e distensão 
abdominal. 
TRATAMENTO: O tratamento do cálculo urinário 
pode ser dividido em 3 etapas: tratamento da cólica 
renal, acompanhamento clínico ou extração do 
cálculo, prevenção da formação de novos cálculos. 
✓ Tratamento da cólica renal: analgésicos (por 
via endovenosa), antiespasmódicos (por via 
endovenosa), anti-inflamatórios não-
esteróide, opiáceos (morfina/meperidina). 
GASTROENTEROCOLITE AGUDA 
• Define -se como a diminuição de consistência das 
fezes (líquidas ou semilíquidas) e/ou aumento na 
frequência das dejecções para mais de 3 nas 24 
horas, com ou sem febre ou vómitos. A diarreia 
habitualmente dura menos de 7 dias e se 
prolongar por mais de 14 dias designa -se por 
diarreia persistente. 
EPIDEMIOLOGIA: A GEA é problema bastante 
comum na infância e em crianças pequenas. 
Crianças até aos 3 anos têm em média 1 a 2 episódios 
por ano, com um pico de incidência entre os 6 e os 
23 meses. Cerca de 40% dos casos de diarreia nos 
primeiros 5 anos de vida devem -se ao Rotavírus, e 
30% a outros vírus, nomeadamente Norovírus e 
Adenovírus. Em 20 a 30 % são identificados agentes 
bacterianos (Salmonella, Campylobacter jejuni, 
Yersinia enterocolítica, E. coli enteropatogénica ou 
Clostridium diffi cile), sendo que nos países do Norte 
da Europa o Campylobacter é o agente mais 
frequente enquanto no Sul prevalece a Salmonella. 
 
 
FISIOPATOLOGIA: 
 
SINAIS E SINTOMAS : A doença manifesta -se por 
diarreia líquida, por vezes com sangue, após período 
de incubação de 1 a 7 dias. Os vómitos e a febre 
 
 
LARA NATHÁVIA SANTOS DE OLIVEIRA | 2020.2 
podem estar ausentes, suceder ou preceder a 
diarreia; quando presentes, habitualmente 
terminam em poucas horas após hidratação 
adequada, e no máximo em 48 horas. Alguns 
sintomas podem ser preditivos da etiologia. A febre 
elevada (>40ºC) é comum na infecção por Shigella. A 
presença de sangue nas fezes é habitualmente 
preditiva de etiologia bacteriana. 
 
ANAMNESE E EXAME FÍSICO : 
 
 
TRATAMENTO: O tratamento essencial da GEA 
consiste na reposição de fluidos e eletrólitos e na 
manutenção da alimentação entérica para prevenir o 
catabolismo e promover a regeneração dos 
enterócitos. 
COLECISTITE 
• A colecistite ainda é uma das doenças mais 
frequentes nas emergências em todo o mundo. A 
obstrução do ducto biliar por um cálculo, em 90% 
dos casos, leva à inflamação aguda da vesícula na 
maioria dos casos. Surge uma cólica que logo se 
transforma em uma dor intensa no hipocôndrio 
direito, náuseas, vômitos e febre em 70% dos 
pacientes. 
• Pode ser: colecistite litiásica ou colecistite aguda 
alitiásica. 
FISIOPATOLOGIA DA COLECISTITE LITÍASICA : O 
processo inflamatório inicia-se com espessamento 
da parede, eritema e hemorragia subserosa. Surgem 
hiperemia e áreas focais de necrose. Na maioria dos 
casos,o cálculo se desloca e o processo inflamatório 
regride. Se o cálculo não se move, o quadro evolui 
para isquemia e necrose da parede da vesícula em 
cerca de 10% dos casos (Fig.1 e 2). A formação de 
abscesso e empiema dentro da vesícula é conhecida 
como colecistite aguda gangrenosa. Com a infecção 
bacteriana secundária, principalmente por 
anaeróbios, há formação de gás que pode ocorrer 
dentro ou na parede da vesícula. Esse é um quadro 
mais grave conhecido com colecistite enfisematosa. 
 
 
 
 
 
 
 
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FISIOPATOLOGIA COLECISTITE AGUDA 
ALITÍASICA: A colecistite aguda também pode 
ocorrer sem a presença de cálculos em cerca de 5% 
dos casos. Tem uma evolução mais rápida e 
frequentemente evolui para gangrena, empiema ou 
perfuração. Ocorre em pessoas idosas ou em estado 
crítico após trauma, queimaduras, nutrição 
parenteral de longa data, cirurgias extensas, sepses, 
ventilação com pressão positiva e a terapia com 
opioides também parece estar envolvida. A etiologia 
é confusa, mas a estase, a isquemia, a injúria por 
reperfusão e os efeitos dos mediadores pró-
inflamatórios eicosanoides são apontados como 
causas. A estase da vesícula é comum em pacientes 
graves que não são alimentados por via enteral e 
pode ocorrer a colonização bacteriana da vesícula. A 
isquemia visceral é comum e explica a alta incidência 
de gangrena da vesícula. A colecistite aguda alitiásica 
também pode ser causada pela febre Q. O 
diagnóstico é confirmado pelo achado de 
granulomas epitelioide na biópsia hepática que deve 
ser realizada em casos com febre prolongada e 
alteração do hepatograma. O tratamento é feito 
administrando-se doxiciclina. A patogênese da 
colecistite aguda é um paradigma em complexidade, 
e até crianças podem ser afetadas após uma virose. 
 
SINAIS E SINTOMAS: O quadro se inicia com uma 
cólica biliar caracterizada como dor no hipocôndrio 
direito com irradiação para escápula direita e região 
epigástrica. Como sintoma mais comum, o paciente 
apresenta dor e pressão no hipocôndrio direito, mais 
duradoura das que nas crises de cólica biliar a que ele 
frequentemente se refere. Esse é o primeiro sinal de 
inflamação da vesícula. A dor pode intensificar-se 
quando a pessoa respira profundamente e muitas 
vezes estende-se à parte inferior da escápula direita 
e à região epigástrica. A febre, assim como náuseas e 
vômitos, que podem ser biliosos, são habituais em 
70% dos pacientes. 
TRATAMENTO: O tratamento é feito pela drenagem 
percutânea, que é curativa na colecistite alitiásica. A 
colecistectomia é indicada nos pacientes com 
colelitíase associada à colecistite aguda. 
• Em geral, um paciente com colecistite aguda 
é hospitalizado, hidrata-se o paciente e faz-
se a reposição de eletrólitos por via 
intravenosa e estabelece-se jejum. 
• A analgesia deve ser feita com analgésicos 
que não sejam derivados da morfina ou a 
própria pela possibilidade de piora do 
quadro pelo espasmo do esfíncter de Oddi. 
• A antibioticoterapia deve ser iniciada e 
devem ser utilizados antibióticos que atuem 
sobre micro-organismos gram-negativos e 
anaeróbios, sabendo-se que o micro-
organismo frequentemente envolvido é a 
Escherichia coli. 
• O tratamento cirúrgico com a 
colecistectomia é o tratamento definitivo 
para pacientes com colecistite aguda e é 
indicado nas primeiras 72 horas do início do 
quadro. 
REFERÊNCIAS 
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Bates propedêutica médica. 10.ed. Rio de Janeiro, 
RJ: Guanabara. Koogan, 2010. 
PORTO, Celmo Celeno. Semiologia Médica. 7.ed. 
Guanabara Koogan, 2014. 
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LARA NATHÁVIA SANTOS DE OLIVEIRA | 2020.2 
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LIMA, R.; DIAS, J. Gastroenterite aguda. Nascer e 
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