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TRE- Analista Judiciário e Técnico Judiciário Disciplina: Direito Processual Civi Prof.º: Renato Montans Aula: 01 Monitor: Mariana MATERIAL DO PROFESSOR EDITAL ÚLTIMA PROVA TRE/SP Direito Processual Civil: Da Jurisdição e da Ação. Das Partes e dos Procuradores: Da capacidade processual; Dos deveres das partes e dos seus procuradores; Dos procuradores. Do Ministério Público. Dos Órgãos Judiciários e dos Auxiliares da Justiça: Da competência; Da competência interna; Do juiz; Dos auxiliares da justiça (Do serventuário e do oficial de justiça; Do perito). Dos Atos Processuais. Da Formação, da Suspensão e da Extinção do Processo. Do Processo e do Procedimento. Do Procedimento Ordinário. Dos Recursos. Mandado de Segurança, Ação Civil Pública e Ação Popular. Execução fiscal: execução de multa eleitoral (competência e procedimento). QUESTÕES TRE/SP 39. Platão, prefeito da cidade "Magnífica", está sendo demandado judicialmente pela empresa de publicidade X em R$ 50.000,00 pelos serviços prestados durante a campanha eleitoral. Ocorre que Platão já efetuou o pagamento da quantia mencionada na data aprazada pelas partes. De acordo com o Código Civil brasileiro, salvo se houver prescrição, a empresa de publicidade X, em razão da demanda de dívida já paga, ficará obrigada a pagar a Platão (A) R$ 25.000,00. (B) R$ 50.000,00. (C) R$ 75.000,00. (D) R$ 100.000,00. (E) R$ 125.000,00. 40. Os juízes Antonio, Paulo, Pedro e José fazem parte da composição do TRE-SP. O juiz Paulo é sobrinho do juiz Pedro; o juiz Antonio é irmão do juiz Pedro, mas não é pai do juiz Paulo, e o juiz José não é parente de nenhum dos juízes, mas é amigo de infância do juiz Pedro. Neste caso, de acordo com o Código de Processo Civil brasileiro, (A) apenas Pedro e Paulo não poderão participar juntos do julgamento do mesmo processo. (B) os quatro juízes não poderão participar juntos do julgamento do mesmo processo. (C) apenas Pedro e Antonio não poderão participar do julgamento do mesmo processo. (D) todos os juízes poderão participar juntos do julgamento do mesmo processo, não havendo impedimento legal. (E) apenas Pedro e José não poderão participar juntos do julgamento do mesmo processo. 41. Beatriz está sendo executada judicialmente pelo descumprimento de obrigação contratual, cujo valor da causa é R$ 62.000,00. Na referida execução, Beatriz foi considerada litigante de má-fé porque interpôs recurso com o intuito manifestamente protelatório. De acordo com o Código de Processo Civil brasileiro, a multa pela litigância de má- fé NÃO excederá (A) R$ 620,00. (B) R$ 1.240,00. (C) R$ 3.100,00. (D) R$ 6.200,00. (E) R$ 9.300,00. 42. Considere o processo em que for I. ré: pessoa incapaz. II. réu: o Município de São Paulo. III. réu: partido político. IV. réu: o Estado de São Paulo. De acordo com o Código de Processo Civil brasileiro, NÃO se fará a citação pelo correio nas hipóteses indicadas APENAS em (A) I e II. (B) I e IV. (C) III e IV. (D) I, II e III. (E) I, II, e IV. DEMAIS QUESTÕES TRE - ANALISTA TRE/BA FCC ANALISTA O interesse de agir como condição da ação consiste na A - formulação de pretensão que, em tese, seja possível de acordo com a ordem jurídica brasileira. B - legitimação para agir daqueles que forem sujeitos da relação jurídica de direito material trazida a juízo. C - necessidade de se recorrer ao Judiciário para a obtenção do resultado pretendido. D - faculdade de acompanhar a prova produzida pela parte contrária e fazer contraprova. E - faculdade de contratar advogado para formular pretensão em juízo. 24 (CESPE / 2009 / TRE/MA / ANALISTA JURÍDICIARIO – JU RÍDICA) - A respeito da jurisdição, da ação, da competência, do processo e dos pressupostos, segundo o direito processual civil, assinale a opção correta. a) O CPC abriga três espécies de processos: ordinário, sumário e sumaríssimo. b) O valor da causa é critério que não se presta à fixação da competência do foro, mas as normas de organização judiciárias da União, dos estados e do DF podem se valer desse critério para a fixação da competência do juízo. c) O meio de se provocar a jurisdição é a exceção processual, direito público subjetivo a um pronunciamento estatal que solucione o litígio. d) A teoria eclética da ação — que não é adotada pelo CPC — proclama que a jurisdição só pode ser acionada se houver o direito material postulado. (FCC – TRE/ACRE – 2010 – ANALISTA JUDICIÁRIO). No processo A o réu X interpôs embargos infringentes; no processo B o autor Y interpôs recurso extraordinário e no processo C o autor interpôs recurso especial. Cumprida as formalidades legais, caberá recurso adesivo aos recursos interpostos nos processos: (A) A e B, apenas. (B) A e C, apenas. (C) B, apenas. (D) B e C, apenas. (E) A, B e C. (FCC – TRE/RS – 2010 – ANALISTA JUDICIÁRIO). Considere as seguintes assertivas a respeito dos recursos: I. