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LARA NATHÁVIA SANTOS DE OLIVEIRA | 2020.2 1. REVISAR COMO FAZER UMA HISTÓRIA CLÍNICA; 2. REVISAR SEMIOLOGIA ABDOMINAL; 3. REVISAR DESCRIÇÃO DO EXAME RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR; 4. ESTUDAR SOBRE A FISIOPATOLOGIA DA LITÍASE RENAL, GASTRENTEROCOLITE E COLECISTITE. HISTÓRIA CLÍNICA • “A história clínica não é o simples registro de uma conversa; é mais do que isso: o resultado de uma conversação com objetivos explícitos, conduzida pelo médico e cujo conteúdo vai sendo elaborado criticamente por ele”. IDENTIFICAÇÃO • Nome completo: • Idade e data de nascimento: • Sexo: • Cor/raça/etnia (como se declara): • Estado civil: • Nível de escolaridade: • Profissão (ocupação anterior, atual e local de trabalho): • Renda: • Naturalidade + nacionalidade: • Residência atual: • Religião: • Nome do responsável*: • Convênios e planos de saúde: • Filhos: QUEIXA PRINCIPAL • Refere-se aos sintomas referidos pelo paciente. • Sempre utilizar e repetir as palavras ditas pelo paciente. • Registrar e incluir sempre a duração da queixa e perguntar se é a primeira vez. HISTÓRIA DA MOLÉSTIA ATUAL • Investigação sobre a condição atual do paciente. • Descrever as características dos sintomas (cronologia, duração, frequência, fatores de piora e de melhora, sintomas associados, evolução, situação do sintoma no momento atual.) • As informações prestadas devem ser registradas em termos técnicos (em algumas situações, podem ser usadas as palavras ditas pelo paciente no registro da HDA). • Determinar o sintoma-guia, fazer relações com outras queixas. HISTÓRICA MÉDICA PASSADA/ANTECEDENTES • Doenças da infância; • Doenças crônicas (DM, HAS); • Dislipidemia, neoplasias; • IST’s; • Cirurgias prévias (quando e quais); • Imunizações; • Alergia (medicamentosa ou/e alimentar); • Acidentes e traumatismos; • Transfusões sanguíneas; • Uso de medicamentos. • *mulher → história obstétrica, história menstrual, história sexual, gestação, parto e aborto (GPA). LARA NATHÁVIA SANTOS DE OLIVEIRA | 2020.2 HISTÓRICA PATOLÓGICA FAMILIAR • Estado de saúde e condições de vida dos pais, irmãos e outros parentes. • Investigar doenças crônicas ou outras patologias na família. HISTÓRIA FISIOLÓGICA E SOCIAL • Condições de moradia → alvenaria, madeira, barro, luz elétrica. • Hábitos e estilo de vida → atividade física (há quanto tempo, tipo); sedentarismo; alimentação (quantas refeições por dia, descrição); padrão de sono; padrão de evacuações; lazer; banhos de rios, açudes e lagoas. • Uso de tabaco ou outras drogas → questionar o tempo de utilização, se ainda usa, a quantidade, se já houve abstinência. • Desenvolvimento sexual (puberdade, menarca, sexarca) → questionar a idade. INTERROGATÓRIO SISTÊMICO • É denominado também “anamnese especial” ou revisão dos sistemas, constitui, na verdade, um complemento da história da doença atual. RESUMO SEMIOLOGIA ADOMINAL • Divisão topográfica do abdome: • Hipocôndrio direito (HCD): fígado, vesícula biliar, rim direito; • Epigástrio: lobo esquerdo do fígado, piloro, duodeno, cólon transverso e cabeça e corpo do pâncreas; • Hipocôndrio esquerdo: baço, estômago, rim esquerdo, cauda do pâncreas; • Flanco direito (ou região lateral): cólon ascendente, rim direito e jejuno; • Mesogástrio (ou região umbilical): duodeno, jejuno, íleo, aorta abdominal, mesentério, linfonodos; • Flanco esquerdo (ou região lateral): cólon descendente, jejuno, íleo; • Fossa ilíaca direita (ou região inguinal): ceco, apêndice, ovário e tuba uterina direita; • Hipogástrio: bexiga, útero, ureter; • Fossa ilíaca esquerda (ou região inguinal): cólon sigmoide, ovário e tuba esquerda. LARA NATHÁVIA SANTOS DE OLIVEIRA | 2020.2 ETAPAS DO EXAME FÍSICO • O médico deve se manter de pé e a direita do leito do paciente. • Existe uma ordem a ser seguida quanto as etapas do exame: 1. primeiro se realiza a inspeção; 2. posteriormente a ausculta; 