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, sendo que o Ministério Público tem legitimidade para recorrer assim no processo em que é parte, como naqueles em que oficiou como fiscal da lei. II. O recurso adesivo será admissível na apelação, nos embargos infringentes, no recurso extraordinário e no recurso especial, não sendo conhecido, se houver desistência do recurso principal, ou se for ele declarado inadmissível ou deserto. III. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. IV. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará o respectivo preparo. A insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente, intimado, não vier a supri- lo no prazo de quinze dias. Está correto o que se afirma SOMENTE em (A) I, II e III. (B) I, II e IV. (C) II, III e IV. (D) I, III e IV. (E) I e II. Analista Judiciário - Fcc - Direito Civil e Direito Processual Civil - TRE-SP - 2012 Ribamar, advogado recém-formado, interpôs pela primeira vez um Agravo de Instrumento de competência do Tribunal de Justiça de São Paulo. Sua petição do agravo foi protocolada no oitavo dia corrido após a intimação da decisão agravada, estando instruída somente com a certidão de intimação da decisão agravada, com as procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado e com os comprovantes de recolhimento das custas e despesas processuais, tanto do ajuizamento da ação como da interposição do recurso. Ribamar, após dois dias do protocolo da distribuição do agravo, peticionou requerendo a juntada aos autos do processo de cópia da petição do agravo de instrumento e do comprovante de sua interposição, assim como a relação dos documentos que instruíram o recurso. Neste caso, Ribamar • a) não instruiu a petição de agravo de instrumento com todos os documentos que o Código de Processo Civil brasileiro considera obrigatórios, mas a protocolou dentro do prazo legal. b) não instruiu a petição de agravo de instrumento com todos os documentos que o Código de Processo Civil brasileiro considera obrigatórios, e não a protocolou dentro do prazo legal. c) instruiu a petição de agravo de instrumento com todos os documentos que o Código de Processo Civil brasileiro considera obrigatórios e a protocolou dentro do prazo legal. d) instruiu a petição de agravo de instrumento com todos os documentos que o Código de Processo Civil brasileiro considera obrigatórios, mas não a protocolou dentro do prazo legal. e) não requereu a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo de instrumento e do comprovante de sua interposição, assim como, a relação dos documentos que instruíram o recurso, dentro do prazo legal. QUESTÃO 01 (Concurso: analista judiciário – administrativa– caderno A: TRE/GO 2009: CESPE: questão 56 – processo civil) A respeito da jurisdição e competência, assinale a opção correta. A) Nas hipóteses de competência concorrente ou cumulativa, a existência de uma ação ajuizada sobre a mesma lide perante um tribunal estrangeiro induz litispendência e, portanto, obsta que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas. B) À luz do princípio da perpetuatio jurisdictionis, permite-se excepcionalmente a modificação da competência jurisdicional quando ocorrerem modificações substanciais futuras do estado de fato ou de direito da causa de pedir. C) A competência em razão da matéria pode ser derrogada se as partes instituírem o foro de eleição. D) Jurisdição é a função do Estado de declarar e realizar, de forma prática, a vontade da lei diante de uma situação jurídica controvertida. Gabarito: D FCC - 2011 - TRE-TO - Analista Judiciário - Área Ju diciária O conflito de competência • a) não obsta que a parte, que o não suscitou, ofereça exceção declinatória do foro. • b) não pode ser suscitado pelo Ministério Público, tratando- se de ato exclusivo das partes e do juiz, devendo, entretanto este ser ouvido em todos os conflitos. • c) pode ser suscitado pela parte que ofereceu exceção de incompetência. • d) poderá ser decidido de plano pelo relator em qualquer hipótese, cabendo agravo no prazo de dez dias para o órgão recursal competente. • e) será suscitado pela parte através de ofício dirigido ao presidente do Tribunal competente. MATERIAL DE APOIO - DOUTRINA INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS O IRDR (nomenclatura que usaremos doravante) constitui instrumento que objetiva conferir solução uniforme a causas repetitivas por meio de julgamento de causa(s)- piloto(s) que terá efeito vinculante para todos os casos presentes e futuros sobre a mesma matéria dentro da abrangência territorial daquele tribunal. A instauração do incidente depende da presença de dois fatores cumulativos: a) repetição de processos que versem sobre a mesma questão de direito. Aqui se constitui, conforme ressaltado, uma tendência no ordenamento que, dada a massificação de direitos, potencializou no judiciário brasileiro as denominadas “causas comuns”. O art. 976, I, utiliza-se da expressão “efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente de direito”. Ao valer-se dessa locução, retira a possibilidade da instauração de incidente preventivo. b) que essa multiplicidade de feitos possa gerar ri sco de ofensa à isonomia e segurança jurídica . A ofensa à isonomia e à segurança jurídica decorre da possibilidade de coexistirem decisões conflitantes perante os diferentes juízos; O art. 977 do CPC, confere legitimidade para a instauração do incidente: a) pelo próprio juiz ou relator de ofício. Percebam que a lei atribui a legitimidade ao relator somente e não a qualquer desembargador, nem ao presidente e tampouco ao vice que, no mais das vezes, cuida do juízo de admissibilidade dos recursos. Os ministros do STJ e STF não poderão instaurar o incidente por terem, à sua disposição, como dito, outra técnica de julgamento. b) às partes. Igualmente poderão as partes do processo, onde se encontra a questão repetitiva, requerer, por petição, a instauração do IRDR. Deverá a parte instruir com os documentos necessários para o preenchimento dos pressupostos do incidente. c) ao Ministério Público. A lei não confere detalhamento no que diz respeito à legitimidade do Ministério Público (art. 976, § 2º), mas parece evidente que dependerá de relevante interesse social (arts. 127 e 129, III, da CF). Caso o Ministério Público não seja o autor do incidente, deverá necessariamente ser intimado do processo como fiscal do ordenamento jurídico. d) à Defensoria Pública. Igualmente a lei não fornece detalhamento sobre sua legitimidade. Contudo parece restar claro que a Defensoria apenas terá legitimidade na defesa de interesses das pessoas com necessidades econômicas. Essa já é a posição da jurisprudência acerca da legitimação da Defensoria para ação civil coletiva (STJ, REsp 912.849) que deve ser tomada como parâmetro para as demandas repetitivas. O pedido de instauração será dirigido ao Presidente do Tribunal. Sua função é meramente administrativa. O art. 977 estabelece que o IRDR seja dirigido ao “presidente de tribunal”. Ao não mencionar que tribunal se trata (ao contrário do Projeto da Câmara que confinava aos TJ’s e TRF’s) entendemos que se aplica a qualquer tribunal regional ou local (TJ, TRF, TRT1 e TRE) conforme entendimento do Enunciado 343 do FPPC2. Por esse motivo não cabe a instauração de IRDR nos Tribunais Superiores, porque: a) o legislador fala em “Estados” e “Região” conforme os já mencionados arts. 982, I e 1 Além do permissivo legal (art. 15, CPC) insere o IRDR no microssistema já utilizado pela Justiça do Trabalho nos arts. 896-B e 896-C da CLT. 2 Os arts. 982, I, e 985, I, falam em “Estados” e “Região”. 985, I; b) ademais o art. 987 fala justamente do cabimento dos recursos especial e extraordinário da decisão que julga o IRDR. Após a distribuição os autos serão encaminhados para o órgão colegiado competente para julgar o incidente (órgão esse que será indicado pelo Regimento Interno de cada tribunal, em regra, o mesmo que procede à uniformização de jurisprudência). Correta a posição do CPC em não estabelecer o órgão competente nesse sentido, sob pena de violar a autonomia organizacional de cada tribunal (art. 96, I, a, da CF). Nessa oportunidade, procederá ao juízo de admissibilidade para aferir a presença dos pressupostos previstos no art. 976 do CPC. A competência do órgão para o julgamento do incidente e a fixação da tese se estende também para o julgamento do