3. a percussão; 4. e, por último, a palpação. • A ausculta deve ser feita antes de efetuar a percussão ou a palpação, porque essas manobras não modifiquem a frequência dos sons intestinais de forma iatrogênica. INSPEÇÃO Deve ser feita com o paciente em decúbito dorsal com as pernas estendidas. Examinador à direita, em pé. Ademais, pode sentar-se ou inclinar-se para diante, para visualizar o abdome tangencialmente. Deve-se observar: pele, estrias, veias dilatadas, erupções cutâneas (equimoses), forma e volume do abdome, peristaltismo, telangiectasias. • Forma do abdome: deve-se analisar a forma e a simetria. • Abdome assimétrico pode indicar hepatoesplenomegalias, neoplasias, hérnias e obstruções. • A forma do abdome pode ser: ▪ Plano → abdome normal/atípico; ▪ Globoso → pode ser fisiológico (panículo adiposo) ou patológico (ascite, tumores, obstrução); ▪ Ventre de batráqui → característico da ascite. Na posição decúbito dorsal, o líquido escorre pelos flancos; ▪ Em avental →provocado pelo acúmulo de gordura. Obesidade; ▪ Pendular → tem um aspecto parecido com o abdome em avental. Provocado pela fraqueza da musculatura abdominal inferior, tendo um aspecto assimétrico. Pode ocorrer na flacidez do puerpério; ▪ Escava →doença consuptiva ou emagrecimento. • Movimentos respiratórios: observar a movimentação da parede abdominal durante a respiração, uma vez que ajuda a identificar peritonite aguda. ▪ Homens e crianças → respiração normal é do tipo abdominal. ▪ Mulheres → respiração normal é do tipo torácica; ▪ Peritonite aguda → movimentos respiratórios são limitados ou não aparecem. • Presença de abaulamentos: podem indicar presença de massas (neoplasias ou hérnias). LARA NATHÁVIA SANTOS DE OLIVEIRA | 2020.2 • Telangiectasias: pequenos vasos sanguíneos dilatados na pele ou nas mucosas. Comum nas hepatopatias. • Retrações/depressões:bridas pós-cirúrgicas, caquexia. • Circulação colateral: anastomoses, veias. • Ondas peristálticas: em geral não são observadas em indivíduos normais. Correspondem aos movimentos peristálticos do intestino que, normalmente, não são vistas durante a inspeção. No entanto, em casos de caquexia e obstrução, podem ser vistas. ▪ Obstrução pilórica → no epigástrio. ▪ Obstrução intestinal → peristalse ao redor do umbigo. • Equimoses/lesões cutâneas: sinal de Cullen e sinal de Tunner – equimoses presentes em casos de pancreatite aguda. AUSCULTA • Deve ser realizada nos 4 quadrantes para avaliar os ruídos hidroaéreos. • Serve para avaliar a motilidade intestinal e pesquisar sopros. Deve ser feita sempre antes da palpação e percussão, de forma a auscultar 3 pontos por quadrante. ▪ Sons normais→ estalidos e gorgolejos (sons de água); ▪ Presença de ruídos hidroaéreos →descrever a intensidade (++++/IV) ▪ Aumentados – hiperperistálticos: em casos de diarreia e obstipação intestinal; ▪ Diminuídos – hipoperistálticos: nas fases mais tardias de uma obstipação intestinal ▪ Ausentes: íleo paralítico em consequência a uma irritação peritoneal difusa ▪ Sopros → podem ser doença vascular oclusiva, compressões arteriais ou aneurismas. Devem ser pesquisados sopros sobre os seguintes focos: aórticos, renais, ilíacos e femorais. PERCUSSÃO • Inicia-se na fossa ilíaca direita, enquanto se “golpeia” cada região no sentido horário. Nesse aspecto, o som predominante deve ser o timpânico. A partir da percussão (técnica dígito- digital) é possível identificar presença de ar livre, líquidos e massas intra-abdominais. • Som normal: maciço (baço e fígado), timpânico (vísceras ocas); LARA NATHÁVIA SANTOS DE OLIVEIRA | 2020.2 • Percussão normal: macicez hepáticano hipocôndrio direito; timpanismo no espaço de Traube, timpanismo nas demais regiões. • Massas abdominais sólidas ou líquidas (ascite) = sons maciços. • Timpanismo generalizado pode indicar obstrução. ⚠️ Manobras fundamentais para avaliar o paciente com suspeita de ascite (acúmulo de líquido na cavidade peritoneal): • Percussão do baço: deve-se realizar a percussão do espaço de Traube, o qual se localiza na região do 9º e 10º espaços intercostais da linha axilar anterior. • Normalidade → observa-se a região timpânica (espaço de Traube livre/vazio) = indicando que o baço está em seu tamanho normal. • Hepatimetria: é realizada através da percussão do fígado. 1º- delimita-se o limite superior do fígado por meio da percussão dos espaços intercostais ao longo da linha hemiclavicular direita + identificar um som submaciço = fazer um levo risco para indicar a borda superior hepática. 2º- delimita-se o limite inferior hepático, por meio da percussão ao longo da linha hemiclavicular em uma altura abaixo do umbigo, a qual deve ser feita suavemente para cima em direção ao fígado. 3º- com uma fita métrica, calcula-se a distância entre as duas bordas hepáticas. PALPAÇÃO • Palpação superficial = palpar todos os quadrantes + apenas uma mão + buscar áreas sensíveis e/ou alteração de consistência. • Palpação profunda = palpar mesmas regiões + buscar áreas sensíveis e alterações de consistência (presença de massas) + usar as duas mãos, uma apoiada sob a outra. • PALPAÇÃO DO FÍGADO: • Técnica de Lemos Torres →palpação bimanual. Semiotécnica: posicionar a mão esquerda no dorso (região lombar) do paciente, e com a mão direita realizar a palpação durante a inspiração – as pontas dos dedos devem estar bem abaixo da borda inferior hepática. LARA NATHÁVIA SANTOS DE OLIVEIRA | 2020.2 • Técnica de Mathieu→ outra forma de realizar a palpação é por meio da “técnica de gancho” (mão em garra), especialmente quando o paciente é obeso. Em pé e à direita do paciente, colocar as duas mãos, lado a lado, logo abaixo da borda inferior hepática. Peça ao paciente que respire e pressione os dedos para dentro e para cima. • PALPAÇÃO DO BAÇO → posicionar a mão esquerda na porção póstero lateral e inferior do tórax esquerdo do paciente. Com a mão direita, iniciar a palpação com as polpas digitais a partir da região periumbilical em sentido em diagonal. A palpação também pode ser em garra. • Posição de Schutz → outra forma de realizar a palpação. Semiotécnica: posicionar o paciente em decúbito lateral direito, com os membros inferiores fletidos na altura do quadril e com o braço esquerdo sobre a cabeça. A palpação é feita da mesma forma. • Sinal de Murphy → posicione os dedos da mão direito sobre o rebordo costal. Solicite ao paciente que respire fundo e observe a respiração. Pede-se ao paciente para inspirar, e quando estiver expirando, o examinador aprofunda a mão ou o polegar na junção do rebordo costal com o reto abdominal e mantém. Quando for inspirar novamente, caso seja observada dor e parada da respiração de forma abrupta (apneia inspiratória dolorosa), tem-se Sinal de Murphy positivo. Sugestivo de colecistite aguda. • Sinal de Courvoisier-Terrie → quando a vesícula for palpável, isto é, vesícula aumentada. Paciente ictérico com a vesícula palpável sem a presença de dor. Indicativo, principalmente, de câncer pancreático (principalmente da cabeça do pâncreas). • Sinal de Giordano→ é realizado por meio de golpes leves (punho-percussão) na região lombar (dorsal) do paciente sentado. Os golpes serão concentrados na região da loja renal. O desencadeamento de dor por este tipo de percussão (normalmente faz com LARA NATHÁVIA SANTOS DE OLIVEIRA | 2020.2 que o paciente retire o corpo da posição normal) é indicativo para pielonefrite (inflamação dos rins) ou outras afecções inflamatórias retroperitoneais. • Manobra de Valsalva → pedir ao paciente para assoprar a mão, tossir e levantar os ombros. Permite observar a presença de hérnias. • Smith-Bates → serve para reverenciar hérnias e abaulamentos. O paciente levanta as pernas e contrai a musculatura abdominal. Se durante a manobra, o abaulamento desaparecer, ele está localizado abaixo da parede abdominal. Se continuar, está localizado na própria