caso concreto contido no recurso, remessa necessária ou causa de competência originária que originou o incidente. O art. 978 foi omisso quando a instauração do incidente se deu a partir de causa que está tramitando em primeiro grau. Nesse caso é recomendável que se proceda ao sobrestamento do feito até o julgamento do incidente com o julgamento pelo próprio juízo singular, pena de supressão de instância. Estabelece o art. 976, § 4º, do CPC: “§ 4º É incabível o incidente de resolução de demandas repetitivas quando um dos tribunais superiores, no âmbito de sua respectiva competência, já tiver afetado recurso para definição de tese sobre questão de direito material ou processual repetitiva”. A regra foi estabelecida para evitar que corram, concomitantemente, duas técnicas para definição da tese que podem gerar orientações diversas. Assim se o processo já estiver afetado para a técnica de julgamento dos recursos de estrito direito repetitivos, não haverá interesse em instaurar o incidente. PROCEDIMENTO a) Fase inicial – O incidente de resolução de demandas repetitivas começará por petição (se formalizado pelas partes, defensoria ou Ministério Público) ou por ofício (se pelo juiz ou tribunal). A petição/ofício deve estar acompanhada dos documentos necessários para que se preencham os pressupostos de cabimento. Não serão exigidas em nenhuma hipótese custas processuais. b) Publicidade – Em se tratando de litígios seriais em que será dado tratamento uniforme a eles, é necessário instituir mecanismos para viabilizar a consecução do IRDR. Assim, uma vez instaurado o incidente, é necessário conferir a devida e ampla publicidade para o conhecimento de todos os juízes e tribunais que estiverem atuando sobre casos análogos, bem como das partes e de todos os interessados na resolução do litígio. Essa publicidade serve não apenas para permitir aos juízes, no âmbito daquele Estado/região, sobrestar o feito que contenha questões análogas como paraevitar a indiscriminada instauração de incidente se, sobre aquela matéria, já foi instaurado. Para tanto: i) haverá registro eletrônico perante o Conselho Nacional de Justiça que será comunicado pelo órgão competente no julgamento do incidente; ii) os Tribunais devem manter atualizadas as informações em seus sites sobre a(s) questão(ões) de direito submetida(s) ao incidente. Para facilitar a identificação dos processos abrangidos pela decisão do incidente o registro eletrônico das teses jurídicas conterá, ao menos, os fundamentos determinantes da decisão ( ratio decidendi ) e os dispositivos normativos a que fazem referência . Ademais, conforme será visto, poderá haver ampla discussão por setores da sociedade como amici curiae e especialistas naquele específico tema. c) Poderes do relator – É necessária a escolha do(s) processo(s) que servirão de base para o julgamento (causa-piloto). Assim, é possível que o processo que foi a motivo da instauração do incidente contenha argumentação incompleta ou teses mal fundamentadas. Assim a afetação não tem relação com a admissibilidade do incidente (conquanto seja a situação mais comum). Vale dizer, nem sempre a causa que ensejou o incidente será afetada. Os critérios de aferição das causas a serem afetadas dependem de argumentos amplos e claros. Uma vez admitido o incidente nos termos do art. 978, parágrafo único, do CPC, o relator no Tribunal: i) suspensão. Determinará o sobrestamento de todas as demandas, individuais e coletivas que tramitam na esfera de competência daquele Estado ou região. Para tanto haverá comunicação aos órgãos jurisdicionais competentes (juízes diretores dos fóruns de cada comarca ou seção judiciária) e a ele compete tomar as medidas necessárias dentro da sua competência para o devido sobrestamento. Essa correta medida evita que o tribunal comunique a cada juiz daquele Estado sobre o incidente gerando custo e demora injustificada. Essa suspensão é automática não sendo necessária decisão própria da suspensão. A mera admissibilidade do incidente já acarreta ipso facto o sobrestamento. É o que se extrai da leitura dos arts. 982, I, e principalmente 313, IV, do CPC. Ademais a suspensão (ao contrário do que ocorre em boa parte dos recursos ou em embargos à execução) não tem como requisito para sua concessão a demonstração dos requisitos da tutela provisória (Enunciado 92, FPPC). Ampliação territorial da suspensão. Poderão ainda as partes, Defensoria e MP