parede abdominal. • Manobra de Blumberg →deve-se localizar o ponto de McBurney (terço médio lateral). Realizar uma compressão lentae descompressão brusca. Sugestivo de apendicite (sinal direto). • Sinal do Obturador → paciente em decúbito dorsal, a perna esquerda (MMII) estendida e o MMII direito fletido num ângulo de 90. Realizar uma rotação interna do quadril, provocando o estiramento do músculo obturador interno. Sugestivo de apendicite (sinal indireto). Atentar para mulheres grávidas (gravidez ectópica). • Sinal de Psoas-ilíaco → paciente decúbito lateral esquerdo, realizar hiperextensão da articulação coxofemoral da perna direita, provocando o estiramento do músculo psoas- ilíaco. Se o paciente sentir dor, indicativo de apendicite (sinal indireto). LARA NATHÁVIA SANTOS DE OLIVEIRA | 2020.2 • Sinal de Lapinsky → paciente em decúbito dorsal, realizar a elevação do MMII direito em extensão (atentar para o ângulo da elevação, > 70°). Se positivo, paciente refere dor abdominal devido a compressão do apêndice contra a parede posterior do abdome. Sugestivo de apendicite (sinal indireto). • Sinal de Rosving → compressão do cólon descendente, ocasionando o deslocamento de ar em direção ao apêndice. Compressão na FIEe o paciente refere dor na FID. Sugestivo de apendicite (sinal indireto). • Sinal de Lennander →consiste em medir a temperatura retal e axilar, observando se há dissociação axilo-retal maior que 1oC. Caso a temperatura retal estiver mais de 1oC acima da axilar, o sinal é positivo, sendo sugestivo de processo inflamatório na pelve. Não é muito utilizado na prática clínica, por ser muito invasivo. • Sinal de Guénau → é bem semelhante ao sinal de Blumberg. Realizar a compressão lenta e descompressão brusca em qualquer região abdominal (exceto no ponto de McBurney). Sugestivo de irritação peritoneal, como por exemplo: diverticulite. • Sinal de Piparote → paciente com a borda medial da sua mão na linha mediana do abdome e o examinador realiza o piparote colocando sua outra mão do lado oposto do abdome (flanco) enquanto golpeia (“peteleco”) a região contralateral. Perceber se há transmissão da onda líquida para o lado oposto do abdome percebida pela mão do examinador, configurando sinal positivo. Indicativo de ascite de grande volume (> 3 litros). LARA NATHÁVIA SANTOS DE OLIVEIRA | 2020.2 DESCRIÇÃO DO EXAME RESPIRATÓRIO INSPEÇÃO Tórax sem alterações de conformação; Espansibilidade preservada; Ausência de tiragem ou cornagem PALPAÇÃO Sem pontos dolorosos; Expansibilidade preservada; Frêmito Torocovocal (FTV) simétrico, sem alterações PERCUSSÃO Som claro pulmonar; Percussão da clavícula e coluna sem alteração AUSCULTA Murmúrio vesicular presente e bem distribuído, sem ruídos adventícios. DESCRIÇÃO DO EXAME CARDIOVASCULAR INSPEÇÃO Precórdio normodinâmico. Ausência de turgência da jugular. PALPAÇÃO Pulsos palpáveis, simétricos, artérias sem alterações. Ictus de VE invisível, palpável em 5º EIC na LHCE medindo cerca de 2 polpas digitais, não propulsivo. PERCUSSÃO - AUSCULTA Bulhas rítmicas normofonéticas em 2T, sem sopros. FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS LITÍASE RENAL • Também chamada de nefrolitíase, urolitíase, litíase urinária ou cálculos urinários. Consistem em partículas sólidas no sistema urinário. Essas cristalizações podem migrar pelasvias urinárias e causar dor e outras complicações. Os cálculos podem atingir vários tamanhos e chegar até mesmo ao tamanho do próprio rim → cálculo coraliforme. COMPOSIÇÃO DOS CÁLCULOS : quanto à composição, a urolitíase pode ser classificada em cálculos de: Oxalato de cálcio puro, Oxalato de cálcio e fosfato, Fosfato de cálcio puro, Estruvita (formado de fosfato amoniaco magnesiano – mais comum em mulheres), Ácido úrico e Cistina. Além da diferença de composição, esses cálculos apresentam diferença também quanto à sua frequência, radiotransparência e variação de PH. FISIOPATOLOGIA: as principais teorias da formação de cálculos urinários se baseiam em: • Excesso de solutos→ pode provocar a supersaturação e cristalização na urina; • Diminuição da ingestão hídrica → a diminuição do débito urinário, secundário a menor ingestão de líquidos, promove maior tempo de permanência das partículas de cristais no sistema urinário e não dilui adequadamente os componentes da urina, que podem vir a apresentar supersaturação e cristalização; → A formação do cálculo envolve os seguintes processos: • Saturação→ para haver a formação de cálculo, a urina deve conter uma quantidade excessiva de minerais. Para todas as LARA NATHÁVIA SANTOS DE OLIVEIRA | 2020.2 soluções, a urina inclusive, existe uma quantidade máxima de sal que se pode ser dissolvida numa solução estável. Quando a concentração de um sal é menor que o produto de solubilidade, a solução é dita subsaturada e nesse ponto não ocorre cristalização desse sal. Com aumento na concentração do sal acima de seu produto de solubilidade, existe um segundo ponto em que a solução torna-se instável e começa o processo de cristalização. Esse ponto é chamado de produto de formação. • Nucleação → é a formação da menor unidade de um cristal, o primeiro passo na formação de um cálculo. • Agregação → é o processo em que ocorre a junção dos cristais, resultante de forças intermoleculares e que leva ao aparecimento de grandes partículas que podem ficar retidas no sistema coletor. • Retenção → Para formação do cálculo é necessário a retenção do cristal. Se cristais que sofreram nucleação e agregação forem eliminados com o fluxo urinário, um cálculo clinicamente evidente não se formará. Existem dois mecanismos propostos de retenção de um cristal. Numa delas (hipótese da partícula livre), o processo de nucleação ocorreria dentro da luz do túbulo. Com deslocamento do cristal pelos túbulos renais, ocorreria rápida agregação e formação de uma estrutura grande o suficiente para ficar retida em nível das papilas renais. A segunda teoria (hipótese da partícula fixa) preconiza que após lesão química no urotélio, que normalmente atua impedindo a aderência do cristal, ocorreria aderência de cristais num ponto do sistema coletor renal, prolongando o tempo de exposição à urina supersaturada e facilitando a agregação e o crescimento do cálculo. → Os cálculos urinários podem permanecer no interior do parênquima renal ou do sistema coletor renal ou atravessar os ureteres ou a bexiga. Durante a eliminação, cálculos podem irritar o ureter e podem ali se alojar, obstruindo o fluxo urinário e causando hidroureter e, algumas vezes, hidronefrose. EPIDEMIOLOGIA: Litíase renal é uma doença frequente que acomete mais homens que mulheres (proporção 3:1), tendo seu pico de incidência entre os 30 e 50 anos de idade. A recorrência da litíase renal é comum e aproximadamente 50% dos pacientes apresentarão um segundo episódio de litíase, após 5 a 10 anos do primeiro, se não forem submetidos a nenhum tipo de tratamento. • Até 12% dos homens e 5% das mulheres desenvolverão cálculo renal até os 70 anos de idade. • Os principais fatores epidemiológicos são: raça, sexo, idade, hereditariedade, aspectos nutricionais e dietéticos, condições climáticas, ocupação profissional e atividade física. Sendo que os mais importantes são herança hereditária e os aspectos nutricionais. SINAIS E SINTOMAS : os principais sintomas clínicos da urolitíase são: cólica renal, hematúria e sintomas urinários irritativos. A dor decorrente de cálculo urinário é típica e geralmente decorre da migração do cálculo com obstrução parcial ou completa do ureter. • A hematúria que frequentemente está associada ao cálculo urinário pode ser LARA NATHÁVIA SANTOS DE OLIVEIRA | 2020.2 macroscópica ou microscópica. Essa última detectada através do exame de urina, realizado quando houver dúvida de diagnóstico. Na ocorrência de obstrução completa, o cálculo não permite a passagem de sangue