apresentar requerimento ao Presidente dos Tribunais Superiores (competentes, respectivamente, para conhecer do recurso extraordinário ou especial) quando a matéria versar sobre questão federal constitucional ou infraconstitucional. Nesses casos, o presidente do tribunal superior poderá, por razões de segurança jurídica ou excepcional interesse social , estender o sobrestamento para todo território nacional até posterior decisão em recurso especial ou extraordinário a ser interposto dos casos que versem sobre a mesma questão objeto do incidente (art. 1.029, § 4º, CPC). Uma vez estabelecida a comunicação da suspensão e o juízo adequando suas causas análogas ao sobrestamento é possível à parte alegar a distinção de sua causa (questão comum) com aquela objeto de afetação. Apesar de não haver dispositivo específico regulando essa questão no IRDR, é possível extrair do microssistema com base em regramento previsto nos recursos repetitivos (art. 1.037, §§ 9º a 13, do CPC). Caso não haja a interposição de recurso especial ou extraordinário contra a decisão do incidente cessa-se a suspensão contida no art. 982, I, CPC/2015; ii) informações. Se necessário for, requisitará informações sobre os processos em curso aos juízes que possuem demandas sobrestadas conforme item acima, que deverão respondê-las no prazo de quinze dias; iii) MP. Intimará o Ministério Público para, em querendo participar, se manifestar no prazo de quinze dias. Sua manifestação se dará após o prazo de quinze dias para que as partes e demais interessados apresentem suas manifestações (infra); iv) oitiva. Para colher melhores dados ao julgamento e ampliar a participação no processo o relator deverá ouvir: a) as partes; b) pessoas, órgãos e entidades com interesse na controvérsia; c) amicus curiae (se necessário)3; d) demais interessados. Todos serão ouvidos no prazo comum de quinze dias e poderão requerer a juntada de documentos, pedir diligências e praticar atos necessários à comprovação do alegado; v) medidas de urgência . Eventual medida de urgência no curso do processo será dirigida ao próprio juiz natural da causa e não ao Tribunal; vi) suspensão parcial. É possível o sobrestamento parcial, máxime nas hipóteses 3 A fim de proceder melhor instrução é possível ao magistrado designar audiência pública para a oitiva do amicus curiae e demais pessoas com conhecimento da matéria (art. 983, § 1º, CPC/2015). de cumulação de pedidos em que um dos pedidos não submete a tese a ser estabelecida no IRDR (Enunciado 205, FPPC). d) Julgamento – Concluídas todas as diligências necessárias, o relator solicitará dia para proceder ao julgamento do incidente. i) prazo. Tendo em vista o escopo do incidente (evitar riscos à isonomia e à segurança jurídica) é importante que haja urgência no seu julgamento. O incidente, portanto, deverá ser julgado no prazo de um ano. Caso não seja cumprida a regra, cessará a suspensão dos processos, salvo se houver decisão contrária do relator fundamentada. Para viabilizar o cumprimento do prazo estabelece o art. 980 que o incidente terá prioridade na tramitação dos demais feitos salvo nas hipóteses que envolvam réu preso e habeas corpus; ii) juízo de admissibilidade . Após a distribuição, compete ao órgão colegiado que deverá proceder ao julgamento do incidente fazer o juízo de admissibilidade, verificando se estão presentes os requisitos ensejadores para sua instauração, nos termos do art. 976. Dada a importância do incidente, não há se falar em admissibilidade pelo relator monocraticamente como se estabelece na regra do art. 932 do CPC. Aqui é necessário que essa admissibilidade seja efetivada pelo órgão colegiado (no mesmo sentido, Enunciado 91, FPPC); iii) ordem de julgamento . Conforme se depreende do art. 984 do CPC, o julgamento do incidente deve observar a seguinte ordem: a) haverá exposição do objeto do incidente pelo relator; b) poderá haver sustentação de suas razões (art. 937, § 1º, do CPC/2015), em prazo sucessivo, do autor e réu do processo originário e do MP (cada um no prazo de trinta minutos). Após, os demais interessados (em prazo global para todos de trinta minutos, podendo ser dilatado dependendo do número de inscritos) desde que tenha feito a inscrição para exposição com dois dias de antecedência; iv) julgamento . No julgamento haverá a exposição de todos os fundamentos suscitados na tese, sejam favoráveis ou contrários que serão consignados no