e coágulos, podendo não haver hematúria. EXAME FÍSICO: ✓ Fáceis dolorosas – o paciente geralmente se apresenta ansioso e inquieto devido à dor intensa; ✓ Pode apresentar palidez cutânea; ✓ Pode apresentar taquicardia; ✓ Sinal de Giordano positivo (punho percussão da região lombar); ✓ Durante a palpação abdominal pode apresentar irritação peritoneal e distensão abdominal. TRATAMENTO: O tratamento do cálculo urinário pode ser dividido em 3 etapas: tratamento da cólica renal, acompanhamento clínico ou extração do cálculo, prevenção da formação de novos cálculos. ✓ Tratamento da cólica renal: analgésicos (por via endovenosa), antiespasmódicos (por via endovenosa), anti-inflamatórios não- esteróide, opiáceos (morfina/meperidina). GASTROENTEROCOLITE AGUDA • Define -se como a diminuição de consistência das fezes (líquidas ou semilíquidas) e/ou aumento na frequência das dejecções para mais de 3 nas 24 horas, com ou sem febre ou vómitos. A diarreia habitualmente dura menos de 7 dias e se prolongar por mais de 14 dias designa -se por diarreia persistente. EPIDEMIOLOGIA: A GEA é problema bastante comum na infância e em crianças pequenas. Crianças até aos 3 anos têm em média 1 a 2 episódios por ano, com um pico de incidência entre os 6 e os 23 meses. Cerca de 40% dos casos de diarreia nos primeiros 5 anos de vida devem -se ao Rotavírus, e 30% a outros vírus, nomeadamente Norovírus e Adenovírus. Em 20 a 30 % são identificados agentes bacterianos (Salmonella, Campylobacter jejuni, Yersinia enterocolítica, E. coli enteropatogénica ou Clostridium diffi cile), sendo que nos países do Norte da Europa o Campylobacter é o agente mais frequente enquanto no Sul prevalece a Salmonella. FISIOPATOLOGIA: SINAIS E SINTOMAS : A doença manifesta -se por diarreia líquida, por vezes com sangue, após período de incubação de 1 a 7 dias. Os vómitos e a febre LARA NATHÁVIA SANTOS DE OLIVEIRA | 2020.2 podem estar ausentes, suceder ou preceder a diarreia; quando presentes, habitualmente terminam em poucas horas após hidratação adequada, e no máximo em 48 horas. Alguns sintomas podem ser preditivos da etiologia. A febre elevada (>40ºC) é comum na infecção por Shigella. A presença de sangue nas fezes é habitualmente preditiva de etiologia bacteriana. ANAMNESE E EXAME FÍSICO : TRATAMENTO: O tratamento essencial da GEA consiste na reposição de fluidos e eletrólitos e na manutenção da alimentação entérica para prevenir o catabolismo e promover a regeneração dos enterócitos. COLECISTITE • A colecistite ainda é uma das doenças mais frequentes nas emergências em todo o mundo. A obstrução do ducto biliar por um cálculo, em 90% dos casos, leva à inflamação aguda da vesícula na maioria dos casos. Surge uma cólica que logo se transforma em uma dor intensa no hipocôndrio direito, náuseas, vômitos e febre em 70% dos pacientes. • Pode ser: colecistite litiásica ou colecistite aguda alitiásica. FISIOPATOLOGIA DA COLECISTITE LITÍASICA : O processo inflamatório inicia-se com espessamento da parede, eritema e hemorragia subserosa. Surgem hiperemia e áreas focais de necrose. Na maioria dos casos,o cálculo se desloca e o processo inflamatório regride. Se o cálculo não se move, o quadro evolui para isquemia e necrose da parede da vesícula em cerca de 10% dos casos (Fig.1 e 2). A formação de abscesso e empiema dentro da vesícula é conhecida como colecistite aguda gangrenosa. Com a infecção bacteriana secundária, principalmente por anaeróbios, há formação de gás que pode ocorrer dentro ou na parede da vesícula. Esse é um quadro mais grave conhecido com colecistite enfisematosa. LARA NATHÁVIA SANTOS DE OLIVEIRA | 2020.2 FISIOPATOLOGIA COLECISTITE AGUDA ALITÍASICA: A colecistite aguda também pode ocorrer sem a presença de cálculos em cerca de 5% dos casos. Tem uma evolução mais rápida e frequentemente evolui para gangrena, empiema ou perfuração. Ocorre em pessoas idosas ou em estado crítico após trauma, queimaduras, nutrição parenteral de longa data, cirurgias extensas, sepses, ventilação com pressão positiva e a terapia com opioides também parece estar envolvida. A etiologia é confusa, mas a estase, a isquemia, a injúria por reperfusão e os efeitos dos mediadores pró- inflamatórios eicosanoides são apontados como causas. A estase da vesícula é comum em pacientes graves que não são alimentados por via enteral e pode ocorrer a colonização bacteriana da vesícula. A isquemia visceral é comum e explica a alta incidência de gangrena da vesícula. A colecistite aguda alitiásica também pode ser causada pela febre Q. O diagnóstico é confirmado pelo achado de granulomas epitelioide na biópsia hepática que deve ser realizada em casos com febre prolongada e alteração do hepatograma. O tratamento é feito administrando-se doxiciclina. A patogênese da colecistite aguda é um paradigma em complexidade, e até crianças podem ser afetadas após uma virose. SINAIS E SINTOMAS: O quadro se inicia com uma cólica biliar caracterizada como dor no hipocôndrio direito com irradiação para escápula direita e região epigástrica. Como sintoma mais comum, o paciente apresenta dor e pressão no hipocôndrio direito, mais duradoura das que nas crises de cólica biliar a que ele frequentemente se refere. Esse é o primeiro sinal de inflamação da vesícula. A dor pode intensificar-se quando a pessoa respira profundamente e muitas vezes estende-se à parte inferior da escápula direita e à região epigástrica. A febre, assim como náuseas e vômitos, que podem ser biliosos, são habituais em 70% dos pacientes. TRATAMENTO: O tratamento é feito pela drenagem percutânea, que é curativa na colecistite alitiásica. A colecistectomia é indicada nos pacientes com colelitíase associada à colecistite aguda. • Em geral, um paciente com colecistite aguda é hospitalizado, hidrata-se o paciente e faz- se a reposição de eletrólitos por via intravenosa e estabelece-se jejum. • A analgesia deve ser feita com analgésicos que não sejam derivados da morfina ou a própria pela possibilidade de piora do quadro pelo espasmo do esfíncter de Oddi. • A antibioticoterapia deve ser iniciada e devem ser utilizados antibióticos que atuem sobre micro-organismos gram-negativos e anaeróbios, sabendo-se que o micro- organismo frequentemente envolvido é a Escherichia coli. • O tratamento cirúrgico com a colecistectomia é o tratamento definitivo para pacientes com colecistite aguda e é indicado nas primeiras 72 horas do início do quadro. REFERÊNCIAS BATES, Barbara; BICKLEY, Lynn S.; SZILAGYI, Peter G. Bates propedêutica médica. 10.ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara. Koogan, 2010. PORTO, Celmo Celeno. Semiologia Médica. 7.ed. Guanabara Koogan, 2014. https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1331 413510Urologia_cap12.pdf https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1331413510Urologia_cap12.pdf https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1331413510Urologia_cap12.pdf LARA NATHÁVIA SANTOS DE OLIVEIRA | 2020.2 https://www.fcm.unicamp.br/fcm/sites/default/file s/paganex/litiase_urinaria.pdf LIMA, R.; DIAS, J. Gastroenterite aguda. Nascer e Crescer, 2010. Acesso em 25/11/2020. Disponível em: http://repositorio.chporto.pt/bitstream/10400.16/6 98/1/v19n2artGastro.pdf https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1337 425251ColecistiteAguda.pdf https://www.fcm.unicamp.br/fcm/sites/default/files/paganex/litiase_urinaria.pdf https://www.fcm.unicamp.br/fcm/sites/default/files/paganex/litiase_urinaria.pdf http://repositorio.chporto.pt/bitstream/10400.16/698/1/v19n2artGastro.pdf http://repositorio.chporto.pt/bitstream/10400.16/698/1/v19n2artGastro.pdf https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1337425251ColecistiteAguda.pdf https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1337425251ColecistiteAguda.pdf
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