acórdão. Quanto à incidência da tese jurídica decidida esta será aplicada: a) eficácia presente. Em todos os processos (individuais ou coletivos) que versem sobre a mesma questão de direito nos limites territoriais da competência do tribunal (incluindo juizados especiais, FPPC, enunciado 93 e art. 985, I, CPC). Se o processo foi afetado (= selecionado para o IRDR), além da questão comum o órgão competente julgará também as questões particulares de cada caso (a não ser que tenha havido desistência). Nos demais processos pendentes aplicar-se-á apenas a ratio decidendi (motivos determinantes, questão comum julgada) como premissa de julgamento. As questões particulares serão julgadas pelo juíz natural de cada causa. A aplicação independe de o processo estar suspenso ou não4; b) eficácia futura. Em todos os casos futuros que versem sobre idêntica questão de direito nos limitesterritoriais da competência do tribunal, salvo se houver revisão de tese conforme art. 986 do CPC. Quando se trata de eficácia futura, há uma importante peculiaridade: em sendo eficácia presente, a aplicação da tese do IRDR se dará sem grandes solenidades, pois os processos estavam pendentes à época da decisão do incidente. Contudo, se os processos surgiram após a fixação da tese, a aplicação do IRDR é vinculante, mas deve o magistrado fundamentar sua decisão ao aplicá-la (art. 489, § 1º, V e VI, CPC). Isso porque nesses casos é possível que tenha ocorrido superação ou mesmo distinção ao caso concreto. Em ambos os casos, à desobediência do órgão em aplicar a tese caberá reclamação constitucional nos termos dos arts. 985, § 1º, e 988, IV, do CPC. A reclamação será dirigida ao próprio órgão julgador da IRDR (art. 988, § 1º, CPC e Enunciado 349, FPPC). v) recurso. Do julgamento do incidente quanto à matéria de fundo (mérito) caberá recurso especial ou extraordinário a depender de a matéria versar sobre norma infraconstitucional ou constitucional respectivamente. Aqui, residem cinco peculiaridades importantes: Primeira . Ao contrário do sistema tradicional dos recursos especial e extraordinário em que o efeito suspensivo somente poderá ser concedido ope judicis, aqui será efetivado ope legis. Nesse sentido há presunção favorável à tese que pode eventualmente ser desconstituída no Tribunal Superior. Segunda . A decisão de mérito (ratio decidendi) desses recursos e a consequente tese adotada terão eficácia em todo território nacional (e não apenas no Estado em que se deu a origem do incidente), alcançando todos os processos (individuais e coletivos) que versem sobre mesma tese de direito. Terceira. Em se tratando de recurso extraordinário, haverá presunção de 4 Por exemplo, o IRDR não foi julgado no prazo de um ano (art. 980, parágrafo único, CPC). repercussão geral da questão constitucional discutida (arts. 987, § 1º, e 1.035, § 3º, II, CPC/2015). Quarta. Em havendo desistência da ação originária ou recurso que originou a instauração do IRDR como dito, o incidente prossegue para julgamento das questões comuns. Ocorre que nesse caso constitui-se a denominada jurisdição objetiva5, pois não há mais “caso concreto” subjacente. Nesses casos não caberá recurso especial ou extraordinário, pois tanto o art. 102, III, como o art. 105, III, da CF exigem “causas decididas” para o cabimento dos recursos de estrito direito. E nesses casos não há mais propriamente uma causa concreta a ser julgada6. Quinta. Ainda que não seja parte do processo afetado, qualquer litigante que tiver seu processo sobrestado conforme art. 982, I, é legitimado para interpor recurso especial ou extraordinário (Enunciado 94, FPPC). e) Revisão de tese – É possível que se proceda a revisão de tese firmada no incidente de ofício ou com requerimento formulado pelos legitimados do art. 977, III, CPC. Há evidente equívoco fruto de erro do relatório final. Não há por que excluir as partes (977, II, CPC) do espectro de legitimidade, sendo que elas possuem a mesma legitimidade para instaurar o incidente. INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA O incidente de assunção de competência (ou afetação do julgamento) constitui outro incidente destinado a uniformizar a jurisprudência de modo simplificado. Não se trata de criação do novo CPC, mas um aperfeiçoamento do mecanismo (subaproveitado) do regime anterior que estava previsto no art. 555, § 1º (com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 10.352/2001), do CPC/73. Lá se estabelecia no referido artigo que “no julgamento de apelação ou de agravo, a decisão será tomada, na câmara ou turma, pelo voto de 3 (três) juízes. § 1º Ocorrendo relevante questão de direito, que faça conveniente prevenir ou compor divergência entre câmaras ou turmas do tribunal, poderá o relator propor seja o recurso 5 Conforme expressado por CABRAL. Antônio do Passo. Comentários, cit., p. 1452-1453. 6 Idem, ibidem. julgado pelo órgão colegiado que o regimento indicar; reconhecendo o interesse público na assunção de competência, esse órgão colegiado julgará o recurso”. O novo CPC trouxe algumas melhorias e a esperança de que, dadas as novas técnicas de uniformidade do direito previstas no atual diploma, possa a assunção assumir a importância devida dentre os mecanismos de uniformização. Assim, preconiza o art. 947: “É admissível a assunção de competência quando o julgamento de recurso, da remessa necessária ou de causa de competência originária envolver relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos”. Trata-se de técnica de deslocamento interna corporis de um caso (recurso, remessa necessária ou causa de competência originária) a um órgão colegiado, de mais envergadura, para seu julgamento quando envolver questão de direito com grande repercussão social e sem repetição em múltiplos processos . Constitui uma exceção à regra à perpetuatio jurisdictionis. Tem por finalidade prevenir ou reprimir controvérsia sobre determinada matéria de direito para que essa decisão seja vinculante aos juízes e órgãos fracionários do respectivo tribunal nas decisões futuras. Dessa forma, quatro são os requisitos para a apresentação do incidente: i) que seja relevante questão de direito (interesse público); ii) que envolva grande repercussão social; iii) que não seja objeto de processos múltiplos e iv) em sede de recurso, remessa necessária ou causa originária do tribunal. (i) Relevante questão de direito é norma de conceito vago e indeterminado que deverá ficar a cargo do órgão competente para julgamento quando verificar a hipótese de cabimento do incidente. Deve ser considerada a situação que envolva tese jurídica que tenha a potencialidade de gerar diversos recursos com base em idêntica controvérsia (incidente preventivo) ou que vise compor a divergência entre câmaras ou turmas do tribunal (incidente repressivo). Nesse caso é desejável que o órgão competente se manifeste sobre o assunto em questão para evitar ou reprimir a divergência jurisprudencial. Como no caso do incidente preventivo não será possível prova cabal dos casos futuros, “basta razoável percepção de uma divergência futura e possível”7. (ii) A grande repercussão social constitui um efeito colateral do item anterior. É da própria essência do incidente de assunção prevenir ou reprimir a dispersão 7 DINAMARCO, Cândido. A reforma da reforma. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 140. jurisprudencial. Não se trata apenas de uma questão numérica de causas com decisões distintas (até mesmo porque, para essas situações, há o incidente de resolução de demandas repetitivas e os recursos especial e extraordinário repetitivo), mas evitar decisões conflitantes, o que traz ínsita a ideia de interesse social, decorrente da segurança e previsibilidade das decisões, conforme amplamente ressaltado no capítulo sobre precedentes. (iii) Não ser objeto de processos múltiplos foi o mecanismo criado pela lei para evitar a sobreposição de institutos uniformizadores dentro da mesma situação. (iv) E em sede de recursos, remessa necessária ou ação originária do tribunal foi a devida tomada de posição do legislador do novo diploma em face do regime anterior que apenas permitia a utilização do instituto para os julgamentos de apelação e agravo. PROCEDIMENTO a) Legitimidade. Podem propor o incidente: qualquer das partes, a Defensoria Pública, o Ministério Público ou mesmo o relator de ofício. b) Objeto. O objeto da assunção de competência é requerer (por meio do incidente) que o recurso, a remessa ou a causa originária sejam julgados pelo órgãocolegiado estabelecido pelo regimento dado o seu interesse público. Nesse caso a decisão proferida vinculará todos os órgãos fracionários e juízes na competência territorial daquele tribunal. c) Revisão de tese. Assim como nos estudos dos precedentes, é possível a revisão de tese (overruling).
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